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segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Que Raloím que nada!...


por Mouzar Benedito, na Revista do Brasil (1)

Ela é uma velha feia e malvada. Tem uma verruga peluda na ponta do nariz, encurvado que nem bico de gavião. No raloím, quer dizer, Halloween, como escrevem os gringos e os que os seguem, lembram-se dela e ameaçam: um suborno (em forma de doces) ou usam as maldades dela contra nós.

Para “festejar” (isso é festa?) o seu dia, muitas fantasias compradas às vezes por altos preços. É o estilo capitalista de festa. Tudo muito comercial. Comprar fantasias, comprar doces pra subornar os pentelhinhos ameaçadores... Não é à toa que essa festa só perde para o Natal em termos de gastos nos Estados Unidos. Até o Dia das Mães, inventado pelos gringos, perde para o raloím.

Aliás, o Natal, como é hoje, também é invenção deles. O Natal cristão pré-Papai Noel era comemorado com a Missa do Galo, iniciada à meia-noite do dia 24 de dezembro e um almoço festivo no dia seguinte. Presentes, só no dia 6 de janeiro, e só para as crianças. Coisinhas simples – um caminhãozinho para os meninos e uma bonequinha para as meninas – para simbolizar os presentes dados pelos Reis Magos a Jesus.

Um dia inventaram o Papai Noel, em Nova York. Só que ele tinha roupa azul. A Coca-Cola “adotou” o dito cujo e fez dele seu velho-propaganda. E ele se espalhou pelo mundo todo, transformando uma data religiosa em festa do comércio.

Mas estamos falando do raloím, detestado por uma conhecida minha, bruxa moradora da ilha de Santa Catarina (onde tem muitas como ela). Mas não é a festa das bruxas? Nada! É das bruxas caricaturadas inicialmente pela igreja – que durante a Inquisição queimou muitas delas porque tinham uma sabedoria que não se submetia à religiosidade forçada da época – e depois pelos capitalistas gringos que transformam tudo em grana.

Minha amiga bruxa reclama, com razão. Bruxa não tem nada a ver com isso. Aliás, ela mesma é bonita, linda. E não faz maldades. Bruxarias não significam maldades. Então, no dia 31 de outubro ela vai comemorar o seu dia, mas não o raloím. “É o Dia do Saci e seus amigos.” Isso mesmo, ela também é amiga do Saci.

O Saci não é antibruxas, gosta delas. E a festa delas, com brincadeiras também para o Saci, inclui uma abóbora, só que não para assustar pessoas: como boas catarinenses, elas apreciam abóbora com camarão.

Mas nem só as bruxas catarinenses merecem comemoração junto com o Saci. No Acre, por que não comemorar o dia do Mapinguari e do Saci? No Ceará, a Caipora e o Saci? Em beiras de rios e lagos, Iara e Saci. No Rio Grande do Sul, Negrinho do Pastoreio e Saci. Enfim, todos os nossos mitos, inclusive alguns vindos da Península Ibérica, são amigos do Saci.

Escolhemos o Saci como símbolo do dia 31 porque ele é o nosso mito mais conhecido em todo o Brasil, não há lugar onde não o reconheçam. Além disso, é o mais simbólico: no início era um índio, depois foi adotado pelos negros e virou negro também e, por fim, ganhou o gorrinho mágico dos europeus. É a síntese do brasileiro. E mais ainda porque é perneta, de uma cor vítima de preconceitos e tão pobre que vive pelado (o calçãozinho é por moralismo da TV), mas é alegre e gozador. Brasileiro paca! Não é à toa que a cada ano mais e mais brasileiros de mais e mais lugares comemoram em 31 de outubro o “Dia do Saci e seus amigos” com música, bailados, brincadeiras infantis, filmes, exposições e tudo o mais que a imaginação permite, sempre com muita alegria. Entre nessa também.


NOTA

(1) todo ano tem desses texticulos detratando o Halloween e a gringarada que inventou isso, e pior, desancando os tupinambás que cá na nossa maloca caem nessa arapuca, mas reproduzo esse opusculo por ter achado instrutivo e engraçadinho... Ah... e bruxa que é bruxa é isso que ilustra nosso post!... Isso sim!


ATUALIZAÇÃO

Hoje na boca da noite sofri com as crianças rodeando aqui em casa e meu cachorro quase louco se esgoelando de tanto latir. Até entendo que do ponto de vista das crianças, essa atividade de azucrinar os adultos em expedições pelas ruas deve ser bem divertido. Num dos anos passados os moleques jogaram ovos na parede da frente da minha casa... deu um trabalho danado para limpar aquilo. Jurei que no ano seguinte ia esperá-los com minha motosserra para decepar alguns braços e pernas da petizada, como no clássico "O massacre da serra elétrica", mas por um motivo ou outro ainda não fiz isso. Esse ano não aprontaram nenhuma.

Ativistas do Anonymous entram no prédio da editora (1º de) Abril e protestam contra a capa do panfleto semanal colorido

pescado no BOL/UOL Noticias


Cerca de 50 manifestantes dos movimentos Anonymous e Ocupa Sampa entraram por volta de 18h desta sexta-feira (28) no prédio da Editora Abril, na zona oeste de São Paulo, para protestar contra a revista “Veja”, que na edição do último sábado (22) estampou na capa a máscara símbolo do Anonymous para ilustrar uma reportagem sobre combate à corrupção.

A capa da discórdia...

  • Edição do sábado (22), criticada pelos ativistas do Anonymous

Segundo Rafael Vilanova, 25, que participa do protesto, os Anonymous não querem ver a imagem do grupo ligada à revista. “Repudiamos a capa da 'Veja', que usurpou a verdade e manipulou nossa mensagem, nossa ideia". A imagem usada pela revista é a máscara branca, com cavanhaque preto, que representa o soldado inglês Guy Fawkes e foi usada na série em quadrinhos "V de Vingança", de Alan Moore.

No protesto, os ativistas --entre eles malabaristas e artistas circenses-- exibiram cartazes contra a revista, com os dizeres “A Veja não me representa” e “Chega de mentiras”. Eles exigiram que a revista publique, na próxima edição, uma carta do grupo. Os manifestantes deixaram o local por volta de 18h45.

