quarta-feira, 31 de março de 2010
terça-feira, 30 de março de 2010
As coisas na charmosa vila de São Bento vão de mal a pior
As coisas aqui na nossa charmosa vila de São Bento vão de mal a pior. A administração do prefeito Magno Bollmann, que sempre posou de ambientalista, embora estivesse sempre a serviço de outros interesses, que não ao da preservação ambiental, agora mostra realmente ao que veio.
Desmontou a Secretaria de Meio Ambiente e a reduziu a um mero departamento secundario atrelado à Secretaria de Agricultura. Isso dá a exata dimensão de que se pensa na alta cupula da administração publica atual em termos ambientais para a cidade. Voltaremos a ser uma colonia agricola como nos tempos da fundação da cidade e o meio ambiente deve se subordinar a essa diretriz básica: a floresta deve ser derrubada para dar lugar às roças.
Os programas ambientais que se promove pela administração municipal agora se reduzem a campanhas localizadas, de baixissimo impacto e nenhuma solução de continuidade (veja foto que ilustra esse post – clique para ler). Não se ouve falar de politicas publicas consistentes na direção de resultados a longo prazo.
Esse descaso também produz pérolas como uma nota no sitio da PMSBS na web, que descreve ações no rio Vermelho/Humboldt, que pode ser lido aqui. O texto, também reproduzido na pagina 7 da mesma edição do jornal A Gazeta de hoje, é uma conversa fiada sem fim, além de não dizer absolutamente nada.
Fala de um mega-projeto no fantástico valor de R$ 170 mil em que vagamente se deduz se realizará uma dragagem no rio. Descrevem coisas completamente estapafurdias como dragar 3,5 metros de profundidade (???-1) – em que extensão do rio?... pois tem 9 km até o ponto de captação. Justificam afirmando que a capacidade de abastecimento foi reduzida em 10.000 m³ (???-2). Que diabo é isso? Capacidade de abastecimento se define pela vazão do rio não pelo volume armazenado. A vazão nominal do rio tecnicamente se admite como 0.6 m³/segundo, mas que desde outubro do ano passado está muito acima de 2 m³/seg e não baixou disso.
O texto em pauta é emblemático pois começa falando de falta de água na região. O dia em que faltar água em São Bento do Sul (que se situa em área de cabeceiras de manancial de grande expressão), todos os administradores publicos desse municipio deverão ir para a cadeia e a chave ser jogada fora.
Pelo mote da noticia, muito provavelmente trata-se de um movimento para incutir pânico na população (perigo de vir a faltar água), visando algum movimento escuso no futuro. A tatica tucano-liberal de quebrar para entregar a aliados, como estamos assistindo com os serviços de saude. Isso é recorrente.
Na outra ponta (voltando a noticia da foto que ilustra nosso post) temos um legislativo completamente perdido, vereadores querendo visibilidade sobre si, buscando fatos ambientais com essa finalidade, mas voam (literalmente, nas asas da Panair) completamente às cegas. Eu gostaria de saber o que é que esses dois vereadores, altamente "especializados" na causa ambiental, vão ver em termos de reciclagem que ainda não se sabe por aqui? Qual é o pulo do gato que trarão? Esperemos!
Seria muito mais produtivo que vereadores nada afeitos da problemática ambiental se esforçassem, por exemplo, para colocar o aterro sanitário de São Bento para funcionar finalmente, visto que está concluido há mais de um ano e ainda não está sendo utilizado. O lixo de São Bento ainda está sendo enviado para o municipio de Mafra a um custo extorsivo. A população paga tudo... as viagens de recreio dos vereadores (1) e os custos da ineficiencia generalizada que se vê por ai.
A prefeitura também poderia vir a publico explicar o que se passa com o aterro sanitário largado às moscas, ao invez de escrever artigos esdruxulos a respeito de “não-fatos” como esse post ridiculo em seu site sobre o “projeto” no rio Vermelho/Humboldt.
Atualização às 15:57
(1) Eu soube que a comitiva para buscar novas tecnologias de reciclagem, é composta pelos 2 vereadores, com os respectivos assessores e mais um assessor avulso de um terceiro vereador, num total de 5 pessoas.
segunda-feira, 29 de março de 2010
A televisão é promíscua
O escritor Chris Hedges afirma que os telejornais seguem uma fórmula, onde uma história não tem relação uma com a outra. Para ele, as notícias produzidas são informação de entretenimento e muita “não-história” p. ex.: Britney Spears, muitas semanas de Michael Jackson, etc. TV ficou muito promíscua.
A melhor parte é a segunda pergunta, sobre os reality-shows, como ao nosso lamentavel BBB. Me admiro como a Globo deixou esse video em seu site.
sábado, 27 de março de 2010
Na semana santa o tema é?... Farra do Boi
Sai ano, entra ano, durante a semana santa em foruns na interntet sempre aparece alguém que começa a discussão sobre a farra do boi.
O que sempre se vê nesses debates são apaixonados a defender os animais, e nunca se vê alguém respeitar tradições e costumes de outros grupos sociais que não os a que pertencem, no caso tentar entender o ponto de vista cultural dos farristas. Ai saem a xingar a farra do boi com chavões batidos a 3 x 2 e vira um lugar comum sem fim.
