quarta-feira, 30 de junho de 2010
Mostrem onde está!
BP no Golfo... no Golfo Persa - de como envenenou a democracia no Irã
COMO A BP VENDE SUA IMAGEM POR AI
Por: Stephen Kinzer, texto completo (em inglês) aqui, no Tom Dispatch
Americanos frustrados que começaram agora a boicotar a British Petroleum: Bem-vindos ao clube. É ótimo deixar de ser boicotador solitário!
O boicote tem realmente alguma serventia? Provavelmente, não. Afinal, muitos dos postos de gasolina da BP são propriedade de terceiros, não da própria corporação. Além do que, ao abastecer o carro num posto da Shell ou da ExxonMobil, ninguém, de fato, experimenta alguma sensação moral de triunfo. Mesmo assim, faço questão de jamais abastecer em postos da BP, e, isso, desde muito antes do vazamento no Golfo do México.
Minha decisão de não entregar meu dinheiro àquela empresa foi tomada quando eu soube do papel que tivera em outro tipo de ‘envenenamento’, de tipo completamente diferente – a destruição da democracia iraniana, há mais de meio século.
A história da empresa que hoje conhecemos como British Petroleum acompanha, ao longo dos últimos cem anos, o arco do capitalismo transnacional. Começa nos primeiros anos do século 20, quando um aventureiro rico e bon vivant chamado William Knox D’Arcy decidiu, encorajado pelo governo britânico, começar a procurar petróleo no Irã. Conseguiu um acordo de concessão, dado a ele pela dissoluta monarquia iraniana, usando o sempre eficaz expediente de subornar os três funcionários iranianos com os quais negociava.
Sob a garantia desse contrato, que ele mesmo redigiu, D’Arcy tornar-se-ia proprietário de todo o petróleo que encontrasse no Irã, mediante pagamento ao governo de apenas 16% dos lucros – e sem jamais permitir que os iranianos examinassem sua contabilidade. Depois do primeiro poço do qual o petróleo jorrou, em 1908, tornou-se único proprietário do oceano de petróleo sob o qual navega o território iraniano. Ninguém mais podia pesquisar, perfurar, refinar, extrair ou vender o petróleo “iraniano”.
“Quis a fortuna premiar-nos com riquezas além de nossa mais feérica imaginação”, escreveu Winston Churchill, que mais tarde seria o First Lord do Almirantado em 1911. “O controle, premiando a audácia.”
Pouco depois, o governo britânico comprou a concessão de D’Arcy, criando uma empresa chamada Anglo-Persian Oil Company. Essa empresa construiu a maior refinaria do mundo no porto de Abadan no Golfo Persa. Entre os anos 1920s e 1940s, o alto padrão de vida dos britânicos foi sustentado pelo petróleo do Irã. Carros, caminhões e ônibus eram abastecidos por petróleo (iraniano) barato. Fábricas em toda a Grã-Bretanha eram movidas a petróleo (iraniano). A Marinha Britânica, que levou o poder britânico a todos os cantos do mundo, abastecia seus navios com petróleo iraniano.
Depois da II Guerra Mundial, os ventos do nacionalismo e do anticolonialismo sopraram por todo o mundo em desenvolvimento. Arrastado por essas paixões, o Parlamento iraniano, dia 28/4/1951, elegeu, para o posto de primeiro-ministro, seu mais apaixonado campeão e empenhado defensor da nacionalização do petróleo, Mohammad Mossadegh. Dias depois, em sessão histórica, o mesmo Parlamento aprovou, por unanimidade, a lei que nacionalizou a Anglo-Persian Oil Company. Mossadegh prometeu que, daquele dia em diante, os lucros auferidos do petróleo seriam usados para desenvolver o Irã, não para enriquecer a Grã-Bretanha.
Aquela empresa de petróleo era a mais lucrativa empresa britânica do planeta. Para os britânicos, a nacionalização soou, no primeiro momento, como uma espécie de gigantesca piada, tão absurdamente contrária às regras não escritas que regiam o universo, que, simplesmente, não podia ser verdade. No primeiro momento, os diretores da Anglo-Iranian Oil Company e seus parceiros no governo britânico decidiram a estratégia: nenhum mediador, nenhuma concessão, não aceitar a nacionalização, como se não tivesse acontecido.
