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segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Mensalão - lá e cá


Texto de Angelo Celeski, publicado no jornal A Gazeta (1) de São Bendo do Sul, edição de hoje


Na terça-feira, um dia antes daquele em que a câmara dos deputados iria votar o novo valor do salário mínimo, Fátima Bernardes, do Jornal Nacional, anunciou com a maior naturalidade, que um dos líderes do mensalão (cassado por isso), deputado João Paulo Cunha, havia sido eleito presidente da mais importante comissão da câmara federal, a CCJ.

No dia seguinte, dia da votação do salário mínimo, os noticiários de todas as redes nacionais articulavam que o Planalto iria testar a "fidelidade' dos deputados aliados e que, em troca do voto, seriam agraciados com os mimos palacianos através de cargos e liberação de emendas individuais. Mas o que é isso? Não é o mensalão sendo praticado ás claras e descaradamente?

Até os árabes, há dois mil anos aprisionados por ditaduras eternas, estão acordando e se revoltando com os desgover­nos. Quando será que nós, que vivemos numa "democracia plena' vamos seguir o exemplo? Não seria a hora de nossos caras pintadas" começarem a também se organizar através das redes sociais para, pelo menos, se indignar com essas notícias repassadas com tanta naturalidade?

E não é só lá em cima que as coisas acontecem. Aqui na nossa terrinha não é diferente. Negocia-se o apoio de vereadores por troca de cargos pagos com dinheiro público- O Município, que ainda nem ganhou de volta o prédio do antigo fórum, de olho no dinheiro que deveria ser guardado para garantir a aposentadoria dos servidores municipais, já está vendendo. É decente vender alguma coisa que ainda nem ganhou?

A propósito, nessa semana a prefeitura de São Bento do Sul, justamente quando o nosso líder maior está no Japão (eles também merecem conhecer o nosso prefeito) colocou outodoores anunciando que foram investidos 27 milhões de reais nos últimos dois anos. Segundo o anúncio, esses 27 milhões foram investidos em educação, planejamento, em­pregos, terraplanagem, agricultura, assistência, pavimenta­ção, informação, natureza, indústrias, obras, trânsito, saúde, tubulação, creches, transparência, uniformes, segurança, cultura, asfalto e entretenimento... Pois bem. Alguém que acompanha mais ou menos de perto esses dois primeiros anos de administração, percebeu alguma mudança na educação e que teria resultado desse "investimento"?

E no planejamento, o que mudou? Foi criado o tal instituto de planejamento? Quantos empregos, exceto os de confiança, foram criados por investimentos da prefeitura? E terrapla­nagem, onde mesmo que foi feito? Na agricultura, o que foi investido? Quantas ruas foram pavimentadas? Pelo que me consta nem as tais 11 ruas iniciadas na administração passada foram concluídas... E a Avenida Carlos Eichendorf? O que dizer? E na "informação", o que foi investido? Nature­za? Será que estamos investindo para recicla-la? E quantas novas indústrias se instalaram com apoio do município? Quais exatamente as "obras" já realizadas? No trânsito de fato houve mudanças, mas alguma nova rua foi aberta? Sobre a saúde, acho que nem é necessário comentar... E tubulação, onde mesmo que foi feita alguma? Creche que eu sei foi feita apenas uma e com dinheiro "carimbado" da educação. E em transparência? O que foi investido e qual o retorno que proporcionou? Sobre os investimentos em uniformes, além de ser verba também da educação, a lembrança é apenas da lambança.. E na segurança, o que foi investido? Cultura? Entretenimento... O que temos? E asfalto, não seria a mesma coisa que pavimentação?

Mas, se o orçamento do município é superior a 180 milhões por ano, falta dizer onde foram pa raros outros 333 milhões. Será que foram só para pagamento de cargos comissionados, que gira em torno de 300? Mas, mesmo que isso tudo fosse verdadeiro, seriam tão somente 27 milhões. E a prestação de contas dos outros 333 milhões de reais?

Está na hora da gente acordar e não aceitar tudo e da forma como é divulgado. É fácil receber 360 milhões e prestar contas - ainda que sem especificar onde foi exatamente aplicado o dinheiro - de apenas menos de 8% do valor. Precisamos e temos o direito de querer saber mais...


(1) acesso só para assinantes

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