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terça-feira, 31 de agosto de 2010

O PIG, vendo a vaca praticamente no brejo, agora vai tumultuar (2) - A reportagem bugiganga da Folha


Mais uma pancada do Brizola Neto na moleira do PIG

Meus amigos jornalistas me contam que os jornais perderam muito de sua capacidade de fazer boas reportagens pelos custos que envolvem o deslocamento de um repórter da cidade sede da publicação para outros estados do país.Sempre se queixam de que a falta de visão de certas publicações sobre o país se deve em boa parte a isso, já que não conhecem o Brasil profundo e costumam examinar o que se passa a partir dos grandes centros.

Ainda segundo esses amigos, os jornais, revistas e agências de notícia só enviam um jornalista para outro estado quando a pauta é muito boa e promete render um bom material.

Pode ser que eu esteja errado por não ser jornalista, mas como leitor de jornais, afinal o público a ser atingido, tenho minhas percepções. Por isso pergunto: O que será que a Folha de S.Paulo esperava encontrar para enviar uma repórter a Porto Alegre para produzir matéria sobre uma loja de “bugigangas” da qual Dilma foi sócia durante pouco mais de um ano? Bugiganga, no dicionário, é artigo de pouca utilidade. Exatamente o significado da matéria da Folha.

A leitura da matéria não revela absolutamente nada que melhore ou comprometa a biografia de Dilma. Apenas conta que ela foi sócia de uma loja, de fevereiro de 1995 a 1996, em sociedade com o ex-marido, a ex-cunhada e um sobrinho. A ex-cunhada falou tranquilamente sobre o negócio e a matéria chega ao ponto final sem que se perceba qual o seu objetivo.Como alguns comerciantes vizinhos dizem que a loja era meio feinha e acham que ela não teve sucesso, imaginei que talvez fosse para questionar a capacidade gerencial de Dilma. Mesmo considerando o despropósito, foi a única coisa que me passou pela cabeça. Se de fato Dilma não foi bem sucedida como comerciante, melhor para o Brasil, que ganhou uma excelente ministra e provável futura presidente.

A ex-cunhada de Dilma afirma que o negócio deu certo, o que já relativiza a declaração dos outros comerciantes. A Folha não teve como chegar a conclusão alguma sobre isso.É bem verdade que o jornal se esforçou no texto para atingir Dilma de alguma forma, mas as tentativas beiraram o ridículo. Ao se referir ao nome de fantasia da loja de Pão & Circo, a matéria diz que foi “inspirado na estratégia romana para calar as vozes insatisfeitas”, certamente buscando algum traço autoritário na escolha de um simples nome de loja de produtos de bazar, como os brinquedos dos “Cavaleiros do Zodíaco”.

A Folha também não perde a oportunidade de ao se referir ao ex-marido de Dilma, apresentá-lo como ex-dirigente da VAR-Palmares, “uma das organizações de esquerda das quais Dilma participou durante a ditadura militar.” Até hoje não vi na Folha matéria sobre Serra que se refira a ele como ex-integrante da Ação Popular (AP), “uma das organizações de esquerda que combateu a ditadura militar.”

Por fim, a Folha afirmou que na biografia de Dilma não há referência ao período em que ela foi sócia da tal loja. O fato não tem a menor relevância para constar da biografia de uma candidata a presidente. Mas já que a Folha se preocupa tanto com a precisão biográfica dos candidatos, sugiro que faça uma matéria sobre a participação de Serra na empresa Análise de Conjuntura Econômica Perspectivas Ltda, de 1993 a 2000, que omitiu não só em sua biografia, como na declaração de bens quando foi candidato a presidente em 2002. Possivelmente, não vai encontrar nada de mais, mas nesse caso não precisaria nem de um enviado especial. A empresa ficava em São Paulo mesmo.



Atualização botocuda:

Hoje a tarde (terça feira) Dilma deu sua versão sobre aquela experiência como sócia gerente da Pão & Circo, empresa que importava bugigangas do Panamá para revender a lojistas de Porto Alegre (RS). Artigos de bazar e brinquedos, em especial os dos Cavaleiros do Zodíaco --animação japonesa sobre jovens guerreiros-- eram o forte do negócio.

