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sexta-feira, 25 de junho de 2010

Uma vitória temporária


Bayer retira arroz modificado da pauta da CTNBio
24 de junho de 2010 - 09:55h
Autor: Valor Econômico

A Bayer CropScience comunicou ontem a retirada temporária de seu arroz geneticamente modificado "LibertyLink" da pauta de discussões da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), em Brasília. Em nota, a multinacional alemã informou que pretende "ampliar o diálogo" com o setor produtivo.

A decisão é uma resposta à polêmica criada com a possibilidade de aprovação do primeiro arroz transgênico no Brasil, que desde o mês passado tem levantado críticas de especialistas sobre a segurança alimentar da nova variedade e dúvidas entre produtores sobre a aceitação do cereal no mercado internacional.

Joga luz também sobre a dificuldade que produtos transgênicos direcionados ao consumo humano enfrentam. Em 2004, a americana Monsanto abandonou as pesquisas com trigo após consultas com compradores no mercado internacional revelarem que eles não tinham intenção de comprar o alimento transgênico.

Segundo a assessoria de imprensa da empresa, "a Bayer CropSciente está empenhada não apenas em obter o apoio de parceiros no processo de aprovação, incluindo os produtores, mas em obter a aceitação ampla do mercado antes de comercializar o LibertyLink". A tecnologia dá resistência ao herbicida glufosinato de amônio, que controla pragas daninhas nas plantações.

"É um direito deles, paciência", disse Edilson Paiva, presidente da CTNBio. "Eles alegaram que precisam de tempo para informar melhor seus possíveis clientes". De acordo com Paiva, o processo do arroz transgênico da empresa, apresentado em 2003, caminhava para a aprovação.

Para o Greenpeace, foi uma boa notícia. "A Bayer fez estudos toxicológicos em frangos, que não digerem arroz. Eram estudos que não falavam muito", afirma Iran Magno, coordenador da campanha de transgênicos no país.

A variedade recebeu sinal verde nos EUA, mas a contaminação de uma carga para a Europa de grão convencional pelo transgênico levou à proibição de embarques do produto americano, provocando prejuízos vultosos ao país. Recentemente, a China emitiu um certificado de biossegurança de uma variedade desenvolvida no país, e espera-se que a comercialização do produto comece em até três anos.

No Brasil, a tecnologia suscitou temores até mesmo dentro da Embrapa, com o alerta de um pesquisador para o dano potencial de contaminação de espécies convencionais e selvagens.

Produtores do Rio Grande do Sul também manifestaram desinteresse pela variedade, temendo fechar janelas no exterior. Tradicionalmente, os arrozeiros brasileiros voltam-se aos mercado internacional para sustentar os preços internos. Essa possibilidade poderia ser anulada já que a Europa é arredia a transgênicos. Em 2009, o Brasil exportou 1 milhão de toneladas do cereal.

2 comentários:

  1. Com todo o respeito que um leigo deve ter por alguém que conhece o assunto, eu tenho a forte impressão que essa histeria contra transgênicos é coisa de ludita, é como os quebra-quebras que os resistentes à vacinação promoviam no século retrasado.

    É fácil ser contra as novas tecnologias, explora o medo que todo mundo tem do desconhecido. É uma causa automaticamente popular. É como chavões do tipo "as empresas só pensam no lucro" (como se alguém no seu domínio pessoal fosse aceitar pagar pra trabalhar).

    Mas na prática, todo mundo, e mais ainda quem fala esse tipo de coisa da boca pra fora, quer comida abundante e barata.

    E obviamente as companhias que produzem esse tipo de ser vivo transgênico conhecem a fragilidade dos argumentos neo-luditas, e assim acabam conseguindo vender seu peixe... No fundo os neo-luditas e os inovadores irresponsáveis são duas faces da mesma moeda.

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  2. Elvis

    Estabelecer um comparativo entre o movimento luddista e o problema dos OGMs é valido, mas um pouco simples em sua essência. O que está em jogo agora é a segurança alimentar da população e o controle dos meios de produção de alimentos. Isso avança muito sobre a simples aversão ao moderno e dos métodos de fabricação de coisas, que foi o luddismo.

    Já tratamos aqui no blog sobre alguns aspectos da dependência dos agricultores aos grandes dominadores de tecnologias genéticas (Monsantos, Bayers e assemelhados) e seus produtos agregados (Roudup’s da vida) e no que vai dar isso.

    http://hhenkels.blogspot.com/2010/05/produtores-de-soja-ficha-caiu.html

    A maior sacanagem foi essas empresas terem desenvolvido semente “Terminator” que produzem plantas ñ tem capacidade de gerar novas sementes, colocando assim os agricultores como seus eternos reféns.

    Qto ao cidadão comum, que se obriga (mesmo que ñ queira) consumir essa classe de alimentos cuméquefica?... eu por exemplo ñ quero consumir alimentos que contenham OGMs, mas ñ tenho condições de saber se o que estou comprando os contem, pois apesar de existir uma lei obrigando os fabricantes de produtos alimentícios informar isso nas embalagens, ninguém cumpre isso. Isso é porque esses FDPs sabem que as vendas desses produtos ficarão grandemente prejudicadas.

    Outro aspecto é a contaminação genética de espécies “crioulas” (nativas e fruto de seleção genética natural no correr dos milênios).

    Pelo menos essa tecnologia de engenharia genética já está sendo eclipsada pela nanotecnologia, isso vai deslocar o eixo das coisa ou pouco para outra direção. Na verdade as grandes produtoras de engenharia genética já sabem disso mas nada falam. Estão querendo espremer o suco dessa laranja até a ultima gota.

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