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quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Óleo de cozinha reciclado como veiculo para tinta de impressão off-set



 Por Tiago Padilha · revista Darcy / UnB


Quando empregado na cozinha, para fritar uma coxa de galinha ou uma posta de peixe, o óleo vegetal é um ingrediente que ajuda a preparar comida e alegrar o paladar. Mas é o que se faz com o líquido depois de usado. ao ser despejado no ralo da pia, que o óleo vira um problema. Escorre pelas tubulações e galerias pluviais e, se chegar a ser lançado em rios e outros sistemas hídricos, faz estrago.

O óleo de fritura é um problema enorme para as companhias de saneamento também. Encarece os custos
com o tratamento do esgoto e dificulta a manutenção do encanamento. Não é a  toa, a própria Companhia de Saneamento ambiental do DF (Caesb) toca projetos de coleta do resíduo e sua reutilização na fabricação de biodiesel e sabão.

No laboratório de materiais e Combustíveis da Unb, dois pesquisadores criaram uma tecnologia que faz o óleo se transformar num produto muito mais rentável: a tinta de impressão.

Hoje, o item de mercado que associa mais valor ao óleo de fritura, ou residual, é o biodiesel, cujo litro é vendido por pouco mais de r$ 2. a mesma quantidade de tinta para impressão sai por cerca de r$ 40. “o retorno financeiro compensa os custos da coleta do resíduo, que é cara, principalmente se feita de casa em casa, em pequenos volumes.

A produção de sabão e biodiesel é uma atividade pouco atraente”, explica Vinicius Moreira Mello, mestrando do instituto de Química que desenvolveu a tecnologia sob a orientação do professor Paulo Anselmo Ziani Suarez.

Os pesquisadores da Unb não encontraram registro de outra tecnologia que, assim como a deles, utilize óleo residual para a produção de tinta de impressão. Há patentes de tintas feitas à base de óleo vegetal refinado, mas em estado virgem. No mercado, as tintas de óleo vegetal correspondem a 15% do que é vendido da cor preta e 25% da paleta colorida. o restante é ocupado pela tinta à base de petróleo. Porém,
o produto feito com óleo vegetal vem aumentando a clientela, em virtude das constantes altas do preço do “ouro negro”, da escassez de suas reservas e da consciência dos danos que seus derivados causam ao meio ambiente.

As vantagens

O produto à base de óleo vegetal é defendido pelos ambientalistas e empresas que querem ostentar o rótulo de amigas da natureza. além de ser renovável, ele se degrada mais facilmente e o papel branco impresso com ele fica mais claro ao ser reciclado. a tecnologia desenvolvida na Unb torna o processo de fabricação mais econômico. Para que ganhe viscosidade, o óleo usado em frituras precisa ser aquecido por seis horas, metade do tempo exigido pelo material puro. isso porque, além de a polimerização (processo que forma a cadeia de moléculas) já ter começado ao calor do fogão, os pesquisadores empregam um catalisador de fabricação própria, cuja fórmula contém metais não tóxicos e moléculas orgânicas derivadas de biomassa.

As expectativas

O mestre Vinicius e o professor Paulo patentearam a tecnologia, batizada com o nome
de Processo de Polimerização Técnico de Óleos e Gorduras. agora, a idéia é passar a
fazer a tinta em escala semi-industrial, o que baratearia a produção. Para isso, têm que adquirir um reator maior, que permita fabricar 50 litros. a máquina do laboratório de materiais e Combustíveis da Unb tem capacidade para apenas um litro. Uma empresa que investe no desenvolvimento de novas tecnologias, sediada em São Paulo, manifestou interesse por financiar a empreitada.

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