Janio de Freitas, no UOL/Folha (só para assinates)
O MUNDO mudou em poucos minutos ontem.
Foi o tempo para que se difundissem as conclusões no governo de Israel -por aqui, divulgadas com atraso - de que o Irã não está trabalhando na produção de bomba nuclear. Por seus tantos significados e pelo inesperado, uma notícia que se integra àquelas de natureza especial no jornalismo, pelo poderoso efeito imediato em cada ser de bom senso, mundo afora.
Foi também o dia das diplomacias do Brasil e da Turquia, e em particular do ex-presidente Lula e do recém-eleito presidente Tayyp Erdogan, da Turquia.
À época presidente brasileiro e primeiro-ministro turco, os dois estiveram na iminência de antecipar o fim do clima de pré-guerra contra o Irã. O êxito de sua intermediação no problema, a pedido de Barack Obama, trouxe grande probabilidade de negociações esclarecedoras dos iranianos e de distensão dos temores de Israel e do Ocidente.
Visto o êxito, Barack Obama deu as costas aos dois e à oportunidade sem precedente.
Hoje, a conclusão emitida por altas figuras israelenses brinda o Brasil e a Turquia. E vale como denúncia das responsabilidades de Barack Obama, e em parte também da ONU, pelos últimos dois anos de tensão, de castigos econômicos impostos ao povo iraniano e da difícil contenção de um ataque israelense ao Irã. A título preventivo do que, está dito em Israel, não havia a prevenir.
Dentre os pronunciamentos israelenses de ontem, a meu ver o realce cabe ao de Ehud Barak, general e ministro da Defesa, segundo o qual "o Irã ainda não decidiu fazer a bomba nuclear".
Nem ao menos decidiu.
Quando primeiro-ministro, por período a que o radicalismo de direita negou maior duração, Ehud Barak mostrou empenho sincero no alcance de convivência pacífica com os palestinos e os demais árabes. Atual integrante do governo ultradireitista de Netanyahu, no arranjo político para compor um gabinete, Ehud Barak falou duro sobre e contra o Irã, mas jamais engrossando as ansiedades belicistas do primeiro-ministro.
É verdade que já vivemos muitos momentos promissores, logo frustrados, na questão do Oriente Médio. Ainda que não pareça, o de agora pode repetir os anteriores. Mas o que ficará das afirmações feitas influirá daqui para a frente.
Outra hipótese, política e menos provável, é a de que Ehud Barak e outros tenham se exposto, com informações ainda insuficientes, para dificultar a aceleração sigilosa de ações desejadas por Netanyahu. Estas e outras hipóteses exigem a mesma coisa: esperar para ver se alguma prevalece.
Até lá, por breve que seja, um novo clima no mundo é benfazejo.
COMENTÁRIO
Alex - no blog do Nassif
O Irã não é o Iraque. Se Israel, EUA ou qualquer outra nação agredir o Irã a pretexto de defender a paz, a democracia, a liberdade ou qualquer outro eufemismo, a história vai ser completamente diferente! Se isso acontecer (agressão) as consequencias são inimagináveis! Parece que alguém em Israel começou a ver isso. Mas o problema de Israel é a ultradireita (irracional) e a dos EUA, a sua indústria bélica, sedenta pelos lucros que um conflito armado gera para sua indústria e o prejuízo que deixa para o país e povo (do Irã?)!
O Irã não é flor que se cheire mas é um país "estável". Vivem conforme sua cultura, assim como os vizinhos amigos dos EUA. Não sou do tipo que acredita que todas as culturas são igualmente louváveis, mas isto não é motivo para invadir um país, né?
ResponderExcluirA questão nuclear é delicada. Eu acho que eles têm o direito de desenvolver a energia nuclear, é o futuro, o petróleo vai acabar um dia, e o ideal é que não se lho queimasse mais, enquanto ainda há bastante. Isso também nos afeta, aqui no Brasil. *Todo mundo* sabe que cedo ou tarde a energia nuclear terá de ser desenvolvida em todo canto. (Apedrejaram o Enéas quando ele disse que devíamos desenvolver tecnologia nuclear, mas tirante a sua falta de tato e os tiques de integralista, ele disse o óbvio.)
Por outro lado o Irã podia "se ajudar" um pouco também, parando com esses arroubos de revisionismo, que Holocausto é uma falácia etc.
Israel apresenta um descompasso perigoso entre suas instituições e suas pessoas. É o lugar onde acontece uma % grande das inovações tecnológicas, por outro lado o governo está preso à ideologia de 1948.
Curiosamente, uma das razões da I Guerra Mundial foi justamente essa, mas nos países europeus, particularmente na Alemanha.
Agora o que eu odeio mesmo é esses caras de esquerda que se julgam bons demais para tomar um chopinho com alguém de centro-direita :)
ResponderExcluirPuta merda!... Nada haver tio!... Hehehe... hora dessa eu desço lá...
ResponderExcluirComentário 1 bom e ponderado.