Quem são os manifestantes?

Os Anonymous são ativistas que promovem ataques via internet como ferramenta de protesto. O grupo já participou de ações contra sites de pornografia infantil, do governo federal e de operadores de cartões que proibiram doações ao Wikileaks.

O grupo se incorporou ao “Ocupa Sampa”, ou “15.0 São Paulo”, coletivo de manifestantes anticapitalistas que ocupa parte do Vale do Anhangabaú, no centro de São Paulo, desde 15 de outubro. Nessa semana, foi publicado na página do 15.0 um texto contra a reportagem da revista.

“Veja tenta confundir o leitor, fazendo parecer que a sua luta específica contra o governo Dilma e a favor dos empresários é a luta dos acampamentos de indignados. A Veja não nos representa. Nossa luta não é simplesmente contra o governo Dilma. Nossa luta é contra o Capital e os governos de um modo geral”, diz um trecho do texto.

O roto e o mal lavado


O Tribunal de Contas da União cobra da ONG Viva Rio explicações de onde foram parar os R$ 6,1 milhões de convênios com o Ministério do Esporte desde 2005 (processo 015.327/2008-2). A ONG se comprometeu a instalar 250 centros do famigerado Segundo Tempo, para treinar 50 mil crianças, mas não deu conta de um terço disso. A ONG só tem 34 mil nomes de crianças no cadastro.

Ai sobrou grana para fazer proselitismo com as 594 vassouras da moralidade que fincou diante do Congresso para “protestar contra a corrupção”.

Mas sobre essa macutalha a rede Globo, que está metida com essa ONG até o pescoço, não falou nada no Fantástico, ou falou?...

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Minha entrevista com Aldo Rebelo








cronica do meu amigo Henrique Fendrich, no blog Vida a Sete Chaves





- Boa tarde, ministro Rabelo.
- Rebelo.
- …
- Rabelo é o outro.
- Ministro, por que escolheram justamente o senhor para a pasta do Esporte?
- Bem, começa que eu sou palmeirense.
- Já está em atrito com o governo.
- Mas eu não tenho que mudar minha posição pessoal. E em todo caso, sigo o governo.
- Falávamos dos motivos para a sua escolha.
- Para mim, futebol e política andam juntos. Eu até escrevi “O Jogo Vermelho”(1).
- Não li. É um manifesto comunista?
- Fala sobre um Palmeiras e Corinthians que arrecadou dinheiro para o Partido Comunista.
- Pra quê?
- Queriam financiar algumas campanhas políticas.
- A Veja sabe disso?
- …
- Quais serão suas prioridades nos preparativos para a Copa do Mundo?
- O campo.
- O campo?
- A sociedade não pode virar as costas para o campo. Nossa música vem do campo, nossa culinária vem do campo. E a nossa agricultura, naturalmente.
- Entendi. O futebol vem do campo também.
- Sem campo ninguém joga bola.
- E o que pretende fazer pela qualidade do campo nessa Copa?
- Bem, eu acho que não devemos proibir o cultivo neles.
- Cultivo no campo?
- Como é que vamos proibir a agricultura em várzea? É algo que existe no mundo inteiro.
- Os campos serão de várzea?
- Há 2 mil anos se planta arroz em várzeas da China e da Índia. Nunca reclamaram, e continuam plantando até hoje.
- Mas eles não jogavam futebol nessa época.
- Temos que ter cuidados, mas você não pode proibir o uso dessas áreas.
- Não dá pra fazer isso em outro tipo de várzea?
- Se o conceito de várzea mudar, todos os produtores passarão à ilegalidade.
- Bom. Mas o senhor deve saber que a Fifa não permite isso.
- As regras do futebol são muito rigorosas. Deixa que o Ministério Público cuida disso.
- Mas o senhor tem certeza de que isso não vai atrapalhar as partidas?
- O que está em jogo não é apenas futebol. Estamos falando de como o Brasil dispõe do seu solo. Não podemos deixá-lo na mão dos interesses de grandes países que virão jogar aqui.
- E quanto aos convênios com as ONGs? Foi isso que derrubou o Orlando Silva.
- As ONGs agem a favor de interesses estrangeiros. Querem ditar regras aqui no Brasil.
- E o que elas querem?
- Impedir o nosso sucesso no campo.
- Argentinos, talvez?
- Americanos e europeus. Foram elas que quebraram o campo africano.
- Na última Copa?
- Não podemos deixar que façam o mesmo aqui.
- Pra terminar, ministro, o que pretende fazer com os estádios após a Copa?
- Quem preservou, terá benefícios. Quem não preservou mas já estava construindo no tempo em que eu não era ministro, será anistiado.
- Entendi. Obrigado, ministro. Digo, ainda é ministro, não?

_______________________

Atualização e Notas

Helena Sthephanowitz, especial para a Rede Brasil Atual

(1) O novo ministro do Esporte, Aldo Rebelo, cuja principal incumbência será desatar os nós existentes para a realização da Copa do Mundo de 2014, juntou sua paixão pelo Palmeiras e sua crença comunista para retratar no livro "Palmeiras x Corinthians - O Jogo Vermelho" os bastidores do amistoso entre os rivais, disputado em 1945 e cuja renda foi revertida para a campanha eleitoral do Partido Comunista do Brasil.

Mas a bibliografia de Aldo Rebelo conta com outra passagem ainda mais reveladora de seu conhecimento dos bastidores do esporte: "CBF/ Nike", livro publicado em 2001 em parceria com o hoje secretário de Habitação de São Paulo, Silvio Torres (PSDB). Nele, Aldo foi fundo na investigação de irregularidades na entidade máxima do futebol, alvo de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) por ele presidida. As informações são do jornal Valor Econômico

Embargado pela Justiça, o livro tem como foco a atuação de Ricardo Teixeira à frente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). O dirigente é retratado como alguém que usa do prestígio da CBF para criar uma rede de influência no Congresso, com direito a doações polpudas a parlamentares em campanha e imerso em acusações de corrupção - das quais se defenderia, segundo o texto, contratando advogados pagos pela entidade. A Nike é retratada como uma empresa cuja influência adentra o campo e interfere na escalação da seleção de futebol.

