Com a Copa do Mundo caminhando para seu final, mais algumas colocações sobre essa pantomima:
Apesar de sofrer uma derrota esportiva, o selecionado do Uruguai obteve uma vitória moral, face a outros selecionados nacionais. Refiro-me diretamente ao time brasileiro comandado por Dunga, com mandato emitido pela CBF, que parece ser uma monarquia, já que está sob domínio de João Havelange e seus parentes e afilhados há quase seis décadas.
O Uruguai - perdoem o lugar-comum - caiu de pé. O Brasil caiu de quatro patas, e se comportando de forma reprovável, com jogadores em visível desequilíbrio psíquico e o treinador esmurrando postes de metal, ao vivo, em pleno desenrolar da partida com a Holanda. Um espetáculo de selvageria que envergonha a todos os brasileiros civilizados.
Os 45 minutos finais do jogo terminal com os holandeses foi como uma síntese dos quatro anos de preparação do time da CBF: mau futebol e desordem mental. O onze brasileiro parecia um bando de furiosos e esquecidos. Esqueceram que se trata de uma mera prática esportiva, mas sobretudo esqueceram os clichês que falam do caráter brasileiro - cordialidade, bom humor, malemolência e picardia - e se transformaram em cães hidrófobos com sede de sangue e vingança. Em nome de quê mesmo?
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A mídia brasuca, sempre pronta a provocar uma falsa disputa, para bem além do futebol, entre brasileiros e argentinos, esqueceu de registrar: o selecionado da Argentina foi recebido no aeroporto de Ezeiza, na periferia de Buenos Aires, por cerca de 15 mil torcedores e em plena luz do dia.
Já o selecionado brasileiro - o "time da CBF", como faço questão de frisar - não foi recebido por nenhum torcedor quando o avião pousou no aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, segunda-feira passada. O horário programado pelo presidente da CBF, Ricardo Teixeira, foi o das 5 horas da manhã, justamente para que ninguém se sentisse estimulado a comparecer ao desembarque dos derrotados na África do Sul.
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A quantidade de tolices que os jornalistas esportivos despejam no ouvido dos telespectadores é uma coisa desumana. Não se trata de exigir que tais jornalistas sejam lordes cultos e espirituosos, mas apenas que não sejam obtusos e ignorantes. Alguns deles deixam transparecer o que eu chamo de orgulho do idiota, o sujeito que por ser estúpido se julga normalizado na gelatina marrom da vulgaridade.
"Com certeza" - como eles dizem, depois que aboliram em definitivo o advérbio ou substantivo "sim". O idiota up to date jamais diz "sim". Ele cacareja "com certeza". É mais chique, mais inteligente, funcional e "muderno".
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Os jornalistas-com-certeza que cobrem a copa de futebol da África do Sul pronunciam qualquer nome ou vocábulo estrangeiro com audível acento anglo-estadunidense. O sobrenome alemão Weber, para ilustrar, que se pronuncia Vêber, para a mídia-com-certeza se transforma em Uéber, num evidente cacoete fonético anglófilo. Eles conseguem "inglesificar" (perdão pelo neologismo) até os nomes espanhóis, franceses, italianos. Saiu do português, o resto tudo é inglês ou estadunidense, com certeza.
analise de Cristovão Feil, no Diário Gauche
Comentário botocudo
Não compartilho 100% dos pontos de vista do Feil, p.ex. quando se exaspera com o comportamento do técnico Dunga durante o jogo em que o time do Brasil perdia... isso é normal do futebol. Louvo o Dunga, por outro lado, por ter afrontado a Globosta. Só isso já o coloca num outro patamar.
A escalada de insatisfação com a Globosta por parte do publico patropi foi um fato alvissareiro dessa copa.
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