* Este blog luta por uma sociedade mais igualitária e justa, pela democratização da informação, pela transparência no exercício do poder público e na defesa de questões sociais e ambientais.
* Aqui temos tolerância com a crítica, mas com o que não temos tolerância é com a mentira.

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Os recursos “subtraídos” da educação e da saúde em Santa Catarina



O gato comeu



blog do Moacir Pereira

26 de maio de 2011




O governo do Estado deixou de repassar nos últimos anos a quantia de R$ 1.670.000.000,00 para a educação e de R$ 627.700.000,00 para o setor saúde. É o que consta da página 92 do parecer prévio do conselheiro Salomão Ribas Júnior nas contas do governo Luiz Henrique/Pavan de 2010.

Um substancioso documento técnico de 128 páginas traz, de forma didática, apreciações judiciosas e esclarecedoras sobre a receita tributária estadual e a destinação dos recursos aos poderes, aos diferentes setores, as empresas e demais órgãos públicos.

Ao avaliar o funcionamento dos quatro fundos criados no governo Luiz Henrique (Esporte, Turismo, Cultura e Fundosocial), o relator revela que no qüinqüênio (2006-2010) o Estado deixou de repassar para educação e saúde a quantia de R$ 689.910.000,00, considerando o desvio dos quatro fundos, cujo recursos não são computados na receita tributária estadual. São, assim, excluídos da redistribuição aos poderes e setores definidos na Constituição, como saúde(12%) e educação(25%). Ressalta o documento de forma textual: “Desse valor (689 milhões), R$ 465.910.000,00 foram subtraídos da educação e R$ 223.640.000,00 da saúde”.

O relator somou, também, os valores destinados ao pagamento de inativos na saúde e na educação e o que foi contabilizado como investimento nas duas áreas. Chegou às somas de R$ 1.210.000.000,00 não aplicadas na educação e R$ 404.300.000,00 não destinados à saúde. Ele lembrou decisão do Tribunal de Contas determinando à Secretaria da Fazenda que inclua a receita do Fundosocial na base de cálculo para aplicações mínimas e constitucionais na educação e na saúde. A Secretaria da Fazenda insurgiu-se contra a decisão. O processo tramita no Tribunal de Contas. É relatado pelo auditor Cléber Muniz Gavil.

De boa: isso já virou delinquência…


do Tijolaço do Brizola Neto


A Folha publica hoje que um “hacker” invadiu o computador pessoal da então candidata à Presidência da República e o do ex-ministro José Dirceu, e tentou vender dados sobre a correpondência de cada um deles ao PSDB e ao PFL.

Estorinha mal-contada.

O tal hacker não invadiu o computador de ambos, mas os do UOL, pertencente à empresa que edita a Folha, onde estavam armazenadas as mensagens. Aliás, nem a matéria o nega.

No caso de José Dirceu, o “sofisticadíssimo” método de invasão foi dar um telefonema para o UOL e, dizendo ter perdido a senha, conseguir outra que permitiu o acesso à caixa postal.

Qualquer sistema be-a-bá de caixa postal não fornece isso, a não ser para outro e-mail registrado na abertura da conta.

Eu, se tivesse uma conta de e-mail no provedor UOL, a encerraria hoje mesmo.

A matéria bem que poderia ter um título do tipo “UOL permite violação da privacidade de seus clientes”.

Mas aquilo que é mais grave é que a Folha se tornou cúmplice da violação, ao divulgar conteúdo de natureza pessoal e privada, sem nenhuma questão que envolvesse o interesse público.

Diz que o “hacker” pediu dinheiro ao PSDB e ao DEM, e não diz a quem foi pedido. Nem sequer registra que ele se negou a dar nomes.

A matéria não é uma reportagem, é uma confissão.

