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quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Múleos

CLIQUE QUE AMPLIA

Sapatinhos vermelhos do santo padre Ratzinger quando da sua visita o palácio Bellevue, na Alemanha, na última semana. Os sapatos - fashion - são da grife italiana Prada.

São chamados de "múleos", a cor vermelha dos múleos papais, simboliza - acreditem - o sangue dos mártires e a completa submissão do papa à autoridade de Jesus Cristo (Isso sim, hein?...).

Os múleos papais são sempre feitos à mão, com o cetim, veludo ou couro vermelhos, os cadarços, quando presentes, são de cor de ouro e as solas feitas de couro.

Contribuição cultural do Diário Gauche - Foto de Johannes Eisele/FP

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

A chapa do chá está começando a esquentar - Protestos em Wall Street


A manifestação “Ocupar Wall Street” (https://occupywallst.org) chega ao décimo primeiro dia ignorada pela grande imprensa e cada vez mais “gritante” na mídia alternativa e blogs. As milhares de pessoas permanecem acampadas no local, enfrentando policiais cada vez mais violentos.

Como seria de se esperar, a velha midia corporativa da Terra Brasilis esconde esses fatos de seu publico olimpicamente.

Para saber alguma coisa sobre isso temos que recorrer a TeleSur:



Após visitar os acampados em Wall Street e declarar seu apoio ao movimento de ocupação, o cineasta Michael Moore, ferrenho ativista contra o sistema, publicou ontem, terça (27/09), uma nota em seu blog chamando pessoas de todo o país para se reunirem aos manifestantes. Ele considera o fato histórico: “É a primeira vez que uma multidão de milhares toma as ruas de Wall Street”. Acompanhe aqui (infelizmente sem legendas ou tradução - ainda...):


Lawrence O´Donnel, apresentador de uma emissora de TV alternativa, mostra em seu programa “The last World” a cena de um jovem sendo agredido. Ele questiona: “Por que os policiais estão batendo neste rapaz?”

Em seguida, Lawrence reapresenta a mesma cena em câmera lenta e explica: “Os policiais estão batendo no jovem porque ele está armado com uma câmera de vídeo”. Outra cena do programa mostra duas mulheres gritando muito após terem sido atingidas por spray de pimenta. Lawrence condena a brutalidade: “As pessoas são inocentes, pacíficas, não podem ser agredidas nem presas”.

O que causa espanto ainda maior, acrescenta o jornalista, é a falta de reação de quem assiste ao espetáculo de horror de braços cruzados. “Ninguém faz nada a favor dessas pessoas”, denuncia, afirmando que a violência policial contraria a lei, é crime. Diz ainda que a ação policial tem uma explicação: o governo sabe que a manifestação não terminará enquanto a população nas ruas não for ouvida.

Um internauta posta o programa de Lawrence no VocêTuba e pede: “Por favor, transformem isto num viral”, explicando que tem poucas linhas para expressar o horror que está ocorrendo nas ruas. Ele assina “moodyblueCDN” na postagem.

Abaixo do vídeo, segue o comentário: “E aqui vamos nós aos bastidores de Matrix”, comparando a bem engendrada política imperialista ao enredo do filme de ficção científica, no qual os personagens têm os destinos traçados por máquinas e só podem romper esse circuito de manipulação quando surgir o salvador.

Aqui está o video (também sem legendas ou tradução - ainda...)



(baseado no post análogo assinado pelo Marco Antonio, no blog do Nassif)

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Tragédias climáticas, a tragédia da mídia e a tragédia das soluções pré-fabricadas


texto de Dirceu Martins Pio, no Observatório da Imprensa por sugestão de meu amigo Cesário Simões


É trágica a cobertura que a mídia brasileira tem dedicado às tragédias climáticas nos últimos anos: rapidez, superficialidade, descompromisso, sensacionalismo – são as marcas de espaços dedicados ao tema, seja na mídia impressa, na eletrônica ou na digital. A mídia não tem conseguido ir além das circunstâncias e se mostra despreparada para abordar aspectos técnicos e científicos do assunto. Se as áreas de risco fossem um paciente e a mídia o seu médico, diria que a medicina se volta para combater a febre sem nenhuma preocupação com a infecção que certamente a teria provocado.

A metáfora é boa. Num país em que governos e autoridades dos três poderes constituídos só combatem o “malfeito”, como reação a denúncias publicadas pela mídia, sobretudo pela mídia impressa, os problemas de alta complexidade das áreas de risco só vão passar por evolução favorável quando seu médico se dedicar, com inteligência e determinação, ao combate das infecções capazes de produzir tanta febre nos últimos anos.