Aproveitando a estabilidade do real em relação ao dólar e um período em que artigos importados ainda eram novidade no mercado brasileiro, Dilma apostou em artigos populares comprados na Zona Franca de Colón, no Panamá, para revendê-los no atacado e também no varejo.

Em parceria com a cunhada Sirlei Araújo, o ex-marido Carlos Araújo e o sobrinho João Vicente, a candidata abriu sede e filial em Porto Alegre. O negócio foi extinto oficialmente em 1998, mas dois anos antes Dilma e os sócios já haviam fechado a empresa e encerrado as atividades.

"Naquela época, a variação cambial teve muito efeito e também da própria dificuldade que você faz tudo com capital próprio. Na prática, dei uma força para minha cunhada que, por vários motivos, estava sem emprego e tinha que sustentar quatro filhos. Mas tenho muito orgulho daquilo", afirmou Dilma.

Graças à bugiganga da Folha, descobrimos quem acabou com os Cavaleiros do Zodíaco, e com os pequenos empresários que abriram suas lojinhas de bugigangas acreditando que o real era mais forte que o dólar. Ficou aquela fantasia cambial até depois de se garantir a reeleição... de quem?... de quem?...

Para concretizar um projeto político de certo Principe, quebraram milhares de lojinhas de R$ 1,99, a Rede de TV Manchete, que exibia a série, faliu e os Cavaleiros do Zodíaco, que faziam parte da geração que foi adolescente nos anos 90 ficaram só na memória.

Tudo graças ao Mestre Saga, Fernando Henrique Cardoso.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

O PIG, vendo a vaca praticamente no brejo, agora vai tumultuar


Tudo bem, isso faz parte de campanhas políticas, mas ontem o jornal O Globo, sem citar sequer uma fonte autorizada, começou a especular como seria uma eventual reforma previdenciária num futuro Governo Dilma. O que querem com isso? Tá na cara: tumultuar e tentar jogar os aposentados contra sua candidatura.

Qualquer pessoa que não esteja internada em sanatórios tem facilidade em entender que nesta reta final de campanha, Dilma e sua equipe mais próxima poderia estar pensando em tudo, menos em detalhar planos de Governo. Ainda mais uma coisa cabeluda como reforma da previdência. Isso sim seria uma coisa insana.

Se alguém, em alguma área da administração do governo atual talvez, o está fazendo, está fazendo por conta própria. Aliás, ontem, Dilma teve que dar entrevista para dizer que quem andar se assanhando para responder por algo em um futuro governo seu está absolutamente desautorizado. Isso está claro no vídeo abaixo, logo nos 2 minutos iniciais.

Mas o PIG (leia-se direita oligárquica) – que só bateu palmas para as reformas previdenciárias de FHC, inclusive com aquela do “aposentado vagabundo” – agora posa de defensora dos aposentados.

Se a Previdência precisa de reformas, isso é tarefa do próximo Governo e dependerá muito do Congresso a ser eleito. Pensando nisso, NÃO votem em LHS aqui em Santa Catarina.

domingo, 29 de agosto de 2010

Imperador D. José I proibe imprensa em evento com militares


Conseguimos descobrir, depois de árdua investigação, o que D. José I, o Calvo, foi fazer no Clube dos Aeronáuticos, a mais alta corte “Senta a Pua” da Aeronáutica.


Foi perguntar para os oficiais o que é uma biruta?... pra que serve uma biruta?... e por que cargas d’água o apelidaram de “Zé Biruta”. Informado pelos militares de o que se trata, argüiu: “Mas não tem como uma biruta levantar vôo?... decolar?...

Espantados com a pergunta do Almirante do Tietê, os militares aeronáuticos perceberam o que foi verdadeiramente pregar ali: Foi pregar o de sempre... pregar uma peça!

