por Carlos Motta, no Crônicas do Motta
Confesso que já tentei, mas não entendi muito bem porque a ministra da Cultura, Ana de Hollanda, está sofrendo toda essa campanha atroz. Parece que tem gente que não a perdoa por ter tirado o selo do Criative Commons do site do ministério, outros a fustigam porque ela quer rever o projeto de direitos autorais, o fato é que os jornalões saem dia sim, outro dia também, com notícias negativas sobre a ministra, é pau de todo lado.
O interessante é que a campanha já começou dias depois de ela ter assumido o cargo. A mulher nem tinha ainda acabado de montar a sua equipe e tome porrada. Daí em diante, a coisa não parou - ao contrário, a carga foi ficando mais pesada. Quem caísse agora no Brasil vindo, sei lá, do planeta Quertzatel, e se aventurasse a ler os nossos queridos jornalões, iria ficar com a impressão que Ana de Hollanda é assim um tipo de monstro que tem de ser exterminado sem nenhum dó o quanto antes.
O que mais me incomoda nessa história toda é a covardia desse pessoal que se engajou nessa santa missão de defenestrar a senhora em questão. Digo covardia porque não encontro outra palavra para definir a quantidade de ataques e a clara técnica de distorcer os fatos para que a opinião pública fique contra a ministra, e a considere ou uma imbecil completa ou então mais um desses corruptos que se locupletam em cargos públicos.
As informações sobre os artistas que tiveram projetos aprovados para uso da Lei Rouanet, por exemplo, são de chorar. Até parece que é a própria ministra, e não uma comissão, que escolhe quem vai ter direito de usar o benefício fiscal. E tampouco ninguém faz a menor questão de explicar que quem se enquadra na tal lei não recebe grana nenhuma e sim tem de correr atrás de patrocínios, uma missão tremendamente ingrata para qualquer um - e principalmente para artistas.
Essa outra história de rever o projeto de direitos autorais é outra coisa que não entendo. Qual o problema de rever algo tão controverso? O troço é apenas ainda um projeto, que como o próprio nome diz, não é algo acabado.
Para resumir essa novela toda, embora ainda não saiba ao certo os motivos dessa campanha que se faz para destruir a imagem de Ana de Hollanda, só posso presumir que tudo isso é algo pensado, tem autores definidos, gente que deve ter ficado contrariada com a sua nomeação e que achava que a presidente Dilma Rousseff estava adorando o que o antigo Ministério da Cultura estava fazendo e tinha certeza que ela manteria a sua estrutura - e até o antigo ministro.
E some-se a isso o balaio de gatos que é o PT. Escrevi de gatos? Desculpem-me: queria dizer mesmo balaio de cobras.
NOTA BOTOCUDA – atualizada 12/05 – 10:47 hs
Embora até ontem eu quase não soubesse nada sobre o ECAD, hoje dando uma rápida pesquisada para me inteirar melhor sobre esse caso, vejo que nesse imbróglio todo, o da perseguição da mídia raivosa à ministra AdHollanda tem algum mistério ainda obscuro, certamente ligado a interesses corporativos de determinados grupos que procuram não se expor pois tem algo a esconder.
A ministra é acusada (ao contrario do que afirma o Carlos Motta, no texto acima) de estar alinhada aos interesses continuistas de se manter a lei dos direitos autorais mais ou menos como está, não dando continuidade à proposta de modificação elaborada pela equipe anterior do governo Lula e desta forma estaria automaticamente contemplando os interesse do ECAD. A estrutura e os principais grupos de influencia nesta instituição privada pode ser vista aqui (altamente recomendado por ser muito instrutivo para quem não conhece – com eu – os mecanismos do ECAD).
Percebe-se que o ECAD representa os interesses de grandes gravadoras e editoras, que desta maneira seriam os mesmos dos sempre defendidos pela velha mídia. Daí que é absolutamente estranho a mídia bater com borduna dioturnamente na ministra, visto que teoricamente defendem linhas afins ou no mínimo convergentes.
Sei lá, entende?... tem muito boi nessa linha.
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