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domingo, 8 de agosto de 2010

1964 em São Bento do Sul – desdobramentos


Introdução (parte 1)

Em abril de 1964 aconteceu a grande ruptura política no Brasil. Alguns classificam o episódio como “revolução” – a facção ideologicamente à direita; outros o definem como “golpe” – os alinhados à esquerda. Essa discussão não se encaixa neste post de blog, mas sabemos todos que aquele foi um período de dinâmica política e econômica intensa. Não houve nenhuma melhoria social inicial decorrente daquele movimento. Na prática o que se configurou no país foi só uma mudança: a política. A democracia foi derrubada e foi criada uma ditadura.

Mas o que acontecia aqui em São Bento nessa época? Vou descrever alguns acontecimentos políticos imediatos à abril de 1964, basicamente dois episódios: a cassação do vereador Vitor Vidal dos Santos, na Câmara Municipal de São Bento do Sul e o caso bizarro de um escroque aproveitador que surgiu por aqui, se apresentando como “Major Schneider”, e se dizia Adido do Exercito Brasileiro para a cidade. Os dois episódios se confundem no tempo, fatos que correm na segunda metade do ano de 1964, até março de 1965.

Vou postar o episódios aqui no blog por partes. No fim vou montar uma coletânea com o texto levemente modificado e publicar na minha pagina fixa como documentário histórico para pesquisadores.

Convém descrever rapidamente as condições da cidade de São Bento do Sul de então: A economia local vinha crescendo e se adaptando a nova realidade urbanizante, que era a tendência em todo Brasil do pós guerra. A cidade ainda tinha cerca de 20.000 habitantes. As velhas elites locais tinham um perfil totalmente conservador (como de resto, até hoje) e apoiavam entusiasticamente o movimento golpista militar, como se verá.

Politicamente o quadro municipal estava dividido entre a UDN – União Democrática Nacional, cujo prefeito Alfredo Diener era o líder geral, e o PSD – Partido Social Democrata, em que militavam lideranças mais novas com lustro progressista, mas que no âmago eram igualmente conservadoras. A liderança maior do PSD estava vaga desde a morte do empresário e político Antonio Kaesemodel, em um desastre aéreo, em 1958.

Havia no conjunto local ainda, com menor expressão, o PDC – Partido Democrata Cristão, que abrigava lideranças que queriam independência dos dois partidos anteriores, mas também fortemente conservador e o PTB – Partido Trabalhista Brasileiro, este herança de Getulio Vargas e o partido do presidente João (Jango) Goulart. O PTB local agora abrigava as correntes de pensamento vanguardista de esquerda, os sindicalistas e tudo que os conservadores não admitiam, conseqüentemente eram estes considerados “comunistas subversivos”, que tinham que ser varridos do planeta pela ótica da ortodoxia conservadora local.

O golpe se desenhava no horizonte. Em 8 de março de 1964, São Bento do Sul recebe a visita do proeminente Coronel Ventura, da Policia do Exercito (PE) do Rio de Janeiro. Trata-se do Coronel (depois General) Domingos Ventura Pinto Jr., vinha acompanhado do prestigioso jornalista da revista O Cruzeiro, David Nasser. Visitaram fabricas e aos dois foram oferecidas recepções calorosas e concorridos jantares sociais. Um frisson!

A ruptura política aconteceu, como é sabido, em 31 de março (segundo alguns) ou 1º de abril (dia da mentira - segundo outros). Os fatos ocorridos naqueles dias em âmbito nacional não vou detalhar aqui, por julgar o desenrolar dos acontecimentos já ser de domínio geral. Vejamos como correram as coisas por estas bandas:

Parte 2 - O caso do vereador Vitor Vidal dos Santos - amanhã



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