A imprensa também gosta muito disso pois dá bastante ibope, quase como essa vergonha do “caso Nardoni”, de ontem e ante ontem. Ô coisa mais chata!...
Eu recuperei um texto que já tinha escrito em 2006 sobre isso, que fiz para um debate no forum de historiadores de Santa Catarina, o sc_gen, descrevendo uma viagem minha na semana santa de 2003:
Viagem antropológica - Semana Santa 2003
(texto meu, henry, escrito em 2006)
Na semana santa de 2003 (há três anos, portanto) resolvemos, eu e minha patroa Maristela, embarcar na Kombi e fazer uma expedição exploratória por uma parte de Santa Catarina que ainda não conhecíamos. Fizemos então um roteiro histórico antropológico, começando pelo vale do rio do Ouro (chamado o riacho do Ouro Grosso) em Botuverá. Eu tenho pra mim que ali ficavam as famosas Minas de Ïnhangüera. Pernoitamos naquele local, dormindo na Kombi e vistamos também a caverna calcárea que existe ali.
No dia seguinte fomos a Azambuja (Brusque) e depois a Nova Trento, no santuário da Madre (hoje Santa) Paulina, para mim agora sim uma incursão verdadeiramente antropológica, visto que não sou cristão, embora a Maristela o seja, mais ou menos, ao que não me oponho. Achei muito interessante o grande movimento dos devotos e a dinâmica da coisa toda, espiritual que avança para simples inspiração comercial e ai morre. De qualquer maneira gostei do lugar, tem bons fluídos lá. Acho que estragaram o ar bucólico do vale agora que construíram uma moderna basílica.
Bem, do vale da Madre Paulina seguimos para Governador Celso Ramos, a capital mundial da farra do boi. Preciso ver in loco como isso funciona. Me move o espírito de observador isento. Chegamos na sexta-feira santa, no auge da agitação farrista. Estavam correndo uns bois no centro da vila de Ganchos, pois tive que estacionar a Kombi em cima de uma calçada quando os dois bois passaram e a turba enfurecida veio atrás. Os lojistas tapam as vitrines com tábuas.
Achei depois um lugar mais protegido para estacionar e desembarquei para acompanhar o ritual deles. Num mercadinho onde fui comprar gelo, o dono muito falante, vendo minha máquina fotográfica me aconselhou a não fotografar muito abertamente a corrida. Disse que o povo é muito desconfiado com forasteiros e não gostam que se fotografe a coisa. Segui seu conselho, e só fotografei de longe, com teleobjetiva, mas as fotos não ficaram boas pois as condições de luz estavam muito precárias.
O povo se entrega a essa ritual com sofreguidão. Aparentemente quase toda a população (masculina por excelencia) da cidade participa. Muita bebida alcoólica rola também. Tomam todas, os farristas. As crianças fazem pequenas corridas mais soft, com bezerros. Estes, claro, não são abatidos, como os bois dos adultos. Ai reside um fator de continuidade da tradição. Se esse elo não for quebrado nada vai acontecer.
As pessoas do lugar são muito bairristas com relação a essa sua tradição. Não aceitam nenhuma argumentação contra seu rito cultural. Ficam bravos mesmo. Fazem umas camisetas pró farra do boi. Eu quis comprar uma só para atazanar meus amigos aqui de SBS, mas de um modelo bonito que via algumas pessoas vestindo não encontrei mais do meu número. As que restavam na loja que as vendia eram de gosto muito duvidoso.
Gosto de enticar com meus amigos ultra conservadores e ortodoxos do nosso Stammtisch. Alguns são até udenistas. Vixe !... No meu caso não seria muito coerente, visto que o maior defensor na natureza (ambientalista) do grupo sou eu. Tem uns lá que são fanáticos por caça: perdiz, pomba, lebre e outros bichos. Tem cachorros perdigueiros e o escambau. Todo ano temos recepções oferecidas por esses caras em que é servida carne de caça. Não consigo me impor sozinho contra eles, de maneira que acabo indo nos rega-bofes também, afinal no resto são bons amigos. Quer ver quando vou lá na mesa com uma camiseta do MAB (Movimento dos Atingidos por Barragens) que comprei com o mesmo objetivo. Aqueles caras ficam possessos. Babam de indignação...eu me divirto.
Voltando a farra do boi. Existe uma componente cultural forte que me parece indissociavelmente ligada com a cultura ibérica. Festa e crueldade. Os contrastes da alma espanhola resumidos num terreno de luzes mas sujo de sangue. A tourada como a grande metáfora de uma ambigüidade nacional.
O touro representa a natureza bruta, o que não tem regras, o instinto. O toureiro representa a civilização que se impõe à natureza selvagem e indômita ao mesmo tempo que é ameaçado e fascinado por ela. O vemelho e o sangue também tem forte apelo na cultura ibérica e peninsular.
Embora eu também tenha restrições éticas ao tratos a que submetem o animal na farra do boi, penso que devemos avançar um pouco sobre os argumentos da outra parte, os farristas, de suas tradições e cultura.
Vou nesse caminho pois sou acostumado a conviver com conflitos envolvendo valores, no meu caso quase sempre nas questões ambientais, mas que quase sempre avançam para posições culturais, economico/sociais e não raro, religiosas.