O mais recente exemplo dessa leniência da mídia ocorre em relação a Santa Catarina, onde a impetuosidade das chuvas voltou a provocar, sobretudo no Vale do Itajaí, o flagelo de milhares de famílias. Mais uma vez, o Brasil exportou para o mundo as suas fragilidades na prevenção dos dramas sociais que atingem as áreas de risco junto com a inépcia de seus governantes.

Solução definitiva

Vamos procurar entender um pouco melhor o que se passa no Vale do Itajaí, uma região industrializada e de atrações turísticas que a levam a ser um dos destinos prediletos da população do estado de São Paulo. São dois os rios – Itajaí-Açu e Itajaí-Mirim – transformados ao longo do tempo no “carrasco” das populações de municípios como Rio do Sul, Blumenau, Ilhota, Gaspar, Brusque, Luiz Alves e Itajaí. São rios de itinerário curto e que deságuam na região portuária de Itajaí, à beira-mar. Quando chove forte nas cabeceiras, os dois rios começam a transbordar e inundam todos os municípios ribeirinhos.

O problema está em que as inundações ocorrem nos níveis assustadores desta última enchente, quando o mar, em Itajaí, pelo fenômeno de maré alta, começa a reter o caudal que desce das cabeceiras. Nesse caso, o problema se amplia em poucas horas e há cidades, como Blumenau, onde o rio fora do leito chega atingir mais de dez metros de altura. Quase toda Blumenau foi totalmente submersa (1) [SIC] nas várias enchentes dos últimos 25 anos.

A mídia cobre as enchentes do Vale do Itajaí factualmente, para usar um jargão dos jornalistas. Parece desconhecer que a Jica (da sigla em inglês, Japan InternationalCooperation Agency) estudou o fenômeno das enchentes no Vale do Itajaí e apontou como solução definitiva para os problemas a implantação de um “canal extravasor” que ligue Blumenau a um outro ponto e deságue no mar, na praia de Armação (2), alguns quilômetros acima da foz natural dos dois rios, na região portuária de Itajaí. O “canal extravasor” poderá permanecer fechado na maior parte do tempo e só será aberto por ocasião das chuvas mais fortes.

A perene letargia

Quem já cobriu as enchentes de Santa Catarina, como eu, em 1983 e 1985, sabe dizer que a proposta japonesa tem uma lógica irrefutável; a área portuária de Itajaí é “entrolhada” por baía e reentrâncias e até os navios costumam representar obstáculos à vazão das águas. O ponto do litoral onde o “canal extravasor” despejaria suas águas é de mar aberto, em condições de dar vazão em regime de maré alta ou maré vazante. A vazão do Itajaí-Mirim, que tem produzido enchentes devastadoras ao município de Brusque, também seria beneficiada pela redução do volume de água do Itajaí-Açu. E há mais: o porto de Itajaí seria um grande beneficiário da solução, pois sofre excessivamente com o volume de águas que desce de Blumenau e que já foi capaz de deixá-lo semi-paralisado por vários anos, recentemente.

A cada enchente, contudo, são atirados na lata do lixo, e ao cabo de grande sofrimento das populações flageladas, recursos suficientes para que seja construído mais de um canal extravasor. E a mídia cobre mais uma enchente e passa ao largo das causas do problema. Não desfralda a bandeira da “solução definitiva”, seja pelo canal extravasor ou por outra que venha a ser apontada.

A população do Vale do Itajaí não merece conviver por mais tempo com esse estigma, que tem tolhido a sua incrível capacidade de desenvolvimento. O projeto que possa libertá-la, entretanto, só vai sair da gaveta dos burocratas de plantão quando a mídia acordar de sua já quase perene letargia.

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NOTAS DOS BOTOCUDOS

(1) Pleonasmo vicioso e figurativamente exagerado. Embora a situação em Blumenau seja muito séria quando dessas enchentes, também não é caso de a cidade ficar 100% submersa. Neste ano a situação de Rio do Sul foi bem mais critica nesse quesito.

(2) Só me faltava essa!... É a primeira vez que ouço essa sandice, mas deve ser o que se apresenta mesmo. É a velha ideia simplista de achar que a engenharia dá um nó na natureza. O próprio Japão é um exemplo vivo que nada disso é solução definitiva pra nada.

Prisão do presidente da FUNDEMA - Fund. de Meio Ambiente de Joinville


informações do jornal A Noticia

Marcos Schoene e o filho, Rodrigo Schoene, tiveram os mandados de prisão cumpridos hoje em decorrencia de uma operação da Polícia Federal em Joinville, iniciada às 6 horas da manhã desta terça-feira, que deu início a apreensão de documentos, equipamentos e arquivos, tanto na sede da Fundema, como na casa do presidente bem como na empresa do seu filho.
Desde as primeiras horas da manhã todos os funcionários da Fundema foram dispensados e ninguém pode entrar na sede. Há pelo menos oito agentes no local à procura de peças que possam ser apreendidas.
O Procurador da República em Joinville, Mário Sérgio Barbosa, confirmou às 11h o cumprimento do mandado de prisão do diretor-presidente da Fundação Municipal do Meio Ambiente (Fundema), Marcos Schoene, e do filho dele, Rodrigo Schoene, em resultado desta operação da Polícia Federal.
Rodrigo é o representante legal de uma empresa de consultoria ambiental e a Polícia Federal investiga possíveis irregularidades na concessão de licenças ambientais e na ligação entre Marcos e a empresa do filho.
A Prefeitura ainda não foi comunicada oficialmente e apenas deve se manifestar sobre o caso à tarde. A investigação é realizada pelo Ministério Público Estadual em parceria com a Polícia Federal.