Qual o legado da crise com os pedófilos na Igreja?


por Leonardo Boff

No século XVI no auge do poder dos Papas renascentistas em Roma envoltos em escândalos de toda ordem, surgiu um clamor em toda a Igreja de "reforma na cabeça e nos membros". Esse clamor vinha dos leigos, do baixo clero e dos teólogos como Lutero, Zwinglio e outros. Em resposta veio a Contra-Reforma que transformou a Igreja Católica num baluarte contra o movimento dos Reformadores, enrijecendo ainda mais suas estruturas de poder.

Agora o escândalo dos padres pedófilos em vários países católicos fez com que surgisse também um vigoroso clamor por reformas estruturais na Igreja. Ele não vem apenas de baixo como no tempo da Reforma, mas principalmente de cima, de cardeais e bispos. Primeiramente, este pecado, este crime gerou uma desastrosa gestão do Vaticano. Inicialmente tentou-se desqualificar os fatos como "fofocas mediáticas"; depois, procurou-se ocultá-los, usando até o "sigilo pontifício" a pretexto de salvaguardar a presumida santidade intrínseca da Igreja; em seguida, minimizaram-se os fatos, ou criou-se o factóide de um complô de obscuras forças laicistas contra a Igreja e por fim, face à impossibilidade de qualquer via de desculpa e de fuga, a verdade incômoda veio à tona.

O Papa tomou medidas severas contra os pedófilos, consideradas insuficientes por muitos da própria Igreja. Pois, não basta a "tolerância zero" e as punições canônicas e civis. Tudo isso vem a posteriori, depois de cometido o delito. Nada se diz como evitar que tais escândalos se repitam e que reformas introduzir na vivência do celibato e na educação dos candidatos ao sacerdócio. Não se coloca como prioritária a salvaguarda das vítimas inocentes, muitas delas revelando um tenebroso vazio espiritual, fruto da traição que sentiram da Igreja, num misto de culpa e de vergonha.

Em seguida, as altas autoridades fizeram-se mutuamente graves acusações. O Card. Cristoph Schönborn de Viena acusou o Cardeal Angelo Sodano, quando era Secretário de Estado (o primeiro posto depois do Papa) de ter ocultado a pedofilia de seu antecessor na sede, o Card. Hans-Herrman Groër. Bispos alemães criticaram a conferência episcopal de não ter sido suficientemente vigilante face aos notórios abusos sexuais do bispo de Ausgburg Walter Mixa, obrigado a renunciar. O mesmo refere-se ao bispo de Bruges da Bélgica que abusou por 8 anos de um seu sobrinho.

Impactante é a autocrítica feita pelo arcebispo de Camberra Mark Coleridge, reconhecendo que a moral da Igreja concernente ao corpo e à sexualidade é rígida e de estilo jansenista, criando nos seminaristas uma "imaturidade institucionalizada", além da tendência à discreção e ao segredo face aos delitos, para manter o bom nome da Igreja, fruto de um hipócrita triunfalismo. O primaz da Irlanda Diarmuid Martin se perguntou sinceramente pelo futuro da Igreja em seu país, tal o número de pedófilos nas instituições e por muitos e longos anos. Reconhece que reformas são urgentes, pois, a Igreja "não pode ficar aprisionada em seu passado" mas deve introduzir mudanças fundamentais em sua estrutura que impeçam tais desvios. Talvez o documento mais lúcido e corajoso veio do bispo auxiliar de Camberra, Pat Power. Este cobra "uma necessária reforma sistêmica e total das estruturas da Igreja". Afirma que "na condução da Igreja, toda masculina, não reside toda a sabedoria, mas que ela deve ouvir a voz dos fiéis". Com coragem reconhece que "se as mulheres tivessem mais poder de decisão, não chegaríamos à crise atual".

Poderíamos aduzir outras vozes de altas autoridades eclesiásticas. Mas o importante é constatar que este escândalo que afetou o capital de ética e de confiança da Igreja-instituição, paradoxalmente deixou um legado positivo: suscitou a questão das reformas de base, aprovadas pelo Concílio Vaticano II. Estas, porém, foram boicotadas pela Cúria vaticana e pelos dois últimos Papas que se alinharam à uma visão conservadora e contrária à toda modernidade.

