Sei que em São Bento do Sul (SC) há um registro como sendo distribuídas cerca de 1.700 bolsas família por mês. Isso representaria algo ao redor de 10% da população assistida pelo programa, considerando 62.000 habitantes a grosso, já que parece que o numero de habitantes da cidade diminuiu de acordo com o censo do IBGE em curso, e um numero de 4 pessoas por familia. Esse numero é expressivo para uma cidade com o nosso perfil, sem duvida. (1)
Só conheço uma (01) pessoa desse universo de 1.700 bolsas distribuídas na minha cidade. É a nossa diarista. Trabalha aqui em casa só um dia por semana, das 7:00 às 13:00. Atualmente só eu, a patroa e o cachorro moramos aqui, de modo que um dia por semana é suficiente para manter nossa casa sob controle, mesmo com esse vira-latas terrorista enfurecido que temos. Vejamos pois, a realidade dessa moça:
Foi abandonada pelo marido e ficou com quatro filhos menores para criar. Estudou pouco e é só precariamente alfabetizada. Além de trabalhar aqui em casa tem outras residências que presta o mesmo serviço. Ficou com uma meia água precária em que morava com o marido construído por ele mesmo em um terreno que era do pai dela. Ainda mora lá. Esses tempos uma tempestade de granizo arrebentou todo o telhado de sua casinha. Recebeu ajuda da prefeitura através da Defesa Civil para recuperar o telhado.
Mesmo assim tem todos os filhos na escola o que é um fardo pesado para uma mulher sozinha com esse padrão de renda, o mais velho tem 15 ou 16 anos. O ex-marido, que mora ali por perto (arranjo estranho – pelo qual não me interessei em detalhar), não contribui muito na manutenção das crianças, as vezes dá um ou outro presente.
Pelo que nós a pagamos por hora deveria teoricamente auferir algo como R$ 1.100 por mês ou pouco mais, mas na prática não alcança isso, bem menos, como comentou certa vez, pois tem janelas no seu horário de serviço. Mesmo assim justifica que ganha mais com essa atividade como diarista do que se fosse trabalhar como operária numa fábrica, no que talvez tenha razão.
Com o que ganha nesses jornais como diarista provê a totalidade do orçamento de sua família. Nesse contexto, o valor que recebe de bolsa familia torna-se muito importante na composição de sua sobrevivência e na manutenção dos filhos.
É muito caprichosa e nada preguiçosa como são rotulados sempre os beneficiários dessa ajuda governamental – aqueles que só recebem o peixe e não querem aprender a pescar. Estamos muito satisfeitos com ela e seu serviço.
Agora eu pergunto aos críticos do “bolsa-esmola” clientelo/assistêncialista?... o que se faz num caso desse? Voltemos ao tempo dos coronéis e lideranças atrasadas comprando seus votos com favores, dentadura, cesta-basica e que tais?...
O BF é bom mas muitos ainda vêem como um rótulo de "menos que pobre", e é um projeto implantado pela metade, sob medida para dar armas ao PT nesta eleição: o "nós contra eles".
ResponderExcluirFaz parte do jogo, mas espero ver o projeto do Suplicy implementado por completo num futuro não tão distante.
Curiosamente, escrevi uma vez ao Suplicy sobre isto e ele *respondeu*, inclusive mandando um PDF de uma palestra a respeito. Até tirou um elegante sarro dizendo que "sendo você de direita não vai concordar com todos os argumentos do texto" ou algo do gênero.
Isso enquanto a Ideli era senadora de um Estado 10x menor e não foi capaz de responder a um seu conterrâneo.