A CPI do Futebol fora iniciada por iniciativa de Aldo, que no início de 1999 começou a recolher assinaturas para sua instalação. Desde o início, a pressão contrária por parte da chamada "bancada da bola", composta por deputados ligados a dirigentes e clubes, foi imensa para que a CPI não alcançasse resultados efetivos. Seus representantes fizeram circular na imprensa que rejeitariam o relatório de Silvio Torres antes mesmo que ele estivesse pronto. Produziram até um relatório alternativo, desprovido de pedidos de indiciamento. Vendo os trabalhos correrem sério risco, Aldo e Torres decidiram encerrar a CPI sem que um relatório fosse votado.

Santa Catarina continua em festa - Dinheirama mal ajambrada - mas essa pode!...


Raul Sartori, em seu blog



A Federação de Convention & Visitors Bureaux do Estado de SC, com 13 filiados de diversas cidades e regiões e que tem como principal função promover, captar e gerar eventos, não tem do que reclamar da atual administração. Do inicio do ano até agora recebeu mais de R$ 15 milhões de verbas dos fundos de Turismo, Cultura e Esporte. Na maioria das vezes comparece como entidade intermediária, recebendo os recursos e repassando-os adiante em diferentes projetos, alguns muito questionáveis, porque absolutamente comerciais, sem função social alguma, como está no seu regulamento, como o Donna Fashion, de moda, de acesso público restrito, promovido pela RBS. O contribuinte catarinense pagou R$ 600 mil na última edição desse evento.



quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Wikileaks aponta Wiliam W(fr)aack como vil vendilhão da pátria - um reles informante do governo dos EUA


do portal R7

O repórter William Waack, da Rede Globo de Televisão, foi apontado como informante do governo americano, segundo post do blog Brasil que Vai - citando documentos sigilosos trazidos a público pelo site Wikileaks há pouco menos de dois meses.

De acordo com o texto, Waack foi indicado por membros do governo dos EUA para “sustentar posições na mídia brasileira afinadas com as grandes linhas da política externa americana”.

- Por essa razão é que se sentiu à vontade de protagonizar insólitos episódios na programação que conduz, nos quais não faltaram sequer palavrões dirigidos a autoridades do governo brasileiro.

O post informa que a política externa brasileira tem “novas orientações” que “não mais se coadunam nem com os interesses americanos, que se preocupam com o cosmopolitismo nacional, nem com os do Estado de Israel, influente no ‘stablishment’ norte- americano”. Por isso, o Departamento de Estado dos EUA “buscou fincar estacas nos meios de comunicação especializados em política internacional do Brasil” - no que seria um caso de “infiltração da CIA [a agência norte-americana de inteligência] nas instituições do país”.

O post do blog afirma ainda que os documentos divulgados pelo Wikileaks de encontros regulares de Waack com o embaixador do EUA no Brasil e com autoridades do Departamento de Estado e da Embaixada de Israel “mostram que sua atuação atende a outro comando que não aquele instalado no Jardim Botânico do Rio de Janeiro”.


Wikileaks suspende operações

O site WikiLeaks anunciou nesta segunda-feira (24) a suspensão temporária da difusão de documentos confidenciais e sigilosos para concentrar-se na arrecadação de fundos que permitam garantir a futura sobrevivência.

A página criada por Julian Assange afirma em um comunicado que se vê forçada a “suspender temporariamente as operações de publicação e a arrecadar fundos agressivamente para contra-atacar”, após o bloqueio de seus recursos pelas operadoras de cartões de crédito e outras empresas.

Companhias americanas suspenderam transações com o site após a publicação de 250 mil documentos do Departamento de Estado americano, o que causaria restrições a essas empresas.

Em algum lugar numa colônia italiana no Rio Grande do Sul

Como tirar um anel da maneira mais engraçada. Eu achei esse vídeo às 3:00 da madrugada, e acabaram-se as lagrimas de tanto rir... até acordei a patroa que já dormia sono solto naquela hora.

- Vai devagarrrr, meo!... vai devagarrrr!... eu me cago tudo!...

Mosquito voa na chuva?


O vídeo abaixo é mudo, apresentado só em inglês, mas responde um pergunta muito importante para a continuidade da existência da espécie humana na face da terra

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Explicação didática - Conclusões sobre as circunstancias da morte de Kadafi







ótimo e instrutivo texto do desembargador Francisco Cesar Pinheiro Rodrigues, publicado no blog do Nassif


Muamar Kadafi era, sem dúvida, um déspota desagradável — há tiranos “maneiros’... — , vingativo, nem um pouco esclarecido. Quando menino, nas aulas de História Geral, eu achava engraçada a expressão “déspota esclarecido”. Cheio de caprichos, Kadafi dava imenso trabalho ao cerimonial e serviços de segurança dos países do Primeiro Mundo que visitava como convidado oficial. Exigia dormir em tendas, ao ar livre, mesmo em Roma, Nova Iorque e Paris. Não tinha o menor receio de afrontar os representantes das maiores potências nem os CEOs das riquíssimas companhias petrolíferas ocidentais, embora plenamente consciente de que dinheiro é poder. E o poder consegue praticamente tudo quando dispõe, sozinho, do privilégio de moldar, à vontade, a manipulável opinião pública. Kadafi atreveu-se — conta-se —, a rasgar a Carta das Nações Unidas em plena Assembléia Geral da ONU. Descontada a teatralidade, tinha uma certa razão, porque essa Carta não foi concebida para impor estilos de governo. Foi feita para obrigar, igualmente, todas as nações, fortes e fracas, a respeitar as demais, não interferindo nos seus assuntos internos.

Pelo que informa a mídia, Kadafi guardava no Exterior bilhões de dólares, em contas do Banco Central líbio e outras instituições governamentais. Como suas decisões não podiam ser contestadas por ninguém, o dinheiro depositado poderia — em tese — se sacado pelo próprio Kadafi, para uso pessoal ou de sua família. Por outro lado, estando tais contas em nome de órgãos governamentais, isso foi benéfico para a Líbia, que ficou com reservas em dinheiro depositado no Exterior. Estivesse o dinheiro depositado em bancos na própria Líbia, essa riqueza já teria sido saqueada na confusão de meses de lutas internas.