Os que amamos a Igreja com suas luzes e sombras queremos entender a atual crise como uma oportunidade suscitada pelo Espírito para que a Igreja-instituição, realmente, encontre a forma melhor de transmitir a boa-nova de Jesus e ajude a humanidade a enfrentar uma crise ainda maior, aquela do sistema-vida e do sistema-Terra, terrivelmente ameaçados.

Leonardo Boff é teólogo e professor emérito de ética da UERJ.

sábado, 28 de agosto de 2010

Montain Bike - os Coyotes

Esse menino, Daniel Bender, é daqui de São Bento do Sul, nossa vila botocuda, que conheço desde pirralho, filho que é de meu amigo, companheiro de aventuras, montanhas e estradas, Arno Bender.

O Daniel compete há muito tempo em provas Down Hill ou Montain Bike, no Brasil e a nível internacional.

Acompanhe essa fera numa descida em uma pista do Canadá.


O PIG argentino também é especializado em praticas suínas


Por Idelber Avelar, no Biscoito fino e a massa

Na Argentina, o governo de Cristina Kirchner entrega à sociedade ampla pesquisa, de 400 páginas, que mostra a cumplicidade dos donos dos jornais Clarín, La Nación e La Razón com a ditadura militar instalada em 1976. É claro que eles chiaram. Em particular, o documento investiga como as ações da empresa Papel Prensa, da qual Clarín e La Nación hoje são acionistas, passaram das mãos da família Papaleo-Graiver aos donos dos três jornais citados(1). Quando aconteceu a transferência? Acertou, bidu, em 1976.

A companhia Papel Prensa (4) surgiu em 1972 das mãos do … Grupo Abril, sim, ele mesmo, o conglomerado máfio-midiático dos Civita. Como já é de tradição nas últimas décadas, a Argentina investiga seu passado em níveis impensáveis no Brasil.

Mas para os porcalistas da Família Marinho, trata-se de “investida contra a imprensa”. Um dos maiores mistérios da última ditadura militar brasileira é o montante exato de dinheiro público apropriado pelas Organizações Globo. Quantos milhões de dólares passaram dos cofres públicos para a Globo sob a forma de subsídios, subvenções, isenções fiscais, propagandas do Exército ou métodos menos ortodoxos? Ninguém sabe.

Precisamos urgente de uma campanha: ajude um porcalista da Globo a descobrir qual porcentagem do seu salário é paga com dinheiro público roubado pela ditadura.

Notas (e contranotas) botocudas:

(1) Este caso é um thriller da vida real dos mais interessantes, cuja estrutura é bem explicada, mesmo que em rápidas pinceladas, aqui. A história tem de tudo: Interesses internacionais, banqueiros oportunistas (2), atentados, desastres aéreos mal explicados, guerrilheiros urbanos, empresários ganaciosos, governantes medíocres, militares golpistas, porões da ditadura com seu aparato de tortura e por ai vai... Aparece a fina flor do submundo judeu de interesses difusos: o Mossad (serviço secreto de Israel), família Civita e Safra do Brasil, o grupo Bunge y Born (antigo grupo Moinho Santista e SAMRIG aqui na Botocundia, hoje Grupo Bunge) e muitos mais.

(2) A saga do banqueiro judeu-argentino David Graiver (em castelhano) está aqui, também didaticamente relatada. Foi o personagem central inicial de toda a trama.

(3) Os dois links acima, são complementares um ao outro, dão uma visão clara de como funcionam as coisas aqui na nossa Latinoamerica, dos interesses de sempre dos yankees e das máfias finaceiras internacionais em nos manter sempre como seu curral.

