A Rede Globo, através do programa Fantástico, revelou, em sensacional reportagem (as vezes acertam aqui e ali), como funciona a máfia dos radares. Foi firme: citou empresas, deu nomes, mostrou como opera o negócio e, sobretudo, comprovou os fatos com a exibição de imagens e depoimentos captados por uma câmera escondida. A matéria abrangeu os estados da região Sul, além de São Paulo e Rio de Janeiro. No Paraná, está um dos mais chocantes exemplos de corrupção e fraude do País. Vamos ser textuais: “Em Curitiba, o esquema se repete com a Consilux, que tem radares na capital paranaense e em São Paulo. Quem negocia é o diretor comercial, Heterley Richter Júnior. Ele promete o edital já pronto. A propina oferecida é de 5%. O diretor enviou a cópia do edital pela internet.” O repórter vai além: “E será que todos os motoristas são iguais perante os radares? A resposta é não. É possível anular multas de apadrinhados políticos, amigos, parentes.” Teve mais: perguntado se existe alguma maneira de livrar um cara desses da multa, o diretor assegura: “Tem. Você têm.” E confessa: já anulou multas em Curitiba. Segundo ele, ninguém descobriu, “graças a Deus”. Em tempo: para reforçar a memória do leitor, é importante lembrar que a Consilux é uma empresa parceira da prefeitura, que venceu a controversa licitação dos radares e é acusada de ter apagado um trecho da imagem de um controlador de velocidade quando do acidente envolvendo o ex-deputado Carli Filho. Tuti buona gente!
A outra
O Fantástico também reportou que a investigação segue no rastro das fraudes praticadas pelas empresas que fabricam radares, uma delas seria a Perkons, de Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, que se orgulha em ser a inventora das chamadas lombadas eletrônicas. A matéria explicita que a firma atua preparando editais viciados. Assim narrou o texto: “Quem senta para negociar é o gerente da Perkons, Jobel Araújo, que confirma a oferta de propina feita pelo vendedor Alexandre Carvalho. “O Alexandre me falou 8,5% daquele valor, mais que isso começa a ficar inviável.” Um escândalo.
Mais uma
A reportagem ainda trouxe outras revelações que comprovariam a falta de critérios para instalar radares no país. Aqui na capital, há empresas que oferecem negócios mais lucrativos para as prefeituras. Segue a “proposta” de Alexandre Matschinke, vendedor da Dataprom, em uma cena de corrupção explícita. “Se tu me ‘der’ abertura para eu ir lá e montar o teu projeto inteiro, ‘você’ vai me falar: “Eu quero 15%, eu quero 10%’. Eu coloco isso no valor.” A sujeira é sinônimo de falta de vergonha na cara.
Conclusão
São três verdades indiscutíveis e incontestáveis: difícil é combater a corrupção. Mais complicado ainda é eliminar os corruptores. Quase impossível é punir quem pratica esse tipo de delito. Os órgãos públicos estão com a palavra. A opinião pública aguarda.
Veja o post seguinte sobre a situação aqui em SC e a empresa Kopp.
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