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quarta-feira, 12 de maio de 2010

Estudar um pouco a economia brasileira

Texto de Miguel do Rosário, no Óleo do Diabo

Eu acho que todos devem tentar entender um pouco a economia brasileira. Estamos em vias de nos tornar uma importante potência econômica e os brasileiros podem trazer celeridade a esse processo se aplicarem um mínimo de inteligência e tempo a ele. Em caso contrário, a riqueza da nação continuará, como aconteceu nos últimos 500 anos, usurpada por meia dúzia de espertalhões. Li algumas análises sérias que falam da possibilidade do fundo nacional de petróleo atingir a marca de alguns trilhões de dólares. Eu falei TRILHÕES. Parece loucura, né. Mas é isso mesmo, porque esse tipo de fundo recebe dinheiro do petróleo, mas cresce por outras vias, através de investimentos e aplicações lucrativas. Não se esqueçam que o pré-sal não é apenas tirar petróleo do mar, mas também oferecer, mediante pagamento, a tecnologia de exploração para o resto do mundo. O Brasil irá ganhar bilhões de dólares explorando petróleo no pré-sal de todos os continentes.

Não é pela imprensa, todavia, que os brasileiros irão compreender a economia de seu país. Por razões que ainda fogem ao meu entendimento, a imprensa vem boicotando sistematicamente o acesso dos brasileiros à sua própria realidade. Até agora não nos informou corretamente sobre as perspectivas do pré-sal. Primeiro lançou descrédito, dizendo que se tratava de propaganda do governo. Depois passou a esnobá-lo. Quando Haroldo Lima citou um número que corria solto na boca de segmentos especializados, de que o pré-sal não teria apenas os 20 bilhões de barris estimados inicialmente, mas poderia chegar a mais de 80 bilhões de barris, chegando até a 200 bilhões se confirmada a existência de petróleo no pré-sal em outras partes da costa brasileira, os jornalistas quiseram crucificá-lo. Como é possível informar aos brasileiros sobre algo assim? Não pode! Os brasileiros não podem saber das possibilidades de riqueza em seu próprio território! Isso ameaça gravemente o complexo de vira-lata!

Até hoje, muita gente não acredita no pré-sal. Dizem que está muito lá no fundo e que será muito caro explorar. Outros esnobam dizendo que somente daqui a 15 ou 20 anos começará a jorrar quantidades substanciais de combustível. Até a Marina Silva, que vem se esforçando para mostrar que é de fato uma tremenda traíra, pronunciou a colossal estupidez de que o pré-sal fará diferença apenas daqui a 20 anos. Esquece-se, por estupidez ou má fé, que bilhões, quiçá trilhões de dólares entrarão na economia brasileira por conta da montagem da infra-estrutura necessária para receber o petróleo tirado do fundo do mar. Equipamentos, plataformas, navios, refinarias, mão-de-obra, tudo isso significa empregos e investimentos. E não só do governo federal e da Petrobrás. Muito dinheiro já está chegando via agentes internacionais interessados em morder uma lasquinha desta nova riqueza nacional.

Como eu ia falando, todos deveriam deixar de lado esse aristocratismo ibérico, efeminado (desculpe feministas, mas ainda não encontrei outro termo. Adoro as mulheres.), pedante, que todos nós temos, de só gostar de abstrações genéricas e poéticas da realidade. Esse aventureirismo atávico, quixotesco. Esse heroísmo ingênuo, que produz uma consciência política deformada, insípida, irritadiça e que tão facilmente manipulável por quem detêm o poder midiático.

Nós temos que botar a mão na massa sem intermediários. Nós mesmos. A internet possibilita que o cidadão acesse diretamente as fontes de informação. O Brasil tem sites oficiais extraordinariamente bem feitos e atualizados, melhores do que muitos do primeiro mundo. Sigam as minhas dicas e familiarizem-se com eles. Saibam mais sobre o Brasil e suas riquezas. Só assim os cidadãos brasileiros irão ganhar dinheiro de verdade, e só ganhando dinheiro poderemos combater os barões da mídia. Todas as grandes crises dos últimos 20 anos originaram-se na ignorância econômica dos cidadãos.

Então vamos lá. Citarei as principais fontes de informação disponíveis no Brasil, discorrendo sucintamente sobre cada um. Todos são gratuitos. Em geral demandam apenas um cadastro bem simples.

Sistema Alice
http://aliceweb.desenvolvimento.gov.br/

É o site alimentado pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex), órgão subordinado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic). Traz dados completos sobre que produtos o Brasil exporta ou importa, para onde, de onde, por país, bloco econômico, porto, estado, etc. É um dos mais simples do gênero, então vale a pena começar por este. Todos os sites estatísticos são mais ou menos parecidos. Depois que se entende o funcioamento de um, fica bem mais fácil entender o de qualquer outro. Atualização mensal, por volta do dia 10 de cada mês. Por exemplo, os dados de dezembro de 2009 deverão entrar no próximo dia 10 de janeiro.

IPEA Data
Tem séries históricas muito interessantes, além de atualizadas. Usei uma delas para fazer o gráfico ao final desse post. É o melhor para dados de macro-economia.

IBGE
http://ibge.gov.br
É talvez o melhor site do gênero no mundo, e isso não é ufanismo bobo. Traz tudo sobre a economia brasileira, em detalhes.


UN Comtrade
http://comtrade.un.org/db/

É o site estatístico da ONU. Ainda deixa muito a desejar. Nunca está satisfatoriamente atualizado. Mas é um site importante. Pode-se obter hoje, por exemplo, dados completos até 2007, sobre o comércio exterior mundial. Qual os maiores exportadores de petróleo? Qual os maiores exportadores mundiais de soja, de autopeças, etc.

Além disso, todos os governos do mundo criaram ou estão em vias de criar sites estatísticos, com dados de comércio exterior e economia doméstica.

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Abaixo um gráfico que mostra o bom momento do salário mínimo no Brasil. Com base em dados do IPEA, traz a evolução do salário em termos reais e atualizados. Clique para ampliar.

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