Uma comitiva do estado alemão de Mecklenburg-Vorpommern está em Santa Catarina em busca de parcerias que poderão resultar na transferência de tecnologia para viabilizar comercialmente a geração de gás metano e energia elétrica a partir de resíduos da suinocultura. O grupo, que esteve na Federação das Indústrias (FIESC) nesta segunda-feira (4), também tem interesse em transferir conhecimento na gestão de resíduos urbanos, conforme o conselheiro do estado, Volker Böhning.
A expectativa dos alemães é viabilizar um projeto-piloto, orçado em 150 mil euros, na cidade de Pomerode, para produzir biogás com dejetos suínos e assim demonstrar o potencial da tecnologia. Conforme o vice-presidente do Centro Empresarial e Científico Brasil-Alemanha, Hans-Dieter Beuthan, o projeto técnico para Pomerode está pronto e o próximo passo é encontrar um parceiro brasileiro para tirá-lo do papel.
Essa é a questão imediata a resolver para iniciar a cooperação, disse o presidente da FIESC, Alcantaro Corrêa. "Ao demonstrar o potencial da tecnologia, a planta-piloto permitirá avançar para projetos maiores e a SCGás poderá se beneficiar. Mas primeiro temos que viabilizar esse investimento inicial", afirmou.
Santa Catarina possui potencial para produzir diariamente 3 milhões de metros cúbicos de biogás a partir de dejetos da suinocultura, informou o diretor técnico comercial da SCGás, Walter Piazza Júnior. Ele informou que a empresa tem interesse em adquirir esse gás natural, mas que a questão central a resolver é a viabilidade econômica dos projetos. "Temos mais de dois mil biodigestores no estado, mas é necessário que eles gerem o gás de forma contínua, para que se viabilizem economicamente. Na Alemanha, essa viabilidade já existe e ela precisa chegar ao Brasil, tanto do ponto de vista dos custos quanto das receitas geradas em termos de gás, energia elétrica, biofertilizantes ou créditos de carbono", disse. "O maior desafio é o manejo das granjas, que hoje ainda não é voltado para aproveitar os dejetos", acrescenta, destacando ainda a importância do envolvimento das cooperativas e agroindústrias nesse sentido.
Nesta terça-feira (5), o grupo da Alemanha terá reunião em Blumenau para discutir a destinação de lixo urbano no Vale do Itajaí. Böhning conta que a experiência de seu estado, que há 20 anos enfrentou a necessidade de fechar depósitos de lixo por força de lei, pode ser aplicada em Santa Catarina. Em Mecklenburg-Vorpommern, cinco regiões, totalizando população de cerca de 500 mil habitantes, criaram solução conjunta para a disposição final dos resíduos, criando, inclusive, usina a gás que gera 1,2 MW de energia. "Não é necessário reinventar a roda. Temos tecnologia para destinação, para minimizar a produção e para produzir energia e insumos a partir do lixo, em vez de apenas queimá-lo", disse.
Além da FIESC e da SCGás participaram da reunião representantes da Celesc, Epagri, Fatma e Secretaria de Desenvolvimento Sustentável.
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