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sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Este blog entra em recesso até inicio de janeiro





Embora eu tenha internet na minha casa de praia agora, não quero brincar de blog até voltar aqui para a vila, dia 3 ou 4 de janeiro, ou depois ainda... Inté!...

O Natal é estranho



Ensaio henry Henkels

O período natalino é muito estranho, caracterizado por essa horrível excitação ocidental ao consumo compulsivo. Ai vem o Ano-Novo (antigamente Ano-Bom). Nos países de tradição judaico- cristã, a chegada de um ano novo é sempre esperada com esperanças, como se o calendário gregoriano, cartesianamente dividido nas fronteiras aritméticas das datas, finalizasse seus números junto com as memórias ruins que assolaram o ano velho, ou se os dilemas relacionados a um determinado período, classificado por nós em dias, anos ou décadas, pudessem se apagar com o renovar de esperanças nos próximos trezentos e sessenta e cinco dias. Os ciclos sucessivos assim ordenados nos fazem crer que os pecados cometidos também serão perdoados na recuperação do espírito. Obviamente isso é uma bobagem, mas alimentamos este tipo de sonhos porque fazemos parte da espécie humana.

Nossa vida é constituída de erros e acertos, quedas e ascensões, misérias e glórias. O que importa é o seu saldo, quando temos condição de submetê-lo a balanço, olhando a trajetória percorrida a partir de uma posição avançada na vida. Sabemos que o projeto é inacabado e somos incompletos. Nossa in-completude se projeta nas múltiplas formas de nossa linguagem. E ao dar vazão e explicitar nosso desejo, muitas vezes, “pecamos”. Mas, precisamos evoluir – como?...

Um aspecto primordial da evolução humana diz respeito à capacidade de reconhecer-se a si próprio na imagem do outro. Trata-se de um aprendizado permanente, que deve começar na mais tenra infância e prosseguir ao longo de toda a vida.

A hierarquia social, tão freqüentemente arbitrária e artificial, poderia assim ser substituída pela cooperação entre níveis estruturados de acordo com a criatividade – talento –  individual. Tais níveis seriam níveis de ser, ao contrário de níveis impostos por uma competição que absolutamente não leva em conta o homem interior.

Aprender a ser surge, à primeira vista, como um enigma insondável. Nós sabemos existir, mas como aprender a ser?

Podemos começar por aprender o que significa, para nós, a palavra “existir”: descobrir nossos condicionamentos, descobrir a harmonia ou a desarmonia entre nossa vida interior e a social, sondar os fundamentos de nossas convicções, para descobrir o que existe de subjacente. Na construção, o estado da escavação precede o das fundações. Para alicerçar o ser é necessário proceder de início à escavação de nossas certezas, de nossas crenças e de nossos condicionamentos. Questionar, questionar sempre: aqui também, o espírito científico nos serve de precioso guia. Esta é uma lição que é aprendida tanto pelos que ensinam quanto pelos que são ensinados.

Mas finalmente o mais legal disso tudo é que nós seres humanos somos multidimensionais; não somos uma coisa apenas, somos muitas coisas, somos todas as coisas na verdade. Enfatizamos uma coisa ou outra de acordo com as circunstâncias.

Por isso, mesmo que eu ache o Natal estranho e consumista, o Ano-Novo uma bobagem cartesiana, desejo a vocês todos


Um Bom Natal e renovação do Ser em 2012



Recebam um abraço fraterno da Villa de São Bento. 

Amo vcs todos_henry




PS.: O ensaio O Natal é estranho foi escrito em dezembro de 2005, quando esse blog botocudo ainda não existia. Se fundamenta nos conceitos de Trasdisciplinaridade, com elementos de B. Nicolescu, H. Maturana e C.G. Jung. 

Eita espirito natalino... só histórias escabrosas - episódio V - o bom Noël


Por Altamiro Borges, em seu blog


O Papai Noël existe sim e é muito dadivoso. Que o digam os banqueiros da Europa e EUA, que receberam generosos presentes de Natal nos últimos dias – apesar de todas as suas sacanagens. É certo que milhões de trabalhadores europeus, desempregados, desalojados e desesperados, não terão um final de ano feliz – nem mesmo um 2012 feliz. Mas os banqueiros estão a salvo!...


Presente de 1,2 trilhão de reais

Nesta semana, o Banco Central Europeu (BCE) concedeu empréstimo de 489,2 bilhões de euros (cerca de 1,2 trilhão de reais) para 523 instituições rentistas do velho continente. Os juros são os mais baixos do mercado (1% ao ano), os prazos de pagamento são longos e as regras para uso do dinheiro público são flexíveis, nos marcos da libertinagem financeira neoliberal. Um presentão!

“Praticamente 100% dos bancos dos 17 países que utilizam a moeda comum européia correram ao guichê do BCE para obter um total de € 489,2 bilhões na primeira operação que a autoridade monetária fez com prazo de três anos. A demanda dos bancos foi duas vezes maior do que previsto pelo mercado”, relata o jornal Valor, surpreso com a agilidade dos banqueiros.


O povo que se dane!

Animado com o presentão de Natal, o jornal também informa que “em fevereiro de 2012, haverá outra rodada de financiamento do BCE nas mesmas condições, quando ficará mais claro até que ponto chega o apetite dos bancos. Ou seja, a operação de ontem dissipa o risco de crise de liquidez no começo de 2012”. Só não dissipa a tragédia das famílias desempregadas e desesperadas!

Como adverte a Folha, nada indica que o socorro aos bancos vai recuperar a economia européia. Um empréstimo semelhante foi feito pelo BCE em 2009, de 442 bilhões de euros, e não deu em nada. Os banqueiros embolsaram a grana e a sociedade ficou mais miserável. A tendência é que agora os 523 bancos também usem “a maior parte do dinheiro para se proteger”. Dane-se o povo!


Os caloteiros são perdoados

Nos EUA, a situação é a mesma. O espírito natalino abençoou os banqueiros e o Papai Noël continua com as suas ações generosas. Após bilionários empréstimos aos bancos, agora o governo Obama decidiu reduzir as punições aos caloteiros. Na semana passada, quatro ex-executivos do Washington Mutual (WaMu), grande banco ianque que faliu em 2008, tiveram suas dívidas perdoadas.

A Federal Deposit Insurance Corporation (FDIC, que garante os depósitos nos bancos dos EUA) tinha processado os quatro por crimes financeiros, já que “eles sabiam que o mercado imobiliário caracterizava uma bolha". A FDIC queria recuperar US$ 900 milhões, mas os executivos acabaram fechando acordo por US$ 64 milhões, dos quais arcarão com apenas US$ 400 mil.

