Jamil Chade, em O Estado de S. Paulo
Nas últimas três décadas a Siemens mundial montou um verdadeiro esquema de guerra para subornar funcionários públicos nos principais mercados da América Latina e garantir contratos de infra-estrutura em toda a região.
Na Alemanha, a Siemens fez questão de admitir todos os casos divulgados nesta semana contra ela. "A Siemens está fechando um capítulo doloroso de sua história", afirmou Gerhard Cromme, presidente do Conselho de Supervisão da Siemens. As operações da gigante alemã incluíam pagamentos para as contas de políticos argentinos e mexicanos ou até mesmo para funcionários públicos no governo socialista na Venezuela.
Essas são algumas das conclusões da investigação feita em colaboração pelo Tribunal de Munique e pela Justiça americana. No total, a Siemens usou US$ 1,3 bilhão para subornar pessoas em todo o mundo desde meados dos anos 90.
Na segunda-feira, as multas em relação à empresa foram anunciadas e a Siemens confessou o pagamento de subornos, sem entrar em detalhes. Nos Estados Unidos, ela chega a US$ 800 milhões, além de outros US$ 533,6 milhões anunciados na Alemanha.
No total, a Siemens gastou 850 milhões de euros em supostos pagamentos de consultores para, na realidade, corromper funcionários públicos em todo o mundo. No total, 4,2 mil transações foram registradas pela empresa para o pagamento de subornos em todo o mundo. 16 países investigam a Siemens.
Segundo a investigação na Alemanha e Estados Unidos, a Siemens fez "significativos pagamentos diretos e indiretos" a vários políticos argentinos entre 1998 e 2007. O dinheiro era dado "em troca de um tratamento diferenciado dado à empresa". No total, US$ 31,2 milhões foram usados para pagar subornos no país. Na contabilidade, esse dinheiro aparecia como taxas de consultores e de advogados.
Entre 2001 e 2007, a Siemens também pagou US$ 18,7 milhões em propinas a funcionários públicos no governo venezuelano. Os pagamentos eram feitos "indiretamente por meio de supostos consultores". Segundo os documentos, o dinheiro era dado "em troca de tratamento privilegiado em conexão com dois importantes projetos de transporte metropolitanos, conhecidos como Metro Valencia e Metro Maracaibo". "Alguns dos pagamentos foram feitos usando contas em bancos nos Estados Unidos em nome dos supostos consultores", afirma o processo.
Tanto na Argentina como na Venezuela a Siemens já confessou os crimes. No México, as acusação é de que contratos de refinaria teriam sido ganhos pela Siemens com a ajuda dos subornos. Saddam Mas o que mais surpreendeu os investigadores é de que o suborno não tinha mesmo qualquer relação ideológica ou religiosa.
Entre 2000 e 2002, as subsidiárias da Siemens na França e Turquia ganharam nada menos que 42 contratos de mais de US$ 80 milhões do Ministério do Petróleo do governo de Saddam Hussein, no Iraque. Os contratos foram dados no âmbito do programa da ONU "Petróleo por Alimentos". Como o Iraque estava sob sanções da ONU, os contratos podiam apenas ser estabelecidos no marco das Nações Unidas. Segundo a investigação, a Siemens pagou subornos de US$ 1,7 milhão para funcionários públicos no Iraque. Os contratos renderam lucros para a empresa de US$ 38 milhões.
O esquema foi revelado também pelo Tribunal de Munique e pelo Departamento de Justiça dos EStados Unidos. "A Siemens inflava o preço dos contratos em cerca de 10% antes de enviá-los para a ONU para sua aprovação", afirmam os documentos da investigação. Para isso, registravam os pagamentos de suborno como pagamentos a consultores locais e comissões.
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(1) DESCONFIANÇAS BOTOCUDAS
Me engana que eu gosto!... Há um burburinho que a Siemens enterrou muitos milhões de euros em propinas para ajudar viabilizar algumas operações no estado de São Paulo, certamente muito mais do que os 8 milhões citados no texto. Mas claro, isso a mídia babona reluta tenazmente em divulgar, ou mesmo em investigar, visto que quase que certamente levará a um quentinho e fofo ninho tucano.
A EQUITEL (braço de telefonia e telecomunicações da Siemens aqui na Pindorama) aqui em Curitiba já era famosa em ter um pote de mel muito besuntado, desde os tempos antigos, que remonta até a época da "dura" ainda...
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