Os britânicos tomaram várias medidas com vistas a obrigar Mossadegh a desviar-se de sua trilha nacionalista. Retiraram todos os técnicos da refinaria de Abadan, bloquearam o porto, cortaram todas as exportações para o Irã, de artigos essenciais à sobrevivência e tentaram arrancar resoluções anti-Irã na ONU e no Tribunal Internacional. A violência da campanha só conseguiu intensificar a determinação da resistência iraniana. Por fim, os britânicos recorreram diretamente a Washington e pediram um favor: que os norte-americanos derrubassem o governo daquele maluco, para que os britânicos pudessem recuperar sua empresa de petróleo.
O presidente Dwight D. Eisenhower dos EUA, encorajado pelo secretário de Estado John Foster Dulles, representante vitalício do poder das corporações transnacionais, acolheu o pedido dos britânicos e mandou a CIA ao Irã, para depor Mossadegh. A operação durou menos de um mês, no verão de 1953. Foi a primeira vez que a CIA derrubou governo eleito, no mundo.
À primeira vista, pareceu ter sido operação excepcionalmente bem-sucedida: o Ocidente depusera líder político que não lhe interessava manter, e o substituíra por um perfeito governo fantoche – Mohammad Reza Shah Pahlavi. A empresa inglesa de petróleo voltou a reinar soberana.
Considerada porém de uma perspectiva histórica, é visível, hoje, que a Operação Ajax, como foi chamada, teve efeitos devastadores. Derrubou o governo de Mossadegh, sentou o Xá no “Trono do Pavão” e, também, matou a democracia que começava a brotar, no Irã. Depois, foram os desmandos do Xá e a repressão brutal a qualquer oposição, que levaram à eclosão, no final dos anos 1970s, da revolução que entronizou no poder o Aiatolá Khomeini – e seu regime amargamente anti-ocidente que lá está, até hoje.
A empresa de petróleo foi rebatizada “British Petroleum”, depois “BP Amoco” e afinal, em 2000, “BP”. Durante décadas, no Irã, tem operado como bem entende, praticamente sem qualquer atenção às condições da população local. Essa é a única tradição corporativa da BP que jamais foi alterada, ou fraquejou.
Hoje, os estadunidenses supreendem-se com as imagens assustadoras do petróleo que não para de vazar do poço Horizonte de Águas Profundas, nas águas do Golfo do México. Os que conhecem a ação da mesma empresa no Irã e conhecem a história iraniana surpreenderam-se menos.
Tradução: Caia Fittipaldi
segunda-feira, 28 de junho de 2010
Situação delicada PMDB catarineta
O PIG é muito perspicaz – campanha contra o Mercosul
Não foi gratuitamente que Serra afirmou que o "Mercosul é uma farsa". A direita brasileira, que é a mais burra do planeta, prega continuamente contra a política comercial de aproximação com nossos vizinhos. Qualquer mísero probleminha comercial, que são inevitáveis, e que tendem inclusive a crescer quando se amplia o fluxo de comercio, é tratado como uma hecatombe geopolítica que mereceria, no mínimo, o rompimento das relações diplomáticas e quiçá uma declaração de guerra.
Não estou exagerando, é por aí mesmo. Há poucos meses o Estadão iniciou a enésima campanha contra o Mercosul porque a Argentina teria imposto uma nova barreira contra alimentos brasileiros que tem concorrentes no país. Pois é, o jornal voltou à carga. Em editorial desta segunda-feira, ataca o Mercosul novamente; somos informados, agora, que aquela barreira não passou de "instrução informal" aos empresários argentinos para que não importassem produtos alimentícios do Brasil que já fossem produzidos o país.
EUA (1) e Europa (2) impõem severas, rigorosíssimas, barreiras, comerciais ou não, a qualquer produto brasileiro que tenha similar em seus países, e nunca veremos nossa mídia pregando retaliação comercial ou uma política externa mais agressiva para com esses países. Enquanto isso, a Argentina, principal compradora de nossos manufaturados, é tratada com a soberba de um aristocrata que, por viver apenas de renda, despreza o mundinho burguês onde se ganha dinheiro exportando autopeças e maquinários.
Pescado e adaptado do Óleo do Diabo
NOTAS BOTOCUDAS
(1) exemplos - restrições impostas há décadas pelo governo americano às importações de aço do Brasil. Atualmente estão sendo impostas restrições à importação de carne bovina brasileira.