Como ironiza Simon Johnson, num texto no jornal Valor, “Papai Noël chegou mais cedo neste ano... Os executivos levam a melhor quando as coisas vão bem e quando riscos se concretizam eles nada (ou quase nada) perdem”. Enquanto isso, a crise resultou em 8 milhões de desempregados nos EUA. Os banqueiros terão, novamente, um farto Natal. Já os trabalhadores...

Histórias escabrosas - episódio IV – se o caboclo não concorda conosco, joguemo-lo ao mar



por Fransico Luque, no Carta Maior


A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) entregou hoje à justiça argentina um arquivo com mais de 130 fotografias de corpos encontrados nas costas uruguaias, e que corresponderiam a vítimas da ditadura militar argentina lançadas ao mar nos denominados “voos da morte”. O arquivo, que permaneceu confidencial durante 32 anos, é parte de um dossiê com imagens e informes redigidos por serviços de inteligência uruguaios que dão conta da descoberta de corpos na zona de Laguna de Rocha e que, presumivelmente, foram arrastados pelas correntes marinhas até à costa uruguaia. Para a justiça argentina, dada a magnitude da evidência, trata-se de uma das provas mais claras da existência dos voos da morte.

Esta informação está registrada no informe “Observação in loco”, nome com o qual a CIDH denominou a visita que fez a Argentina entre 6 e 20 de setembro de 1979. Aquela visita e os informes redigidos na ocasião deram conta de modo contundente do plano de extermínio executado pelos militares argentinos – aglutinados na Escola de Mecânica da Armada (Esma) – e cujo ato bárbaro culminante foi a desaparição de presos políticos lançados vivos ao mar. O informe também relata de maneira direta o drama que a Argentina vivia durante a ditadura em função da “ação das autoridades públicas e de seus agentes, e das numerosas e graves violações dos direitos humanos que ocorriam no país”.

As fotografias dão conta da crueldade com que atuavam os agentes da ditadura: corpos com os pés e mãos amarradas, cordas feitas com cortinas de persianas, queimaduras de cigarros, feridas, evidências de torturas e orifícios de balas. Um corpo de mulher que parecia ter passado muito tempo na água ainda mantinha as unhas de seus pés pintadas. Em alguns casos, estão inteiros, mas comidos pela fauna marinha; inchados, putrefatos, sem cabelos nem olhos. Em outros, parecia que o dano tinha sido feito previamente.

Segundo os informes da inteligência uruguaia, a maioria dos corpos apareceu com ataduras rústicas, ou com traços delas. Isso demonstraria que as vítimas tiveram os pés e mãos imobilizados e, assim, não tiveram possibilidade alguma de nadar e salvar-se após serem jogadas vivas nas águas. Um informe apócrifo sobre a descoberta de um corpo feminino, feito em abril de 1976, assinala: “O corpo apresentava indícios externos de violência: sinal de violação, provavelmente com objetos perfurantes, fraturas múltiplas. Não há nenhum possível elemento de identificação. O corpo foi extraído desnudo das águas e as impressões digitais obtidas não trouxeram respostas positivas”.



Os primeiros informes datam de 1975. Entre os papéis se encontram mapas com os ciclos das correntes e indicam Buenos Aires como ponto de partida. Estes dados permitem inferir que os corpos pertencem a desaparecidos argentinos. Também se encontraram moedas e cédulas argentinas e uma carteira de Santa Fé.

Os documentos foram entregues pelo secretário executivo da CIDH, o argentino Santiago Cantón, ao juiz Sergio Torres, encarregado da mega-causa ESMA, que investiga os voos da morte. A comissão desconhece a origem dos documentos. Só sabem que alguém os entregou em 1979. É possível pensar que sejam resultado das imagens feitas por um ex-marinheiro uruguaio, Daniel Rey Piuma, que desertou da força, pediu refúgio no Brasil e difundiu as imagens por meio de uma organização civil no início dos anos 80. Parte desta informação apareceu no livro “Um marinheiro acusa”, publicado em 1988. 

A entrega destes arquivos para a justiça argentina representa uma mudança de paradigma no funcionamento da CIDH, já que é a primeira vez que ela abre seus arquivos confidenciais para um processo judicial. Embora esses documentos ainda não tenham sido corroborados, a justiça argentina os considera fundamentais não só para o caso dos voos da morte, mas também porque pode embasar um pedido para que o Estado uruguaio libere todos os documentos relacionados à descoberta de corpos na mesma época.

“Estes documentos podem servir para identificar pessoas e mostram a existência das torturas, das violações, das ataduras. Até agora, as provas dos voos da morte eram todas testemunhais. Estas [fotos] são chave pelo seu caráter de imediatez, são um registro daquele momento”, assinalou o secretário Santiago Cantón.

Estes documentos não são os primeiros que a CIDH entrega à justiça argentina. Este ano, o juiz Torres viajou a Washington e revisou 60 caixas com documentos sobre denúncias recebidas pela Comissão durante a última ditadura. Grande parte desse material foi escaneado e já faz parte do processo. Cantón explicou que, dado o tempo transcorrido, a democracia na Argentina e a firme determinação da Comissão em colaborar com as causas de direitos humanos, “é possível abrir muito mais documentos”.

Histórias escabrosas - episódio III - Zé Judiciário


A respeito da grande briga entre a ministra Eliana Calmon, corregedora do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e o resto do judiciário tupiniquim:



por Zé Judiciário - comentarista no blog do Nassif

Desculpem colocar um pseudônimo, mas sou funcionário da justiça e é bom ficar esperto. Como estou "dentro" digo a vocês, o que se divulga na imprensa não é nem a ponta do iceberg. Nos meus 20 anos de judiciário nunca ví poder mais corrupto e corporativo.
Não precisa falar nem de vendas de sentença e outras roubalheiras cabeludas, vamos à coisas mais simples: 
Você sabe quanto os desembargadores ganham de diárias por mês?...  não?...  pois lhes digo: nunca menos do que R$ 20.000, só de diárias.  E mais, sobre diária não incide IR (se bem que se eles quiserem não apresentam nem declaração - isso é só pra nós mortais), os juízes não ficam muito atrás em valores de suas diárias. 
E os pagamentos retroativos que eles inventam?!?!... é de chorar!... todo o ano inventam um reajuste... (que no ano de 1900 e antigamente deveria ter sido dado e não foi...) Corrigem esse valor que inventaram e recebem, pois a decisão se dá na reunião do pleno.
Os funcionários ficam para trás, há 20 anos quando entrei ganhava como escrivão (que é quem na verdade faz com que o judiciário ande) o equivalente a 65% do salário de um juiz, hoje não chega a 40%. No tribunal onde trabalho 75%  da folha é consumida por desembargadores e juízes.