Por mera intuição de psicólogo amador, arrisco “diagnosticar” — futuros biógrafos mostrarão se estou certo ou errado — que Kadafi fazia algum uso de anfetaminas, droga que, quando consumida sem restrições acentua a mania de perseguição, passada a euforia que inicial. No seu caso, aliás, a paranóia era altamente recomendável porque o mantinha em constante alerta contra um enxame de inimigos que queriam seu lugar. Tendo tomado o poder ilegitimamente, em 1969, com 27 anos, sabia que só podia confiar na força e na intimidação porque foi com esses componentes da luta política — em países com pouca alfabetização — que se tornou o “homem forte” da Líbia. Conseguiu esse status em setembro de 1969, mediante um golpe de estado. Liderando um grupo de oficiais, tomou o poder quando o rei, Idris — o primeiro e único rei líbio — estava ausente do país. Idris, um monarca religioso e de saúde frágil, após sua deposição foi acolhido pelo Egito, ali vivendo — tudo indica confortavelmente —, até falecer em 1983. Nesse “golpe” de 1969 não houve derramamento de sangue.

Não obstante seus inúmeros defeitos — mesmo o demônio não consegue a perfeição em sua maldade — , Kadafi beneficiou o povo líbio quando, logo após se tornar o “dono” do país, exigiu uma maior participação estatal nos lucros do petróleo, extraído pelas poderosas empresas ocidentais. Caso contrário, elas não teriam mais permissão de continuar operando. Sabia que as petrolíferas acabariam cedendo, como realmente ocorreu. Seria suicídio econômico se elas abandonassem o lucrativo investimento. E sua ousadia foi sendo imitada por outros países da região, ricos em petróleo e gás, o que explica — em boa parte —, porque Kadafi era tão odiado pelos países mais ricos do ocidente.

Com a maior união dos países árabes, no item petróleo, o barril foi subindo de preço, para indignação daqueles países ocidentais acostumados, até então, a conceder à Líbia e outros países árabes apenas as migalhas do lucrativo negócio. Esses aumentos pareciam, ao Ocidente, uma autêntica “extorsão”, tirando proveito de uma forma de energia até então impossível de substituir. Um dia Kadafi pagaria por esse estímulo à “chantagem”.

E pagou, no dia 20 de outubro de 2011, ainda que, com muita habilidade política, usando-se mãos alheias: os revoltados com a longa ditadura. Seria necessário, para salvar as aparências, que os rebeldes líbios — não a OTAN —, fizessem o “serviço sujo”. Atente-se que os pilotos da OTAN, sabendo ou presumindo que Kadafi estava na caravana de automóveis que fugia da cidade, não bombardeou ou metralhou largamente os veículos — como vinha fazendo antes —, porque com isso poderiam matar o ditador. A ordem, provavelmente, para os pilotos — ou para os controladores dos vôos não tripulados — seria mais ou menos essa: —“Apenas impeçam a fuga dele! Não o matem! Detido o comboio, será alcançado pelos rebeldes que certamente o matarão, algo muito mais prático que um julgamento público. Sabe-se lá o que ele diria em sua defesa, no tribunal? Se os aviões da OTAN o matarem diretamente estaremos violando a Convenção de Genebra. Isso seria um ato de guerra. E nesta é crime matar o inimigo que se rendeu. Juridicamente não estamos “em guerra”. Estamos apenas favorecendo um dos lados, protegendo a população líbia”. E assim aconteceu. Os revoltosos pegaram Kadafi e o lincharam e mataram. Soaria muito mal, política e juridicamente, que potências estrangeiras, integrantes da Otan, matassem um chefe de estado no próprio país dele. Essa manobra tem uma metáfora bem popular: “Puxar a sardinha com a mão do gato”.

Abordando o assunto sob o ângulo de Direito Internacional é preciso frisar que a Carta das Nações Unidas não autoriza o uso do assassinato de chefes de estado a mando de outros Estados, seja em nome próprio ou através de organizações militares, como a OTAN. E o que aconteceu na Líbia foi exatamente a utilização do que é proibido: força aérea estrangeira metralhando e bombardeando as forças armadas de um país cercado e não acusado de agressão. Kadafi não atacara nem os EUA, nem o Reino Unido, nem a França. Um artigo de um especialista, Roberto Godoy, no jornal “O Estado de S. Paulo”, em 21-10-11, pág. A-24, revela-nos que a Otan dava cobertura ao avanço dos revoltosos, “garantidos pelo bombardeio aéreo, intenso e diário, dos 180 aviões da coalizão internacional”.

Se isso não representa desrespeito à livre determinação dos povos, nítido ato de guerra, não dá mais para saber o que é guerra. A agressão não precisa, para ser caracterizada como tal, realizar-se com tropas marchando no chão. Se assim fosse, nações fortes poderiam jogar algumas bombas nucleares para arrasar qualquer país sem serem acusadas de ato de agressão. Um único avião poderia fazer “o serviço”. Muito mais devastador do que milhares de soldados no solo. E na Líbia eram muitas dezenas de aviões atacando as forças governamentais. É muita inocência, ou malícia interpretativa, dizer que é indispensável a presença de soldados no solo para caracterizar uso da força, sob o prisma do Direito Internacional. O uso da força aérea é decisivo para vencer guerras, nos tempos atuais. Houve, sim, no caso líbio, uma poderosa e letal interferência de outros países, integrantes da OTAN, para derrubar um governo. Isso sem falar na presença, em terra, de dezenas de assessores estrangeiros, orientando os revoltosos sobre como articular os ataques contra o tirano, isso sem mencionar o fornecimento de armas.