Instituto IFAS da Alemanha prepara moderno projeto para São Bento do Sul



texto e foto institucional da Prefeitura de São Bento do Sul – por Joberth Krause


Durante esta semana a responsável pelos projetos internacionais do renomado IfaS - Institut für angewandtes Stoffstrommanagement (Instituto de Gestão de Materiais Aplicados Flow) do Campus Ambiental de Birkenfeld na Alemanha, Jackeline Martínez Gómez, está em São Bento do Sul para dar prosseguimento à realização de um grande projeto de destinação de resíduos sólidos que será apresentado até janeiro 2012.

Dentre as diversas visitas e reuniões que Jackeline estará realizando durante essa semana, uma delas ocorreu na manhã de segunda-feira (26) no auditório do Samae, e contou com a presença do prefeito Magno Bollmann, do diretor-presidente do Samae Geraldo Weihermann, e de secretários como Uwe Stortz, Marco Rodrigo Redlich, Mauro Osowski, além do assessor de governo Luiz Claudio Schuves e do vereador Eduardo Moraes.

Apresentação

O objetivo da reunião da manhã desta segunda foi de apresentar o IfaS aos presentes, e de explanar sobre o projeto para destinação de resíduos sólidos que estará sendo desenvolvido e em breve será apresentado para São Bento do Sul. A ideia, segundo Jackeline, é que no mês de novembro o próprio diretor do IfaS, professor Dr. Peter Heck, possa apresentar o projeto em São Bento do Sul.

Conforme as tendências mundiais e a atualização da legislação no Brasil, cada vez mais os resíduos sólidos deverão ter uma destinação adequada, e os aterros sanitários passarão a ser fechados para muitos tipos de materiais que hoje são jogados simplesmente no lixo.

Projeto

O projeto no qual Jackeline Martínez Gómez está trabalhando, objetivará a preservação do meio ambiente com a utilização de fontes renováveis de energia, reciclagem de materiais para transformá-los em energia limpa, e para melhorar a água do solo. Uma das ideias será a coleta de materiais e sua utilização em uma espécie de usina para geração de energia limpa ou até mesmo gás, porém, tudo dependerá dos estudos e do que será possível realizar com base nos recursos que deverão ser captados.

“Devemos aproveitar com inteligência as energias geradas através dos resíduos sólidos, do lixo, como a geração de gás, calor, adubo, etc”, disse Jackeline. Em novembro, o planejamento técnico, econômico e social deste projeto deverá ser apresentado através de um plano de negócios preparado especificamente para a realidade de São Bento do Sul.

O prefeito Magno Bollmann destacou durante a reunião que um projeto amplo e moderno como este que está sendo estudado é algo que não tem volta. “Precisamos fazer um investimento inicial maior para proporcionar esta qualidade para nosso futuro. Nós precisamos de outro caminho, precisamos reaproveitar melhor os resíduos que geramos, pois quem paga a conta por este desperdício de energia limpa é a própria sociedade, com a degeneração do meio ambiente”, disse Magno.

Na terça-feira (27), Jackeline Martínez Gómez estará reunida na Associação Empresarial de São Bento do Sul – Acisbs, para discutir com a diretoria e demais participantes sobre o projeto que está sendo preparado para São Bento do Sul.

IFAS

Na ocasião, a responsável pelos projetos internacionais do IfaS Jackeline Martínez Gómez, presenteou o prefeito Magno Bollmann com o material de divulgação e estudos do instituto.

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NOTAS BOTOCUDAS

Uma tendencia (não tão nova) de alavancagem, para a industria de paises europeus (e do Japão) principalmente, é o "intercambio" com instituições de pesquisa destes países que no fim acabam em onerosos projetos com tecnologias exóticas (fornecidas por eles, claro) mas que amiúde não produzem os resultados desejados por problemas de implementação e gestão na nossa aldeia tupinambá (vide os casos do rio Tietê e do passivo do carvão no sul catarinense como exemplos). Isso sem falar na$ lubrificaçõe$ paralela$ (não quero dizer que acontecem aqui, como lá, mas há precedentes). Muitas vezes sobra só o financiamento (levantado também em bancos daqueles países) para pagar.