Não preciso nem falar dos filhos e acessores que "prestam concurso" e passam para juiz... são capitanias hereditárias que passam de pai para filho. Duvida sobre o que estou falando?... veja a quantidade de filhos e ex-acessores que são juízes no tribunal do Maranhão, ou então no TJ do Espírito Santo, por exemplo, é de chorar. Se fosse continuar a narrar as coisas daria uns 30 comentários.
A podridão vem de cima, desembargadores e juízes são os que menos cumprem a lei quando seus interresses estão em jogo. Quando alguma ação da sociedade lhes sobrevém, ameaçando com um mínimo de transparência, eles rapidamente vem à imprensa e falam o velho mantra: "... o Estado de direito está sendo ameaçado!...". E a imprensa, como todo mundo, se cala, pois afinal quem quer comprar briga com o judiciário, você quer?




NOTA BOTOCUDA


Este blog apoia Eliana Calmon. Parabéns por sua coragem.

Por falta de invenção é que não é...






no Inovação Tecnológica - fonte BBC

Recarregando com papel
A Sony apresentou um protótipo de bateria alimentada por papel velho.
A tecnologia gera eletricidade transformando papel picado em açúcar, que por sua vez é utilizado como combustível para gerar eletricidade.
Se chegar ao mercado, a inovação pode permitir que as pessoas recarreguem seus equipamentos portáteis utilizando lixo.
A equipe que desenvolveu o projeto afirmou que as bio-baterias são ecologicamente corretas por não utilizarem produtos químicos nocivos e nem metais.
A novidade foi apresentada durante uma feira de produtos ecológicos.
Os técnicos da empresa convidaram as crianças que visitavam a feira para colocar pedaços de papel e papelão em um líquido composto de água e enzimas, e depois agitá-lo.
O equipamento foi ligado a um pequeno ventilador, que começou a girar alguns minutos mais tarde.
Biocélula
O processo funciona usando a enzima celulase para decompor os materiais em açúcar (glicose).
O açúcar se combina com o oxigênio e outras enzimas, ainda que retiram do material elétrons e íons de hidrogênio.
Os elétrons foram usados pela biocélula para gerar eletricidade. Ela gera ainda, como subprodutos, água e ácido gluconolactona, que é comumente usado em cosméticos.
Pesquisadores envolvidos no projeto compararam o mecanismo com o utilizado por formigas e cupins para digerir a madeira e transformá-la em energia.
Suco de papel
O projeto é uma modificação de uma bio-bateria já apresentada pela empresa em 2007, quando um Walkman foi alimentado por suco de frutas.
Desta vez, a empresa se restringiu a um pequeno ventilador, já que a energia demora um pouco a ser gerada, e também não dura muito.
"Claro, isto ainda está em fase muito inicial de desenvolvimento, mas quando você imagina as possibilidades que essa tecnologia poderia oferecer, torna-se muito emocionante, de fato," disse Yuichi Tokita, pesquisador da empresa.
O princípio de funcionamento desta bio-bateria é diferente de uma outra bateria de papel, criada por pesquisadores da Universidade de Stanford.

COMENTÁRIO INDIGENA
Eita viagem!...

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Mais uma: Comoção pela morte de Kim Jong-il é genuína, diz embaixador brasileiro na Coreia do Norte







pescado no OperaMundi






Pouco se sabe sobre a República Democrática Popular da Coreia. O país, de 24 milhões de habitantes, é um dos mais fechados do mundo e, por isso, é frequentemente alvo de análises subjetivas. Exemplo disso é que após a morte do líder Kim Jong-il, no sábado (17/12), as cenas de norte-coreanos chorando nas ruas levantaram a dúvida se eles estariam realmente emocionados. Mas, de acordo com o embaixador brasileiro em Pyongyang, Arnaldo Carrilho, que vive na capital há mais de um ano, o clima é de genuína consternação com o falecimento do “Grande Líder”.

“A Coreia do Norte está encoberta em luto profundo. [Kim Jong-il] era visto com admiração, especial carinho e respeito”, contou Carrilho em entrevista por email ao Opera Mundi. Segundo ele, os questionamentos de alguns países do Ocidente sobre os rumos tomados pelo país incomodam os norte-coreanos, especialmente aqueles vindos da imprensa, que é vista como “uma injunção do imperialismo ocidental”.

Carrilho também explicou que o culto à personalidade do líder falecido e de seu pai, “Fundador da Pátria, o Iluminado Kim il Sung”, como é chamado o ex-governante, pai de Jong-il, faz parte da cultura coreana, “a ponto de conviver bem com o stalinismo (1945-53)”, o que foi interrompido pela ocupação norte-americana no Sul.





Com a derrota do Japão na Segunda Guerra Mundial, a antes ocupada Coreia foi divida, com o Norte sendo administrado pela União Soviética e o Sul pelos Estados Unidos. Após a saída da URSS, a reunificação se encaminhava, mas a consolidação do regime de Syngman Rhee no Sul, com o apoio dos EUA, acabou com as esperanças. Em 1950, teve início a Guerra da Coreia, com os dois lados querendo a reunificação sob seus respectivos governos. Tecnicamente, os dois países permanecem em conflito.

As informações desencontradas no Ocidente, conforme explicou Carrilho, se devem ao fato de que não há correspondentes internacionais na Coreia do Norte e questionamentos, como a veracidade do choro da população, são comuns. “Esse tipo de informação é colhido em praças inimigas da RPDC, logo, suspeitas”, disse.

Processo de transição

Antes mesmo da morte de Kim Jong-il a Coreia do Norte já se preparava para a transição de poder, explicou Carrilho. De acordo com o embaixador, a nomeação ano passado do filho caçula do líder morto, Kim Jong-un, como general, vice-presidente da Comissão Nacional Militar e membro do Comitê Central do Partido dos Trabalhadores, já demonstrava isso.

Quanto à atuação do Brasil após o falecimento do líder norte-coreano, Carrilho garantiu que o país “continuará a manter boas relações com as duas Coreias, nas esferas bilateral e multilateral, emprestando decisivo apoio à causa da reunificação da Península”, aliado ao intermédio desempenhado pelo Brasil nas discussões sobre o programa nuclear nas esferas internacionais.

Pressionada pela AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica), o programa nuclear da Coreia do Norte foi foco das atenções há pouco tempo  por conta de dois testes nucleares subterrâneos realizados nos últimos anos. O primeiro, em outubro de 2006, não obteve sucesso. Já o segundo, em maio de 2009, foi considerado mais potente. A capacidade do arsenal nuclear norte-coreano é desconhecida.