(4) A companhia papeleira chamada Papel Prensa (uma especie de Aracruz Celulose ou Klabin daqui), cujo principal controlador era o banqueiro David Graiver, depois encampada por ouros interesses, passou a dominar o PIG argentino da época (e até hoje), controlando os jornais Clarin, La Nacion e La Razón, este ultimo extinto já.

Rio de Janeiro na década de 1950, bondes e Noel Rosa

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Gostei muito desse porco

US-Präsident Bush und Bundeskanzlerin Merkel beim Grillen: "Ich freue mich auf das Schwein"


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Na fotografia de 2006, a chanceler Angela Merkel e o então presidente dos EUA, George W. Bush comemoram um dia de lazer e passeios comendo um javali assado, na bela costa do mar Báltico, norte da Alemanha.

Agora, um cidadão alemão, por acaso apenado, está acionando o Judiciário para exigir que o custo exato destas férias de Merkel e Bush sejam tornados públicos. Hoje, sexta-feira, dia 27, um tribunal da cidade de Schwerin deverá se pronunciar sobre a ação judicial de autoria de um homem de 39 anos que cumpre pena longa por assalto a banco e por envolvimento em atos de skinheads de extrema-esquerda. O apenado argumenta que tem direito como cidadão alemão de conhecer as contas do inusitado evento.

Em 2006, antes de uma reunião do G-8 na Rússia, a chanceler Angela Merkel convidou Bush Jr. - em caráter particular e turístico - para fazerem uma visita à sua região eleitoral em Merklenburg-Pomerânia Ocidental (a região mais pobre do País germânico, situada onde foi a ex-Alemanha Oriental) e visitas pitorescas à cidade costeira de Stralsund. Lá, na aldeia de Trinwillershagen, comeram o javali assado, uma iguaria local de grande e antiga tradição.

O passeio das autoridades foi vigiado por 12 mil policiais, pagos pelo contribuinte alemão. Custo estimado: 8,7 milhões de euros (19 milhões de reais) acrescido de despesas de segurança para o qual contribuiram outras regiões alemãs, portanto, mais 5,7 milhões de euros (13 milhões de reais). Total, em reais: 32 milhões de reais.

Objetivo: adular a vaidade pessoal de uma ex-menina pobre, filha de um pastor luterano, fazendo-a desfilar pelas ruas de sua aldeia de infância com o suposto homem mais poderoso do planeta.

Fonte da notícia: Der Spiegel - pescado no Diário Gauche

Fotografia: DDA

Serra ataca a blogosfera. Nós sabemos como é São Paulo de verdade

Será que aquele jatinho do Jornal Nacional vai pousar em Congonhas e visitar o centro de São Paulo?

Se for, encontrará este cenário na chamada cracolândia:



por Luiz Carlos Azenha

A São Paulo da propaganda eleitoral de José Serra é perfeita. Estradas, hospitais, escolas, clínicas de atendimento a alcoólatras e drogados, obras em rios etc. A São Paulo de verdade é outra: basta viajar alguns quilômetros a partir do centro da cidade para descobrir. Aliás, como notou um internauta quando escrevi isso outro dia, não precisa tanto: é só ir à cracolândia, que fica no centro. Todas as vezes que vou à periferia da cidade — e faço isso com bastante frequência — tomo um choque ao voltar ao centro. São dois mundos.

Os tucanos paulistas, que governam o estado há 16 anos, contam com a blindagem completa da grande mídia. Há problemas pontuais, aqui ou ali. Mas problemas estruturais… em São Paulo? Nunca. Há críticas aqui ou ali, na mídia. Críticas pontuais. Mas dizer que o governo Serra foi medíocre, na mídia? Isso custaria o emprego. Foi um governo medíocre porque São Paulo dispõe de dinheiro, de saber e de dinamismo econômico. Mas os tucanos só estão no governo há 16 anos justamente por não fazerem os investimentos sociais que seriam necessários para acabar com a desigualdade no estado, que é profunda. Isso exigiria impostos e eles pregam o governo mínimo. São Paulo era para ser um exemplo para todo o Brasil. Há tanta força por aqui, tanta energia boa e tanto dinheiro que os tucanos poderiam ter detonado o governo Lula por comparação! Mas… vá à periferia de São Paulo, capital, como fui esta semana a Parelheiros e ao Grajaú. Ouça a população pobre: faltam vagas nas escolas, faltam creches, faltam vagas em hospitais, sobra trânsito e falta segurança.