(2) exemplos - interdição total de importação de mel de abelha do Brasil. Os países europeus alegam motivos sanitários mas na verdade é para proteger os produtores locais que inclusive são subsidiados por muitos governos... nem vamos falar de subsídios agricolas.
domingo, 27 de junho de 2010
Construção de um Boeing 737...
sábado, 26 de junho de 2010
Jabulaaaaaani!
A novela "Ache um Vice para Serra" está nos últimos capítulos
Também algumas bem colocadas posições de um dos mais visionários homens publicos de bem (bens?) dessa nossa aldeia Tupinambá, Bob Jeff, o motociclista: O DEM é uma merda!
Atualização 27/06 - 9:32 hs
Escrevi esse post de madrugada, antes de ver a reação dos aliados principais (PIG) de Don Zé Serra, o Calvo, e confirma o que havia vislumbrado: que o Almirante do Tietê conseguiu desagradar e desagregar todos, das suas próprias hostes.
Já de manhã, depois de uma noite de sono dos justos, me deparei com uma analise muito clara do Miguel do Rosário, à qual pouco se pode acrescentar, que pode ser vista aqui, já considerando as chamadas dos clarins do PIG.
Ah!... o blog do Gostosão das Araucárias voltou esta manhã. Verifiquem a qualidade e a fineza dos comentários.
Do Blog do Professor Hariovaldo:
Habemus Vicis! Habemus Vicis!
E que vice! Que pele, que unhas, que tom de cabelo, que intelecto.
D. Chirico, demonstrou infinita sabedoria e habilidade política. Nosso Ungido é um gênio político somente comparável a Maquiavel. Com este lance espetacular apaziguará todas as divisões internas e agregará imenso apoio político e popular. Já ganhou!
Grande alegria no Rio de Janeiro
Multidões saem às ruas, o trânsito totalmente engarrafado. Toneladas de papel picado pelas janelas. Blocos, escolas de samba, pagodes, todos desfilam eufóricos. Um só grito parte de milhões de gargantas emocionadas: ÁLVARO DIAS !!!!!!!
sexta-feira, 25 de junho de 2010
Uma vitória temporária
Bayer retira arroz modificado da pauta da CTNBio
24 de junho de 2010 - 09:55h
Autor: Valor Econômico
A Bayer CropScience comunicou ontem a retirada temporária de seu arroz geneticamente modificado "LibertyLink" da pauta de discussões da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), em Brasília. Em nota, a multinacional alemã informou que pretende "ampliar o diálogo" com o setor produtivo.
A decisão é uma resposta à polêmica criada com a possibilidade de aprovação do primeiro arroz transgênico no Brasil, que desde o mês passado tem levantado críticas de especialistas sobre a segurança alimentar da nova variedade e dúvidas entre produtores sobre a aceitação do cereal no mercado internacional.
Joga luz também sobre a dificuldade que produtos transgênicos direcionados ao consumo humano enfrentam. Em 2004, a americana Monsanto abandonou as pesquisas com trigo após consultas com compradores no mercado internacional revelarem que eles não tinham intenção de comprar o alimento transgênico.
Segundo a assessoria de imprensa da empresa, "a Bayer CropSciente está empenhada não apenas em obter o apoio de parceiros no processo de aprovação, incluindo os produtores, mas em obter a aceitação ampla do mercado antes de comercializar o LibertyLink". A tecnologia dá resistência ao herbicida glufosinato de amônio, que controla pragas daninhas nas plantações.
"É um direito deles, paciência", disse Edilson Paiva, presidente da CTNBio. "Eles alegaram que precisam de tempo para informar melhor seus possíveis clientes". De acordo com Paiva, o processo do arroz transgênico da empresa, apresentado em 2003, caminhava para a aprovação.
Para o Greenpeace, foi uma boa notícia. "A Bayer fez estudos toxicológicos em frangos, que não digerem arroz. Eram estudos que não falavam muito", afirma Iran Magno, coordenador da campanha de transgênicos no país.
A variedade recebeu sinal verde nos EUA, mas a contaminação de uma carga para a Europa de grão convencional pelo transgênico levou à proibição de embarques do produto americano, provocando prejuízos vultosos ao país. Recentemente, a China emitiu um certificado de biossegurança de uma variedade desenvolvida no país, e espera-se que a comercialização do produto comece em até três anos.