Vamos acompanhar de perto essa nova maravilha de gestão na nossa Magnolândia, para ver no que vai dar isso, aqui. Ninguém falou até agora em quanto ($$) vai custar esse projeto salvador.

Uma semana de setembro


mais um texto primoroso de Mauro Santayana

É quase certo que a semana que se encerrou ontem, sábado, tenha sido decisiva para a História deste século que se iniciou há dez anos, com os fatos misteriosos de Nova Iorque. A ONU, que não tem sido mais do que um auditório, espécie de ágora mundial, mas sem o poder político de que dispunham as praças de Atenas, ouviu quatro discursos importantes. Dois deles em nome da paz, do futuro, da lucidez e dois outros que ecoaram como serôdios. Dilma e Abbas, em nome dos que não aceitam mais essa divisão geopolítica do mundo; Netanyahu e Obama, constrangidos portavozes de um tempo moralmente morto. A assembléia geral estava separada em dois lados definidos, ainda que assimétricos.

A presidente do Brasil falava em nome das novas realidades, como a da emancipação das mulheres – pela primeira vez, na crônica das Nações Unidas, uma voz feminina abriu os debates anuais – e a impetuosa emersão de povos milenarmente oprimidos como agentes ativos da História. Mahmoud Abbas, embora em nome de uma pequena nação representou todos os povos oprimidos ao longo dos tempos. Por mais lhe neguem esse direito, a Palestina é tão antiga que entre suas fronteiras históricas nasceu um homem conhecido como Cristo.

O holocausto judaico, cometido pelos nazistas, e que nos horroriza até hoje, durou poucos anos; o do povo palestino, espoliado de direitos com a ocupação paulatina de suas terras, iniciada com o sionismo no fim do século 19, dura há pelo menos 63 anos, desde a criação, ex-abrupto, do Estado de Israel, em 1948. Recorde-se que a criação de um “lar nacional” para os judeus estava condicionada à sobrevivência, em segurança, do povo palestino em um estado independente.

A voz de Dilma, mais comedida, posto que representando nação de quase 200 milhões de pessoas no exercício de sua soberania política, teve a mesma transcendência histórica do apelo dramático de Abbas. A cambaleante comunidade internacional era chamada à sensatez política e à consciência ética. É duvidoso que ela corresponda a essa responsabilidade.

Do outro lado, no discurso dissimulado e ameaçador de Netanyahu e na lengalenga constrangida de Obama, ouviram-se os rugidos dos mísseis tomawaks e o remoto estrondo que destruiu as cidades de Hiroxima e Nagasáqui, em 1945. Enquanto Netanyahu balbuciava, sem nenhuma coerência, as expressões de paz, seus soldados matavam um manifestante palestino na Cisjordânia ocupada.

Os dois arrogantes senhores não falaram em nome dos homens; bradaram em nome das armas e dos grandes banqueiros sem pátria que, desde os Rotschild, mantêm a força contra a razão naquela região do mundo. Como muitos historiadores já apontaram, os judeus ricos, sob a liderança da poderosa família de financistas, decidiram acompanhar o ex-pangermanista Theodor Herzl, na idéia de criar um estado hebraico, a fim de se livrar da presença constrangedora dos judeus pobres na Inglaterra e na Europa Ocidental.

Na origem da sua independência, os Estados Unidos ouviram a constatação sensata de Tom Payne, de que contrariava o senso comum a dependência de um continente, como a América do Norte, a uma ilha, como a Grã Bretanha. O governo norte-americano é hoje refém de um estado diminuto, como Israel, representado em Washington pelos poderosos lobistas, capazes de influir sobre o Capitólio e a Casa Branca, contra as razões históricas da grande nação.

Ao apoiar, vigorosamente, o imediato reconhecimento, pelas Nações Unidas, da soberania do Estado Palestino, Dilma não falou apenas em nome dos países emergentes, solidários com o povo acossado e agredido, cujas terras e águas são repartidas entre os invasores; falou em nome de princípios imemoriais do humanismo. Ela pôde dar autenticidade ao seu discurso com uma biografia singular, a de uma jovem que, na resistência contra um regime criado e nutrido ideologicamente pelos norte-americanos, foi prisioneira e torturada.