Imagine-se acabar com a Oktoberfest que, em ultima analise, não passa uma farra etílica. Nós talvez vissemos isso como um desrespeito para a cultura popular dos descendentes dos imigrantes de língua alemã... ou não?...
Sabemos todos que uma pendenga dessa ordem não se resolve com medidas e posicionamentos inflexíveis unilaterais. Há de se amolecer o coração.
sexta-feira, 26 de março de 2010
O terrorismo midiático contra Cuba
Cuba é uma ditadura, assim como a China. E Cuba deve merecer o mesmo tratamento dado a China pela comunidade internacional.
E enquanto os capitalistas ocidentais estiverem na China se beneficiando da mão de obra escrava e usufruindo de um mercado de 1 bilhão de pessoas, e isto com beneplácitos das potêncais democráticas, não podem perseguir, bloquear, sabotar Cuba e criticar os governantes que mantém uma boa relação com a pequena ilha.
Por Altamiro Borges
A “greve de fome” e a morte de Orlando Zapata desencadearam uma nova onda midiática contra Cuba. Jornalões e poderosas redes de televisão dos EUA e da Europa deflagraram a ofensiva e logo foram seguidos servilmente pelos barões da mídia colonizada do Brasil. Quase todos os dias, Estadão, Folha e Globo lotam páginas para satanizar o regime cubano, tentando fazer a cabeça dos tais “formadores de opinião”. Já as emissoras de televisão, em especial a TV Globo, massificam o terrorismo midiático para milhões de inocentes telespectadores.A hipocrisia da mídia é repugnante. Ela tem o cinismo de transformar um deliquente comum em preso político. Zapata, o novo herói do imperialismo e da mídia, nunca sequer figurou na lista de “prisioneiros de consciência” do Conselho de Direitos Humanos da ONU, sempre tão rigoroso contra Cuba. Seus problemas com a justiça cubana eram antigos e sua folha corrida era imensa: “violação de domícilio” (1993), “lesões menos graves”, “furto”, “porte de arma branca”, “fratura do crânio de uma vítima com uso de machado” (2000) e “perturbação da ordem pública” (2002).
“Milagrosa metamorfose” de Zapata
Apesar dos crimes comuns, a justiça cubana ainda permitiu que Zapata fosse libertado sob fiança em março de 2003. Poucos meses depois, ele cometeria novos crimes, sendo detido e condenado a três anos de prisão. Mas a sentença foi dilatada devido à péssima conduta na cadeia. Foi neste período que o delinqüente comum foi abordado pela chamada “dissidência cubana”, financiada pelo Departamento de Estado dos EUA e pelas fundações de fachada da CIA.
Como relata o sociólogo Atílio Borón, “é neste marco que se produz sua milagrosa metamorfose: o meliante repetidamente encarcerado por cometer numerosos delitos comuns, que dá machadadas na cabeça de outros, se converte em um ardente cidadão que decide consagrar sua vida à promoção da ‘liberdade’ e da ‘democracia’ em Cuba. Espertamente recrutado por setores da ‘dissidência política’ cubana, sempre desejosa de conta com um mártir em suas esquálidas fileiras, impulsionaram-o irresponsavelmente e com total desprezo pela sua pessoa a levar adiante uma greve de fome até o final”.
Mentiras sobre presos e torturados
A sua morte, ocorrida apesar dos esforços dos médicos cubanos para evitá-la, deu a senha para a nova ofensiva midiática contra a ilha rebelde. A desinformação é total. Fala-se em milhares de presos políticos e torturados em Cuba. Pura mentira. Até suspeitas ONGs de direitos humanos reconhecem que há “menos de 50 prisioneiros de consciência” no país – bem menos do que os 7.500 da Colômbia, que a mídia omite. Elas também nunca registraram casos de torturas em Cuba – a não ser na base militar dos EUA em Guantánamo, famosa por suas barbáries.
Além disso, a maioria dos “presos políticos cubanos” tem notórios vínculos com o imperialismo, recebe dólares da CIA e freqüenta assiduamente o Escritório de Interesses dos EUA em Havana. Em qualquer outro país, eles seriam condenados por alta traição. O Código Penal dos EUA, por exemplo, prevê pena de 20 anos para que proponha a derrubada do governo constitucional; de 10 anos de prisão para quem emita “falsas declarações com o objetivo de atentar contra os interesses da nação”; e de três anos para quem “mantenha relação com governos estrangeiros”.
O medo da revolução cubana
O veneno midiático contra Cuba, inclusive o destilado pela colonizada mídia tupiniquim, tem vários motivos. Ela não tolera que esta ilha rebelde resista a 50 anos de criminiso bloqueio econômico, que já resultou em bilhões de prejuízos ao povo cubano. Ela não compreende porque mais de 640 tentativas de assassinato do líder da revolução, Fidel Castro, tenham falhado. Ela quer apagar os exemplos cubanos, que ainda animam as lutas de povos de vários países com as suas avançadas políticas sociais, sua heróica defesa da soberania nacional e sua solidariedade internacionalista.