No Brasil, a tecnologia suscitou temores até mesmo dentro da Embrapa, com o alerta de um pesquisador para o dano potencial de contaminação de espécies convencionais e selvagens.
Produtores do Rio Grande do Sul também manifestaram desinteresse pela variedade, temendo fechar janelas no exterior. Tradicionalmente, os arrozeiros brasileiros voltam-se aos mercado internacional para sustentar os preços internos. Essa possibilidade poderia ser anulada já que a Europa é arredia a transgênicos. Em 2009, o Brasil exportou 1 milhão de toneladas do cereal.
Francisco Alves - O Rei do Rádio
FRANCISCO ALVES - CARNAVAL DA MINHA VIDA. | ||
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FRANCISCO ALVES - MALANDRINHA. | ||
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FRANCISCO ALVES - MEU SONHO MORREU. | ||
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quinta-feira, 24 de junho de 2010
Do Código Florestal para o Código da Biodiversidade - Texto analítico 2
Em face do gigantismo do território e da situação real em que se encontram os seus macro biomas – Amazônia Brasileira, Brasil Tropical Atlântico, Cerrados do Brasil Central, Planalto das Araucárias, e Pradarias Mistas do Brasil Subtropical – e de seus numerosos mini-biomas, faixas de transição e relictos de ecossistemas, qualquer tentativa de mudança no “Código Florestal” tem que ser conduzido por pessoas competentes e bioeticamente sensíveis. Pressionar por uma liberação ampla dos processos de desmatamento significa desconhecer a progressividade de cenários bióticos, a diferentes espaços de tempo futuro. O que está a acontecer é que se está favorecendo, de modo simplório e ignorante, os desejos patrimoniais de classes sociais que só pensam em seus interesses pessoais, no contexto de um país dotado de grandes desigualdades sociais. Cidadãos de classe social privilegiada, que nada entendem de previsão de impactos, não tem qualquer ética com a natureza. Não buscam encontrar modelos tecnico-cientificos adequados para a recuperação de áreas degradadas, seja na Amazônia, , seja no Brasil Tropical Atlântico, ou alhures. Pessoas para as quais exigir a adoção de atividades agrárias “ecologicamente auto-sustentadas” é uma mania de cientistas irrealistas.
Por muitas razões, se houvesse um movimento para aprimorar o atual Código Florestal, teria que envolver o sentido mais amplo de um Código de Biodiversidades, levando em conta o complexo mosaico vegetacional de nosso território. Remetemos essa idéia para Brasília, e recebemos em resposta que essa era “uma idéia boa mas complexa e inoportuna (...)”. Entrementes, agora outras personalidades trabalham por mudanças estapafúrdias e arrasadoras no chamado Código Florestal. Razão pela qual ousamos criticar aqueles que insistem em argumentos genéricos e perigosos para o futuro do país. Sendo necessário, mais do que nunca, evitar que gente de outras terras, sobretudo de países hegemônicos venham a dizer que fica comprovado que o Brasil não tem competência para dirigir a Amazônia (...). Ou seja, os revisores do atual Código Florestal não teriam competência para dirigir o seu todo territorial do Brasil. Que tristeza, gente minha.
O primeiro grande erro dos que no momento lideram a revisão do Código Florestal brasileiro – a favor de classes sociais privilegiadas – diz respeito à chamada estadualização dos fatos ecológicos de seu território especifico. Sem lembrar que as delicadíssimas questões referentes à progressividade do desmatamento exigem ações conjuntas dos órgãos federais específicos, em conjunto com órgãos estaduais similares, uma Policia Federal rural, e o Exercito Brasileiro. Tudo conectado ainda com autoridades municipais, que tem muito a aprender com um Código novo que envolve todos os macro-biomas do pais, e os mini-biomas que os pontilham, com especial atenção para as faixas litorâneas, faixas de contato entre as áreas nucleares de cada domínio morfoclimatico e fitogeográfico do território. Para pessoas inteligentes, capazes de prever impactos, a diferentes tempos do futuro, fica claro que ao invés da “estadualização”, é absolutamente necessário focar para o zoneamento físico e ecológico de todos os domínios de natureza dos pais. A saber, as duas principais faixas de Florestas Tropicais Brasileiras: a zonal amazônica e a azonal das matas atlânticas o domínio dos cerrados, cerradões e campestres: a complexa região semi-árida dos sertões nordestinos: os planaltos de araucárias e as pradarias mistas do Rio Grande do Sul, alem de nosso litoral e o Pantanal Mato-grossense.