A presidente disse ao mundo que estamos, os brasileiros, trabalhando para que o Estado cumpra a sua razão de ser, ao reduzir as desigualdades sociais e ampliar o mercado interno, a fim de desenvolver, com justiça, a economia nacional. Embora com a prudência da linguagem, exigida pelas circunstâncias solenes do encontro, o que Dilma disse aos grandes do mundo é que eles, no comando de seus estados, não agem em nome dos cidadãos que os elegeram, mas das grandes corporações econômicas e financeiras multinacionais, controladas por algumas dezenas de famílias do hemisfério norte. O resultado dessa distorção são as crises recorrentes do capitalismo contemporâneo, com o desemprego, o empobrecimento crescente das nações, a insegurança coletiva e o desespero dos mais pobres. E os mais pobres não se encontram hoje apenas nos países do antigo Terceiro Mundo, mas nas maiores e orgulhosas nações. As ruas de Londres e de Nova Iorque, de Nova Delhi e de São Paulo são caudais da mesma miséria. Daí a necessidade de que se mude o projeto de vida em nosso Planeta. Para isso é preciso que as novas nações participem efetivamente da construção do futuro do homem.

Outro ponto axial de seu discurso foi o da necessária e urgente reforma das Organização das Nações Unidas, para que ela se restaure na credibilidade junto aos povos. Seu sistema decisório, construído na fase crucial da reacomodação do mundo, depois da tragédia da 2ª. Guerra Mundial, correspondeu a uma constelação circunstancial do poder, em que as maiores potências, possuidoras da bomba do juízo final, assumiam a responsabilidade de garantir hipotética paz, mediante o Conselho de Segurança. Contestado esse superpoder mundial pela consciência moral dos povos, desde o seu início, há quase duas décadas que se discute a sua ampliação democrática, mas sem qualquer conclusão efetiva. Dilma expressou a urgência de que isso ocorra, a fim de que o organismo possa ter a força da legitimidade política.

A paz, como a guerra, era, durante a Guerra Fria, um negócio a dois, e que só aos dois beneficiava. Sua disputa se fazia na periferia do sistema, a partir do conflito na Coréia, que inaugurou o sistema da divisão entre norte e sul, que se repetiria no Vietnã e em outros países.

Mais uma vez, no pacto Wojtyla-Reagan, a Igreja se somava ao dinheiro, para a aparente vitória do capitalismo, com a queda do muro de Berlim. Isso trouxe aos vitoriosos a ilusão de que a História chegara a seu fim, com a definitiva submissão dos pobres aos nascidos para mandar e usufruir de todos os benefícios da civilização. Como registramos, naqueles anos de Fernando Henrique, quando ele nos fez ajoelhar diante de Washington, os novos mestres do mundo se esqueceram de combinar com os adversários, como recomendou um filósofo mais atilado, o mestre Garrincha. A globalização, planejada para consolidar o condomínio dos países centrais, sob a hegemonia ianque, mediante a recolonização imperial, trouxe o efeito contrário, promoveu a unidade política dos países atingidos, e se voltou contra seus criadores. Isso explica a emersão dos Brics.

Foi em nome do futuro, das novas e poderosas forças humanas que se organizam, que a presidente falou em Nova Iorque.

E disso os Cansadinhos chorões vão falar?...



























- Sonegação das empresas brasileiras vem diminuindo, mas ainda corresponde a
25% do seu faturamento;

- Em 2000 o índice de sonegação era de 32% e em 2004 era de 39%;

- Faturamento não declarado é de R$ 1,32 trilhão;

- Tributos sonegados pelas empresas somam R$ 200 bilhões por ano;

- Somados aos tributos sonegados pelas pessoas físicas, sonegação fiscal no Brasil atinge 9% do PIB

- Cruzamento de informações, retenção de tributos e fiscalização mais efetiva são os principais responsáveis pela queda da sonegação;

- Contribuição Previdenciária (INSS) é o tributo mais sonegado, seguida do ICMS e do Imposto de Renda;

- Indícios de sonegação estão presentes em 65% das empresas de pequeno porte, 49% das empresas de médio porte e 27% das grandes empresas;

- Em valores, a sonegação é maior no setor industrial, seguido das empresas do
comércio e das prestadoras de serviços;

- Com os novos sistemas de controles fiscais, em 5 anos espera-se que o Brasil terá um índice de sonegação empresarial dos mais baixos da América Latina e em 10 anos índice comparado ao dos países desenvolvidos.



NOTA DE ESPANTO DOS BOTOCUDOS

Será que os Cansados Versão 2.0 vão:

1) se amotinar com isso também e pedir um "sonegômetro" ou vão ficar só nesse nhém-nhém-nhém de impostômetro ?...

2) vão se lembrar que o Brasil é o 31º no ranking de tributação em 2010, atrás de países a maioria ricos?...

sábado, 24 de setembro de 2011

Porque hoje é sabado!... velho e bom Chico Buarque



O custo da derrubada da CPMF


por Maria Inês Nassif, na Carta Maior

Em 2000, quando foi aprovada a famosa Emenda 29, o presidente era Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e teoricamente a Saúde tinha como fonte financiadora a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF). O projeto de emenda previa que o governo federal teria que investir 10% de todo o seu Orçamento em Saúde; os Estados, 12%; e os municípios,15%.

