Por Assis Ribeiro – em seu blog A Procura
Com as crises de energia, de ética, de
convivência social, e de tantas outras derivadas do capitalismo, como a
competição desenfreada e o excesso de extração dos recursos da natureza o
movimento ecológico tornou-se inevitável.
A este movimento de caráter ético e humanista
querem se apoderar aqueles mesmos grupos que defendem que o ser humano como
superior, separado da natureza, e consequentemente devem submeter esta natureza
e dela retirar tudo o que for preciso para os excessos inevitáveis da sociedade
de consumo.
Com isso querem tomar para si os princípios da
ecologia, desvirtuando a sua originalidade, e teorizando o que eles chamam de
“economia sustentável”.
Ecologia, resumidamente, é uma ciência que defende
a vida e a natureza. Estuda o impacto das atividades humanas, mais
especificamente as de caráter econômico e produtivo, sobre os equilíbrios
naturais.
Por esta abordagem específica a ecologia mantém
uma relação conflitual com a ciência econômica atual, a do capitalismo.
O que a ecologia propõe é um poderoso movimento
social, o Ecologismo, cujo objetivo é mudar a forma como se produz e como se
consome, a fim de recuperar o meio ambiente já em estado praticamente terminal.
A teoria do desenvolvimento sustentável lança os seus
fundamentos nos mesmos mecanismos do mercado e acredita que através de uma
legislação normativa nova será possível resolver os problemas ambientais. Ela
propõe:
- A chamada internalização dos custos que consiste no pagamento pelas
empresas ou pessoas pelos custos ou conseqüências sociais negativas
gerados por sua conduta ou atividade;
- A inovação tecnológica, para se obter técnicas produtivas limpas
(como, por exemplo, os carros não poluentes);
- O desenvolvimento do denominado capitalismo verde (eco-business,
eco-indústrias, etc. simplificado agora pelo termo "economia verde") que permitirá gerir economicamente os recursos da
natureza, sem causar grande impacto sobre o PIB, o emprego e o crescimento
econômico.
A ecologia não concorda com esta visão
economicista dos problemas ambientais, considerando que o próprio capitalismo
tornou o sistema sócio-econômico predatório e suicida.
A ecologia questiona a ideologia capitalista,
sua sociedade de consumo e de desperdício, formadora das desigualdades sociais,
do domínio de países sobre outros povos e da exploração de homens sobre outros
homens, propondo um novo paradigma (modelo) de vida.
A economia de mercado alimenta-se do seu
próprio crescimento incessante causando prejuízos e insatisfações. Ela arrasta
consigo vários problemas, com o seu modelo de competitividade, trazendo o
individualismo e seu consequente egoísmo, gerando a desagregação familiar e
social e o desemprego. A sua busca é o lucro.
A ecologia frente à falta de empregos propõe
melhorar a divisão dos rendimentos gerados, redefinir o papel do Estado e do
mercado, incentivando o aumento das atividades autônomas, cooperativas, micro e
pequenas empresas..
Esses meios de produção são mais solidários,
menos poluentes e geram muito mais empregos.
As tecno-ciências até agora ficaram submetidas aos
princípios capitalistas do lucro e do poder. E assim continuarão porque é verve
deste modelo.
O Ecologismo acredita em um projeto alternativo
que valoriza as sinergias comunitárias de cooperação e ajuda mútua, e contesta
frontalmente o capitalismo e o seu pretenso realismo em resolver a crise
ambiental, cujo desencadeamento e agravamento ele próprio foi o principal
responsável.
O rápido esgotamento dos recursos naturais, e
de outros problemas continuará com o capitalismo.
Melhorar a tecnologia, por exemplo, com a
produção de carros menos poluentes não resolverá os engarrafamentos e a
diminuição do uso de recursos naturais para a fabricação de seus componentes e
abertura de novas pistas. Só com um completo e sofisticado transporte coletivo
se conseguirá tirar alguns carros das ruas.
A educação ambiental e a educação capitalista
Não é de se admirar que, numa escola que
privilegia o pensamento capitalista, os alunos sejam educados para que todas as
suas ações sejam um meio para obter o tão desejado lucro, não importando se,
para isso, ele precise captar os recursos naturais de forma predatória.
Para o ecologista a natureza precisa ser
respeitada e preservada. A obtenção do lucro não pode prevalecer sobre a vida.
Da natureza, deve ser retirado apenas aquilo que servirá para o sustento e
nunca para a obtenção de lucro e poder.
Portanto, se quisermos preservar o nosso
planeta precisamos escolher um novo tipo de sistema, diferente do capitalista.
Precisamos valorizar as relações pessoais e não a posse de coisas, aumentar o
convívio com a natureza, deixar de batalhar pelo “sucesso”, que nos moldes
atuais se limita a busca do poder, do lucro e do consumo bestial,
característicos do regime capitalista.
Rio + 20
Se pudéssemos definir o que propõe essas
conferências como a Rio +20 diríamos se tratar de um movimento de caráter ético e humanista que questiona a atual
sociedade de consumo e de desperdício, formadora das desigualdades sociais, do
domínio de países sobre outros povos e da exploração de homens sobre outros
homens, propondo um novo paradigma (modelo) de vida.
O atual modelo alimenta-se do seu próprio
crescimento incessante, causando prejuízos e insatisfações, trazendo vários
problemas com o seu modelo de competitividade, favorecendo o individualismo e
egoísmo, gerando a exclusão social e o desemprego.
Os padrões atuais de produção e consumo estão
causando devastação ambiental, esgotamento dos recursos e injustiças
sociais. Devemos entender que, quando
as necessidades básicas forem supridas, o desenvolvimento humano será
primariamente voltado a ser mais e não a ter mais.
O que se busca é a criação de meios de produção
mais solidários, menos poluentes e que gerem mais empregos, valorizando as
sinergias comunitárias e globais de cooperação e ajuda mútua, criando novas
oportunidades para construir um mundo mais democrático e humano.
Não é difícil adotar padrões de produção,
consumo e reprodução que protejam as capacidades regenerativas da Terra, os
direitos humanos e o bem-estar comunitário.
A noção de desenvolvimento sustentável busca o
crescimento com cuidado ambiental, e o equilíbrio econômico entre pessoas e
povos para que traga a segurança interna e externa para os povos.
Isso implica mudanças sociais e tecnológicas
que modifiquem a cultura quantitativa e individual, substituindo – a por uma
cultura qualitativa dos grupos humanos.
A mudança ética da sociedade é urgente, ou:
quem poderá negar os problemas das grandes
metrópoles modernas com seu ar irrespirável, enormes engarrafamentos, pobreza
de pessoas, crescente criminalidade, deterioração dos serviços públicos,
intolerância, fuga da juventude na anticultura?
o que acontecerá se o crescimento econômico,
para o qual estão atualmente mobilizados todos os povos da terra, chegar
efetivamente a concretizar-se, isto é, se as atuais formas de vida dos povos
ricos chegam efetivamente a universalizar-se?
É facilmente perceptível o esgotamento dos
recursos naturais, a deterioração da vida nas cidades, o desequilíbrio sócio –
econômico entre pessoas e povos, a insegurança interna e entre países, e isso
precisa ser revisto.
É importante fixar que a redução das
desigualdades – em nível nacional e internacional – é fundamental para a plena
realização do desenvolvimento sustentável no mundo.
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