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domingo, 13 de novembro de 2011

Breve História da Borracha

Embora seja uma evolução mais ou menos conhecida, com a introdução do vídeo sobre a Fordlândia no post anterior, farei uma rápida retrospectiva da evolução da borracha, seus usos e inserção no quadro sócio econômico do norte do Brasil até a Segunda Guerra Mundial.

Apresentarei a narrativa aqui no blog nos próximos dias em 4 partes, extraído do capitulo do meu livro (inédito e ainda não publicado) sobre a Cia de Navegação Lloyd Brasileiro.




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Parte 1 – Primórdios do uso da borracha no mundo

A borracha era conhecida nas Américas desde os tempos pré colombianos e usada para algumas funções por alguns grupos, mormente pelas civilizações mais adiantadas tecnologicamente na América Central, como os Maia, Olmeca, Tolteca e Azteca. Havia um jogo ritual muito popular e importante sociologicamente, chamado tlachtlo, praticado pelos Azteca no qual duas equipes se confrontavam num campo, lançando uma pesada bola de latex maciça que só poderia ser tocada com os joelhos e os quadris. A bola devia ser passada por dentro de um aro. Era uma variante primitiva de basquete. Depois usou-se a borracha como apagador para escrita com grafite ou carvão advindo daí o nome “Indian Rubber” – Raspador da Índia.

Em português o nome borracha derivou de uma das primeiras aplicações úteis, dada pelos portugueses, quando foi utilizada para a fabricação de botijas em substituição às chamadas “borrachas”, como os portugueses chamavam os odres de couro que se usava no transporte de vinhos.

Mas as primeiras aplicações práticas para a borracha viriam só com a revolução industrial na Europa, no final do século XVIII, passando esse material elástico, macio e impermeável a despertar interesse comercial e científico. Em 1791, um fabricante inglês patenteou um método para impermeabilizar tecido. Em 1820, Thomas Hancock inventou uma segunda fórmula para torná-la mais macia e resistente à água.

O químico e inventor britânico Charles MacIntosh fundou, em 1824, uma industria para a fabricação de tecido e vestidos impermeáveis. MacIntosh também descobriu o emprego da benzina como solvente e Hancock preconizou a prévia mastigação (kautshing – inglês arcaico) e aquecimento, para obter uma perfeita dissolução da borracha quando desenvolvia a fabricação de bolas elásticas.

Nos Estados Unidos os produtos emborrachados e botas de neve faziam relativo sucesso para uso no inverno. Mas a vida útil limitada pelas alterações que os artefatos de borracha natural não vulcanizada sofriam sob a influência do frio, tornando-se quebradiços, e o inconveniente de aderirem-se uns aos outros se ficassem expostos aos raios de sol, começaram a diminuir o interesse dos consumidores.

Em 1839, Charles Goodyear descobriu por acaso o processo de vulcanização. Em 1850 fabricavam-se brinquedos de borracha, bolas ocas e maciças (para golfe e tênis). A invenção do velocípede por Michaux, em 1869, levou à invenção da roda recoberta de borracha maciça, depois de borracha oca e, por último, à reinvenção do pneu inflado de ar sob pressão para veículos rodantes de John Dunlop, em 1888, pois a invenção de Thomson – o primeiro inventor de um pneumático em 1845 – havia caído no esquecimento.

Em 1895 Michelin teve a audaciosa idéia de adaptar a roda dotada de um pneumático ao automóvel. Desde então a borracha passou a ocupar um lugar preponderante no mercado mundial. A partir daí, a exploração da borracha brasileira foi desencadeada em nível crescente, acompanhando o processo de industrialização e gerando histórias de cobiça e crueldade.


[CONTINUA]

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