E ainda tem um projeto determinando que os provedores guardem os dados de acesso e conteúdo de seus usuários, vejam só…

Depois da ficha falsa de Dilma, ficamos sabendo agora que a Folha acha “normal” violar dados de caixas postais do servidor que pertence a ela mesma…

Nosso amigo continua firme


As imagens no vídeo são de ontem: 29/06. Observem quem nosso amigo continua na ativa. O povo grego é que vai pagar caro pela cupidez da nova dinastia do mundo finaceirizado. Será escravizado pelo sistema dominante, os bancos, a City, Wall Street e o FMI, que obrigarão países inteiros a se submeterem aos mais severos sacrifícios a fim de manter as burras do seu sistemão abastecidas do sangue, do suor e das lágrimas de populações inteiras. Sempre contando com autoridades locais (neste caso o PASOK - Partido Socialista Grego) para fazerem o trabalho sujo de limpar a área para propiciar o pleno e completo saqueio nacional, legalizado sob cerrada chantagem ideológica e a grande mídia servil. O cão, com toda sua combatividade, não poderá mudar isso.


Depois será a vez de Portugal, Espanha... e quiçá a Itália. Vamos ver se a Europa ‘güenta isso?...

____________


Ricos ou otários?...


por Jomar Silva, no blog coletivo Trezentos

Tô eu aqui fazendo as malas para o FISL - Fórum Internacional Software Livre, paro para tomar um cafezinho e dou uma olhada no site do UOL…

Confesso que quase tive um ataque do coração quando li esta reportagem aqui do UOL Carros, onde eles mostram que basicamente o preço dos automóveis no Brasil é elevado porque a população acha que é normal pagar caro em um carro novo…

Vale a pena ler a matéria, e ver a falta de vergonha na cara dos executivos das montadoras que foram ouvidos para a matéria. Eu sempre pensei que nossa carga tributária era a responsável pelos preços absurdos dos carros no Brasil, mas está com todas as letras na matéria que o preço “não tem nada haver com o custo”… Só para ilustrar, um carro da Honda fabricado no Brasil é vendido no México com um “descontinho” de R$ 15 mil!

Publicaram ainda no UOL mais algumas informações comparando os preços dos carros, que pode ser encontrada aqui.

Lendo a matéria, eu me lembrei de quando fiz um primeiro trabalho dentro de provedores de TV a Cabo, quando a Internet banda larga chegava no Brasil. Ouvi em uma reunião com um executivo da empresa, que TV a Cabo no Brasil era um Luxo e Internet um Luxo maior ainda, portanto o preço por aqui tinha que ser salgado para que se mantivesse como “coisa de poucos”.

Temos hoje TV a Cabo e Internet em muitos lares no Brasil, e fico aqui me perguntando se foi o preço que caiu mesmo ou se, sem perceber, ficamos cada vez mais otários neste país.

Tive que vir aqui escrever, pois de verdade eu acho que nunca me senti tão ofendido como consumidor na vida!

Nestas horas que dou graças a Deus em andar pra cima e pra baixo na minha moto 125 cilindradas… baratinha, baratinha!

E você ? Como está se sentindo agora ao saber que paga por um dos carros mais caros do mundo simplesmente porque nosso mercado é assim?... Ricos e otários, não é mesmo?...

Colombino, um meigo boneco de ventriloquo


Pescado no blog Tijoladas do Mosquito




Carta aberta de uma aluna de SC > Governador mentiroso

Vai para a televisão mentir para a população, dizendo que aprovou a
implantação do Piso, que nenhum professor vai receber menos de
R$ 1.600,00, quando na verdade pretende achatar o plano de carreira dos
professores.

Gente que trabalhou e estudou a vida inteira pra fazer
aquilo que o senhor não faz: educar crianças, jovens e adultos para
serem cidadãos críticos, que cumprem seus deveres e exigem seus
direitos!

Não... o senhor precisa de gado, né, Governador... precisa
de massa de manipulação, de mão de obra barata... o que foi mesmo que
o senhor disse na reunião com o SINTE e o Comando de Greve na segunda
feira? Ah... "A educação NÃO É PRIORIDADE para a sociedade". Não,
claro que não. A sociedade quer que seus filhos cresçam ignorantes. O
senhor tem razão...