Relativamente a outras regiões do Brasil, São Paulo pode mesmo ter avançado mais. Mas, não. Contando com a blindagem da mídia, os tucanos se preocuparam quase que exclusivamente com as oportunidades de negócios para os amigos e aliados. José Serra, especificamente, trata os movimentos sociais como inimigos. Os pobres são pobres, mas não bobos. Reside aí a chance de Dilma Rousseff de obter, em São Paulo, entre 30% e 40% dos votos. Entenderam como funciona a blindagem da mídia? É garantia de que os tucanos podem fazer seus negócios sem se incomodar com a clientela e sem que os demais brasileiros saibam exatamente o que se passa por aqui.

Mas o Marco Aurélio Mello, do Doladodelá, paga pedágio para chegar ao trabalho. O Rodrigo Vianna, do Escrevinhador, enfrenta o trânsito para chegar ao trabalho. O Paulo Henrique Amorim, do Conversa Afiada, vai ao Jardim Pantanal. O Eduardo Guimarães, do Cidadania, frequenta os hospitais por conta do quadro trágico de sua filha. O Luís Nassif, embora morador do Higienópolis, anda bastante por aí e frequenta os bastidores do poder. Isso explica porque esses blogueiros são uma ameaça a José Serra. Eles rompem, ainda que timidamente, já que a grande maioria dos brasileiros ainda não tem acesso à internet, a blindagem que a mídia oferece a José Serra.

Eles podem contar a outros brasileiros, através da rede, que São Paulo não é esse paraíso da propaganda eleitoral, ou pelo menos que é paraíso para alguns, para a minoria. É por isso que eles são os “blogueiros sujos”. Sujam a imagem do Zé.

Com a vitória garantida Serra começa a pensar no ministério

Reprodução do sempre ótimo Blog do Professor Hariovaldo Prado


Como a vitória agora é questão de dias, é hora de começarmos a analisar o futuro ministério de salvação nacional do governo Serra. Alguns nomes já estão certos, outros ainda são dúvidas. É importante que cada um de nós dê sua opinião sobre eles ou indique substitutos. Vamos conhecê-los:

Relações Exteriores: Fernando Henrique Cardoso;

Defesa: Nelson Jobim;

Justiça: Gilmar Mendes;

Banco Central: Salvatore Cacciola (ou Daniel Dantas) - o preterido será automaticamente indicado para presidir o BNDES

Comunicações: Ali Kamel;

Saúde: Cacá Rosset;

Economia: (Serra está em dúvidas entre C&A Sardenberg e Miriam Leitão)

Segundo sugestões dos homens bons que frequentam este sítio noticioso, poderemos ter também as seguintes pessoas nos ministérios indicados:

Minas e Energia: David Zylbersteyn

Pró-Álcool: Lucia Hipolitro.

Cultura: Arnaldo Jabor

IBGE será gerido pelo Datafolha.

Trabalho: Chiquinho Scarpa

Turismo: Maitê Proença

Ministério do Acarajé: Cira de Itapuã

Ministério da Juventude: Soninha

Instituto Federal de Reeducação Social Henning Boilesen: Jair Bosolnaro

Previdência Social: Georgina de Freitas

Igualdade Racial: Demétrio Magnoli

Reforma Agrária e Agricultura Familiar: Kátia Abreu

Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres: Rogéria

Articulação Política: Índio da Costa

Esportes: Ricardo Teixeira

Chefe da Casa Civil - Condoleesa Rice, pois é assunto sério demais para ser tratado por brasileiros.

Instituto Rio Branco passará a se chamar Ronald Reagan Institute.

Diário Oficial será substituído pela Folha de São Paulo.

