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1964 em São Bento do Sul – desdobramentos (Parte 4)
O jornal Tribuna da Serra foi fundado em 03 de janeiro de 1963, por influencia direta de Francisco Escobar Filho, visto que a cidade já estava há alguns anos sem um veiculo de comunicação impressa, desde o fechamento do Tribuna de São Bento, em meados do ano de 1960. O Tribuna de São Bento era um jornal produzido por um grupo totalmente dissociado do novo jornal que nascia, embora fosse impresso nas mesmas oficinas gráficas, em Mafra.
As primeiras edições do novo jornal saíram com o nome Tribuna da Fronteira, pois era impresso em Rio Negro/Mafra na gráfica de Antonio Dias e este último era co-proprietário, conseqüentemente tinha influencia na linha editorial do jornal, assim as primeiras edições também publicavam noticias daquelas cidades fronteiriças dos estados do Paraná e Santa Catarina.
Embora tanto Escobar como Dias fossem muito articulados politicamente, assunto que voltarei a abordar adiante, o jornal não passava de um pasquim provinciano muito estreito em seu horizonte informativo. A partir da edição de nº 26, de 28/07/1963, passou a se chamar Tribuna da Serra, e passou a se dedicar majoritariamente a noticias do eixo São Bento, Rio Negrinho e Campo Alegre.
Francisco Escobar Filho chegou em São Bento do Sul em 1958, para onde se transferiu por indicação médica pelo clima serrano daqui. Nascido em Sorocaba SP (em 1901), era funcionário de carreira da Receita Federal, tendo atuado no Espírito Santo, Mato Grosso e no Rio de Janeiro. Era uma pessoa de elevada cultura. Tinha pendores de jornalista, mas não consegui saber se atuava profissionalmente antes de aparecer por estas bandas. Escrevia uma coluna regular no jornal A Noticia de Joinville. Mesmo assim montou uma escolinha de jornalismo por aqui, o Curso Prático de Jornalismo, onde acabou influenciando uma geração inteira de “repórteres”, fotógrafos e assemelhados.
Francisco Escobar tinha um filho que também era jornalista, que trabalhava no grupo Bloch, para as revistas Manchete e Fatos & Fotos, chamado Marcelo Escobar, que morreu em outubro de 1962 num acidente ferroviário na Bolívia, próximo a Sta Cruz de la Sierra, quando fazia uma reportagem justamente sobre a precariedade da ferrovia em que pereceu. Na época se proclamava essa ferrovia como transcontinental. A morte do jovem jornalista (tinha 28 anos) causou muita comoção aqui em São Bento tanto por consideração ao seu pai, mas ele próprio que era muito conhecido por aqui pois passou vários meses na cidade convalescendo de um acidente automobilístico anterior, que sofrera em 1960.
Logo depois do golpe militar de abril de 1964, Antonio Dias, um dos proprietários do jornal e dono da gráfica que o imprimia, passou a enfrentar problemas com o serviço de segurança nacional, pois consta que era visado como “subversivo” também, de sorte que resolve vender a oficina tipográfica e sair do Brasil. Iria para o Canadá.
Forma-se então uma sociedade congregando os interessados aqui em São Bento, que passou a girar como Gráfico Editora São Bento Ltda, que adquire as impressoras e o acervo da gráfica, clichês e tipos móveis, e os transfere de Mafra para cá, o que acontece em maio de 1964. O jornal deixou de circular entre 03 de maio e 09 de agosto de 1964 enquanto se efetuava essa mudança.
O novo diretor do jornal seria Arno Fendrich e o redator-chefe Francisco Escobar Filho. Já em dezembro de 1964, no entanto, Escobar declina da cadeira de redator do jornal e passa a se dedicar a funções políticas em Florianópolis, pois sempre fora um prócer do PSD, como já vimos. Aqui em São Bento do Sul fazia a função de assessor do futuro prefeito Otair Becker, eleito em 03 de outubro de 1965. Sempre esteve muito ligado à política partidária, por isso podemos deduzir quase que com certeza que eram suas as opiniões vazadas no jornal acerca do caso do vereador cassado que vimos nos episódios anteriores desta mini-série bloguística.
Francisco Escobar Fo. faleceu em 10 de outubro de 1966, com 65 anos.
Antes disso, em dezembro de 1965 Arno Fendrich também se desligou do jornal e se retirou da sociedade. Com a morte de Escobar, que ainda era sócio na companhia jornalística e a saída de Arno Fendrich, o jornal acabou sendo absorvido por Alexandre Pfeiffer, que daí em diante passou a ser diretor, redator e administrador, mas com outro verniz e enfoque.
Francisco Escobar Filho era jornalista, sim. Atuou em jornais dos antigos Diários Associados, no Rio de Janeiro. Sua especialidade era jornalismo político, donde sua intimidade com várias personagens da República, antes e depois do golpe de 1964, pró e contra o então governo militar.
ResponderExcluirConcordo plenamente com meu primo Douglas Pescadinha Junior. Francisco Escobar Filho, era sim, jornalista e tinha uma grande influencia política junto ao PSD de Santa Catarina e Rio de Janeiro. Grande amigo de Arno Fendrich e Otair Becker, pessoas que tive o prazer do convívio na minha juventude, quando se reuniam na residência do meu tio.
ResponderExcluirDanilo Távora Pescadinha - Capitão de Mar e Guerra (Marinha de Guerra do Brasil).