A Lei nº 12.305/2010 que culmina no processo de formulação de uma política nacional específica, estabelece diretrizes que vão mudar radicalmente o padrão de gestão e destinação de resíduos sólidos no país.
O padrão de gestão dos resíduos sólidos do futuro será bem diferente da que conhecemos hoje. Não se limitará às práticas atuais – aterros, reciclagem de alguns produtos, nem aos processos limitados aplicados no momento atual. Na formação dessa indústria, um grande número de alternativas tecnológicas e de novos modelos de negócios vão começar a ser testadas no sentido de cobrir todos os aspectos da problemática.
Como será o amanhã? Que papel que São Bento do Sul poderá ter nessa indústria? Como estamos nos preparando para isso em nossas estratégias regionais? Que esforços tecnológicos nossas empresas e nossos representantes políticos estão empreendendo? Quase nenhum!... infelizmente, mas isso tem que mudar. E rapidamente.
Que políticas de ciência, tecnologia e inovação poderiam ser colocadas em prática a nível regional? Deveriam incluir a iniciativa privada e ser voltadas para o futuro da indústria e a criação de vantagens competitivas nas novas bases que estão sendo desenvolvidas.
A visão neo-schumpeteriana da inovação sugere que para responder a um problema social e/ou para explorar uma oportunidade de negócios, os inovadores agem no âmbito de um ambiente de seleção. O ambiente de seleção corresponde ao conjunto de fatores econômicos, sociais e institucionais que atuam como mecanismos de seleção para as novas tecnologias.
Os fatores que têm motivado alguns pensamentos inovadores nessa área para explorar novas alternativas e oferecerem algumas respostas e, se as inovações forem bem sucedidas, colherem os prêmios, se tornaram nos últimos anos cada vez mais complexos. Por isso, o setor está em efervescência em busca das melhores respostas ao ambiente de seleção para se inserir no mundo futuro de baixo carbono.
Vamos aos pontos que marcam esse ambiente de seleção:
- Os métodos atuais de disposição de resíduos gerados pela sociedade urbanizada não atendem mais às necessidades futuras de sustentabilidade, baixa geração de carbono e racionalidade no uso dos recursos hídricos;
- A percepção entre os limites de ação dos diversos atores e dos próprios potenciais da gestão (publica e/ou privada), a inclusão social via economia solidária, são pontos ainda não está claros para a maioria dos envolvidos;
- Surgem novas alternativas tecnológicas para a resolução dos problemas de resíduos sólidos no Brasil, mas a maioria são só redesenhos de soluções testadas anteriormente que por diversos motivos não obtiveram sucesso, que restaram abandonados, quase sempre por problemas de gestão ou econômicos, de mercado mesmo;
- Os mecanismos de reciclagem e reuso encontram dificuldades de sobrevivência pelo baixo fator de agregação que conseguem na competição de mercado. Problemas de qualidade, disponibilidade, tributação e preços que comprometem a viabilidade econômica da atividade são comuns;
- Parece ser consenso generalizado de que opções envolvendo incineração deve necessariamente evoluir para a cogeração de energia, mas as diversas opções para se implementar isso ainda carecem de soluções válidas e a própria viabilização econômica disso também ainda é um obstáculo;
- Aparecem agora também atores externos: centros de pesquisa, universidades e empresas de paises industrializados a tentar vender suas soluções, mór das vezes tecnologias absurdamente caras mas acompanhadas de opções de financiamentos tentadoras. Essas opções deixam de levar em consideração muitos fatores das características locais, o que podem comprometer seus resultados futuros grandemente;
A busca das soluções ideais está em aberto e evoluindo rapidamente. Os requisitos envolvendo as diversas opções tecnológicas (e sociais) incluem fatores múltiplos e não facilmente conciliáveis: disponibilidade, preço, qualidade em relação ao processo de conversão, sem esquecer a sustentabilidade ambiental e os ganhos sociais que se espera.
A análise das inovações de processos para tratamento de resíduos evoluindo para geração de energia mostra em primeiro lugar uma amplitude de técnicas em desenvolvimento, utilizando diversas bases de conhecimento (fermentação, processos enzimáticos, gaseificação, pirólise, tecnologia de plasma e ainda catálise e reações químicas e até engenharia genética), que traduzem o desafio de forma muito mais ampla.
Ampliando o grau de variedade e multiplicidade das alternativas em jogo, mesmo tecnologias de conversão de mesma natureza e utilizando a mesma base de conhecimento estão sendo desenvolvidas segundo linhas variadas. O exame mais minucioso das diversas tecnologias de conversão em desenvolvimento traria por certo a percepção de que a competição pelas soluções a serem adotadas se dá não só entre as tecnologias gerais mas também dentro de cada uma delas.
E as inovações de produtos? A princípio, deveriam ser pouco numerosas ou quase inexistentes, mas não!... aqui reside a chave do sucesso de qualquer alternativa que se possa adotar. Projetos inovadores vitoriosos serão só aqueles que se interessarem seriamente pela inovações de produto e o que pode se agregar dai.
Eu apostaria que daqui uns 50 anos os lixões de hoje transformar-se-ão em minas.
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