Em síntese, como aponta Azaela Robles num didático artigo no sítio Rebelión, a mídia burguesa não aceita as conquistas da revolução cubana. “No autoproclamado ‘mundo livre’ (o mundo que “se deleita” no sistema capitalista), a cada sete segundos uma criança de menos de dez anos morre de fome. Nenhuma delas é cubana. Segundo a FAO, 842 milhões de pessoas sofrem de desnutrição crônica. Nenhuma delas é cubana. No ‘mundo livre’, 200 milhões de crianças vivem e dormem nas ruas. Nenhuma delas é cubana... Anualmente, quase dois milhões de pessoas morrem no mundo somente por falta de água potável e saneameno básico. Ninguém morre em Cuba por esta causa”.
Manifesto “em defesa de Cuba”
Diante deste brutal terrorismo midiático, os movimentos sociais e as forças progressistas devem erguer a sua voz em defesa da soberania cubana e contra os novos intentos desastabilizadores do imperialismo. Como afirma o manifesto “Em defesa de Cuba”, assinado por intelectuais, artistas e lutadores sociais que integram a Rede Mundial em Defesa da Humanidade (RDH), é urgente se contrapor a esta nova ofensiva do imperialismo e de sua mídia venal.
O crepúsculo melancólico de Ludwig Heinrich von Silvabaum
Luiz Henrique da Silveira (Ludwig Heinrich von Silvabaum, como gostaria de se chamar) deixa o governo de Santa Catarina sem cumprir o mandato para o qual pediu votos. Não foi por um projeto de interesse público. Foi apenas interesse pessoal. Enganou os eleitores, desrespeitou os interesses da população, mas não os dos aliados.
Acabou um falso reinado, sustentado por uma mídia muito bem remunerada. Começa um período (curto, é verdade) com a raposa mafiosa cuidando do galinheiro.
LHS teminou com mais uma sem-vergonhice de desrespeito ao Judiciário: saiu na hora exata, com uma manobra para favorecer o indiciado e denunciado Pavan. Ao antecipar a sua renúncia impede o Tribunal de Justiça de julgar o novo governador. Foi uma manobra, uma artimanha de aproveitador e conivente com os crimes. Os interesses públicos e a moralidade foram atirados no lixo. Isso caracteriza uma conduta de um homem público que agora quer ser senador e almeja, inclusive, ser presidente do senado e ocupar a cadeira do Sarney.
Estamos bem arranjados!
E o pior é que o otário do povo catarineta ainda vai eleger esse bufão, pois estão pra lá de satisfeitos que fez alguma coisa para acabar com essa injustiça que é de preservar 30 metros às margens dos rios e respeitar 20% das propriedades como reserva legal ambiental.
quinta-feira, 25 de março de 2010
Gestão playmobil
E esse Serra?... é normal?... ou um retardado esquizofrenico
Ciro Gomes, ontem, na TV Brasil
Essa entrevista de Ciro Gomes é emblemática. O video é bem curto e mostra um framento dela. Prestem atenção no que diz a partir do minuto 0:50.
“Vocês vão ver agora, a grande mídia, vai ser uma pancada por semana em cima da Dilma. Uma por semana. É só pegar aí: Zé Dirceu, Pimentel…”
.
“E é cruel. O brasileiro talvez não tenha idéia do que é enfrentar a máquina clandestina de difamação que o PSDB de São Paulo montou. Não tem idéia do que que é”.
quarta-feira, 24 de março de 2010
Carta aberta de Michel Moore aos republicanos
Dura e sofrida foi a vitória do Presidente Barack Obama pela reforma do sistema americano de saúde, depois de uma luta que vem se dando nos EUA pelo menos desde a presidência de Theodore Roosevelt (1901-1909), passando por Franklin Roosevelt em 1933, Truman no pós-guerra, Lyndon Jonhson no final dos anos 60 e Clinton na década de 90.
No governo de Johnson, sob o impacto das grandes mobilizações pelos direitos civis, foram criados os Medicaid (assistência médica aos pobres) e Medicare (Saúde para os idosos) mas o sistema sempre foi refém das companhias seguradoras, grandes redes particulares de hospitais e da industria farmacêutica, os mesmo que mobilizaram todas seus recursos - lícitos e ilícitos - para tentar barrar a tentativa de Obama de mudar isso. Os republicanos abraçaram a causa dos cartéis alegremente.
Depois da vitória de domingo à noite, o cineasta Michel Moore, que é um gozador de marca maior, numa bem humorada “Carta aos Republicanos”, assinalou os avanços parciais obtidos com a reforma:
Aos meus prezados concidadãos republicanos
Graças à votação de ontem à noite, o filho de 23 anos de vocês, que um dia será atropelado por um motorista bêbado e passará seis meses em recuperação no hospital, agora não irá à falência porque você será capaz de mantê-lo no seu plano de saúde. Sim, meus amigos republicanos, mesmo que tenham se oposto a essa lei da Saúde, temos a certeza que serão cobertos, também, na sua hora de necessidade.
Sei que vocês provavelmente acham que, se fossem dizimados por uma doença, ou desalojados de suas casas por causa de uma falência médica, de alguma forma vocês se levantariam por seus próprios esforços e sobreviveriam e, se fosse vivo, até John Wayne certamente transformaria isso em filme.
