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sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

O Natal é estranho



Ensaio henry Henkels

O período natalino é muito estranho, caracterizado por essa horrível excitação ocidental ao consumo compulsivo. Ai vem o Ano-Novo (antigamente Ano-Bom). Nos países de tradição judaico- cristã, a chegada de um ano novo é sempre esperada com esperanças, como se o calendário gregoriano, cartesianamente dividido nas fronteiras aritméticas das datas, finalizasse seus números junto com as memórias ruins que assolaram o ano velho, ou se os dilemas relacionados a um determinado período, classificado por nós em dias, anos ou décadas, pudessem se apagar com o renovar de esperanças nos próximos trezentos e sessenta e cinco dias. Os ciclos sucessivos assim ordenados nos fazem crer que os pecados cometidos também serão perdoados na recuperação do espírito. Obviamente isso é uma bobagem, mas alimentamos este tipo de sonhos porque fazemos parte da espécie humana.

Nossa vida é constituída de erros e acertos, quedas e ascensões, misérias e glórias. O que importa é o seu saldo, quando temos condição de submetê-lo a balanço, olhando a trajetória percorrida a partir de uma posição avançada na vida. Sabemos que o projeto é inacabado e somos incompletos. Nossa in-completude se projeta nas múltiplas formas de nossa linguagem. E ao dar vazão e explicitar nosso desejo, muitas vezes, “pecamos”. Mas, precisamos evoluir – como?...

Um aspecto primordial da evolução humana diz respeito à capacidade de reconhecer-se a si próprio na imagem do outro. Trata-se de um aprendizado permanente, que deve começar na mais tenra infância e prosseguir ao longo de toda a vida.

A hierarquia social, tão freqüentemente arbitrária e artificial, poderia assim ser substituída pela cooperação entre níveis estruturados de acordo com a criatividade – talento –  individual. Tais níveis seriam níveis de ser, ao contrário de níveis impostos por uma competição que absolutamente não leva em conta o homem interior.

Aprender a ser surge, à primeira vista, como um enigma insondável. Nós sabemos existir, mas como aprender a ser?

Podemos começar por aprender o que significa, para nós, a palavra “existir”: descobrir nossos condicionamentos, descobrir a harmonia ou a desarmonia entre nossa vida interior e a social, sondar os fundamentos de nossas convicções, para descobrir o que existe de subjacente. Na construção, o estado da escavação precede o das fundações. Para alicerçar o ser é necessário proceder de início à escavação de nossas certezas, de nossas crenças e de nossos condicionamentos. Questionar, questionar sempre: aqui também, o espírito científico nos serve de precioso guia. Esta é uma lição que é aprendida tanto pelos que ensinam quanto pelos que são ensinados.

Mas finalmente o mais legal disso tudo é que nós seres humanos somos multidimensionais; não somos uma coisa apenas, somos muitas coisas, somos todas as coisas na verdade. Enfatizamos uma coisa ou outra de acordo com as circunstâncias.

Por isso, mesmo que eu ache o Natal estranho e consumista, o Ano-Novo uma bobagem cartesiana, desejo a vocês todos


Um Bom Natal e renovação do Ser em 2012



Recebam um abraço fraterno da Villa de São Bento. 

Amo vcs todos_henry




PS.: O ensaio O Natal é estranho foi escrito em dezembro de 2005, quando esse blog botocudo ainda não existia. Se fundamenta nos conceitos de Trasdisciplinaridade, com elementos de B. Nicolescu, H. Maturana e C.G. Jung. 

2 comentários:

  1. Henry, apesar dos conceitos de Trasdisciplinaridade (êta palavrinha dificir demais da conta..Rs) O Natal pode ser estranho e consumista sim.. mas nos une! então desejo a você e toda sua família uma lindo Natal cheio de UNIÃO beijo

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  2. Boas festas e um otimo 2012 pr'ocê e sua familia também, minha irmã gemea distante.

    Beijo carinhoso

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