Vida cotidiana

Isolada do mundo, a Coreia do Norte atrai curiosidade justamente pelo pouco que se sabe sobre seu interior. Histórias de pobreza e fome são frequentes na imprensa, além de acusações de autoritarismo e repressão do governo.

“[Na Coreia do Norte] as pessoas se apresentam adequadamente vestidas, têm moradias disponíveis e vivem em cidades que primam pela limpeza pública. Os cortes de eletricidade, o racionamento de água corrente e a dieta alimentar reduzida não são de molde a afetar o trabalho social”, afirmou o embaixador brasileiro.

De acordo com ele, nas regiões mais afastadas do Norte, nas fronteiras com a China e a Rússia, os níveis de pobreza são mais precários, mas ambos países já iniciaram cooperação com a RPDC, visando à criação de ZEEs (zonas econômicas especiais).






COMPLEMENTO

traduzido e adaptado de trecho do artigo de Pepe Escobar, no site da AlJazeera


Sobre o novo líder-pirralho da Coréia do Norte: 

Detalhe crucialmente importante , Kim Jong-un é general de quatro estrelas...  nomeado por seu pai, o “Querido Líder” Kim Jong Il. Na prática, nada significa: o nomeado não tem qualquer experiência militar, embora se diga que é especialista em artes e artimanhas da tecnologia de informação. Os generais que realmente contam na Coréia do Norte são revolucionários da velha guarda mais hardcore, já chegados aos 80 anos.


Como em tudo que tenha a haver com a dinastia Kim, os sobretons shakespearianos são fascinantes. O jovem Kim-un terá de lidar com a poderosa esposa do “Querido Líder”, Kim Ok; com a mais complexa de suas tias, Kim Kyung-hui; e para desgosto total, com o marido dela, Jang Song-thaek, corrupto até a medula.


Jang Song-thaek é um dos apenas quatro vice-presidentes da Comissão de Defesa Nacional, o mais santificado dos santificados corpos da Coreia do Norte. O ex-presidente era – fácil adivinhar – o próprio “Querido Líder” em pessoa.


Especialistas internacionais em Kimologia devem estar agora polindo seus microscópios, tentando adivinhar se o jovem Kim-un será ou o tubarão ou a sardinha, agora que terá de nadar sozinho por aquelas águas onde nadam, além da família, um bando de generais inconversáveis e o tio Jang-thaek, uma espécie de Darth Vader da Coreia do Norte.


O que já é certo, sem sombra de qualquer dúvida, é que, para todas as finalidades práticas, haverá uma espécie de junta militar que regerá o show, por trás do jovem Kim-un. 

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Óleo de cozinha reciclado como veiculo para tinta de impressão off-set



 Por Tiago Padilha · revista Darcy / UnB


Quando empregado na cozinha, para fritar uma coxa de galinha ou uma posta de peixe, o óleo vegetal é um ingrediente que ajuda a preparar comida e alegrar o paladar. Mas é o que se faz com o líquido depois de usado. ao ser despejado no ralo da pia, que o óleo vira um problema. Escorre pelas tubulações e galerias pluviais e, se chegar a ser lançado em rios e outros sistemas hídricos, faz estrago.

O óleo de fritura é um problema enorme para as companhias de saneamento também. Encarece os custos
com o tratamento do esgoto e dificulta a manutenção do encanamento. Não é a  toa, a própria Companhia de Saneamento ambiental do DF (Caesb) toca projetos de coleta do resíduo e sua reutilização na fabricação de biodiesel e sabão.

No laboratório de materiais e Combustíveis da Unb, dois pesquisadores criaram uma tecnologia que faz o óleo se transformar num produto muito mais rentável: a tinta de impressão.

Hoje, o item de mercado que associa mais valor ao óleo de fritura, ou residual, é o biodiesel, cujo litro é vendido por pouco mais de r$ 2. a mesma quantidade de tinta para impressão sai por cerca de r$ 40. “o retorno financeiro compensa os custos da coleta do resíduo, que é cara, principalmente se feita de casa em casa, em pequenos volumes.

A produção de sabão e biodiesel é uma atividade pouco atraente”, explica Vinicius Moreira Mello, mestrando do instituto de Química que desenvolveu a tecnologia sob a orientação do professor Paulo Anselmo Ziani Suarez.

Os pesquisadores da Unb não encontraram registro de outra tecnologia que, assim como a deles, utilize óleo residual para a produção de tinta de impressão. Há patentes de tintas feitas à base de óleo vegetal refinado, mas em estado virgem. No mercado, as tintas de óleo vegetal correspondem a 15% do que é vendido da cor preta e 25% da paleta colorida. o restante é ocupado pela tinta à base de petróleo. Porém,
o produto feito com óleo vegetal vem aumentando a clientela, em virtude das constantes altas do preço do “ouro negro”, da escassez de suas reservas e da consciência dos danos que seus derivados causam ao meio ambiente.

As vantagens

O produto à base de óleo vegetal é defendido pelos ambientalistas e empresas que querem ostentar o rótulo de amigas da natureza. além de ser renovável, ele se degrada mais facilmente e o papel branco impresso com ele fica mais claro ao ser reciclado. a tecnologia desenvolvida na Unb torna o processo de fabricação mais econômico. Para que ganhe viscosidade, o óleo usado em frituras precisa ser aquecido por seis horas, metade do tempo exigido pelo material puro. isso porque, além de a polimerização (processo que forma a cadeia de moléculas) já ter começado ao calor do fogão, os pesquisadores empregam um catalisador de fabricação própria, cuja fórmula contém metais não tóxicos e moléculas orgânicas derivadas de biomassa.

As expectativas

O mestre Vinicius e o professor Paulo patentearam a tecnologia, batizada com o nome
de Processo de Polimerização Técnico de Óleos e Gorduras. agora, a idéia é passar a
fazer a tinta em escala semi-industrial, o que baratearia a produção. Para isso, têm que adquirir um reator maior, que permita fabricar 50 litros. a máquina do laboratório de materiais e Combustíveis da Unb tem capacidade para apenas um litro. Uma empresa que investe no desenvolvimento de novas tecnologias, sediada em São Paulo, manifestou interesse por financiar a empreitada.

New York 1928

Buster Keaton na New York dos anos 20. Impagável.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Kim Jong Il – o líder político engraçado




NOTA BOTOCUDA PRELIMINAR

Esses dias (ontem talvez) em conseqüência da morte do líder norte-coreano engraçado, vi um comentário de um amigo no FeiceBúc de que seus (dele missivista) amigos esquerdistas estariam de luto pelo fato... já antecipando alguma gracinha.