Que vergonha, Governador!

Vai para a televisão dizer que não pode comprar os uniformes para os
alunos por que precisa pagar os professores...

Jogo sujo, hein? Que baixeza! Afinal o Sr. sabe que boa parte da
população não está ciente de que a verba para o pagamento dos
professores É DIFERENTE E SEPARADA da verba para a aquisição dos
uniformes, né?

Assim, os professores ficam parecendo os vilões da história, quando na
verdade são os bolsos dos Parlamentares que ficam cada vez mais cheios
com o que deveria ser o nosso salário... Sinto muito, Governador, o
vilão dessa novela mexicana é o senhor mesmo! Eu sei e o Sr. sabe.

Que vergonha, Governador!

Vai para a televisão dizer para a população que a greve acabou, quando
na verdade, está só começando! Mente para o povo, faz com que os pais
mandem seus filhos para a escola só para darem com a cara na porta e
voltar para casa novamente. Manipulando o caos, hein? Bonito isso...
para tentar culpar os professores, né? Assim a população se revolta e
o movimento enfraquece...

Sinto muito lhe informar, Sr. Governador, mas a população já está
sendo informada das suas mentiras. E o movimento não vai enfraquecer.
Dessa vez, vamos até o fim! Dessa vez, a lei será cumprida. Ou será
que o Governo do Estado está acima da Lei?

Mais uma coisa, Excelentíssimo Governador Raimundo Colombo: O Governo
Federal deixou claro que os Estados que não tiverem dinheiro
suficiente para implantar o piso conforme a tabela, receberam auxilio
financeiro da União.

Se o Sr. afirma que Santa Catarina não tem dinheiro suficiente, por
quê é que não pede ajuda do Governo Federal? Ah... é por que Santa
Catarina TEM DINHEIRO, não é? E o Sr. não tem como provar o contrário,
afinal, esse dinheiro, que vem do FUNDEB, vem sendo desviado para
outros setores, certo? Hummm... será que é por isso que a Promotoria
Pública está processando o Estado por uso indevido e desvio das verbas
do FUNDEB? Ah... entendi... Isso o Sr. não fala na TV, né?

Tem muita coisa acontecendo em Santa Catarina, Governador. O Sr.
deveria ser o nosso principal Servidor, administrando o bem público
pelo povo e para o povo. Deveria pelo menos QUERER se orgulhar de ser
um Estado com menor índice de analfabetismo, melhor atendimento na
saúde pública, melhor nível de educação, melhores condições de
trabalho, menor índice de pobreza. Se o Sr. pelo menos QUISESSE se
orgulhar dessas coisas, se o Sr. pelo menos QUISESSE ter orgulho de
ser Governador do Estado de Santa Catarina, tomaria providências para
que todos esses anseios do SEU POVO se tornassem realidade, ou pelo
menos, caminhassem para isso.

Mas infelizmente o senhor é como vários administradores de outros
Governos, não é? Só quer se orgulhar de poder passar a semana no seu
Sítio em Lages, sem nada para fazer, de papo pro ar, ou de poder
passear pela Europa, enquanto por aqui, na terrinha, nós não temos nem
o direito de ir e vir, já que nossos miseráveis salários não custeiam
nem as passagens de ônibus...

É... mania feia essa que o professor tem de querer comer 3 vezes por dia...

Favor, encaminhe ao máximo de pessoas possíveis, temos que ter todos
cientes do que existe por trás das mentiras dos governadores...

Aqueles que vocês escolheram na eleição, lembra?

Agora, eu, aluna de terceiro ano, tenho que estar apoiando uma greve,
por que não acredito que alguém teve a cara de pau de negar uma lei E
NAO IR PARA A CADEIA!

Só no Brasil mesmo...

