1964 em São Bento do Sul – desdobramentos (Parte 6)
O falso major do exercito que tinha barbarizado a elite da pequena cidade de São Bento do Sul fora desmascarado. Enviado para a unidade de Exercito de Rio Negro, em pouco tempo estava livre novamente. Parece que foi liberado por falta de provas efetivas, mas a versão que circulou em São Bento é que teria se evadido numa fuga espetacular. Não se sabe ao certo.
Pois bem, o caso foi posto de lado, pois ninguém mais queria mesmo se lembrar daquilo. Mas, passados alguns meses, eis que nosso personagem reaparece.
Voltou a São Bento em fevereiro de 1965 para praticar um ato de gatunagem pura e simples, como mostra a noticia veiculada pelo jornal Tribuna da Serra, de 28 de fevereiro de 1965.
De acordo com o jornal, na noite de dia 25 daquele mês, o “ex-major” chegou à cidade num táxi (carro-de-praça, conforme se dizia) vindo supostamente de Curitiba. Por volta de meia-noite foi ao Hotel Stelter onde ficara hospedado em sua incursão anterior e, forçando uma janela, entrou e praticou o furto de vários objetos: um aparelho de televisão (P&B claro, artigo admirável e muito cobiçado), uma máquina de escrever (outra maravilha da tecnologia), algumas cobertas acolchoadas, chamadas “edredon”.
Para a fuga apoderou-se do Jeep Willys da ACARESC que estava estacionado no pátio, pois o agrônomo extensionista daquela instituição lotado na cidade era hospede no hotel. Ligação direta no jipe e se toca para Curitiba.
O roubo foi descoberto ainda de madrugada pois o agrônomo ouviu a ligação de seu jipe e imediatamente procurou o dono do hotel. O ocorrido foi comunicado ao delegado de policia, Harlei Avaí dos Santos, que morava no outro hotel da cidade, o Hotel Central. O delegado de pronto providenciou a comunicação telefônica com Joinville e Curitiba, para dar o alerta. Tiveram que chamar o encarregado da Companhia Telefônica para abrir a central para que se pudesse fazer as ligações interurbanas. Com Mafra não conseguiram se comunicar pois como aqui, a central telefônica só funciona de dia.
O dono do hotel assaltado, Sr. Arno Alto Stelter, colocou seu carro a disposição e saíram uma pequena equipe em perseguição ao celerado gatuno. No carro iam o delegado Harlei, o policial sub-tenente Duarte, o agrônomo da ACARESC e o genro do dono do hotel, Carlos A. Zipperer, ao volante. Foram até Curitiba (via Mafra) e voltaram à São Bento as 7:00 horas da manhã, sem ter encontrado nada.
Entrementes, o Jeep foi apreendido em Curitiba e o falso major novamente preso. Voltaram a Curitiba ainda naquela manhã, onde o delegado de São Bento pode então proceder ao interrogatório. O inquirido alegou que seu nome era mesmo Schneider, mas que usava vários outros nomes falsos como Adair Klein, Romeu Bordini, Dr. Hugo, entre outros. Percebe-se que também se fazia passar por médico, as mesmas características do farsante americano Stanley C. Weyman, em que parece ter se inspirado. Confessou diversos crimes e que tinha uma extensa ficha policial. Disse também pertencer a uma quadrilha.
Foi encaminhado de novo às autoridades do Exercito da 5ª Região Militar, de onde depois parece que se evadiu novamente. Saiu dos noticiários e algum tempo depois se noticiou que fora morto em um “tiroteio com a policia”. As circunstâncias que esse episódio se deu nunca ficaram bem esclarecidas. Pode-se imaginar que talvez tenha sido executado, ou não!... A verdadeira identidade desse personagem não consegui determinar, lembro-me que alguém falou que seria de uma cidade do sul do estado de Santa Catarina, talvez de Araranguá, ou algo parecido.
(não continua)
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