Seria preciso lembrar ao honrado relator Aldo Rabelo, que a meu ver é bastante neófito em matéria de questões ecológicas, espaciais e em futurologia – que atualmente na Amazônia Brasileira predomina um verdadeiro exercito paralelo de fazendeiros que em sua área de atuação tem mais força do que governadores e prefeitos. O que se viu em Marabá, com a passagem das tropas de fazendeiros, passando pela Avenida da Transamazônica, deveria ser conhecido pelos congressistas de Brasília, e diferentes membros do executivo. De cada uma das fazendas regionais passava um grupo de cinqüenta a sessenta camaradas, tendo a frente em cavalos nobres, o dono da fazenda e sua esposa, e os filhos em cavalos lindos. E,os grupos iam passando separados entre si, por alguns minutos. E , alguém a pé, como se fosse um comandante, controlava a passagem da cavalgada dos fazendeiros. Ninguém da boa e importante cidade de Marabá saiu para observar a coluna amedrontadora dos fazendeiros. Somente dois bicicletistas meninos, deixaram as bicicletas na beira da calçada olhando silentes a passagem das tropas. Nenhum jornal do Pará, ou alhures, noticiou a ocorrência amedrontadora. Alguns de nós não pudemos atravessar a ponte para participar de um evento cultural.
Será certamente, apoiados por fatos como esse, que alguns proprietários de terras amazônicas deram sua mensagem, nos termos de que “a propriedade é minha e eu faço com ela o que eu quiser, como quiser e quando quiser”. Mas ninguém esclarece como conquistaram seus imensos espaços inicialmente florestados. Sendo que, alguns outros, vivendo em diferentes áreas do cetro-sul brasileiro, quando perguntados sobre como enriqueceram tanto, esclarecem que foi com os “seus negócios na Amazônia” (...). Ou sejam, através de loteamentos ilegais, venda de glebas para incautos em locais de difícil acesso, os quais ao fim de um certo tempo, são libertados para madeireiros contumazes. E, o fato mais infeliz é que ninguém procura novos conhecimentos para re-utilizar ter ras degradadas. Ou exigir dos governantes tecnologias adequadas para revitalizar os solos que perderam nutrientes e argilas, tornando-se dominadas por areias finas (siltizaçao).
Entre os muitos aspectos caóticos, derivados de alguns argumentos dos revisores do Código, destaca-se a frase que diz que se deve proteger a vegetação até sete metros e meio do rio. Uma redução de um fato que por si já estava muito errado, porém agora esta reduzido genericamente a quase nada em relação aos grandes rios do pais. Imagine-se que para o rio Amazonas, a exigência protetora fosse apenas sete metros, enquanto para a grande maioria dos ribeirões e córregos também fosse aplicada a mesma exigência. Trata-se de desconhecimento entristecedor sobre a ordem de grandeza das redes hidrográficas do território intertropical brasileiro. Na linguagem amazônica tradicional, o próprio povo já reconheceu fatos referentes à tipologia dos rios regionais. Para eles, ali existem, em ordem crescente: igarapés, riozinhos, rios e parás. Uma última divisão lógica e pragmática, que é aceita por todos os que conhecem a realidade da rede fluvial amazônica.
Por desconhecer tais fatos os relatores da revisão aplicam o espaço de sete metros da beira de todos os cursos d’água fluviais sem mesmo ter ido lá para conhecer o fantástico mosaico de rios do território regional.
Mas o pior é que as novas exigências do Código Florestal proposto têm um caráter de liberação excessiva e abusiva. Fala-se em sete metros e meio das florestas beiradeiras (ambientes/biomasripários), e, depois em preservação da vegetação de eventuais e distantes cimeiras. Não podendo imaginar quanto espaço fica liberado para qualquer tipo de ocupação do espaço. Lamentável em termos de planejamento regional, de espaços rurais e silvestres. Lamentável em termos de generalizações forçadas por grupos de interesse (ruralistas).
