Ensaio de Miguel do Rosário, no Óleo do diabo
O dossiê fantasma ainda é notícia nesta segunda-feira, para delírio dos críticos pósmodernos. Imagino-me numa exposição inteiramente nua. Sem nada nas paredes, nada no chão, nada no teto. Zanzo um pouco por ali, depois me dirijo à saída e pego um folheto, onde se lê:
Essa exposição se propõe a criticar o vazio da existência. Não há nada exposto, de forma a excitar a imaginação do espectador.
Como de praxe, porém, o patrocínio para a exposição é alto. E a polêmica, aguda. A imprensa está sem assunto. Além disso, serve para manter uma agenda negativa pesando sobre Dilma, em vez de dar espaço a análises autenticamente eleitorais ou políticas.
Essa notícia sobre o afastamento de Pimentel é outra misteriosa instalação artística. Não sabemos se é apenas o extintor de incêndio, ou uma importante obra prima. A teoria mais plausível é que Pimentel será candidato ao Senado mineiro (ou ao governo estadual) e seu afastamento da campanha de Dilma acontecerá naturalmente, em virtude da intensificação de sua agenda.
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O Noblat nos brinda hoje com uma coluna do tipo "mondo cane", cheio de alusões sinistras à dossiês novos e antigos. Como de costume, todavia, traz apenas fofocas, sem provas, sem fontes, sem fatos novos. Baixaria pura.
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De qualquer forma, a roda está girando e Lanzetta não parece satisfeito na condição de caça. A situação começa a se esclarecer, mas o objeto que emerge da escuridão é tão negro e viscoso que não se consegue distinguir o que seja. Ou antes, custa acreditar. Serra tentou mais um de seus golpezinhos sujos. O tal Onézimo Souza é homem dele, de Serra. Trabalhou ele na época em que Serra era ministro da Saúde do governo Fernando Henrique Cardoso, e havia montado um grupinho de espionagem dentro do ministério.
É incrível como a imprensa blinda Serra. Ninguém lembra o assunto. Alguns colunistas, como Jânio de Freitas, fazem alusões, mas não sai nada em matérias. Se fosse alguém de Lula, os jornais viriam cheios de infográficos coloridos, com fotinhas de todo mundo, setas ligando uns aos outros. Também é impressionante a falta de curiosidade quanto às denúncias apuradas pelo premiadíssimo repórter Amaury Ribeiro.
Tentou-se uma armação. Queriam que Lanzetta ou algum petista aceitassem os serviços de Onézimo, que pediria para pagarem seus honorários em dinheiro vivo em tal dia e hora. Quando fossem fazê-lo, surgiriam policiais e jornalistas de todos os lados. A história ocuparia o noticiário por meses a fio, comprometendo seriamente a imagem e a candidatura de Dilma Rousseff.
Se estão fazendo esse escândalo todo com um dossiê não existente e com um araponga não contratado, imaginem o que não fariam se Lanzetta se dispusesse a pagar para ver?
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