De minha parte confesso que nunca me detive realmente o que era e o que será da Coréia do Norte em face aos seus lideres engraçados. O sucessor-pirralho também me inspira alguma desconfiança, mas a analise do Flavio Gomes, publicada em seu blog, que reproduzo abaixo, merece reflexão. Exepcionalmente também reproduzo as ilustrações e o vídeo do post original do Flavio Gomes.

Vamos então a uma gracinha sobre o caso:

_______________


Um dia depois do anúncio da morte do líder Kim Jong-Il, uma pequena homenagem sobre rodas a um dos últimos bastiões socialistas do planeta. Este álbum tem fotos de carros, ônibus, caminhões e tratores norte-coreanos, desconhecidos do resto do universo. Escolhi, para ilustrar, esse trólebus Pégasus do início dos anos 70 lindíssimo.



Sobre a Coreia do Norte, é sabido, para quem tem mais de dois neurônios funcionando, que é o país que mais sofreu e sofre com as mentiras da propaganda ocidental em todos os tempos. São 60 anos de ataques. Normal a retração, fechar-se como um caramujo. É incrível como a imprensa, inclusive a nossa, fala com propriedade sobre uma nação onde ninguém quase nunca põe os pés. Chamam Jong-Il de todos os nomes possíveis — porque era baixinho, usava sapatos altos e óculos escuros, um curioso senso de julgamento estético; Berlusconi, com seus ternos bem cortados, é tratado apenas como um rufião inofensivo— sem informação alguma, já que ninguém sequer entende o que ele fala para dizer alguma coisa.
Eu também não coloquei meus pés lá, por isso não digo muito. Mas vejo e leio o que posso e tenho algum senso crítico, ainda. O sofrimento do povo norte-coreano ao anúncio da morte de seu líder deveria indicar alguma coisa aos leitores de “Veja” e similares que vão aparecer aqui em 5, 4, 3…
Vão dizer que é propaganda oficial e tal. OK. Aí eu recebo dezenas de vídeos por dia, desde a Copa, com gente gracejando sobre a cobertura que a TV estatal deu ao Mundial da África do Sul, e que o governo disse ao povo que a Coreia tinha derrotado o Brasil. Legal, muito engraçado. Alguém entende coreano para fazer uma tradução fiel? Alguém viu esses vídeos de verdade ou se baseia nas coisas postadas no YouTube com legendas como aquelas brincadeiras que fazem com um vídeo do filme sobre Hitler? No quê essa disseminação de mentiras para milhões, bilhões, é diferente do que chamam de “propaganda oficial”? Por que acreditam nessas bobagens e não acreditam, por exemplo, no vídeo abaixo? Ah, porque é propaganda oficial. OK.


O que acontece, na verdade, é que as pessoas não aceitam as diferenças. A Coreia do Norte é diferente. As pessoas têm outros interesses, necessidades e ambições. Deste lado do mundo, todos ficam chocados com os desfiles militares nas ruas de Pyongyang, mas ninguém se assusta com os trilhões de dólares que os EUA gastaram nos últimos dez anos para invadir e subjugar o Iraque. Chocam-se com filas para comprar, sei lá, arroz, mas acham o máximo as filas para comprar o último modelo do iPhone. Espantam-se com o culto à personalidade do “ditador de cabelos espetados” retratado em estátuas e esculturas (era assim no Leste Europeu, também), mas não com o culto a, sei lá, Jesus Cristo — a imagem do Cristo Redentor não espanta ninguém, ao contrário, e quantas atrocidades já foram cometidas no mundo em nome deste e de outros deuses? Qual a diferença entre o culto a um líder político vivo e a um líder religioso morto? Não servem, ambos, aos mesmos propósitos?
Por essas e outras, talvez, as pessoas não entenderão nunca o choro de Jong Tae-Se quando tocou o hino de seu país antes do jogo com a seleção do Dunga em Jo’Burg. Algumas coisas, para os ocidentais, são aceitáveis. Outras, não. O povo norte-coreano vive do jeito que está habituado a viver por conta de algo que não criou, a divisão de seu país em dois. É preciso entender que não deve ser fácil um país pequeno optar por um sistema político sendo bombardeado dia e noite por aquilo que o Ocidente acha que é melhor.
Não nos esqueçamos que a divisão da Coreia foi consequência direta de uma guerra que os coreanos não causaram, bem longe dali, na Europa. Acabou a Segunda Guerra, americanos e soviéticos expulsaram de lá os inimigos japoneses, que haviam ocupado a península, e resolveram dividir o país em dois. Cada um, então, decidiu fazer de sua metade o que quis. E aquela terra distante virou palco de experiências e, aí sim, propaganda de lado a lado. Em 1950 explodiu a Guerra da Coreia e o mundo esteve perto de acabar — o conflito, em certa medida, foi bem pior que o do Vietnã, até pela proximidade com a Segunda Guerra e pela necessidade das duas potências de demonstrarem força. Mais de três milhões de coreanos morreram por causa da brincadeira da Guerra Fria. Centenas de milhares de famílias foram separadas por uma fronteira fictícia. Quando acabou, queriam o quê? Sorrisos? Os norte-coreanos se fecharam. Os sul-coreanos se abriram. A única coisa aceitável, do ponto de vista humanitário, seria hoje uma reunificação. Mas como fazer, como curar as feridas, como promover a paz depois de tanta crueldade?
E assim a Coreia do Norte tomou seu caminho, e ele diz respeito somente aos norte-coreanos. É bom? É ruim? Não cabe a nós, que não conhecemos nada, julgar. E, sinceramente, duvido que Pyongyang seja pior do que a Cracolândia, por exemplo. O fato de a economia da Coreia do Sul ser 36 vezes maior que a de seus vizinhos do norte não deveria ser motivo para júbilo, e sim de tristeza e vergonha. Como se chegou a esse ponto? É culpa exclusiva do baixinho de sapatos altos e óculos escuros?