A realidade é que essas empresas de seguro-saúde só têm uma missão: tirar o máximo de dinheiro de vocês que puderem - e depois trabalharem como demônios para negar-lhes cobertura e auxílio se vocês ficarem doentes.
Então, quando vocês se descobrirem algum dia violentamente atacados por uma doença fatal, talvez agradeçam a esses Socialistas-rosa-choque, Democratas-que-amam-o-Canadá e independentes por aquilo que fizeram no domingo à noite.
Se servir de consolo, os ladrões que comandam as seguradoras de saúde ainda vão poder negar cobertura a adultos com doenças pré-existentes nos próximos quatro anos, o prazo de transição previsto na lei que ainda ficou.
Ainda estamos muito longe de uma assistência universal à saúde. Mais de 15 milhões de americanos ainda ficarão sem atendimento - e isso significa que cerca de 15.000 ainda perdem suas vidas todos os anos porque eles não serão capazes de pagar para ir ao médico ou fazer uma cirurgia.
Mas outros 30.000 vão viver e se vocês não se importarem, vamos continuar ocupados tentando melhorar esta lei até que todos os americanos estejam protegidos e as mesquinhas companhias de seguro-saúde sejam postas para fora – porque a ninguém deveria ser permitido fazer a pergunta:
Quanto dinheiro nós podemos ganhar fazendo esse pobre bastardo sofrer?
Lenha no MST... mas quando a grileiro é a Globo, Cutrale, Hotel Hyatt... ah, ai tudo bem!
“O Estado invadiu meu terreno”
por Joaquim Carvalho, no blog do Morumbi
Normalmente, a imprensa noticia a invasão de áreas por sem terra e sem teto e ao Estado cabe o papel de, cumprindo ordem judicial, retirar os invasores, o que no jargão jurídico se chama fazer “a reintegração de posse”. Mas e quando o invasor é o Estado? Quem vai retirá-lo? Esta é a situação denunciada à Justiça por Manoel Borges Ferreira, um senhor de 66 anos que mora em Guarulhos e tem a escritura de compra do terreno vizinho à TV Globo, na esquina da avenida Jornalista Roberto Marinho (antiga Águas Espraiadas) com a Chucri Zaidan. Além da escritura, o imóvel está registrado no cadastro de IPTU da prefeitura em seu nome. Apesar disso, desde que a Record denunciou que o terreno era ocupado irregularmente pela TV Globo, o Estado colocou lá uma placa para anunciar a construção de uma escola técnica e um contêiner, para servir de guarita para um guarda. Procurado pelo blog, Manoel deu a seguinte entrevista:
Blog – A quem pertence o terreno?
Manoel – É meu. Tenho escritura. A prefeitura cobra IPTU de mim e minha escritura está registrada no 15º Cartório de Registro de Imóveis. O Estado não tem documentação legal e invadiu a minha área. Antes era a Globo a invasora, agora é o Estado. Estou lutando contra gigantes.
Blog – Como o senhor comprou aquele terreno?
Manoel – Eu trabalho com regularização de documentação imobiliária. Este é o meu negócio. Em 1996, fui contrato para regularizar uma área na Chucri Zaidan. O dono era o Mário Bardelli. Ele havia comprado a área na década de 60, da família de Policarpo Correa, um português da Ilha da Madeira que adquiriu muitas terras onde hoje é o Brooklin. Mário estava sem dinheiro e eu fiz uma permuta com ele. Em troca, dei a ele terrenos meus em Bertioga, no Litoral, que são mais fáceis de vender. Foi tudo registrado, tudo legalizado.
Blog – E por que o senhor não ocupa o terreno?
Manoel – O DER – Departamento de Estradas de Rodagem – foi o primeiro a invadir meu terreno. A empresa é uma estatal e, há muitos anos, ela desapropriou a Telefunken e, de fato, tinha uma grande área ali. Não sei por que, esta área acabou fazendo parte de um terreno que foi vendido a um condomínio. O dono do terreno vendido a esse condomínio era o Pão de Açúcar. O condomínio que comprou o terreno era formado pelo Bank Boston, o Hotel Hyatt e a Rede Globo. Mais tarde, o condomínio foi desmembrado e cada um ficou com a sua parte. O terreno do DER era ali, mas a área foi vendida por outra pessoa. Houve uma sobreposição de áreas, e o DER acabou entrando no meu terreno, dizendo que era dele. Mas não era, nunca foi. Tenho a escritura para provar. O erro está em outro lugar. Mas, em vez de brigar com os grandes, o DER resolveu me prejudicar. Sou a parte mais fraca. Depois, o DER fez uma escritura de cessão de direito à Fazenda do Estado de São Paulo. Eles tentaram vender o terreno em leilão, mas eu entrei na Justiça e o comprador desistiu de ficar com a área. Ele fez o certo, porque o terreno é meu e o Estado não podia transferi-lo a particular. Aí a Globo ficou na área como se fosse dela, tinha até pista de cooper para seus funcionários. Para entrar no terreno, que é meu, eu já tive até que chamar a polícia.
Blog – E qual é a situação hoje?
Manoel – Eu entrei com uma ação anulatória da escritura de cessão de direitos do DER para a Secretaria da Fazenda do Estado. Esta ação está correndo. Esta semana, eu entrei com outra ação, uma proibitória. É para impedir que o Estado construa ali a escola técnica. Se quer fazer a escola, procure outro terreno. Não invada o meu.