EU NAO TENHO ORGULHO DE SER BRASILEIRA, eu tenho o orgulho de conhecer
esses brasileiros que lutam pelos seus direitos!

alunasc@sc

quarta-feira, 29 de junho de 2011

A Reunião


peça teatral de Paulo Metri, pescado no Correio da Cidadania




ATO ÚNICO


(As cortinas se abrem e aparece uma sala de órgão federal do governo americano, com cinco homens e duas mulheres sentados em volta de enorme mesa retangular)


Homem da cabeceira – Estamos reunidos, hoje, para tratar da questão dos movimentos nacionalistas da América do Sul. Há necessidade de nos preocuparmos?


Homem 1 – É claro que já tivemos as fases dos militares e dos neoliberais que nos tranqüilizaram muito, às suas épocas. Hoje, temos arroubos nacionalistas que, se não forem contidos, poderão acarretar danos sérios.


Mulher 1 – Vamos ser práticos e focar no que é importante. Não podemos esquecer que nossa agência é de inteligência. Brasil e Venezuela são nossos maiores problemas, hoje. Há nacionalistas em outros países, mas a repercussão não é tão grande quanto as destes dois. Venezuela, por seu petróleo e por Chávez. Passou despercebido por todos, mas as reservas venezuelanas, nos últimos cinco anos, cresceram mais que as brasileiras com todo o pré-sal. Lula e Dilma não podem ser comparados a Chávez, mas não são aliados incondicionais. Lula, sob muita pressão, fez concessões. Mas não sabemos como a Dilma irá se comportar.


Homem da cabeceira – Vamos nos concentrar, primeiro, na questão brasileira. Peter é nosso especialista.


Peter – Ainda temos a grande massa brasileira completamente alienada e dominada. Os meios de comunicação tradicionais fazem um ótimo trabalho, com forte apoio nosso. Mas cresce a mídia alternativa que recebe centenas de milhares de visitações diárias. São pessoas querendo se informar em sites, facebooks, blogs e twitter, que crêem ser mais confiáveis. Têm professores e estudantes universitários, jovens profissionais liberais, empresários, sindicalistas etc. Por outro lado, é muito fraca a aceitação de nossa mídia alternativa.


Homem 2 – Nossa?


Peter – É claro que, quando digo “nossa”, são de brasileiros comprados que publicam nossas versões. Aliás, sobre este ponto, nossas empresas e as de países com os mesmos interesses que os nossos fazem um excelente trabalho, disponibilizando recursos para iniciativas deste tipo.


Homem 3 – Por que é fraca a aceitação da nossa mídia alternativa?


Peter – Não demos sorte, pois não apareceram profissionais brilhantes dentre os que temos recrutado. Aliás, não apareceu também um político excepcional do nosso lado. Mas, felizmente, a sociedade é bastante alienada. Concentramos esforços em FHC. Ele não decepcionou, mas não criou sucessor. Hoje, está idoso, além de o povo já o conhecer. A verdade é que não temos um encantador de massas, como Lula, do nosso lado.


Homem 2 – Mesmo com toda a doutrinação de que globalização e liberalismo podem trazer bem-estar para todos em qualquer país, hoje, brota a desconfiança nesta tese.


Homem 4 – É a primavera brasileira?


Homem 1 – Não! É natural. Mesmo que não houvesse comunicação entre gerações, um dia iria brotar o nacionalismo nos novos. Não podemos reclamar, pois fomos e somos um dos países mais nacionalistas do globo.


Mulher 2 – Como ficou a exploração do pré-sal? Ele é vital para nós.


Peter – Tivemos muitas derrotas, no ano passado, quando decidiram o novo marco regulatório do pré-sal. Mas, tivemos uma vitória grande porque a tese do pré-sal ser explorado só pela estatal deles não vingou. Espalhamos, até através de autoridades deles, que, como 40% das ações desta estatal pertenciam a gringos, se o pré-sal fosse entregue a ela, 40% do petróleo desta região iam ser entregues aos gringos (risos).


Homem 4 – Isto chega a ser engraçado. Trata-se de “usar o nacionalismo contra os nacionais”. E eles acreditaram?


Peter – Era um ministro deles quem dizia isto (risos).


Homem 4 – Quais foram as derrotas?