Histórias escabrosas - episódio II - Margot





mais uma pesquisa de menos de duas horas do Fernando Brito, no blog Tijolaço


Graças ao leitor Ivan, a gente  confere  que, de fato, a D. Verônica Serra é a representante da OEP, braço do JP Morgan, em seus investimentos no Brasil.
Está lá, no Valor Econômico, que a Portal de Documentos SA foi mesmo comprada pelo banco, por um valor entre US$ 100 e 200 milhões de  dólares.Diz o jornal:
“De acordo com Verônica, não haverá mudanças na gestão da empresa investida. “A One Equity não entra nas companhias para fazer mudanças no dia a dia. A atuação é feita por meio do conselho de administração”, diz. Dos seis assentos do conselho, a One Equity terá três deles. Além da própria Verônica, estão nele Christian Ahrens e Brad Coppens, diretores do braço de investimentos do J.P. Morgan.”
Embora a transação seja de 1° de fevereiro deste ano, não há registro dela na Junta Comercial, muito embora Serra, Ahrens e Bradley ( o Brad), estejam desde esta época lá como conselheiros. Donde se pode,  despreparados como somos, concluir que foram vendidas três cadeiras no conselho da empresa, não parte da empresa. Ou será que eles mandam na empresa, mas não respondem societariamente por isso?
Bem, mas a matéria nos aponta que o negócio foi feito pela Pacific Investimentos, uma das empresas de Verônica.
Um empresa recente, criada em março do ano passado, com um capital de R$ 268.834,00. Três sócios de R$ 1,00, para constar e R$ 188.181 de Verônica e R$ 80.650 para a cidadã americana Margot Alyse Greenman.
Em apenas cinco meses, em agosto, esta eficientíssima empresa consegue lucros de R$ 172.930 – uma proeza fantástica, pois menos de 30% do capital registrado tinha sido integralizado, ou R$ 82, 6 mil -  e estes lucros são distribuídos da seguinte forma: a sócia majoritária, Veronica Serra, fica com menos, R$ 80.650 – pagos à vista – e Margot com R$ 92.280, sendo R$ 24.280  cash e o resto na forma de um Corolla 2008, flex, pertencente à empresa. Como o carro foi contabilizado como lucro, não deve ter feito parte da integralização do capital.
No mesmo dia 25 de agosto, D. Margot vai embora, a bordo do Corolla, da empresa, que passa a ser toda, exceto por R$ 2, de Verônica Serra.
Com D. Margot, vão embora as ligações formais da Pacific Investimentos com o nome  Morgan e com o Caribe.
Porque D. Margot é uma mulher muito presente nestes negócios.
Logo em setembro ela é admitida como diretora da Solfin  Securitizadora de Crédito, que muda de nome para Financial Crédito, e que salta de um capital de R$ 10 mil para R$ 65 milhões. Lá, ela tem a companhia, como colegas de diretoria, do ex-presidente do BNDES, José Pio Borges de Castro Filho (1),  e o ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda de FHC, Winston Fritsch.
Mas, deslocando-se com seu Corolla, ela acha tempo para representar, como diretora financeira,  os modestos R$ 200 que a MR Brasil Empreendimentos Imobiliários adquire na Financial 1 Desenvolvimento Imobiliário, criada em 13 de outubro de 2010. E ela já representava esta empresa  nas participações de R$ 160 na Abioye Empreendimentos e de ser diretora da Financial ABV, outra empresa modesta, de apenas R$ 1 mil de capital social.
Uma trabalheira, sobretudo para quem, dois dias antes de fundar a empresa em sociedade com Verônica Serra, era admitida como administradora da Acelo Participações, fundada por membros de um escritório de advocacia e que, naquele mesmo dia 3 de março os substituia pela Morgan Rio Interests II, PLC e pela MR (bom abreviar, não é?)  Aflilliants II, LLC, ambas  sediadas na 9 West 57TH Street, 26 ° andar, em Nova York. Com D. Margot e com as MR, o capital da empresa, que era de R$ 1 mil, foi subindo até chegar aos R$ 20.718.966 de hoje.
Com tudo isso, D. Margot  – e participando de outras empresas, que não listo por piedade do leitor – ainda participava de seminários, como representante no Brasil do Morgan Rio Capital Manegement.
Este fundo, dirigido pelo sr. Jacobo Buzali,  tem escritório em Nova York e está sediado – adivinhou? – nas Ilhas Cayman, mais precisamente na 27 Hospital  Road, 5TH Floor, P.O. BOX 10293, no Citi Hedge Fund Services , no Cayman Corporate Centre, em Georgetown.
Ou o mundo é pequeno ou o Caribe é grande, o que vocês acham?

PS. Os documentos, como sempre aqui, são públicos. Estão na Junta Comercial de São Paulo. Basta fazer o cadastro e acessar.


NOTAS BOTOCUDAS

(1) José Pio Borges foi o presidente do BNDES  que autorizou os empréstimos para a AES americana comprar distribuidoras de eletricidade (Eletropaulo) nas privatizações tucanas sem que a empresa do norte colocasse um único tostão e depois dar um calote de bilhões de dólares  na viúva. Depois, por volta de 2003, nosso herói foi consultor contratado pela própria AES. Hoje é sócio de André Lara Resende (outro tucano de grossas plumas no governo FgágáC) numa empresa chamada RB Capital, em que Winston Fritsh também participa. Isso só vai...

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Histórias escabrosas - episódio I


Esse é um relato de uma conversa de um delegado da Policia Federal com quatro reporteres a respeito de unas cositas que acontecem aqui na nossa Maloca Tupinambá.

Verão os leitores, na explicação final, que essa conversa foi informal  depois virou uma matéria de um blog sujo, por isso há incorreções em que o delegado da PF foi traido por detalhes que puxou de memória (veja ao registros da notas). Vamos então a esse Thriller escabroso:











escrito por Palmério Dória - Extraido do site do jornal digital 247







Esta conversa aconteceu na sede da revista Caros Amigos, que durou de 2 da tarde às 7 da noite. De tudo se tratou. Selecionei apenas o capítulo que trata do Caso Paribas, que pode levar à convocação de FHC e Armínio Fraga, entre outros, pelo Congresso.

Não por coincidência, depois da entrevista, a caixa d’água veio abaixo na vida daquele delegado da PF.

PALMÉRIO DÓRIA - Você está falando do Fernando Henrique Cardoso?

Fernando Henrique Cardoso.

PALMÉRIO DÓRIA - Você está falando do Paribas, de como o presidente manipulou e ganhou com isso?

Exatamente. Nossa dívida externa é artificial e eu provei isso na investigação. Houve repulsa minha porque quando era estudante empunhei muita bandeira "Fora FMI", "Nós não devemos isso".

MYLTON SEVERIANO - "A dívida já está paga".

"A dívida já está paga". E foi muito jato d'água, muita cacetada, muito gás lacrimogêneo, "bando de doido, tem que tomar porrada, pau nesses garotos". Você cresce achando que era um idiota, não é? Chega um momento que pensa "a dívida foi criada no regime militar, mas a gente precisa pagar".

FERNANDO LAVIERI - Como você provou isso?

PALMÉRIO DÓRIA - O jogo começou a ser jogado no Ministério da Fazenda?