Blog – E já houve alguma decisão?
Manoel – Estou levantando dinheiro para pagar as custas, que são muito altas. Devo pagar esta semana e então o juiz poderá aprecisar meu pedido de liminar.
Blog – Como o senhor vive?
Manoel – Tenho dificuldade. Estou com problemas cardíacos. É uma situação de extrema violência esta que eu vivo. Mas não vou desistir. Minha esperança é que aqueles que erraram sejam punidos e isso inclui o 13º Cartório de Registro de Notas, no Brooklin, que fez uma escritura fraudulenta. O DER não podia fazer uma escritura de cessão de direitos de uma área que não lhe pertence. O cartório aceitou. O terreno do DER é ocupado hoje pela Globo e o hotel Hayatt. Por que não vão brigar com eles?
comentário de Miriam no blog do Nassif
Nassif, olha só o imbróglio do terreno que a Globo “doou” para o Estado, que recebera por cessão do DER [Departamento de Estadual de Estradas de Rodagem], que invadiu a propriedade do Sr. Manoel Borges Ferreira, que luta na justiça e tenta impedir a construção da anunciada escola técnica de multimídia, áudio e vídeo.
Hoje (23.03.2010) foi dada uma liminar parcial ao Estado para conceder o interdito proibitório apenas na área comprovadamente pública:
Processo 053.10.006498-4
Classe Interdito Proibitório (Área: Cível)
Assunto Posse
Distribuição Livre – 04/03/2010 às 11:01
2ª Vara de Fazenda Pública – Foro Central – Fazenda Pública/Acidentes
Local Físico 23/03/2010 06:31 – Aguardando Publicação – IMPR. 100
Reqte Fazenda do Estado de São Paulo – FESP
Advogado JORGE GOMES DA CRUZ
Reqdo Manoel Borges Ferreira
23/03/2010 Concedida em Parte a Medida Liminar no Pedido Inicial
Vistos. 1.Trata-se de pedio liminar de interdito proibitório de área que a autora alega ser pública. 2. Em cognição sumária, estão presentes os requisitos legais para a concessão da medida na forma da fundamentação. Com efeito, o imóvel registrado sob a matrícula n. 109.599, de fato, foi adquirido pelo DER, doado à autora e depois cedido para uso de terceiro. Porém, o réu menciona que a área por ele defendida não está incluída pela matrícula (item 6 fl. 29). E, se de fato, não há descrição adequada de qual é a área pública, ainda que remanescente (fl. 32), caberia, em tese, ação discriminatória, pelo interessado, para se saber exatamente se se trata de área pública ou particular. Por tais fundamentos, DEFIRO parcialmente a liminar para conceder o interdito apenas na área comprovadamente pública, qual seja, aquela constante da matrícula n. 109.599 (fls. 19/23). 3. Cite-se e intime-se. Int.
A íntegra do despacho do Tribunal de Justiça de São Paulo está aqui
Para inundar este blog Botocudo com um pouco de luz
por Flávia Fernandes, em seu ótimo blog Um lugar de mato verde - Muito lindo isso que ela fala e faz.
Solidariedade, o alimento da Alma
Sempre gostei muito de ajudar as pessoas. Há um desejo intenso dentro de mim, de mudar o mundo. Embora eu saiba que uma andorinha não faz verão, prefiro viver como o beija-flor que faz a parte dele pra tentar apagar o fogo da floresta.
A vida toda procurei ajudar as pessoas e fazer com que a dor, embora inevitável, possa ser suavizada. Sempre fui assim, mas de uns anos pra cá, isso ficou mais forte, mais intenso.
Todas as vezes em que consigo fazer alguma coisa em benefício de alguém, sinto uma onda de paz e amor invadindo meu espírito e renovo minhas forças, na ânsia de ver mais um sorriso de quem estava em prantos, de ver renascendo as esperanças naqueles que já não tinham mais nenhuma e de saber que pude fazer a diferença na vida de alguém, ainda que muito pequena.
De cada gesto, tiro grandes ensinamentos. Difícil até explicar essas sensações, mas garanto que é como se eu tivesse me alimentado depois de um dia de muito trabalho e pouco tempo pra uma refeição decente ou de ter tido uma noite de sono tranqüila. Sinto meu corpo revigorado, meu coração em paz e meu espírito alimentado.
Semana passada eu estava um tanto chateada pela falta de trabalho. Quase nove meses desempregada e não vejo uma luz no fim do túnel. Estava me sentindo sem chão, completamente desnorteada e uma sensação de fraqueza que era até irreconhecível, diante da pessoa otimista e sempre pra frente que sou.
De repente recebo um email que tocou meu coração. A história do Sr. Geraldo de 78 anos, que está na luta contra o câncer há 3 e há alguns meses descobriu que está com metástase óssea. Cheio de amor, de esperanças e de alegria, costuma levar uma palavra de carinho às pessoas à sua volta. Ele faz questão de sorrir diante da dificuldade, pois é dessa forma que encontra forças pra lutar e ser um vencedor.