Sobre tiranias, também o Direito Internacional não chegou ao ponto de permitir que países possam invadir outros para remover governantes que consideram, com ou sem razão, tiranos. Se os povos são soberanos, como diz a doutrina, podem apoiar um ditador, que lhes pareçam benéficos, talvez até mais justos que algumas democracias de papel. É certo que a democracia, em tese, é melhor que a ditadura, mas isso não autoriza as nações ou coligações a invadir países para remover governantes não democráticos.

Alguém dirá que a OTAN interferiu com ataques aéreos apenas por motivo nobre, defendendo direitos humanos, pois o ditador estava matando revoltosos, seus próprios cidadãos — que, convenhamos, estavam também dispostos a espancar ou matar o tirano.

Se o argumento da “nobreza” vale, na teoria, figuremos a seguinte hipótese: suponhamos que um milhão de americanos, reunidos em frente à Casa Branca, em Washington, protestasse contra a política econômica de Barack Obama. Exaltados, os manifestantes ameaçam invadir os jardins da Casa Branca. A polícia intervém com gás lacrimogêneo e balas de borracha. Dois manifestantes morrem e a turba, mais enfurecida, tenta ingressar na sede do governo federal. Aí a polícia passa a atirar com balas de verdade. Aí teríamos o “massacre”. Se o conflito se generalizasse, em várias cidades — pergunta-se —, teria a China, por exemplo, o direito “humanitário” de dar apoio aéreo à “população massacrada” bombardeando a Casa Branca e o Pentágono? Não seria, essa hipotética atitude chinesa, uma distorção na “proteção dos direitos humanos”? Sanções econômicas e diplomáticas são aceitáveis, sob o prisma internacional dos direitos humanos, mas intensos bombardeios significam clara interferência bélica nos assuntos internos de outros países, ainda proibida — pelo menos em teoria. Assim, tinha certa razão Kadafi quando, dizem, rasgou, na ONU, a Carta das Nações.

Um detalhe sobre o qual a opinião pública internacional deve permanecer atenta, futuramente— para conhecer as reais motivações do apoio bélico aéreo contra Kadafi — será saber se o novo governo líbio ficará ou não devendo dinheiro aos países que controlavam a OTAN. Receio que o fator petróleo está no topo do conjunto de motivos para a invasão aérea e o linchamento, “por procuração”, do tirano.

Pergunta importante: o futuro governo líbio terá, por caso, que pagar financeiramente as armas recebidas dos americanos, franceses e ingleses? As despesas da OTAN com aviões, bombas, munições e assessoria militar em terra, deverão ser reembolsadas? Se isso ocorrer — seria muito cinismo... — estará comprovada a segunda intenção — petróleo! — da cobertura aérea e apoio tático aos revoltosos. Isso porque estando as finanças líbias muito desorganizadas, após meses de anarquia, o país só poderá, talvez, pagar tais empréstimos com concessões para extração do petróleo. Além do petróleo, com que outra riqueza o novo governo líbio pagaria essa dívida. Com areia? Ainda não se sabe se os alegados depósitos líbios no Exterior seriam suficientes para indenizar os gastos feitos pelos principais países que integram a NATO.

Empresas chinesas e de outros países — não integrantes da NATO — também extraiam o petróleo líbio. Voltarão elas a operar no país, quando a Líbia estiver sob novo governo, ou somente EUA, França e Reino Unido é que tomarão conta do petróleo líbio? Esse detalhe é importante para se verificar se a queda de Kadafi foi motivada apenas pela defesa dos direitos humanos ou se por trás dessa bela expressão havia alguma oleosa ambição política?

O assassinato, direto ou por procuração, ainda impregna a política internacional, prática que imaginava-se fora de moda. Por outro lado, o assassinato de Kadafi é um alerta de que as tiranias já não podem se defender com a eficácia de antigamente.

O exercício do poder é agradável. E, se absoluto — foi o caso de Kadafi —, agradabilíssímo. O que explica porque todos os governantes — inclusive presidentes de democracias ocidentais — queiram permanecer no cargo até a morte. E mesmo além dela, através de um filho sucessor, prova de que o “gene” da “monarquia” ainda impregna o código genético da natureza humana.

Todo governante gostaria de ser o fundador de uma dinastia infinita. “Jamais por amor ao poder, claro. Adoro meu povo quando me aplaude!”. Difícil um presidente que não queira voltar ao poder. O próprio Barack Obama também faz questão de continuar, enquanto a legislação assim permitir, o que explica sua súbita mudança de mentalidade no avaliar situações internacionais. Em questão de semanas passou de “pomba” a “falcão”. Se os eleitores querem mais “firmeza”, sejamos “duríssimos”, “do contrário perco a eleição”. Putin saiu quando ficou impossível continuar, mas pretende logo voltar. E assim por diante, em todo o planeta. E os tiranos nem podem dar ao luxo de deixar o poder, porque é imenso o risco do assassinato. Por tal razão, e outras, é que a democracia — mesmo quando corrupta —, é superior às ditaduras. Nestas, quem entra não quer nem pode sair, sem risco de vida. Nas democracias, ninguém quer sair, mas pelo menos pode.

Para os líbios, no longo prazo, foi bom o afastamento de Kadafi, mas antes de melhorar vai piorar, por meses ou anos. Pessoas de sensibilidade normal não gostaram nem um pouco da brutalidade como ocorreu a queda do tirano. Melhor seria se seu afastamento ocorresse de modo mais civilizado. Em um tribunal, ele poderia nos revelar coisas bem interessantes, para susto de alguns chefes de estado.

As considerações deste artigo têm também a finalidade de sugerir que os leitores em geral estão bem cientes das manobrinhas astutas da política internacional, que se imagina mais inteligente do que realmente é.

Delfim Netto - A origem da crise nos EUA


texto de Antonio Delfim Netto, no UOL/Folha (só para assinantes), reproduzido no blog do Nassif


Para entender os movimentos dos "indignados" americanos e da "ocupação de Wall Street", é preciso considerar alguns fatos:

1) A renda per capita não cresce desde 1996;
2) A distribuição dessa renda tem piorado há duas décadas;
3) O nível de desemprego em abril de 2008 era de 4,8% da população economicamente ativa, o que, em parte, compensava aqueles efeitos;
4) Em janeiro de 2010, o desemprego andava em torno de 10,6% e, desde então, permanece quase igual (9,2%);
5) O colapso da Bolsa cortou pelo menos 40% da riqueza que os agentes "pensavam" que possuíam;
6) A combinação da queda da Bolsa com a queda do valor dos imóveis residenciais fez boa parte do patrimônio das famílias evaporar-se;
7) Ao menos 25% das famílias têm hoje menos da metade que "supunham" ter em 2008.

