da pagina do Centro de Inteligência em Florestas
Até onde vale a pena, do ponto de vista ambiental, utilizar papel reciclado? Um estudo realizado pelo Laboratório de Química, Celulose e Energia da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da Universidade de São Paulo (USP), solicitado pela International Paper do Brasil (IP), mostra que, no processo industrial, se gasta mais energia, água e químicos para produzir o papel reciclado do que fazer o mesmo processo utilizando fibras virgens. Por outro lado, a reciclagem reduz a quantidade de resíduos jogados nos lixões e aterros sanitários, além de proporcionar emprego e renda para catadores. O termo perfeito para classificar o engodo: uma faca de dois gumes.
Os papéis reciclados são compostos de uma mistura entre as aparas de pós-consumo, aquelas já utilizadas pelo consumidor e recolhido, por exemplo, por cooperativas formadas por catadores, e as aparas pré-consumo, que são o refugo ou perda dos produtos não usados nas gráficas. Essa relação varia entre 25% e 30% de pós-consumo, e o restante de pré-consumo.
O preço do reciclado, que chegou a ser 20% a 30% maior do que o branco quando lançado no início da década, praticamente igualou-se. Apesar disso, o reciclado representa não mais do que 7% da produção nacional de papel para imprimir e escrever, em torno de 1,2 milhão de toneladas.
Isso porque os fabricantes não conseguem atender toda a demanda por escassez de matéria-prima – faltam aparas de boa qualidade. A realidade é diferente da que acontece nos EUA e Europa. Lá, os papéis reciclados para imprimir e escrever, coletados em sua maioria pelas famílias e empresas, são fabricados com aparas de melhor qualidade. São mais brancos do que os convencionalmente encontrados no Brasil cuja aparência é ligeiramente bege de modo a disfarçar as imperfeições. Para o papel reciclado do Brasil ficar igual ao similar estrangeiro, isso significa maior consumo de energia, água e químicos para bem tratá-los e convertê-los ao processo de produção.
Apesar de o estudo citado no início da matéria fazer uma comparação com uma realidade inexistente no país (utiliza-se como parâmetro um papel com 100% de aparas pós-consumo), ele indica que o consumo de água no reciclado chega a 64 metros cúbicos por tonelada - acima dos 10 metros cúbicos do papel de consumo do papel de fibra virgem. Se a fábrica de papel for integrada a uma unidade de produção de celulose, consome-se mais 35 metros cúbicos de água – ainda assim abaixo da produção do reciclado.
A fase mais complicada para a produção do reciclado, segundo o estudo, está no processo de destintamento das aparas pós-consumo. Nesta etapa, são usados diversos produtos químicos – peróxido de hidrogênio, hidróxido de sódio e enzimas – para remover as tintas impressas ou escritas no papel. O resultado é uma geração de resíduos sólidos, incluindo metais pesados, que precisam ser tratados. Como resultado, a polpa – a matéria-prima a ser reaproveitada como papel reciclado - é menos branca, com características inferiores de aparência, resistência e desempenho em relação ao papel branco.
Conta ainda a favor do papel branco produzido a partir de florestas plantadas o fato de as árvores capturarem mais gás carbono da atmosfera. No caso do reciclado, esse sequestro já aconteceu. Em entrevista ao Valor Econômico, Robinson Cannaval, da IP, esclarece que a solução é escolher o papel conforme o tipo de uso, evitando os excessos e desperdícios. “Se a empresa deseja imprimir um código de barras, é melhor optar por um papel branco porque se terá um maior contraste. Se for um reciclado, a empresa teria de pintar uma tarja branca para se obter o mesmo resultado. É um gasto a mais em tinta.”
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É cobertor curto mesmo. Esses tempos comprei uma daquelas máquinas de lavar com abertura frontal. Gasta muito menos água, porém mais eletricidade. Comprei mais pelo fator nerd, porque realmente aqui em Joinville esta troca não vale a pena -- água abunda e eletricidade é cara no Brasil.
ResponderExcluirMas no fundo tudo tem este trade-off. O que resolve *mesmo* é reduzir o consumo.
Os carros elétricos, por nerds que sejam, também trazem esta dicotomia: são mais caros de fabricar, e duvido que o grid de qualquer país esteja capacitado a aguentar um ou dois automóveis em cada domicílio puxando 3000W da tomada enquanto carregam as baterias. A bicicleta elétrica traria ganhos reais, mas aí tem de aceitar as limitações.
E isto ninguém quer, nem os governos, nem quem define as políticas ambientais. Todo ano tá lá o IBAMA fazendo greve por salários maiores... "pensamento compartimentalizado", diria um amigo meu.
Ainda na área automobilística, há mais um exemplo interessante: os motores flex. É em minha opinião um conceito furado, feito para queimar álcool de forma ineficiente quando este está extremamente barato. Um motor apenas-álcool, com a tecnologia atual, poderia ter taxa de compressão 15:1, quase no nível do motor Diesel, e valeria a pena usar álcool nele mesmo com a atual quase-paridade dos preços entre álcool ou gasolina, porque ele renderia muito mais.
ResponderExcluirFora que a evolução dos motores nos últimos 30 anos tenha sido transformada em mais cavalos, popularizando os SUV em vez de conduzir a carros com cilindrada menor. Apenas a muito custo os motores com mais de 4 cilindros estão finalmente sendo "obsoletados" (até mesmo nos EUA).
Concordo co'cê Elvis. Carro flex é um engodo para enganar trouxa, até os governantes caem nessa. É de uma ineficiência ímpar.
ResponderExcluirAgora, os SUVs são um escândalo. Uma monstruosidade daquela
pra levar só 01(uma unidade)perua... Carai!...