As palavras lindas que li me fizeram retornar pra realidade. Foi como um chacoalhão pra perceber que não tenho razão pra me sentir fraca, quando já precisei lutar por coisas mais difíceis e venci e que não é dessa forma que irei vencer, que tudo precisa de uma luta, pois esse é o grande aprendizado.
Quarta-feira passada, ainda vivenciando essa emoção, recebi a notícia de uma criança que está hospitalizada com sérios problemas de saúde e portadora de síndrome de rett. A Victória tem 11 anos, e a doença se desenvolveu quando ela completou 1 aninho de vida.
Mandei uma mensagem de apoio ao seu pai que me agradeceu e passou seu número de telefone pra que eu pudesse fazer contato e, na quinta-feira pela manhã liguei pra saber notícias da menina. Falei com sua mãe. Senti na voz dela uma força digna de uma mãe mesmo, mas senti também a necessidade de ir ter com ela, uma conversa, levar um sorriso, um abraço sincero e uma palavra de apoio.
À noite fiz a visita e ao chegar lá, encontro com uma mãe forte, determinada que luta pela filha e que vive em função dela. Emocionei-me ao conhecê-la. Mulher de fibra como todas as grandes mulheres!
Mas o melhor aconteceu com a pequena Victória. Aproximei-me da cama e comecei a conversar com ela. Falei o quanto é linda, cheia de luz e fiz carinho em seu rosto. Logo ela então ergueu o bracinho e quando peguei na mão dela, ela segurou a minha com força. Com a outra mão, eu acariciava seu rostinho, então soltou minha mão e a pôs em minha cabeça, me acariciando da mesma forma.
Não sei dizer o tamanho da emoção, mas sei que foi incrível. Enquanto meus olhos ameaçavam se encher de lágrima, ganhei o sorriso mais lindo do mundo, com uns olhinhos brilhando pra mim. De tanta alegria, sorri pra ela e disse que era um sorriso lindo e encantador que já havia visto. Mais alguns sorrisos nós trocamos e enquanto eu acariciava seu rostinho e pedia em silêncio que Deus a abençoasse, que a protegesse e à sua família, ela me observava como se estivesse ouvindo meus pensamentos e depois soltou uma risada tão gostosa e tão espontânea que não tive como não rir junto e agradecer a Deus por sempre me mostrar o caminho quando eu teimo em sair dele.
Foi uma experiência maravilhosa e que serviu pra eu ver que não tenho o direito de cair, mesmo quando penso que tudo vai mal. A Victória me deu uma grande lição.
Sei que foi Deus, por intermédio dos bons espíritos que me levaram até àquele quarto de hospital e àquela família até então desconhecida e também que foram eles os responsáveis por esse sorriso lindo, mas naquele instante, fui o instrumento desses irmãos invisíveis, que levou um pouco de paz e de esperança aos familiares; um sorriso, um abraço e uma palavra de conforto.
Cheguei em casa emocionada, com vontade de fazer mais, com o peito transbordando de tanto amor e com meu espírito alimentado.
Foi então que senti que meu caminho é esse e que serei sempre mais feliz quando for solidária aos mais necessitados. Agradeci a Deus por ter me dado tamanha oportunidade e Lhe pedi perdão por ser tão egoísta e cega quando a vida tem tanto a mostrar. Senti que a vida é urgente, que ela precisa ser vivida e que pra ser feliz, precisamos de tão pouco.
Pra fechar a noite, recebi uma homenagem muito linda de seu pai, mencionando o carinho e o agradecimento por meu gesto, em seu blog.
Eduardo, Cristina e Victória, eu quem agradeço essa oportunidade de ter conhecido pessoas tão maravilhosas e especiais!
Agradeço a Deus por me mostrar que nos caminhos encontramos obstáculos, mas que podem ser superados, principalmente quando podemos estender nossas mãos aos irmãos que precisam do nosso amor desprendido.
Que Deus abençoe essas famílias – do Sr. Geraldo e da Victória. Que Ele abençoe à todos os que necessitam de um auxílio e que abençoe também os irmãos que fazem alguma coisa em benefício do próximo.
E você, o que tem feito por seu próximo? Como se sente quando pode fazer algo?
- A história do Sr. Geraldo, contada por sua filha está aqui:
http://edu.guim.blog.uol.com.br/arch2010-03-14_2010-03-20.html#2010_03-18_23_52_09-3429108-0
terça-feira, 23 de março de 2010
Você Também Pode Dar um Presunto Legal
Filmado entre 1971 e 1973 e reeditado em 2006, o ótimo documentário “Você Também Pode Dar um Presunto Legal” só agora vem a público, mesmo assim sem nenhum alarde.
Não foi exibido na época em que foi feito pelo temor de causar constrangimentos e problemas aos atores que participaram de algumas cenas recriadas das situações descritas. Esse documentário, embora com limitações técnicas por terem os originais permanecido tanto tempo esquecidos, não envelheceu, nem é apenas história. Soa mais como o retrato do Brasil quando criança.
Algumas cenas de São Paulo do inicio da década de 1970 são verdadeiras pinturas de época.