O grande problema é que a maioria dos cidadãos não entende como isso pode ter acontecido. Sentem que foram assaltados à luz do dia, sob os olhos complacentes das instituições em que confiavam: o poder Executivo e o Banco Central. Assistem confusos o comportamento do Legislativo. Pequenos grupos mais exaltados tentam reviver, com passeatas festivas de fim de semana, o espírito "revolucionário" de 1968, que deu no que deu...

É muito pouco provável que essa pressão leve a alguma mudança séria em Washington. Talvez algum efeito nos resultados da eleição de 2012. Isso não deixa de ser preocupante e assustador dado ao reacionarismo do influente Tea Party no partido Republicano e à pobreza intelectual dos seus atuais candidatos.

A história não opera em linha reta. Nada garante que, mesmo com as suas fortes instituições, o atual disfuncionalismo político americano não possa produzir algo ainda pior do que o que estamos vendo.

O último levantamento do Gallup (15 e 16 de outubro de 2011) perguntou a quem o consultado atribuía a crise que estava vivendo. As respostas foram: 64% ao governo federal; 30% ao comportamento das instituições financeiras e 5% não tinham opinião formada.

Modelos de previsão eleitoral como os de Ray Fair, da Universidade de Yale (adaptados no Brasil pelo competente analista político Alexandre Marinis), ainda dão uma probabilidade maior à reeleição de Obama -apesar de que quase dois terços dos americanos acreditam que ele é o responsável pela crise.

Injustamente, porque a crise é produto dos governos Clinton (democrata) e Bush (republicano), que se esmeraram em demolir, com a desculpa ideológica de que os mercados financeiros eram eficientes e se autocontrolavam, a regulação do sistema bancário construída por Roosevelt (democrata) depois da crise de 1929.

Anonymous afronta a Veja: Um show de manipulação


A ultima edição do panfleto semanal da Editora (1º de) Abril tenta linkar o movimento Anonymous com os protestos anti-corrupção no Brasil, utilizando a máscara de Guy Fawkes, símbolo do movimento, em sua capa. Um show de manipulação, já que uma coisa não tem nada a haver com a outra.

Em resposta à Veja, o Anonymous postou este vídeo no VocêTuba:




DUVIDA DE UM ÍNDIO

Quem seria esse movimento Anonymous aqui na nossa aldeia?...

Idéias (??) para o monte Crista




do jornal A Noticia


Audiência pública polêmica abriu ontem a discussão sobre criação de um parque no entorno da montanha pertencente à Serra do Mar. Mas apenas uma associação esportiva tem esboço de proposta



A criação de um parque estadual de preservação ambiental em torno do monte Crista, na região de Garuva, passou a ser discutida ontem à noite, numa audiência pública na Câmara de Vereadores de Joinville.

O encontro foi agendado pela Comissão de Turismo e Meio Ambiente da Assembleia Legislativa de SC, a pedido do deputado Kennedy Nunes (PSD), que divulgou o debate em um outdoor na cidade. A intenção de Kennedy seria garantir a manutenção das riquezas naturais e a orientação dos visitantes durante caminhadas – o local é conhecido por ser cenário de resgate de aventureiros que se perdem. A opção por parque em vez de reserva natural ocorre porque reservas não preveem exploração turística.

Mas antes mesmo de as ideias serem levadas à mesa, a audiência rendeu polêmica. Convidado ao debate, o prefeito de Garuva, João Romão (PP), disse ter estranhado o agendamento da discussão na Câmara de Joinville. “Não conhecemos detalhes da proposta e até estranhamos que seja discutida em Joinville”, criticou.

A Associação Joinvilense de Montanhismo (AJM) também se surpreendeu com a realização da audiência no Legislativo joinvilense, pois defende a participação de moradores do pé do monte no debate. A Fundação Municipal do Meio Ambiente de Joinville e a Secretaria de Desenvolvimento Regional de Joinville informaram que sequer receberam convites.

Em viagem à Coreia do Sul, o próprio Kennedy não compareceu à audiência. No lugar dele, foi convidado o deputado Darci de Matos (PSD) para presidir a sessão. Segundo Darci, o maior entrave para o parque seriam as indenizações para lavradores e até indígenas. “Mas 17 milhões de m² são da Celesc e outros 10 milhões de m² são da empresa Comfloresta, que já manifestou intenção de doar o terreno à Prefeitura de Garuva”, afirma.

Procurado pela reportagem, um assessor de Kennedy explicou que a audiência foi marcada para Joinville porque a vegetação nos arredores do Crista abrange também a cidade, além de Corupá e São Bento do Sul. A assessoria garantiu que outras audiências serão agendadas nos próximos meses, inclusive em Garuva.

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CONSTATAÇÃO DA NOSSA ALDEIA TOLDO TAQUARAL

Isso começa bem!... Onde foi que já vimos isso?... mas tanto lá como cá não passa de politico musculando para a próxima eleição!...

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Sistema nacional de monitoramento de resíduos sólidos


Vinicius Konchinski, da Agência Brasil


O governo federal está trabalhando na estruturação de um centro de monitoramento de resíduos gerados no país, que deve estar funcionando em 2013. A previsão foi feita hoje (24) pelo secretário de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano do Ministério do Meio Ambiente, Nabil Bonduki, ao participar de debate promovido pela Fundação Getulio Vargas (FGV), em São Paulo.

Será o Sistema Nacional de Informações sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos (Sinir) que, segundo Bonduki, reunirá, em uma única central, informações sobre todos os resíduos gerados no país. Ele explicou que alguns tipos de resíduos, como os hospitalares, já têm sua destinação monitorada e fiscalizada. O objetivo, agora, é fazer isso com todos os tipos de materiais.