Com ampla maioria nas duas casas legislativas, o governo federal conseguiu negociar uma emenda nos seguintes termos: Estados e municípios são obrigados a investir, no mínimo, 12% e 15% de suas receitas líquidas, respectivamente. A União, desde então, gasta com Saúde o correspondente ao que desembolsou no ano anterior, mais a variação do Produto Interno Bruto (PIB) nominal. É o chamado Piso Nacional.

FHC, portanto, “congelou” os gastos em Saúde da União, com a regra de reajuste do orçamento do setor do ano anterior pelo PIB, e não considerou a CPMF como financiamento adicional, incorporando-a simplesmente às suas receitas. Era o melhor dos mundos.

A presidenta Dilma Rousseff, depois do recuo governista de bancar a aprovação da Contribuição Social da Saúde – que previa uma alíquota de 0,1% sobre a movimentação bancária do país, algo em torno de R$ 20 bilhões anuais – correu o risco de ficar no pior dos mundo: sem dinheiro novo para a Saúde e com 10% de suas receitas líquidas vinculadas ao setor. Ela também tem ampla maioria nas duas casas legislativas.

Segundo o documento de discussão “Modelo de Financiamento para a Saúde”, apresentado pelo secretário municipal de São Paulo, Jairo Montone, ao Conselho Nacional dos Secretários Municipais de Saúde (Conasems), o grande incremento nos gastos com a área vieram da vinculação orçamentária de Estados e Municípios. A CPMF, que começou como Imposto sobre Movimentações Financeiras em 1993 teoricamente destinado à Saúde, foi sendo absorvida pelo Orçamento da União.

Em 2000, o Orçamento do Ministério da Saúde era 8,1% da receita corrente em 2000; em 2007, 6,7%. Se os gastos da União com a Saúde tivessem permanecido no patamar de 2000, a área teria R$ 10 bilhões a mais. Se a vinculação dos gastos da União em 10% tivesse ocorrido, hoje a Saúde teria R$ 35 bilhões a mais do que os cerca de RS$ 60 bilhões de hoje.

No governo Fernando Henrique Cardoso, a vinculação de 10% da receita líquida da União para a Saúde não aconteceu e a CPMF não virou dinheiro adicional. Em 2003, Luiz Inácio Lula da Silva assumiu o governo. Em 2007, ainda sob a vigência da contribuição, o então senador Tião Viana (PT-AC) apresentou a proposta de regulamentação da emenda 29, prevendo novamente a vinculação em 10%. Segundo o hoje governador do Acre, a proposta foi apresentada após ele ter ouvido de Lula o compromisso de destinar integralmente o dinheiro da CPMF para o setor. Em dezembro, o Senado derrubou a contribuição. Em abril do ano seguinte, aprovou a regulamentação da emenda 29 proposta por Viana, mantendo a vinculação dos recursos da União.

O projeto que saiu da Câmara, e foi para o Senado, colocou o governo Dilma Rousseff nesta situação. Com uma maioria avassaladora no Legislativo, o governo só perde uma votação se for abandonado por sua base parlamentar – ou, como aconteceu agora, se deixar à vontade os parlamentares para fazerem o que quiserem, em vésperas de eleição.

Quando abriu mão da CSS, a base governista tinha a avaliação de que estaria dando discurso à oposição, a exemplo do que aconteceu em 2007 – os adversários do governo assumiram rapidamente o discurso de que o país vivia sob uma tributação insuportável. Desconheceu o poder de pressão dos governadores sobre o Senado para aprovar a vinculação orçamentária, mesmo sem uma nova fonte de financiamento da Saúde – e o fato de que aprovar recursos para a área é um capital eleitoral que pode tentar a sua base no Senado, às vésperas das eleições municipais.

O especialista em gestão pública, Amir Khair, concorda quem em 2007, na votação da CPMF, a oposição ao governo Lula faturou com a derrubada da contribuição. “É um impasse politico. Dilma não caiu na cilada política que Lula caiu”, afirmou. Para o líder Humberto Costa, o custo da derrubada da CPMF foi muito alto e está sendo pago até hoje. “Nós sofremos dupla derrota na votação da CPMF, em 2007: de um lado, perdemos R$ 40 bilhões; de outro, o discurso. Prevaleceu o discurso de que a Saúde tem dinheiro, que o problema é simplesmente de gestão. Está difícil recolocar o problema de financiamento do setor”.

