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A milícia do território do Colorado ataca em 29 de novembro de 1864 uma aldeia habitada pelos indígenas cheyennes e araphaos, em Sand Creek, a leste das Montanhas Rochosas, por ocasião das Guerras Indígenas. No curso da batalha que durou dois dias as forças do coronel John Chivington matariam cerca de 270 nativos, sem distinguir homens, mulheres e crianças. Este episódio suscitaria uma controvérsia, que levaria ao questionamento da política de extermínio dos ameríndios.
As causas do massacre de Sand Creek têm raízes no longo conflito pelo controle das Grandes Planícies do Colorado oriental. O Tratado do Forte Laramie de 1851 garantia a propriedade da área ao norte do rio Arkansas até os limites do estado de Nebraska aos cheyennes e aos arapahoes. Contudo, no final da década, ondas de mineradores euro-americanos inundaram a região em busca de ouro nas Montanhas Rochosas do Colorado, colocando extrema pressão sobre os eventuais recursos das planícies áridas.
Em 1861, as tensões entre os novos colonizadores e os nativos americanos se acirraram. Em 8 de fevereiro, uma delegação Cheyenne, encabeçada pelo cacique Caldeirão Preto (1), ao lado de alguns líderes arapahoe, ajustaram um novo assentamento com o governo federal. Os ameríndios cederam a maior parte de sua terra mas asseguraram uma reserva de 400 quilômetros quadrados e pagamentos anuais. A delegação alegou que seguidas hostilidades iriam pôr em perigo seu poder de barganha. No mundo político descentralizado de tribos, Caldeirão Preto e seus companheiros delegados representavam apenas uma parte das tribos cheyenne e arapahoe. Muitas não aceitaram esse novo acordo, conhecido como o Tratado do Forte Wise.
A nova reserva e os pagamentos federais mostraram-se insuficientes para conter as tribos. Durante a Guerra Civil, as tensões novamente se acirraram e esporádicas violências desataram entre os nativos e os anglo-americanos. Em junho de 1864, John Evans, governador do território do Colorado, tentou isolar os recalcitrantes indígenas, convidando os “amigos índios” a acampar perto das fortalezas militares e receber provisões e proteção. Chamou também voluntários a fim de preencher as lacunas militares deixadas quando a maioria das tropas do exército regular de Colorado foi enviada para outras áreas durante a Guerra Civil. Em agosto, Evans encontrou-se com Caldeirão Preto e diversos outros chefes índios para firmar uma nova paz e deixar a todos satisfeitos. Caldeirão Preto mudou sua tribo para o Forte Lyon, Colorado, onde o comando militar os encorajou a caçar perto de Sand Creek.
No que só pode ser considerado um ato de traição, Chivington locomoveu suas tropas para a planície e em 29 de novembro atacaram os confiados e inocentes nativos, dispersando homens, mulheres e crianças, perseguindo e os encurralando. As baixas refletem a natureza unilateral da batalha. Apenas nove dos homens de Chivington foram mortos; 148 dos seguidores de Caldeirão Preto foram massacrados selvagemente, mais da metade dos quais mulheres e crianças. Os voluntários do Colorado ainda voltaram ao local, matando os feridos, mutilando seus corpos e botando fogo na aldeia.
As atrocidades cometidas pelos soldados foram inicialmente elogiadas, contudo passaram as ser condenadas à medida que as circunstâncias do massacre foram sendo conhecidas. Chivington renunciou à farda e abortou sua florescente carreira militar. Caldeirão Preto sobreviveu, dando prosseguimento aos seus esforços de paz. Em 1865, seus seguidores aceitaram uma nova reserva no Território Indígena.
NOTAS
(1) Black Kettle, (Moke-Tav-a-to na língua indígena), traduzido como "Chaleira-Preta" no famoso livro de Dee Brown “Enterrem meu coração na curva do rio”, que parece ser mais adequado.
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