O Sinir terá um papel fundamental para a fiscalização do cumprimento da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), aprovada e regulamentada no ano passado. A lei prevê o fechamento de todos os lixões até 2014, o envio do lixo a aterros sanitários ambientalmente adequados e a criação de cadeias de recolhimento e reciclagem de materiais. Cidades, estados e setores produtivos que não respeitarem o determinado pela PNRS estarão sujeitos a punições. O Sinir será a base de dados usada para essa fiscalização.

Bonduki, para quem o sistema deverá funcionar em, no máximo, um ano e meio, será importante para o cumprimento de metas do Plano Nacional de Resíduos Sólidos. “O sistema de informação e monitoramento será fundamental para que se regule o cumprimento das metas do plano nacional”. O plano está em fase final de elaboração e vai estabelecer metas sobre como as mudanças no tratamento do lixo terão de ser implementadas. A criação do plano estava prevista na PNRS e deve ser concretizada no primeiro trimestre do ano que vem.

O plano servirá como base para os programas estaduais e municipais de resíduos que também terão de ser formulados. O Ministério do Meio Ambiente publicou hoje edital oferecendo financiamento a estados e consórcios intermunicipais que estejam estruturando seu plano conforme determina a PNRS.

Bonduki disse que a PNRS é uma política ampla e que precisa do envolvimento de todos para que dê certo. Para ele, só com a participação de todas as esferas de governo, das empresas, dos catadores e toda sociedade o problema dos resíduos será equacionado.

O Brasil produz 180 mil toneladas de resíduos por dia – pouco menos de 1 quilo de resíduo por pessoa. Desse total, 58% são levados a um aterro sanitário, recebendo, assim, tratamento adequado. Já o restante, geralmente, é levado aos lixões.

A pesca em Santa Catarina


Estoques pesqueiros


Recentes pesquisas de cientistas, publicadas pela revista Science, dão conta que a partir de 2048 as populações de peixes e outros animais marinhos, como moluscos, entrarão em colapso caso a tendência de pesca e destruição de habitats continue no mesmo ritmo.

O estudo, que ultrapassou o universo acadêmico e repercutiu na imprensa internacional, mostra que 29% da vida marinha, incluindo pássaros, plantas e microorganismos já atingiram este estágio. E os cientistas acreditam que em 2048 TODA a vida marinha estará na mesma situação. Vai diminuir drasticamente. Algo como 90%!

Mas as políticas dos órgãos regulatórios da pesca brasileiros (IBAMA?) para enfrentar ou amenizar, caso a hipótese venha a se confirmar, não existem.

Vale dizer : a catástrofe é real, se avizinha e o Brasil oficial não tem nada a dizer sobre este desafio (provocado justamente por generalizada escassez mundial de políticas de exploração marítima e ocupação da orla).

Diversidade x Quantidade


Os mares brasileiros só têm biodiversidade. Leia-se grande variedade de espécies. Mas o volume das que interessam à indústria pesqueira, ou sua biomassa, é pequeno.

E ainda não faltam conflitos nas esferas do poder, interesses antagônicos no setor produtivo, que também “chia muito” segundo se diz, o lobby do poder econômico, e rusgas entre os pescadores artesanais e industriais. Continua faltando ao IBAMA, entretanto, recursos, estrutura, políticas definidas, equipamentos e pessoal, além de leis eficazes, daquelas raras que se podem cumprir.

Por isto nas palavras do chefe, “a pesca no Brasil é uma esculhambação total”.

O colapso da sardinha e da tainha


Um outro fator de preocupação deve ser o colapso da sardinha e da tainha, ambas costeiras, e ainda importantes no sul e sudeste, apesar de sobrexploradas.

Primeiro a sardinha: Ela, que já representou 120 mil toneladas num ano, teve uma queda assombrosa cujo ápice foi 17 mil toneladas em 2000. “Hoje rezam a todos os santos para a safra chegar nas 40 mil toneladas/ano”.

Sobre os motivos do colapso: Poluição urbana e industrial, ocupação predatória da costa, defensivos agrícolas, desaparecimento de habitats, aquecimento global, a lista é enorme. Mas deve-se incluir também sobrepesca descontrolada e omissão do Estado.

A tecnologia da pesca


Mas tem outro fator, o da tecnologia que a cada momento se aprimora e aumenta a eficiência da pesca. Parece que de todas as novidades incorporadas modernamente na pesca, a mais prejudicial seria o “power block” ou, o sistema hidráulico de puxar rede.

A produção e seus conflitos


Os pescadores de atum (industriais) também contribuem para o sumiço da sardinha. Desde que a pesca de alto- mar começou, faz poucos anos, enormes atuneiros vão atrás de sardinhas juvenis para servirem de isca viva. Eles investem contra enseadas procurando cercar os cardumes, o que os coloca contra os interesses dos pescadores artesanais que vivem de explorá-los. Quando sai para o alto-mar um atuneiro pode levar até um milhão de iscas vivas, ou sardinhas ainda em fase de crescimento.

Além de tirar a comida da enseada ou “quintal” dos pescadores artesanais, ainda contribui para piorar a situação de inúmeras outras espécies, porque as sardinhas também são a base da cadeia alimentar para diversas delas. É bom saber que os cardumes migratórios de atuns e afins são abundantes na costa brasileira. E para este tipo de conflito e ameaça há poucas sugestões.

E o caso das Tainhas


“O maior criadouro é a Lagoa dos Patos, no Rio Grande do Sul. Na época da safra, quando saem da lagoa e sobem costa, traineiras de Itajaí vão para lá e as pescam na boca da barra de Rio Grande, por isto elas diminuíram costa acima”.

Tanto é verdade que o Ibama decretou uma “área de exclusão”, impedindo que barcos joguem suas redes a menos de mil metros da barra. O problema, como antecipou o chefe do CEPSUL, é a impossibilidade do órgão fiscalizar a medida que ele mesmo criou.

Mas só o fato das traineiras de Itajaí irem para a boca da barra, buscá-las no início da migração anual, já demonstra que na pesca o que vale é a lei do mais forte.

O arrasto ...