Já se poderia prever que um dia os interessados em terras amazônicas iriam pressionar de novo pela modificação do percentual a ser preservado em cada uma das propriedades de terras na Amazônia. O argumento simplista merece uma critica decisiva e radical. Para eles, se em regiões do centro-sul brasileiro a taxa de proteção interna da vegetação florestal é de 20%, porque na Amazônia a lei exige 80%. Mas ninguém tem a coragem de analisar o que aconteceu nos espaços ecológicos de São Paulo, Paraná, Santa Catarina, e Minas Gerais com o percentual de 20%. Nos planaltos interiores de São Paulo a somatória dos desmatamentos atingiu cenários de generalizada derruição. Nessas importantes áreas, dominadas por florestas e redutos de cerrados e campestres, somente o tombamento integrado da Serra do Mar, envolvendo as matas atlânticas, os solos e as aguadas da notável escarpa, foi capaz de resguardar os ecossistemas orográficos da acidentada região. O restante, nos “mares de morros”, colinas e várzeas do Médio Paraíba e do Planalto Paulistano, e pró-parte da Serra da Mantiqueira, sofreram uma derruição deplorável. É o que alguém no Brasil – falando de gente inteligente e bioética – não quer que se repita na Amazônia Brasileira, em um espaço de 4.200.000 km².
Os relatores do Código Florestal, falam em que as áreas muito desmatadas e degradadas poderiam ficar sujeitas a “(re)florestamento” por espécies homogêneas pensando em eucalipto e pinus. Uma prova de sua grande ignorância, pois não sabem a menor diferença entre reflorestamento e florestramento. Esse último,pretendido por eles, é um fato exclusivamente de interesse econômico empresarial, que infelizmente não pretende preservar biodiversidades. Sendo que, eles procuram desconhecer que para áreas muito degradadas, foi feito um plano de (re) organização dos espaços remanescentes, sob o enfoque de revigorar a economia de pequenos e médios proprietários: Projeto FLORAM. Os eucaliptologos perdem éticos quando alugam espaços por trinta anos, de incautos propr ietários, preferindo áreas dotadas ainda de solos tropicais férteis,do tipo dos oxissolos, e evitando as áreas degradadas de morros pelados reduzidas a trilhas de pisoteio, hipsométricas, semelhantes ao protótipo existente no Planalto do Alto Paraíba, em São Paulo. Ao arrendar terras de bisonhos proprietários, para uso em 30 anos, e sabendo que os donos da terra podem morrer quando se completar o prazo. Fato que cria um grande problema judicial para os herdeiros, sendo que ao fim de uma negociação as empresas cortam todas as árvores de eucaliptos ou pinus, deixando miríades de troncos no chão do espaço terrestre. Um cenário que impede a posterior reutilização das terras para atividades agrárias. Tudo isso deveria ser conhecido por aqueles que defendem ferozmente um Código Florestal liberalizante.
Por todas as razões somos obrigados a criticar a persistente e repetitiva argumentação do deputado Aldo Rebelo,que conhecemos ha muito tempo, e de quem sempre esperávamos o melhor, no momento somos obrigados a lembrar a ele que cada um de nós tem que pensar na sua biografia, e , sendo político, tem que honrar a historia de seus partidos. Mormente,em relação aos partidos que se dizem de esquerda e jamais poderiam fazer projetos totalmente dirigidos para os interesses pessoais de latifundiários.
Insistimos que em qualquer revisão do Código Florestal vigente, deve-se enfocar as diretrizes através das grandes regiões naturais do Brasil, sobretudo domínios de natureza muito diferentes entre si, tais como a Amazônia, e suas extensíssimas florestas tropicais, e o Nordeste Seco, com seus diferentes tipos de caatingas. Tratam-se de duas regiões opósitas em relação à fisionomia e à ecologia, assim como em face das suas condições socioambientais. Ao tomar partido pelos grandes domínios administrados técnica e cientificamente por órgãos do executivo federal, teríamos que conectar instituições específicas do governo brasileiro com instituições estaduais similares. Existem regiões como a Amazônia que envolve conexões com nove estados do Norte Brasil eiro. Em relação ao Brasil Tropical Atlântico os órgãos do Governo Federal – IBAMA, IPHAN, FUNAI e INCRA – teriam que manter conexões com os diversos setores similares dos governos estaduais de norte a sul do Brasil. E assim por diante.
Enquanto o mundo inteiro repugna para a diminuição radical de emissão de CO2, o projeto de reforma proposto na Câmara Federal de revisão do Código Florestal defende um processo que significará uma onda de desmatamento e emissões incontroláveis de gás carbônico, fato observado por muitos críticos em diversos trabalhos e entrevistas.