Presunto era a gíria com a qual se chamavam os corpos encontrados em valas e matagais, vítimas de grupos de extermínio. A produção desses presuntos, pelo nascente Esquadrão da Morte, recebia certo tratamento benevolente de parte da mídia, como se essa limpeza social fosse autorizada como um mal necessário e daí para justificar qualquer tipo de limpeza de “ervas daninhas”, inclusive os opositores ao regime militar, os sempre propagados “subversivos comunistas”.
Parte 1
Parte 2
Parte 3 – Tem uma falha de audio no meio do video
Parte 4
segunda-feira, 22 de março de 2010
Os EUA na contramão de São Bento do Sul
Watch CBS News Videos Online
domingo, 21 de março de 2010
sábado, 20 de março de 2010
Matérias que a Veja não publica [1] - O prédio da Editora Abril
Vou começar aqui no blog uma série que meus amigos (reais & presenciais) de Stammtisch já conhecem de alguns anos, pois era uma rodada de emails que eu mandava para todos denunciando as coisas que os grupos midiáticos politico-golpistas (o hoje chamado PIG) não querem o que grande publico saiba. Depois abandonei essa prática pois alguns desses meus amigos, conservadores oligárquicos de cruz-na-testa, começaram a estrilar por causa daquelas mensagens. Aqui no blog lê quem quer, portanto vam’lá:
O prédio da Editora Abril - a sede estratégica da Veja
A blogosfera desvendou mais um mistério. Tudo começou no sítio “Os amigos do presidente Lula” que deu mais um show de jornalismo investigativo. Tornou público que a atual sede do Grupo Abril, num luxuoso edifício na zona sul da capital paulista, foi uma “dádiva” do (triste?) reinado tucano. O prédio, descobriu-se agora, pertence ao fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, Previ, e foi alugado para a família Civita em abril de 1997. Ninguém conhece os valores da locação e o império midiático evita fazer alarde sobre este negócio constrangedor.
“Limite da nossa irresponsabilidade”
O contrato foi fechado durante o governo FHC. Na época, a Previ estava sob influência direta de Ricardo Sérgio de Oliveira, diretor do Banco do Brasil e ex-tesoureiro de FHC e do candidato derrotado José Serra. A locação se deu no mesmo período do criminoso processo de privatização das teles, que a revista Veja defendeu fervorosamente. Numa escuta telefônica, Ricardo Sérgio revelou os seus temores ao então ministro das Comunicações, Luis Carlos Mendonça de Barros:
“Estamos no limite da nossa irresponsabilidade”, alertou, após informar sobre a fiança de R$ 874 milhões ao Banco Opportunity para a negociata Embratel-Telemar. O ministro de FHC não se intimidou e defendeu a ajuda ao banqueiro Daniel Dantas. “É isso aí, estamos juntos”. Aliviado, Ricardo concluiu: “Na hora que der merda, estamos juntos desde o início”. As maracutaias da privataria nunca foram denunciadas pela Veja, agora bem instalada no luxuoso prédio da Previ.
O silêncio cúmplice da mídia
Até onde foi o ‘limite da irresponsabilidade’ no contrato entre a Previ e o Grupo Abril, questiona o vigilante sítio. A família Civita nunca respondeu à questão, até porque seria difícil explicar os constantes ataques da Veja aos que “mamam nas tetas do Estado”. Os termos da locação da sede continuam em sigilo. Durante o plebiscito do desarmamento, em 2005, o jornal Estadão chegou a noticiar que o prédio pertenceria a Daniel Birmann, dono da Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC), o que explicaria a furiosa campanha da revista Veja contra a proibição das armas.
A matéria do Estadão, “Locador da Abril e voto da Veja”, foi rechaçada numa nota lacônica: “O Edifício Birmann 21, na Marginal de Pinheiros, que abriga a sede da Editora Abril, não pertence à família Birmann. O prédio foi locado da Previ – Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil – em 30 de abril de 1997”. Mas a família Civita nunca informou os termos do sinistro contrato, como valores e prazos. O assunto foi abafado e os donos da mídia preferiram o silêncio cúmplice.
Família Civita mantém o segredo
Sabe-se que o edifício, o 11º mais alto do país, é um dos mais luxuosos de São Paulo. É dotado de heliporto e conta com várias modernidades tecnológicas. Roberto Civita, o chefão da Abril e freqüentador das conspirações da Casa Millenium, até andou se gabando da aquisição. No local, o dono deste império midiático recebe, com “bons vinhos e um excelente chefe de cozinha”, seus amigos ilustres. FHC, Serra, Aécio Neves, Gilmar Mendes, entre outros, costumam freqüentar o local para trocar idéias sobre política – ou melhor, para conspirar contra a democracia.
Apesar da suntuosidade, o Grupo Abril mantém discrição sobre o edifício e sobre o contrato com a Previ. “A primeira edição da Veja com a redação nas novas instalações foi em 24 de dezembro de 1997. É estranho que a revista não tenha publicado nenhuma nota a respeito da mudança para a nova sede. A menos que o negócio seja obsceno e que precisasse ser mantido obscuro, qualquer revista se orgulharia de mudar-se para novas instalações e faria questão de comunicar ao leitor, ainda mais em se tratando de um majestoso edifício, um marco arquitetônico em São Paulo”
Adaptado de matéria compilada por Altamiro Borges, apresentada aqui, de levantamentos primários do blog Amigos do Presidente Lula, aqui e aqui