Sim. Querem essa história?

TODOS - Sim!

Vocês não vão dormir direito. Isso é para maiores de 50 anos. Estamos em 2002, me atravessa as mãos o expediente para um banco francês, "esse banco eu conheço, é sério". E a suspeita que investigo é fraude com títulos públicos brasileiros, negociados no mercado internacional, títulos da dívida externa. Negociados na década de 1980: o que chama atenção?

MYLTON SEVERIANO - Fim da ditadura.

E transição para o regime civil. José Sarney pega o país em frangalhos, devendo até a alma, sem dinheiro para financiar as contas públicas, muito menos honrar compromissos, a famigerada dívida com o FMI. Havia até o "decrete-se a moratória". Era o papo nosso, da esquerda, dos estudantes, "não vamos pagar, já levaram tudo". E o Sarney, o que faz? Bota a mão na manivela e nossos títulos da dívida externa valiam, no mercado internacional, no máximo 20% do valor de face, era negociado na bolsa de Nova York. No paralelo valiam 1%. O que significa? Não passa pela bolsa. Comprei, quero me livrar, então 1% do valor de face, título de um país "à beira de uma convulsão social, ninguém sabe o que vai acontecer com aquele país, um conjunto de raças da pior espécie": essa, a visão primeiro-mundista, o que representávamos para os banqueiros. Escória. E aqui estávamos, discutindo a reconstrução do país. Vamos dialogar, botar os partidos para funcionar, eleições, e o Sarney tendo que dar uma solução. Fecha a manivela e toca a jogar título no mercado de Nova York. Cada título que valia 10%, 15%, mandava dinheiro aqui para dentro. Seis anos depois, o mercado financeiro internacional detectou que no Brasil haveria desordem, até guerra civil, e eles não iam receber o que tinham colocado aqui com a compra dos papéis podres, queriam receber mesmo os 15%. E fazem uma regrinha de três e colocam para o Banco Central: “Você vai instituir uma norma, os títulos da dívida externa brasileira adquiridos no mercado financeiro internacional, no nacional poderão ser convertidos junto ao Banco Central pelo valor de face desde que esse dinheiro seja investido em empresas brasileiras." Bacana, não? Se funcionasse como ficou estabelecido, nosso país seria uma potência, não? Ainda que uma norma perfeita, acho um critério não normal, não é? Não é moralmente ético eu comprar um título por 15% e ter um lucro de 100%, em tão pouco tempo. Mas enquanto regra de mercado financeiro tenho de admitir que sou devedor. Se vendi a 15%, na bolsa, assumi o risco de, no futuro, o lucro ser maior para o credor. Tenho que pagar. Foi assim que foi feito? Não. Será que o grupo Votorantim recebeu algum dinheiro convertido? Alguma outra empresa nacional do porte recebeu? Não. O que o sistema montou? Uma grande operação em determinado período para sangrar as reservas do país, e ainda tinha as cartas de intenção, que diziam "se você não me pagar posso explorar o subsolo de 50 mil quilômetros da Amazônia".

WAGNER NABUCO - Era a fiança?

Sim. Então me deparo com um banco, o Paribas, hoje BNP-Paribas que se uniu ao National de Paris. Com três diretores, em São Paulo, e dois outros, mais um contador que foi assassinado e um laranja que se chamava Alberto. O banco adquire esses títulos, no valor de 20 milhões de dólares, não é? E converte no Banco Central e aplica em empresas brasileiras, empresas-laranja. Comprou no paralelo a 1%, eram 200 mil dólares, e converteu a 20 milhões de dólares aqui no Brasil e colocou nessa empresa-laranja...

MYLTON SEVERIANO - Empresa de quê?

De participações. Chamava-se Alberto Participações (1), com capital social de 10 mil reais. Já tem coisa errada. Como uma empresa com capital de 10 mil reais (2)  pode receber um investimento estrangeiro da ordem de 20 milhões? Cadê o patrimônio da empresa? Como é que o Banco Central aprova? Mando pegar o processo. Ela investiu, vamos ver aonde o dinheiro vai. Converteu os 20 milhões e ao longo de doze meses o dinheiro é sacado mensalmente na boca do caixa em uma conta e convertido no dólar paralelo e enviado para a matriz em Paris. Eu digo "Banco Central, me dá o processo do Paribas". Aí não consigo, quem consegue é o procurador que trabalhava comigo, Luiz Francisco. Consegue e remete pra mim em São Paulo. Vejo que no Banco Central houve uma briga interna pela conversão. Os técnicos se indignaram, e indeferiram. Ai houve uma gestão forte para que houvesse a conversão. De quem? Do ministro da fazenda. Que era quem?

MYLTON SEVERIANO - Fernando.


MARCOS ZIBORDI - Henrique.


MYLTON SEVERIANO - Cardoso.

Tento localizar os banqueiros. Todos fugiram. Os franceses todos. O contador, assassinado. O laranja Alberto morreu de morte natural, assim falam no Líbano, onde ele morreu. E me sobra a sócia dele, uma senhora chamada Célia (3). Morava na Avenida São Luís (4). Ah, é? Um foi embora, outro fugiu, outro morreu, outro foi assassinado: querem brincar com a Polícia Federal? Com a dívida externa do Brasil? Descubro essa sem-vergonhice, essa patranha, essa picaretagem de fundo de quintal que acontecia enquanto nós estudantes lutávamos, dizíamos que a dívida externa não existia, e, de fato, parte dela era artificial. A coisa é grave, vamos fazer uma continha, nós contribuintes, que cremos que existe uma ordem no país. Títulos que adquiri por 200 mil, converti no Brasil os 20 milhões de dólares, quanto tive de lucro? 19 milhões e 800 mil. Vamos fazer essa continha para vocês dormir direito hoje. Esses 19 milhões mandei para minha matriz, o papel está na minha mão ainda, porque dizia o seguinte a norma do Banco Central: ao converter esse título, invista em empresa brasileira, e ao final de doze anos "Brasil, mostre a sua cara e me pague aqui, você me deve, pois sou credor dessa nota promissória chamada título da dívida externa brasileira". Está na lei. Bota aí. Soma 20 milhões com 19 milhões e 800 mil: 39 milhões e 800 mil. Nós devemos isso aí? E mais, o que pedi? Que o juiz bloqueasse o título do Paribas, não pagasse, indiciei os diretores. Por quê? Porque estava se aproximando o final dos doze anos, o título estava vencendo e tínhamos que pagar. Pedi que o Banco Central enviasse cópia de todos os processos de conversão da dívida externa brasileira pra mim. Estou esperando até hoje. Sabe o que o Banco Central falou? "O departamento não existe, nunca existiu, era feito por uma seção aleatoriamente lá no Banco Central." Então nós não devemos esse montante de milhões que cobram.

