Meios de transporte (eficazes) são fundamentais para o funcionamento das cidades modernas. É quase que uma pré-condição para a prosperidade econômica e bem-estar dos seus habitantes. Isso se aplica a qualquer lugar do mundo.
Ao mesmo tempo, os benefícios econômicos e sociais da mobilidade (entende-se como a capacidade das pessoas se deslocar ao locais a que necessitam) são frequentemente acompanhados por efeitos secundários negativos, tais como: os congestionamentos, acidentes, poluição atmosférica, consumo ineficaz de energia e mesmo exclusão social, se o processo todo apresentar algum tipo de seletividade, o que não raro acontece.
Com o aumento da capacidade econômica da população brasileira, a tendência geral é as pessoas fazerem opção por deslocamentos individuais motorizados, dado pela facilidade contextual em se adquirir um veículo ou pela falta de transporte público de qualidade, o que contribui com o aumento do volume de tráfego, trazendo como conseqüência os congestionamentos que são cada vez mais frequentes e responsáveis pela perda de produtividade econômica e pela degradação ambiental, coisas que afetam a qualidade de vida de todos.
Além do mais, como conseqüência da crise econômica global em 2009, o governo brasileiro adotou como política de estímulo da economia a redução de impostos, principalmente sobre o automóvel, visando o aquecimento econômico, mas contribuindo com isso para o aumento de veículos circulando nas ruas, sobretudo nos estados mais pobres do país e com menor infraestrutura viária, agravando cada vez mais a condição de vida nas cidades. São Bento do Sul se encaixa nesse perfil.
A atual administração publica local também tem o seu quinhão no agravo do problema com os olhos voltados para a radicalização dessa tendência, e só pensa em construir avenidas, pontes, viadutos, infra-estrutura viária e negligencia completamente qualquer iniciativa de se avançar nas soluções coletivas de transporte. Na verdade existem zero iniciativas nessa direção. Nem se pensa nisso.
O grande desafio para as cidades em todo o mundo neste século é atender às necessidades de mobilidade de forma socialmente inclusiva, economicamente eficiente e ambientalmente sustentável. Aquele velho tripé tão batido, mas fundamental. Ao mesmo tempo, a oferta de infraestrutura de transporte adequados, eficientes e seguros em áreas urbanas.
Mas estas condições estão relacionadas a um conjunto complexo de fatores financeiros, institucionais, ambientais e políticos. Muitas vezes não são obstáculos financeiros ou de natureza técnica que impedem uma boa política de mobilidade, mas os de ordem política e institucionais . É isso que vemos aqui e constitui-se num fator fundamental que impedem o progresso da mobilidade sustentável na nossa cidade de São Bento.
O automóvel não é o vilão das cidades, mas sim a forma como o utilizamos. Urge mudar nossa percepção sobre essa questão. Soluções de transportes coletivos devem ser desenvolvidas num ritmo igual ou maior do que soluções de infra-estrutura pensando apenas no deslocamento individual.
É simplesmente pavoroso como sucessivos governos, em todos os níveis, negam-se a fazer a coisa certa: transporte ferroviário de passageiros. Imagine você que a única forma coletiva do sujeito deslocar-se entre São Francisco, Joinville, Jaraguá, São Bento, é de ônibus intermunicipal, que é caro e escasso. Transporte público pensando para o tempo da carroça, onde as pessoas trabalhavam a 5km de casa no máximo, e trabalhar no outro lado da cidade era motivo para pensar em mudar de residência...
ResponderExcluirA última bobagem é o tal do trem-bala entre SP, RJ e BH, lugares e distâncias bem servidas por ponte aérea. Obra eleitoreira, com custo de capital estratosférico (porque o relevo entre os 3 pontos é horrível para fazer ferrovia).
Quando o problema é o transporte intermunicipal, é a condição de você poder morar numa cidade e trabalhar a 50, 80km, porque hoje em dia isso é normal.