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sexta-feira, 30 de abril de 2010

A guerra Apple/Jobs x Adobe/Flash


Por Robson França, no blog do Nassif


O Flash é o “Sarney” da vez. Todo mundo sempre soube dos problemas dele:

- pesado e consumidor compulsivo de recursos;

- complicado para desenvolvedores (embora tenha melhorado bastante nas últimas versões);

- funciona por meio de um plugin que dá pau na maioria dos navegadores e configurações de hardware;

- se mal empregado pode deixar um site poluído e enfadonho.


Quando vi a carta do Steve Jobs, pensei comigo mesmo: “descobriu a América; só agora ele percebeu isso?”. Pior ainda: agora todo mundo critica o Flash porque o “Santo Jobs” falou.

A maioria dos desenvolvedores e “designers” web sabem de todos os problemas do Flash, mas continuam usando-o. Masoquismo? Não, o buraco é mais embaixo:


1) Jobs cita os “padrões” web como se o uso de padrões abertos fosse norma na Apple desde sempre. Antes do uso de processadores Intel na plataforma Apple, tudo seguia apenas os padrões Apple: conectores, periféricos e até mesmo protocolos de rede! Com a maior integração com os PC’s baseados em Intel e Windows, a Apple teve que ceder aos poucos até chegar a um certo grau de compatibilidade com dispositivos não-Apple. Mesmo assim, ela faz questão de vender adaptadores dos padrões do mundo exterior com os produtos dela;

2) Ainda em relação aos padrões web, tem algo de estranho aí. HTML5 vai ser consolidado (como o HTML 4 é atualmente) apenas entre 2012 e 2022. Coisas simples como a tag video ainda estão criando muita polêmica. Alguns navegadores (Safari, Chrome) estão utilizando “codecs” proprietários, limitando o uso de vídeos para algumas plataformas. Por sua vez, o Firefox está adotando o padrão aberto Ogg Theora para vídeos. E nem entrei em outros “padrões” que ninguém suporta plenamente, como SVG, CSS3 e ECMAScript. Ademais, para o desenvolvedor Flash migrar para essa nova realidade ele precisaria trabalhar com, pelo menos, 4 tecnologias diferentes (HTML5 + SVG + CSS3 + Javascript) que não estão totalmente consolidadas. Um web designer iria “pastar” muito para criar algo minimamente decente usando essas tecnologias, com o risco de funcionar em poucos ambientes. Não que o Flash seja uma panacéia, mas nesse quesito ele é bem mais interessante do que todas essas tecnologias juntas, pelo menos por enquanto;

3) Algumas das aplicações mais rentáveis dos últimos anos rodando na Web foram feitas em Flash: FarmVille e Mafia Wars, dentre tantos outros que rodam em sites de relacionamento como Facebook e Orkut, faturaram centenas de milhões de dólares. Jobs (e a Apple de um modo geral) não gostam quando alguém usa um produto deles para ter acesso a esses serviços e, oh o horror!, gastar seu rico dinheirinho nesses serviços, que não dão um centavo à empresa de Cupertino;

4) “É a exclusividade, estúpido!”, parafraseando Bill Clinton: a Apple quer que você desenvolva nas plataformas deles usando apenas as ferramentas fornecidas por eles, forçando o desenvolvedor a criar uma versão praticamente exclusiva de determinados aplicativos para a plataforma Apple. Isso é bom para Apple à curto prazo, pois as aplicações tendem a aproveitar melhor os recursos do ambiente Apple. Por outro lado, sob o ponto de vista de mercado à médio e longo prazo, isso pode ser muito ruim. Basta ver a enormidade de “aplicações” de flatulências disponíveis na Apple App Store.

Concluíndo: Jobs descobriu a América. Flash tem muitos problemas e é realmente obsoleto em alguns pontos. Entretanto, é uma ferramenta ainda muito utilizada e, por mais que Jobs odeia admitir isso, dá muito dinheiro para aqueles que souberem usar bem a ferramenta.

4 comentários:

  1. É, agora o Jobs fala mal do Flash e os Apple fanboys repetem cegamente o mantra.

    Esquecem que, se o Flash não tivesse vingado como opção de conteúdo rico interoperável (que funciona em qualquer browser, em qualquer sistema operacional), o monstro medonho chamado ActiveX, que só funciona no IE do Windows, é que teria "vencido" este nicho.

    Por exemplo, o home broker da maioria das corretoras de valores é em Flash. É a única opção para entregar um programa rico e interoperável. Java deveria ser "a" opção por excelência mas...

    É (em parte) graças ao Flash que hoje a gente tem uma Web mais aderente a padrões abertos, AINDA que curiosamente o Flash não seja aberto.

    Curioso é que tem Flash em celulares e tables da Nokia, entre outros. Não é uma maravilha, é lento, mas funciona.

    No frigir dos ovos, a coisa é muito simples: padrão aberto é quando eu mando em você, padrão fechado é quando você manda em mim.

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  2. Eu entendo pouco disso, meu filho é que é o cara nessa área, esta no ultimo ano em Ciências da Computação na UFSC.

    Coloquei esse post pois estou achando interessante todo esse mimimi de lado a lado.

    Na minha opinião o problema da Apple é com relação a ficar ou ñ com o rabo preso com relação a outra empresa. Se eles permitirem o Flash no iPhone e no iPad, logo haverá uma avalanche de programas feitos neste padrão e então sempre que a Apple quiser implementar uma nova tecnologia nos seus aparelhos, ela dependerá da “boa-vontade” da Adobe de abraçar a novidade. Isso parece que está bem explicado na carta do Jobs.

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  3. A Apple já bloqueou outras ferramentas de desenvolvimento para iPhone, como a linguagem Python. Eles querem que você use a linguagem e a ferramenta deles, de todo jeito. Tem algo a mais aí além do medo da dependência comercial. Embora as ferramentas deles sejam de longe as melhores observadas em qualquer sistema, é algo que incomoda.

    Enfim, o lance é votar com a carteira. O Macintosh é um tremendo sistema operacional, e totalmente aberto às tecnologias livres. O iPod é um bom dispositivo de eletrônica de consumo. iPhone eu não tenho, e depois de ter colocado a mão num N900 da Nokia, que roda Linux, vou continuar não tendo.

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  4. Aqui no meu PC, alguns vídeos em HTML5 no VocêTuba ñ estão rodando. Engatam na exibição e ficam voltando como um disco de vinil arranhado.

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