Parece ser muito difícil para pessoas não iniciadas em cenários cartográficos perceber os efeitos de um desmatamento na Amazônia de até 80% das propriedades rurais silvestres. Em qualquer espaço do território amazônico, que vem sendo estabelecidas glebas com desmate de até 80%,haverá um mosaico caótico de áreas desmatadas e faixas inter-propriedades estreitas e mal preservadas. Nesse caso, as bordas dos restos de florestas, inter-glebas ficarao à mercê de corte de arvores dotadas de madeiras nobres. E além disso, a biodiversidade animal certamente será profundamente afetada.
Seria necessário que os pretensos reformuladores do Código Florestal lançassem sobre o papel os limites de glebas de 500 a milhares de quilômetros quadrados, e dentro de cada parcela das glebas colocasse indicações de 20% correspondente às florestas ditas preservadas. E, observando o resultado desse mapeamento simulado, poderiam perceber que o caminho da devastação lenta e progressiva iria criar alguns quadros de devastação similares ao que já aconteceu nos confins das longas estradas e seus ramais, em áreas de quarteirões implantados para venda de lotes de 50 a 100 hectares, onde o arrasamento de florestas no interior de cada quarteirão foi total e inconseqüente.
Exageros e ausências do novo Código Florestal - Texto analítico 1
Ana Cristina Barros, representante da The Nature Conservancy no Brasil, em artigo publicado no jornal Valor Economico A lei fundamental do Brasil para proteção das florestas, das águas e do clima, com medidas conciliatórias entre produção agropecuária e conservação, vigente desde a década de 60, está ameaçada. Dia 9 de junho, a Comissão Especial da Câmara dos Deputados formada para revisar o Código Florestal Brasileiro recebeu e acolheu do seu relator uma proposta de substitutivo, a ser votado em reunião agendada para 28 de junho de 2010. Se aprovado na Comissão Especial, o substitutivo irá para votação no plenário. Os efeitos previstos são devastadores, assim como a perda da oportunidade de elevar a discussão a um patamar de boa governabilidade de duas agendas fundamentais para o Brasil. A proposta - enviesada por interesses ruralistas - contém três exageros. O projeto propõe uma anistia ao desmatamento passado e uma liberação prévia para o desmatamento futuro! O desmatamento ilegal realizado até 22 de junho de 2008, seja de reservas legais ou matas ciliares, que protegem rios e nascentes, é perdoado (1). Desmatamentos futuros estão liberados, com a instituição da regularização voluntária e da clara proposta de suspensão de fiscalização e multas pelo período de cinco anos. (2) Além disso, propriedades classificadas como pequenas, definidas pelo texto como aquelas com até quatro módulos fiscais (ou até 600 ha!), tornam-se isentas da obrigação de manutenção de reservas legais. Dentre os efeitos dessas medidas estão a anulação das metas nacionais de redução de emissões de carbono para a atmosfera, aprovadas em lei pelo mesmo Congresso e assumidas pelo Brasil frente à Convenção Internacional de Mudanças Climáticas; e o fim da capacidade do Fundo Amazônia, gerido pelo BNDES, de captar recursos e honrar seus compromissos contratuais estabelecidos com a doação de US$ 1 bilhão feita pelo governo da Noruega ao Brasil. O projeto surpreende por esses e outros equívocos, mas também pela ausência de conteúdos fundamentais. O que o Brasil mais precisa para conciliar duas de suas grandes riquezas, a natural e a agropecuária, é um instrumento de gestão da propriedade rural. O decreto presidencial 729/09, chamado de Mais Ambiente, instituiu o Cadastro Ambiental Rural e prevê que os produtores rurais tenham até cinco anos para se cadastrar e para apresentar planos de regularização dos seus passivos ambientais. Multas são suspensas para aqueles que se cadastram, num esforço moderado e paulatino de gestão pública sobre a paisagem rural. O texto em discussão no Congresso misturou indevidamente esses conceitos e rumou em direção oposta, desfigurando a regularização e a gestão. Se a intenção fosse de reforço à iniciativa do Mais Ambiente, poderia ter ampliado o prazo de cadastramento para dez anos. O Brasil é grande, e os produtores rurais, numerosos demais. Seriam os dez anos mais valiosos da transformação do Brasil em uma potência desenvolvida, em que, além de manter