Peter – A estatal deles recebe 30% das ações de todos os consórcios formados para explorar os campos e 30% do petróleo produzido em todos os campos; ela é a operadora única dos diversos campos e, com isso, será responsável pelas compras de todo pré-sal; uma nova estatal, a ser criada, terá sempre o voto final em qualquer consórcio, ditando, por exemplo, a velocidade da produção; o Estado brasileiro passa a comercializar parcela expressiva da produção; é criado o Fundo Social e um mecanismo para sua capitalização etc.


Mulher 1 – Foram perdas enormes! Por que a lei do FHC não continuou para o pré-sal? Faltou o quê?


Peter – Fizemos muitos esforços. Políticos locais, professores universitários, burocratas e empresários brasileiros foram mandados para a linha de frente, a diplomacia americana atuou bastante, recriamos até a Quarta Frota. O grande diferencial deles, o presidente Lula, ficou irredutível. Este novo marco regulatório é obra dele, sozinho.


Mulher 2 – E os movimentos sociais?


Peter – Queriam a estatal explorando o pré-sal, mas nossa mídia tradicional os anulou. A conquista foi pessoal do Lula.


Mulher 2 – Então, fomos aniquilados?


Peter – Não. Ainda temos nossos homens de confiança dentro do governo brasileiro. Por exemplo, teremos a 11ª rodada de leilões em setembro deste ano.


Homem da cabeceira – Agora, com Dilma, pode vir a ser diferente?


Peter – Está ainda cedo para dizer, pois ela precisa ser mais testada. Por exemplo, neste exato momento, existe uma chance de novo embate com relação ao mesmo marco regulatório ocorrer no Congresso, com Lula fora da presidência. Tenho dito aos nossos para trabalharem para que ocorra esta revisão e, depois, irem para o confronto.


Homem da cabeceira – Como assim?


Peter – Trata-se de um acontecimento ocorrido por acaso, no qual tivemos muita sorte. O marco regulatório do petróleo (lei 12.351), que saiu do Congresso para o presidente Lula sancionar, tinha internamente artigos conflitantes. A história, contada, parece brincadeira, mas é verdadeira. Os artigos 2, 10, 15 e 29 conflitavam claramente com o artigo 64. O presidente Lula vetou o artigo 64 e, assim, acabou com o conflito. Neste exato instante, os nacionalistas estão querendo que não haja o que eles estão chamando de “ressarcimento dos royalties pagos”, que é proibido por este artigo 64 e, assim, lutam pela derrubada do veto. Entretanto, eles advogam esta posição sem entenderem que, sendo o veto derrubado, a lei voltará a ter artigos conflitantes e ficará muito fácil para qualquer deputado ou senador apresentar novo projeto de lei para corrigir esta incongruência, pois será acolhido. Em uma fase seguinte, outros deputados ou senadores apresentam emendas ao novo projeto mudando a lei 12.351, ou seja, retirando a estatal brasileira da posição de operadora única do pré-sal etc.


Homem 4 – De novo, os nacionalistas nos ajudam (risos)?


Peter – Sim. Mas, tem mais. Este artigo do “ressarcimento dos royalties pagos”, que eles garantem ter sido incluído pelas petrolíferas estrangeiras, com a conivência de deputados e senadores, primeiramente, não se trata de ressarcimento verdadeiro. Trata-se de um simples benefício fiscal, para as empresas não pagarem royalties sobre uma produção de idêntico valor à última parcela de royalties paga. Podem declarar que é um benefício desnecessário, pois a atividade é bastante rentável, mas não é ressarcimento. O consórcio está tirando petróleo do próprio campo. Só se eles estão falando de “auto-ressarcimento” (risos). Além disso, o grande beneficiário deste “ressarcimento” seria a estatal deles, então, como se costuma dizer no mesmo Brasil, “os nacionalistas estão dando um tiro no próprio pé” (risos).


Homem 3 – Com tanto nacionalista brasileiro nos ajudando, eu temo pelo meu emprego (risos).