Porta Voz do Palácio do Planalto - William Homer Bonner

Petrobras – Eike Batista (o homem mais rico do Brasil, comprará essa empresa deficitária e mudará o nome da empresa pra Petrobrax – a letra “x” sempre dá sorte a seus negócios)

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As demais pastas analisaremos a medida que formos sabendo os nomes dos indicados.

Uma passeata, para ser eficiente, tem que ser legítima


Coluna de Hildegard Angel no JB

EM BOA hora, os humoristas saíram em passeata na Praia de Copacabana para protestar contra a impossibilidade de se fazer piadas políticas em época de eleição. A política, como sabemos, é o filé mignon do humor de qualidade…

MAS ESSE protesto oportuno se descaracteriza e fica comprometido quando dá a entender que a censura se deve ao governo. Não é verdade…

A LEI das Eleições, 9.504, data de 1997 e, na minirreforma, ganhou penduricalhos que a “turbinaram”, com substitutivos e emendas no que diz respeito ao humor, cujos autores têm nome: são os deputados, do PCdoB, Flavio Dino, candidato a governador do Maranhão, e Manuela D’Ávila

PARA ESSA minirreforma ser aprovada no Plenário da Câmara, os deputados votaram. O TSE apenas cumpre o que está escrito…

ENTÃO, NÃO É Lula, não é Dilma, não é o ministro Lewandowski nem é o Franklin Martins (conforme menção leviana de um dos humoristas desfilantes). São os nossos congressistas!…

E ISSO os humoristas da passeata não disseram, não dizem, muito pelo contrário, querem deixar no ar a ideia de que o governo brasileiro cerceia a atividade do humor…

ESSA ATITUDE dúbia, manipuladora, só tira a legitimidade de uma causa que é boa, reduzindo-a a mero instrumento de campanha da oposição…

SE NO Brasil de hoje houvesse censura ao humor, nós não teríamos visto, como vimos, no CQC da última segunda-feira, um humorista dizer que o Eike Batista “faturou” a dona Marisa Lula da Silva, nem o humorista ao lado acrescentar que “dona Marisa vai fazer uma coleira com o nome Eike escrito”…

ELES SE referiam à atitude descontraída, perfeitamente natural, de ambos, durante um leilão beneficente que o programa acabara de exibir…

FOSSE UMA ditadura com censura, como a que já tivemos, na mesma hora os estúdios da Band seriam invadidos por um batalhão militar, Marcelo Tas e seus humoristas seriam presos, colocados no pau de arara, teriam a pele esfolada, a unha arrancada, o olho furado e, se dessem sorte, seriam devolvidos depois pra casa com uma coleira de pregos no pescoço…

MAS O mais provável é que virassem “comida pra peixe”, como se fazia na época. E eu não estou fantasiando. Vi e vivi este filme nos anos 70 no Brasil…

POR ISSO, senhores humoristas, façam seus protestos, sim, mas com legitimidade, pra não serem rotulados de humoristas “festivos”, como se usava dizer naquela época negra…

OUTRA COISA que está muito na moda dizer, na linha dessa “campanha do medo”, é que há censura em nossa imprensa…

NUNCA ANTES neste país se espinafrou tanto (pra não usar outra palavra) um presidente, sua família, seus ministros e aliados como nesta era Lula. E com total liberdade…

JAMAIS OUVI, por exemplo, em época anterior, num programa de TV, um comentário tão constrangedor como esse do CQC em relação a uma primeira-dama. E não me venham aqui criticá-la, porque ela se dá ao respeito, sim!…

NOS ANOS FHC, jamais a imprensa tocou no assunto do filho criança do presidente com uma jornalista, morando ambos num conveniente endereço bem longe, em Barcelona, na Espanha…

ESSE SILÊNCIO da imprensa não era apenas uma delicadeza com a primeira-dama. Era também o receio de possíveis retaliações comerciais, judiciais, Lei dos Danos Morais etc e tal. Medo que, curiosamente, este atual governo não inspira a jornalista algum. Agora, me digam: onde está a tão proclamada “censura”?…