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sábado, 24 de julho de 2010

O ilegal e o imoral


Em um período de cinco meses entre o final de 2008 e o início de 2009, quando o mundo mergulhava numa severa crise econômica, a mais violenta do capitalismo desde a crise de 1929, altos executivos de 17 grandes bancos americanos enriqueceram com bônus de US$ 1,6 bilhão.

Quem contou foi Kenneth Feinberg, encarregado pelo governo dos Estados Unidos de pagar aos bancos a ajuda pública bilionária para resgatá-los da crise que eles mesmos criaram com operações de crédito fictícias que não se sustentaram. Os números sairam de uma investigação com 419 bancos que receberam dinheiro durante a crise.

Como não havia restrições às bonificações, que só foram criadas depois de fevereiro de 2009, Feinberg disse que os pagamentos não foram ilegais. Podem não ter sido ilegais, mas foram imorais. E de uma imoralidade tamanha, muitas vezes superior a certos atos ilegais.

Quando a Nicarágua sofreu um terremoto violentíssimo, que matou 10 mil pessoas em Manágua, o ditador Anastácio Somoza vendeu parte do sangue doado para as vítimas, numa atitude criminosa que marcou o início de sua queda. Pagar bônus com dinheiro da ajuda pública é tão repugnante quanto. É uma afronta ao mundo e a todos os cidadãos norte-americanos que perderam suas casas e passaram a viver com dificuldades após a crise causada pelas instituições financeiras. Um escárnio que não pode ser tolerado, mesmo que não se enquadre tecnicamente na ilegalidade.

Brizola Neto no Tijolaço

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