pescado no Correio do Brasil
Denunciada nesta segunda-feira em uma série de telegramas vazados na internet, pela página do WikiLeaks, a possível parceria entre o diário conservador carioca O Globo e a Stratfor Global Intelligence, pode ser a responsável pelo vazamento da notícia de fundo na polêmica nota do colunista Merval Pereira, publicada na edição de 16 de fevereiro, na qual ele prediz a morte do líder venezuelano, Hugo Chávez, em menos de um ano. A empresa norte-americana fornece serviços de inteligência confidenciais para grandes corporações dos EUA e também para e agências governamentais, incluindo o Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos , os fuzileiros navais norte-americanos e Agência de Inteligência de Defesa dos EUA.
Pereira aponta sua fonte na pessoa do ex-embaixador dos Estados Unidos na OEA, Roger Noriega, que “invocando informações de dentro do governo venezuelano, escreveu artigo recentemente no portal de internet da InterAmerican Security Watch intitulado A Grande mentira de Hugo Chávez e a Grande Apatia de Washington. Nesse artigo ele dizia que o câncer está se propagando mais rapidamente do que o esperado e poderia causar-lhe a morte antes mesmo das eleições presidenciais”, escreveu o cronista de O Globo.
Nos e-mails da Stratfor, divulgados nesta manhã, porém, consta em data imediatamente anterior, a mesma informação que O Globo veicula logo depois, a de que Hugo Chávez terá cerca de um ano de vida. “O Presidente venezuelano sofre de um câncer na próstata que teria feito uma metástase para o cólon, o sistema linfático e a medula espinhal. A situação terá sido agravada pelo fato de Chávez ser ‘um paciente péssimo’ que interrompe tratamentos para realizar aparições públicas e participar em encontros políticos”, escreveu a agência norte-americana. Segundo a Stratfor, o líder venezuelano é acompanhado não apenas por uma equipe de médicos cubanos, mas por outra, de clínicos russos, sendo que os dois grupos têm visões opostas sobre a melhor estratégia de tratamento.
Parceria explosiva
Entre os 5 milhões de e-mails confidenciais da Stratfor, vazados há algumas horas, as mensagens trocadas entre julho de 2004 e dezembro de 2011 revelam a rede de informações formada pela Stratfor, assim como sua estrutura de pagamentos, técnicas de camuflagem da remuneração aos seus colaboradores, inclusive no Brasil, e métodos psicológicos utilizados na captura das fontes de informação.
“Este material mostra como funciona uma agência privada de informações e como fixam um alvo para os seus clientes empresariais e governamentais”, acrescenta o comunicado da Wikileaks, que salienta, ainda, ter provas da ligação da Stratfor a grandes companhias como a Dow Chemical Co e agências governamentais.
Ainda de acordo com esta leva de mensagens, obtidas após a invasão dos computadores da Stratfor por militantes do grupo Anonymous, há algumas semanas, um grande jornal brasileiro é parceiro da empresa com o objetivo de manter os norte-americanos informados sobre assuntos estratégicos àquele país, no Brasil, e a análise de cronistas e repórteres em temas relevantes para os serviços de inteligência do Departamento de Segurança Interna dos EUA , os fuzileiros navais norte-americanos e a Agência de Inteligência de Defesa dos EUA.
Nos Arquivos Globais de Inteligência, título da remessa de informações do WikiLeaks sobre a empresa de “inteligência global” constam o funcionamento interno de uma empresa que atua como uma editora de inteligência, mas fornece serviços de informações confidenciais para grandes corporações, como a Dow Chemical Co. de Bhopal, a Lockheed Martin, Northrop Grumman, Raytheon, além daquelas agências governamentais.
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