RENATO POMPEU - Só não entendi o que o Fernando Henrique Cardoso ganhou com isso.

Calma, calma. Sobrou uma para contar a história. A Célia da Avenida São Luís. A mulher de verdade. Era companheira do Alberto, ex-embaixador do Brasil no Líbano. Quando estourou a guerra ele fugiu e viveu na França, estudando na Sorbonne. Quem ele conhece lá?

MYLTON SEVERIANO - Fernandinho.

Colegas de faculdade. A Célia, marquei depoimento numa quinta, véspera de feriado, às seis da tarde na superintendência da Polícia Federal. Uma morena bonita, quase 60 anos, me disse que tinha sido miss, modelo, era sócia nessa empresa, tinha tipo 1%. Furiosa, "que absurdo, véspera de feriado, perder meus negócios, engarrafamento". Já estava gritando no corredor. Dei um molho de uns trinta minutos até ela se acalmar. Pensei "essa mulher está furiosa e tem culpa no cartório". Falei "obrigado por ter vindo", e ela "obrigado nada, o senhor é indelicado, desumano, sou dona de uma indústria de sorvetes, e me chama numa hora importante porque tenho que distribuir sorvete, é feriado, o senhor não tem coração". No meio da esculhambação, digo "tenho que cumprir meu dever, sou funcionário público", e ela "aposto que é o caso daquele Paribas, não sei por que ficam me chamando, e tem mais, fui companheira do Alberto, e ele foi muito mais brasileiro que muita gente. Era digno, honesto, ficam manchando a alma dele. Eu ajudei ele até o fim da vida, inclusive sustentei parte da família dele". Percebi que não sabia a verdade, ela disse "ele morreu pobre, ficou esperando a conversão dessa dívida que nunca houve". Detalhe: na quebra de sigilo bancário encontrei um cheque do Alberto que ele recebeu, 64 milhões, na boca do caixa do banco Safra. E ele transfere as cotas para uma empresa criada pelo Paribas em nome dos diretores (5).

MYLTON SEVERIANO - No Brasil?

Já é um Paribas do Brasil. Transfere para a subsidiária, e os diretores começam a sacar. O primeiro que recebe é ele, valor equivalente a 5%. E ela disse "ele não recebeu a comissão dele que era de 5%". Bateu! Tranquei o gabinete, falei "vou mostrar um documento, mas se disser que mostrei, prendo a senhora", era a cópia do cheque, com assinatura e data. A mulher começou a chorar. "Desgraçado. Que o inferno o acolha!" Ela disse "tenho muito documento na minha casa". Se fizesse pedido de busca e apreensão chamaria atenção da Justiça, teria um indeferimento. Essa investigação estava sendo arrastada. Fiz uma busca e apreensão ao inverso, "a senhora permite que selecione o que quero?", ela disse "perfeito". Naquela véspera de feriado, peguei dois agentes, contrariando colegas que queriam ir embora...

MYLTON SEVERIANO - Qual o ano?

2002. Saímos de lá de madrugada, era um apartamento antigo, magnífico. Ela chorando, "desgraçado, até comida na boca eu dei". Ela me dá uma agenda, "aqui parecia o Banco Central, eu atendia o doutor Alberto, da área internacional". Encontrei documentos, agendas que vinculavam ele ao Armínio Fraga, ao Fernando Henrique, inclusive uma carta manuscrita, não vou falar de quem, depois confirmada, ela falou "levei esse presente, pessoalmente, até a casa do Fernando". Mandei documentos para perícia. Na época era eleição do Fernando Henrique.

RENATO POMPEU - Não, do Lula.

Isso. Lula venceu contra Serra. Fernando Henrique era presidente.

RENATO POMPEU - Ele recebeu dinheiro então?

Vamos pegar a linha do tempo. Ele sai de ministro da Fazenda e vira presidente. O gerente da área internacional que dá o parecer no processo, quem era? Armínio Fraga. Que presidiu o Banco Central. Essa investigação não sei que fim deu. Pedi ao Banco Central o bloqueio de todos os títulos da dívida externa brasileira que foram convertidos. E pedi cópia de todos os processos de conversão junto ao Banco Central para investigação.

RENATO POMPEU - Saiu na mídia?

Em parte, mas foi abafado. Quem conseguiu publicar foi, se não me engano, a Época (6).

PALMÉRIO DÓRIA - Citando Fernando Henrique?

Não, não citou. A reportagem era "Fraude à francesa". Essa investigação surge da denúncia de um advogado, Marcos Davi de Figueiredo. Ele sofre uma pressão implacável dentro do banco. A Célia passa a ser ameaçada, logo que presta depoimento entregando tudo. Inclusive os escritórios que deram suporte a essa operação, um do Pinheiro Neto, e ela diz que sofria ameaça do próprio Pinheiro Neto. O procurador foi o doutor Kleber Uemura.

Falta muito a dizer, como dizia o saudoso Aloysio Biondi.


NOTA DE ESCLARECIMENTO (Fornecida pelo leitor que se identifica como Rubens):


Pra quem gosta de jornalismo investigativo, seguem algumas correções/sugestões:

(1) O nome da empresa era ACHCAR COMERCIO E PARTICIPACOES LTDA.,CNPJ 58.745.548/0001-40,

(2) com capital de CZ$ 10.000,00,  sócios ALBERTO FARES ACHCAR e

(3) CELMA SILVA (e não Celia, como diz o delegado da PF), constituída em 30.12.86,

(4) com sede à Av.São Luiz, 130,1ºandar,S.Paulo(SP).

Hoje a mesma se chama Soma Projetos de Hotelaria Ltda., com capital de R$ 54.452.951,00, sócios: Pinus Holding Ltd.Grand Cayman e Alpha Participações Ltda., e a sede fica na RUA JOSE PESTANA, 197, SALA 01, JD.MARIA ROSA, TABOAO DA SERRA(SP)() Fonte: dados (públicos) da JUCESP.

(5) A empresa de fachada que o PNB-Paribas usou para externalizar uma substancial quantia, talvez essa que o delegado da PF fala, foi a IDB Investiment Co.Ltd., que tinha um capital registrado representado pela fantástica quantia de US$ 100, nas Ilhas Jersey, a pátria-mãe daquelas vaquinhas leiteiras simpáticas.

(6) Parte dessa história foi noticiada em setembro de 2002 pela IstoÉ, aqui depois caiu no limbo. A revista Época, por motivos insondáveis, retomou a denuncia em 2010. Pode ser visto aqui