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quinta-feira, 31 de março de 2011

Agnelli, a Vale e essa confusão toda



Brasil, dono das maiores jazidas de ferro do planeta, ocupa só o nono lugar no ranking dos principais produtores de aço do mundo. Essa já é uma ótima razão para botar Agnelli para fora. Ele conseguiu trazer lucros para os sócios da Vale, mas não ajudou o Brasil a ganhar posições no estratégico mercado mundial do aço.

Mas sab’cumé: o que interessa mesmo para uma empresa "moderna" é lucro para os acionistas. Não existe na equação preocupação com o país ou com vidas humanas (o social). E diga-se de passagem que não existe sequer vida inteligente nestas "administrações modernas", dados os erros grosseiros que cometem de forma rotineira como exportar minério de ferro bruto à preço de banana por exemplo, quando poderia-se exportar bobinas de aço prontas por um preço bem maior.

Dai chega-se a conclusão obvia: o pensamento coletivo do empresariado brasileiro ainda está nos tempos do Brasil colônia.

Essa estória de sucesso da Vale pós privatização está cheia de vícios e mistificações. Vejamos: o preço do minério de ferro subiu de 22 dólares a tonelada em 1998 para 60 dólares em 2009.

Claro, quando a Vale foi criminosamente privatizada o ferro estava barato, e as contas da empresa apresentavam finanças apertadas. Agora, com o ferro a 60 dólares, e depois de ter aberto seu capital nas bolsas, é claro que a empresa vai registrar um valor muito mais alto. Mas onde está o milagre?... O lucro líquido da Vale cresceu 1.215% de 2001 a 2010, quando a empresa atingiu o maior resultado da história do setor. Entretanto, em percentuais, a expansão é semelhante à de suas concorrentes.

Não podemos negar alguns feitos de Agnelli, principalmente o de ir lá peitar os chineses na valorização do minério, o que não é pouca coisa. Mas depois se achou o “reizinho-da-cocada-preta” e resolveu também que poderia peitar o presidente Lula, e demitiu 1300 funcionários por pura sacanagem quase que só para mostrar que é “o bom”, justamente quando o governo pedia ao empresariado evitar demissões para o país contornar a grande crise de 2008/2009. Ai foi o inicio do fim.

Depois o governo pediu para que a Vale se movesse na direção de investimentos para transformar o minério em produtos com maior valor agregado – siderurgia – e nosso herói fez ouvidos moucos. Mais pontos na carteira.

Agora o Bradesco, que detém 17% do capital votante na Vale e que o sustentava lá, também deixou Agnelli pendurado na broxa, pois espera renovar o contrato do Banco Postal com o governo, que lhe rende um lucro de aprox. R$ 1 bilhão por ano, e ai não pode se dar ao luxo de ter um menino birrento afrontando o governo, os ministros da área econômica e a própria presidente Dilma.

Foi pro cepo!

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