(As cortinas se fecham com risos ao fundo)

O que você não leu na mídia sobre Paulo Renato (1945-2011)


texto de Idelber Avelar, no seu blog da revista Fórum


Morreu de infarto, no último dia 25, aos 65 anos, Paulo Renato Souza, fundador do PSDB. Paulo Renato foi Ministro da Educação no governo FHC, Deputado Federal pelo PSDB paulista, Secretário da Educação de São Paulo no governo José Serra e lobista de grupos privados. Exerceu outras atividades menos noticiadas pela mídia brasileira.

Nas hagiografias de Paulo Renato publicadas nos últimos dois dias, faltaram alguns detalhes. A Folha de São Paulo escalou Eliane Cantanhêde para dizer que Paulo Renato deixou um legado e tanto como Ministro da Educação. Esqueceu-se de dizer que esse legado incluiu o maior êxodo de pesquisadores da história do Brasil, nem uma única universidade ou escola técnica federal criada, nem um único aumento salarial para professores, congelamento do valor e redução do número de bolsas de pesquisa, uma onda de massivas aposentadorias precoces (causadas por medidas que retiravam direitos adquiridos dos docentes), a proliferação do professor substituto com salário de R$400,00 e um sucateamento que impôs às universidades federais penúria que lhes impedia até mesmo de pagar contas de luz. No blog de Cynthia Semíramis, é possível ler depoimentos às dezenas sobre o que era a universidade brasileira nos anos 90.

Ainda na Folha de São Paulo, Gilberto Dimenstein lamentou que o tucanato não tenha seguido a sugestão de Paulo Renato Souza de lançar uma campanha publicitária falando dos programas de complementação de renda. Dimenstein pareceu desconsolado com o fato de que o PSDB perdeu a chance de garantir uma marca social, atribuindo essa ausência a uma mera falha na campanha publicitária. O leitor talvez possa compreender melhor o lamento de Dimenstein ao saber que a sua Associação Cidade Escola Aprendiz recebeu de São Paulo a bagatela de três milhões, setecentos e vinte e cinco mil, duzentos e vinte e dois reais e setenta e quatro centavos, só no período 2006-2008.

Não surpreende que a Folha seja tão generosa com Paulo Renato. Gentileza gera gentileza, como dizemos na internet. A diferença é que a gentileza de Paulo Renato com o Grupo Folha foi sempre feita com dinheiro público. Numa canetada sem licitação, no dia 08 de junho de 2010, a FDE da Secretaria de Educação de São Paulo transfere para os cofres da Empresa Folha da Manhã S.A. a bagatela de R$ 2.581.280,00, referentes a assinaturas da Folha para escolas paulistas. Quatro anos antes, em 2006, a empresa Folha da Manhã havia doado a curiosa quantianas imortais palavras do Senhor Cloacade R$ 42.354,30 à campanha eleitoral de Paulo Renato. Foi a única doação feita pelo grupo Folha naquela eleição. Gentileza gera gentileza.

Mas que não se acuse Paulo Renato de parcialidade em favor do Grupo Folha. Os grupos Abril, Estado e Globo também receberam seus quinhões, sempre com dinheiro público. Numa única canetada do dia 28 de maio de 2010, a empresa S/A Estado de São Paulo recebeu dos cofres públicos paulistassempre sem licitação, claro, porque sigilo no fiofó dos outros é refrescoa módica quantia de R$ 2.568.800,00, referente a assinaturas do Estadão para escolas paulistas. No dia 11 de junho de 2010, a Editora Globo S.A. recebe sua parte no bolo, R$ 1.202.968,00, destinadas a pagar assinaturas da Revista Época. No caso do grupo Abril, a matemática é mais complicada. São 5.200 assinaturas da Revista Veja no dia 29 de maio de 2010, totalizando a módica quantia de R$1.202.968,00, logo depois acrescida, no dia 02 de abril, da bagatela de R$ 3.177.400, 00, por Guias do Estudante Atualidades, material de preparação para o Vestibular de qualidade, digamos, duvidosíssima. O caso de amor entre Paulo Renato e o Grupo de Civita é uma longa história. De 2004 a 2010, a Fundação para o Desenvolvimento da Educação de São Paulo transfere dos cofres públicos para a mídia pelo menos duzentos e cinquenta milhões de reais, boa parte depois da entrada de Paulo Renato na Secretaria de Educação.