os serviços de proteção de água, clima e biodiversidade, o governo resguardaria a produção agrícola de barreiras não tarifárias cada vez mais frequentes nas negociações internacionais. Já tivemos aftosa, transgênico e vermífugos em cima da carne brasileira, e já houve ensaios de barreiras contra soja, carne e etanol, associados ao desmatamento, nos mercados externo e nacional! O cadastro ambiental rural oferece a prova concreta da qualidade do produto da agropecuária brasileira, mas, infelizmente, esse atestado de qualidade é confrontado pelo texto da Comissão Especial. Outra ausência fundamental que se revela no debate no Congresso é a repartição justa dos custos de recuperação de florestas, no cenário de cumprimento do Código, e suas formas de financiamento. Os produtores rurais que conservaram florestas são injustiçados no substitutivo porque, se cumpriram a lei, não precisam fazer mais, enquanto seus vizinhos, que desmataram ilegalmente em concorrência desleal, estão perdoados. Com todos os produtores rurais o projeto é injusto e insuficiente, porque não aponta a forma mais efetiva de financiamento da recuperação de passivos ou de reconhecimento da manutenção de florestas: a vinculação das condições ambientais das propriedades com as negociações das dívidas dos agricultores com os bancos públicos. O financiamento à agricultura nacional arrola uma dívida que chega à casa dos R$ 100 bilhões, renegociados com fervor a cada ano (3). O texto em debate perdeu a oportunidade de incluir nos critérios de negociação da dívida rural a condição ambiental da propriedade. Produtores com Cadastro Ambiental Rural poderiam receber condições especiais de negociação de suas dívidas. Aqueles que protegeram reservas legais e áreas de preservação permanente, cadastrados para adequação e monitoramento, poderiam receber condições mais especiais ainda. Assim, além da justiça com os agricultores que protegeram as florestas, far-se-ia justiça também com o contribuinte. Finalmente, relacionar a discussão ambiental aos critérios de financiamento da agricultura no país romperia a polarização retrógrada de ruralistas contra ambientalistas, e colocaria o Código Florestal no patamar devido, incluindo suas implicações fazendárias. O tempo e o processo para essa construção, contudo, só não cabe num ano eleitoral ou a uma Comissão de interesses claramente tendenciosos. Comentários e Notas Veja também a analise dessa questão, neste blog botocudo aqui: (1) Esse aspecto, de a conservação de recursos hídricos ser relegada a um plano tão secundário nessa proposta do deputado Aldo Rebelo, é o maior tiro no pé que a governança brasileira poderá dar, caso seja aprovada. Se mudarem as regras para APPs em cursos d’água vamos ter muito choro e ranger de dentes no futuro. (2) Perdoar todos os infratores e abrir uma luz (permitir que regras não se apliquem, como nas brincadeiras de bola-de-gude) de cinco anos para que os produtores possam fazer o que querem, só pode ser uma piada de mau gosto. Se não for, é crime institucionalizado. (3) O mega-calote que os grandes produtores do agronegócio e usineiros (picaretas contumazes) dão todo ano no sistema de crédito agrícola raramente é noticiado pelo PIG. Seja qual for o tamanho da safra ou a cotação das commodities, praticamente não há virada de ano sem renegociação das dívidas agrícolas, quase todas de grandes produtores. Em 2009 (últimos dados disponíveis) a rolagem da divida foi de mais de R$ 75 bilhões. Só de dividas antigas, de 1980/1990, a madrinha (caixa da União) tem um pendura dos ruralistas de R$ 27 bilhões. Isso provavelmente jamais pagarão. Mas são esses picaretas os primeiros a latir contra programas sociais e lamuriar das dificuldades que sofrem por causa da leis ambientais da nossa Pindorama. | |
quarta-feira, 23 de junho de 2010
Aniversário de 90 anos de Miss Sophie
O curta metragem de 15 minutos fez grande sucesso na Europa, especialmente na Alemanha, onde foi produzido em 1963, e por alguns anos era exibido na televisão, próximo ao Natal. Os diálogos viraram bordão entre os alemães. Na Suíça foi proibido, por estimular o consumo de álcool. Parece que só na Inglaterra o filme não fez sucesso, claro, uma vez que não deixa de ser um delicioso deboche com a decadente brit aristocracy, mesmo que o autor, Lauri Wylie, fosse inglês