...é mais fácil extinguir o Ibama que acabar com o arrasto”.

E quanto à fiscalização, especialmente sobre a distância da costa em que o arrasto é praticado em cada estado – cada um determina a distância mínima que varia entre uma e três milhas:

“Não temos como manter uma fiscalização ostensiva ou intensiva... falta gente e equipamento”. (ao IBAMA SC)

Licenças de pesca


...é outra bagunça. Alguns têm licença para arrastar camarão, outros para peixes. Mas quando não há camarões os primeiros arrastam peixe. E quando não há peixes os detentores deste tipo de licença arrastam camarão. Deu pra entender?

Ou seja, sem fiscalização, é o salve-se quem puder. Vale tudo.Agora que a coisa está preta, onde houver um cardume economicamente viável, a indústria da pesca o ataca impiedosamente. E isto acontece a toda hora. É esta nossa realidade no mar. Segundo Rodrigues a “única frota fiel é a do camarão sete barbas”.

Bom, e aí a pergunta? A baderna vai continuar?

Política de pesca


Ah, o governo Lula instituiu uma política, sim, a criação da SEAP foi um pequeno avanço:


“Agora não ficamos mais correndo de órgão para órgão, de um Ministério para outro, o que é melhor. Mas a SEAP não fez um levantamento nem tem um banco de dados, trabalhou com informações aleatórias. E não existe uma política de governo”.

A do salário defeso, quantia que é paga pelo Estado ao pescador na época do impedimento da captura de determinada espécie. Sobre ela: “É a maior sacanagem”. “Depois da medida apareceu pescador em tudo que é lugar”. “Ninguém pára de pescar e todos continuam ganhando”.

Pesca oceânica


Quando ela começou no Brasil? “Faz 8 a 10 anos”.

Quais as espécies mais visadas? “Atum e afins, além de caranguejos, namorados, congro- rosa , peixe- sapo, e outras”.

E qual o maior problema desta modalidade? “O conflito entre barcos estrangeiros e os nacionais”. Mais um...

O Brasil ainda não domina a tecnologia de pesca oceânica, nem tem uma frota de barcos à altura deste desafio. Ao mesmo tempo a pesca de cardumes migratórios é discutida, regulamentada e administrada, em um fórum internacional, o ICCAT (Comitê Internacional para a Conservação dos Atuns no Atlântico), um acordo internacional do qual o Brasil é signatário junto a outros 30 países e segue, ou deveria seguir, as recomendações deste organismo, o mesmo que estipula a quantidade a ser capturada por cada país.
Mas, se não temos os barcos próprios, modernos, mortíferos, caríssimos e dotados de tecnologia de ponta, o que fazer?

O governo sugere o arrendamento e, depois de certo tempo de uso, a possibilidade de sua nacionalização. Mas o SINDIPI (Sindicato da Pesca de Itajaí) não avalia como boa esta medida.

Fonte

Adaptei os tópicos e obtive os dados acima desse site aqui:

http://www.marsemfim.com.br/index.html

(parte da viagem entre São Chico e Florianópolis)

São depoimentos de janeiro de 2007, de técnicos de pesca, agentes do IBAMA-SC, Univali, etc. – todos de Itajaí. Embora estejam um pouco defasados (mas não muito), ainda podem ser fonte de referencia para o problema da pesca em Santa Catarina.

Europa agora é refém da China?...


Tom Orlik, da Dow Jones Newswires, publicado aqui na Pindorama pelo Valor Econômico


As histórias de dois encontros de cúpula revelam o provável preço do apoio da China à Europa. Em 2008, uma raivosa China cancelou sua cúpula anual com a União Europeia por causa de um insulto político: o encontro do presidente da França, Nicolas Sarkozy, com o Dalai Lama. Desta vez, foram os europeus que pularam fora do compromisso – originalmente agendado para terça-feira – porque eles estavam muito ocupados em enfrentar sua crise da dívida.

O que não era tão claro há três anos, mas que hoje é bastante evidente, é que o equilíbrio de poder está mudando. As pesadas dívidas da UE e os fundos bolsos da China ajudaram a acelerar essa mudança no cenário.

O primeiro-ministro da China, Wen Jiabao, e outros líderes chineses fizeram um tour pelo velho continente prometendo apoio à Grécia, Espanha e Itália nessa hora de necessidade. Mas fora alguns poucos dados inconclusivos e sugestões de autoridades europeias, que têm todo o interesse em alardear uma demanda por seus ativos, não está claro se a China realmente aumentou suas compras de títulos da dívida de países europeus.

A Administração Estatal de Câmbio – que administra as reservas internacionais da China – está focada em segurança em vez de retorno. Portanto, parece improvável que o país mergulhe de cabeça na dívida emitida por países europeus em dificuldade financeira.

Se a Europa quer receber uma verdadeira injeção de capital da China vai ter de colocar ativos reais, ou concessões políticas, à mesa.

Esse processo já está em andamento. Em julho de 2010, a chinesa Cosco, uma gigante estatal de navegação, assinou um contrato de arrendamento de 35 anos de um porto grego por US$ 4,2 bilhões. Para uma importante nação comercial, nada mais estratégico do que um porto.

Além de tijolos e argamassa, a China tem outros interesses. A designação como uma economia de mercado sob as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC) pode estar no topo de sua lista, mas isto limitaria a capacidade da Europa de adotar ações contra a China em questões comerciais.

Wen já deixou escapar que o apoio da China para uma endividada Europa estaria atrelada a uma mudança da posição da UE nesta questão chave.

O fim do embrago europeu sobre vendas de armas à China, imposta desde o massacre de Tiananmem de 1989, pode parecer uma possibilidade mais distante. Mas as críticas da Europa ao histórico de violações aos direitos humanos da China estão mais amenas do que já foram. E no final de 2010 até mesmo circularam informes na imprensa europeia de que a chefe da diplomacia da EU Catherine Ashton teria estimulado os Estados membros a reverem esse embargo.

À medida que a desenrola a crise da dívida e a posição da China continua a se fortalecer, mesmo o que era impensável antes pode vir a entrar na mesa de negociação.