Mas que não se acuse Paulo Renato de parcialidade em favor dos grandes grupos de mídia brasileiros. Ele também atuou diligentemente em favor de grupos estrangeiros, muito especialmente a Fundação Santillana, pertencente ao Grupo Prisa, dono do jornal espanhol El País. Trata-se de um jornal que, como sabemos, está disponível para leitura na internet. Isso não impediu que a Secretaria de Educação de São Paulo, sob Paulo Renato, no dia 28 de abril de 2010, transferisse mais dinheiro dos cofres públicos para o Grupo Prisa, referente a assinaturas do El País. O fato já seria curioso por si só, tratando-se de um jornal disponível gratuitamente na internet. Fica mais curioso ainda quando constatamos que o responsável pela compra, Paulo Renato, era Conselheiro Consultivo da própria Fundação Santillana! E as coincidências não param aí. Além de lobista da Santillana, Paulo Renato trabalhou, através de seu escritório PRS Consultores cujo site misteriosamente desapareceu da internet depois de revelações dos blogs NaMaria News e Cloaca News, prestando serviços ao Grupo Santillana!, inclusive com curiosíssima vizinhança, no mesmo prédio. De fato, gentileza gera gentileza. E coincidência gera coincidência: ao mesmo tempo em que El País denunciava, junto com grupos de mídia brasileiros, supostos erros ou doutrinações nos livros didáticos da sua concorrente Geração Editorial, uma das poucas ainda em mãos do capital nacional, Paulo Renato repetia as denúncias no Congresso. O fato de a Santillana controlar a Editora Moderna e Paulo Renato ser consultor pago pelo Grupo Santillana deve ter sido, evidentemente, uma mera coincidência.

Mas que não se acuse Paulo Renato de parcialidade em favor dos grupos de mídia, brasileiros e estrangeiros. O ex-Ministro também teve destacada atuação na defesa dos interesses de cursinhos pré-vestibular, conglomerados editoriais e empresas de software. Como noticiado na época pelo Cloaca News, no mesmo dia em que a FDE e a Secretaria de Educação de São Paulo dispensaram de licitação uma compra de mais R$10 milhões da InfoEducacional, mais uma inexigibilidade licitatória era anunciada, para comprar o mesmíssimo produto!, no caso o software Tell me more pro, do Colégio Bandeirantes, cujas doações em dinheiro irrigaram, em 2006, a campanha para Deputado Federal do candidato Paulo Renato! Tudo isso para não falar, claro, do parque temático de $100 milhões de reais da Microsoft em São Paulo, feito sob os auspícios de Paulo Renato, ou a compra sem licitação, pelo Ministério da Educação de Paulo Renato, em 2001, de 233.000 cópias do sistema operacional Windows. Um dos advogados da Microsoft no Brasil era Marco Antonio Costa Souza, irmão de Paulo Renato! A tramóia foi tão cabeluda que até a Abril noticiou.

Pelo menos uma vez, portanto, a Revista Fórum terá que concordar com Eliane Cantanhêde. Foi um legado e tanto. Que o digam os grupos Folha, Abril, Santillana, Globo, Estado e Microsoft.


NOTA BOTOCUDA

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Para quem se interessa por esse assunto, antes de me xingar, note com cuidado que TODOS os fatos narrados estão acompanhados de confirmações documentais de diários oficiais e o escambau, nos links, principalmente os fatos levantados pela NaMaria. O depoimento da Cynthia Semíramis logo no início do post também é sintomático... e de chorar. Nossa bronca aqui não é com o finado, pois agora já passou mesmo, mas continua sendo com a velha midia mentirosa.