Khair aponta outras possibilidades de tributação: uma parte do Imposto de Renda ou da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido. “A CSLL pode servir a isso, preferencialmente se houver uma taxação maior dos bancos, que não têm poder de mobilização da sociedade e hoje são vistos pelos cidadãos comuns como agiotas; o aumento do compulsório dos bancos;ou, ainda, a tributação de cigarros”. Esses recursos não poderiam ser “carimbados” para a Saúde, mas podem ser destinados ao setor, “o que facilitaria à União, aos Estados e municípios cumprirem a emenda 29”. “Neste primeiro momento, o foco do debate é a destinação integral do DPVAT para a Saúde e o aumento dos produtos nocivos à saúde; depois, vamos pensar em novas fontes”, afirma Costa.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Santa Catarina é uma festa



cozido a partir de notas do Meira Junior e do Raul Sartori em seus blogs


São casos como essa vergonheira de aposentados da Assembleia Legislativa de Santa Catarina que vão tramitando na Justiça, desde a esfera estadual até federal como do Supremo Tribunal de Justiça-STJ e do Supremo Tribunal Federal- STF, que descrevem intensas maracutalhas administrativas catarinetas que acabaram desviando diversos bilhões de dinheiro público que foram ao longo dos últimos 30 anos indo para as mãos de mafiosos e corruptos.

Obras

São casos que vem desde a bancarrota do BESC- Banco do Estado de Santa Catarina; o caso das Letras do Tesouro; obras supostamente superfaturadas no Porto São Francisco do Sul; obras de restauração da Ponte Hercílio Luz igualmente sendo investigadas; e ainda uma série de processos que ultrapassam mais de mil deles tramitando no Ministério Público e que investigam muitos prefeitos e ex-prefeitos; vários vereadores; alguns servidores públicos, muitos empresários e até ex-governadores devido às denúncias de irregularidades administrativas.

Estatais de SC são uma farra

Na Celesc, vem sendo investigado o sumiço de R$ 52 milhões; na Casan há irregularidades sendo apuradas de distribuições de lucros milionarias as diretores mesmo sem nenhum lucro; na SCGás igualmente com supostos superfaturamento em consultorias; e também em outras empresas ligadas ao Governo do Estado contendo irregularidades já constatadas pelo Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina, que em muitos relatórios chamou a atenção alertando sobre os "equívocos" cometidos e que passaram pela aprovação da Assembléia Legislativa de Santa Catarina- Alesc.

Migrações mágicas

Por ultimo o Tribunal de Justiça julgou inconstitucional, a partir de ação civil pública proposta pelo Ministério Público (MP-SC), a reedição, principalmente no ano passado, do instituto da transposição entre funcionários do Estado. Como se fosse um passe de mágica, dezenas de servidores trocaram de "repartição" e, com a mudança, agregam cargos e salários mais altos, da noite para o dia.

Evidentemente que nesta migração pouco ou nada se con­siderou a qualificação e o interesse público. O festival de privilégios promovido no final da administração estadual passada agora virou um pesadelo para os beneficiados, tal como está sendo para os "inválidos" aposentados fraudulentamente no Legislativo. O contribuinte catarinense, vilipendiado em mais esta safadeza, está morrendo de pena deles.


ATUALIZAÇÃO - 27/09 - 8:27 hs do blog do Raul Sartori

Outra safadeza

Tão imoral quanto a transposição de funcionários públicos estaduais, mágica tirada da cartola na administração passada e agora declarada inconstitucional pelo Tribunal de Justiça, tem sido o mecanismo chamado “à disposição”, em que funcionários, “a bem” ou “por interesse do serviço público”, são transferidos de uma repartição para outra, tanto da administração direta (secretarias) como empresas e fundações. O que se tem notado em inúmeros casos é que um padrinho poderoso está por trás, de forma que “ficar à disposição” tem significado não trabalhar (comparecer ao serviço) ou trabalhar pouco. A conta vai para aquele otário de sempre. Um disque-denúncia conteria e reduziria este abuso.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Muita coragem nesta hora


por Leonardo Boff, em seu blog


Em 14 de setembro último, celebrou 90 anos de idade uma das figuras religiosas brasileiras mais importantes do século XX: o Cardeal Paulo Evaristo Arns. Voltando da Sorbonne, foi meu professor quando ainda andava de calça curta em Agudos-SP e depois, em Petrópolis-RJ, já frade, como professor de Liturgia e da teologia dos Padres da Igreja antiga. Obrigava-nos a lê-los nas línguas originais em grego e latim, o que me infundiu um amor entranhado pelos clássicos do pensamento cristão. Depois foi eleito bispo auxiliar de São Paulo. Para protegê-lo porque defendia os direitos humanos e denunciava, sob risco de vida, as torturas a prisioneiros políticos nas masmorras dos órgãos de repressão, o Papa Paulo VI o fez Cardeal.

Embora profético mas manso como um São Francisco, sempre manteve a dimensão de esperança mesmo no meio da noite de chumbo da ditadura militar. Todos os que o encontravam podiam, infalivelmente, ouvir como eu ouvi, esta palavra forte e firme: “coragem, em frente, de esperança em esperança”.

