Por Eduardo Sodré, da Folha de São Paulo - caderno Veiculos
Filho de imigrantes russos, Abraham Kasinski nasceu em Buenos Aires e veio ainda bebê para São Paulo. Sua vida empresarial começou na loja de autopeças do pai. No início dos anos 1950, fundou a Cofap, voltada para o mercado de reposição automotiva.
No início, teve dificuldades para emplacar a marca. Os automóveis que circulavam no Brasil eram importados, e as oficinas tinham receio em trabalhar com peças nacionais. Vencida a barreira, a Cofap se tornou a maior empresa do setor no país.
"Ele foi um visionário, pois anteviu o início da produção de automóveis no Brasil", diz Maria Lúcia Doretto, autora do livro "Kasinski, um Gênio Movido a Paixão".
No início da década de 1990, o empresário trouxe os amortecedores para as rodas de conversa com o comercial do Turbogás Cofap, estrelado por um simpático cãozinho.
Em 1997, Kasinski vendeu sua participação na Cofap por US$ 25 milhões. Depois, surpreendeu o mercado ao anunciar seu novo empreendimento: uma linha de montagem de motocicletas e triciclos.
Nascia, em 1999, no Polo Industrial de Manaus, a Kasinski Fabricante de Veículos. Aos 82 anos, o empresário entrava no segmento das motos de baixo custo, com mecânica da sul-coreana Hyosung.
Em julho de 2009, a empresa teve 100% do seu capital adquirido pela CR Zongshen, braço nacional da chinesa Zongshen Industrial, e Kasinski encerrou sua carreira de empresário.
Ele morreu ontem, aos 94 anos, após sofrer um infarto. O empresário foi sepultado no cemitério Israelita Butantã, em São Paulo.
Comentário de Sérgio Saraiva, no blog do Nassif:
Até o advento do governo FHC/Malan, um dos segmentos econômicos mais pujantes do Brasil era o setor de auto-peças automotivas. Com tecnologia nacional e um grande parque industrial, nomes como MetalLeve, COFAP e Nakata, entre outros, eram sinônimo da indústria paulista que deu continuidade ao que havia começado lá atrás com os Matarazzo.
Eramos exportadores de auto-peças, a MetalLeve possuia fábricas no EEUU. Durou até FHC, acabou-se com FHC. Hoje o segmento é dominado por multi-nacionais estrangeiras..
Com a morte de Kasinski, seria interessante refletirmos sobre o que representou o governo FHC num dos maiores processos de desnacionalização que eu conheci, o das auto-peças.
Significativo também é o anúncio de sua morte estar em um pé de página, na coluna obtuários e não no caderno de negócios e economia.
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