Ensaio henry
Henkels
O período natalino é muito estranho, caracterizado por essa
horrível excitação ocidental ao consumo compulsivo. Ai vem o Ano-Novo
(antigamente Ano-Bom). Nos países de tradição judaico- cristã, a chegada de um
ano novo é sempre esperada com esperanças, como se o calendário gregoriano,
cartesianamente dividido nas fronteiras aritméticas das datas, finalizasse seus
números junto com as memórias ruins que assolaram o ano velho, ou se os dilemas
relacionados a um determinado período, classificado por nós em dias, anos ou
décadas, pudessem se apagar com o renovar de esperanças nos próximos trezentos
e sessenta e cinco dias. Os ciclos sucessivos assim ordenados nos fazem crer
que os pecados cometidos também serão perdoados na recuperação do espírito.
Obviamente isso é uma bobagem, mas alimentamos este tipo de sonhos porque
fazemos parte da espécie humana.
Nossa vida é constituída de erros e acertos, quedas e
ascensões, misérias e glórias. O que importa é o seu saldo, quando temos
condição de submetê-lo a balanço, olhando a trajetória percorrida a partir de
uma posição avançada na vida. Sabemos que o projeto é inacabado e somos
incompletos. Nossa in-completude se projeta nas múltiplas formas de nossa
linguagem. E ao dar vazão e explicitar nosso desejo, muitas vezes, “pecamos”.
Mas, precisamos evoluir – como?...
Um aspecto primordial da evolução humana diz respeito à
capacidade de reconhecer-se a si
próprio na imagem do outro. Trata-se de um aprendizado permanente, que
deve começar na mais tenra infância e prosseguir ao longo de toda a vida.
A hierarquia social, tão freqüentemente arbitrária e
artificial, poderia assim ser substituída pela cooperação entre níveis estruturados de acordo com a
criatividade – talento – individual.
Tais níveis seriam níveis de ser,
ao contrário de níveis impostos por uma competição que absolutamente não leva
em conta o homem interior.
Aprender a ser surge, à primeira vista, como um enigma
insondável. Nós sabemos existir, mas como aprender a ser?
Podemos começar por aprender o que significa, para nós, a
palavra “existir”: descobrir nossos condicionamentos, descobrir a harmonia ou a
desarmonia entre nossa vida interior e a social, sondar os fundamentos de
nossas convicções, para descobrir o que existe de subjacente. Na construção, o
estado da escavação precede o das fundações. Para alicerçar o ser é necessário
proceder de início à escavação de nossas certezas, de nossas crenças e de
nossos condicionamentos. Questionar, questionar sempre: aqui também, o espírito
científico nos serve de precioso guia. Esta é uma lição que é aprendida tanto
pelos que ensinam quanto pelos que são ensinados.
Mas finalmente o mais legal disso tudo é que nós seres
humanos somos multidimensionais; não somos uma coisa apenas, somos muitas
coisas, somos todas as coisas na verdade. Enfatizamos uma coisa ou outra de
acordo com as circunstâncias.
Por isso, mesmo que eu ache o Natal estranho e consumista,
o Ano-Novo uma bobagem cartesiana, desejo a vocês todos
Um Bom Natal e
renovação do Ser em 2012
Recebam um abraço fraterno da Villa de São Bento.
Amo vcs
todos_henry
PS.: O ensaio O Natal é estranho foi escrito em dezembro de 2005, quando esse blog botocudo ainda não
existia. Se fundamenta nos conceitos de Trasdisciplinaridade, com elementos de
B. Nicolescu, H. Maturana e C.G. Jung.
Henry, apesar dos conceitos de Trasdisciplinaridade (êta palavrinha dificir demais da conta..Rs) O Natal pode ser estranho e consumista sim.. mas nos une! então desejo a você e toda sua família uma lindo Natal cheio de UNIÃO beijo
ResponderExcluirBoas festas e um otimo 2012 pr'ocê e sua familia também, minha irmã gemea distante.
ResponderExcluirBeijo carinhoso