Coragem, eis uma virtude urgente para os dias de hoje. Gosto de buscar na sabedoria dos povos originários o sentido mais profundo dos valores humanos. Assim que na reunião da Carta da Terra em Haia em 29 de junho de 2010, onde atuava ativamente sempre junto com Mercedes Sosa enquanto esta ainda vivia, perguntei à Pauline Tangiora, anciã da tribo Maori da Nova Zelândia qual era para ela a virtude mais importante. Para minha surpresa ela disse:”é a coragem”. Eu lhe perguntei: “por que, exatamente, a coragem?” Respondeu:

”Nós precisamos de coragem para nos levantar em favor do direito, onde reina a injustiça. Sem a coragem você não pode galgar nenhuma montanha; sem coragem nunca poderá chegar ao fundo de sua alma. Para enfrentar o sofrimento você precisa de coragem; só com coragem você pode estender a mão ao caído e levantá-lo. Precisamos de coragem para gerar filhos e filhas para este mundo. Para encontrar a coragem necessária precisamos nos ligar ao Criador. É Ele que suscita em nós coragem em favor da justiça”.

Pois é essa coragem que o Cardeal Arns sempre infundiu em todos os que, bravamente, se opunham aos que nos seqüestraram a democracia, prendiam, torturavam e assassinavam em nome do Estado de Segurança Nacional (na verdade, da segurança do Capital).

Eu acrescentaria: hoje precisamos de coragem para denunciar as ilusões do sistema neoliberal, cujas teses foram rigorosamente refutadas pelos fatos; coragem para reconhecer que não vamos ao encontro do aquecimento global mas que já estamos dentro dele; coragem para mostrar os nexos causais entre os inegáveis eventos extremos, conseqüências deste aquecimento; coragem para revelar que Gaia está buscando o equilíbrio perdido que pode implicar a eliminação de milhares de espécies e, se não cuidarmos, de nossa própria; coragem para acusar a irresponsabilidade dos tomadores de decisões que continuam ainda com o sonho vão e perigoso de continuar a crescer e a crescer, extraindo da Terra, bens e serviços que ela já não pode mais repor e por isso se debilita dia a dia; coragem para reconhecer que a recusa de mudar de paradigma de relação para com a Terra e de modo de produção pode nos levar, irrefreavelmente, a um caminho sem retorno e destarte comprometer perigosamente nossa civilização; coragem para fazer a opção pelos pobres contra sua pobreza e em favor da vida e da justiça, como o fazem a Igreja da libertação e Dom Paulo Evaristo Arns.

Precisamos de coragem para sustentar que a civilização ocidental está em declínio fatal, sem capacidade de oferecer uma alternativa para o processo de mundialização; coragem para reconhecer a ilusão das estratégias do Vaticano para resgatar a visibilidade perdida da Igreja e as falácias das igrejas mediáticas que rebaixam a mensagem de Jesus a um sedativo barato para alienar as consciências da realidade dos pobres, num processo vergonhoso de infantilização dos fiéis; coragem para anunciar que uma humanidade que chegou a perceber Deus no universo, portadora de consciência e de responsabilidade, pode ainda resgatar a vitalidade da Mãe Terra e salvar o nosso ensaio civilizatório; coragem para afirmar que, tirando e somando tudo, a vida tem mais futuro que a morte e que um pequeno raio de luz é mais potente que todas as trevas de uma noite escura.

Para anunciar e denunciar tudo isso, como fazia o Cardeal Arns e a indígena maori Pauline Tangiori, precisamos de coragem e de muita coragem.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

O velho Marx estava certo quanto ao capitalismo e errado quanto ao comunismo?... como é isso?...


por John Gray, no BBC Brasil

Como efeito colateral da crise financeira, mais e mais pessoas estão começando a pensar que Karl Marx estava certo. O grande filósofo, economista e revolucionário alemão do século 19 acreditava que o capitalismo era radicalmente instável.

Ele tem uma tendência intrínseca de produzir avanços e fracassos cada vez maiores, e no longo prazo, ele estava destinado a se autodestruir.

Marx saudava a autodestruição do capitalismo. Ele era confiante que uma revolução popular ocorreria e daria origem um sistema comunista que seria mais produtivo e muito mais humano.

Marx estava errado sobre o comunismo. Aquilo sobre o que ele estava profeticamente certo era a sua compreensão da revolução do capitalismo. Não era somente a instabilidade endêmica do capitalismo que ele compreendia, embora neste sentido ele fosse muito mais perspicaz do que a maioria dos economistas da sua época e da nossa.

Mais profundamente, Marx compreendeu como o capitalismo destrói a sua própria base social - o meio de vida da classe média. A terminologia marxista de burguês e proletário tem um tom arcaico.

Mas quando ele argumentava que o capitalismo iria arrastar as classes médias a algo parecido com a existência precária dos sobrecarregados trabalhadores de sua época, Marx previu uma mudança na maneira como vivemos à qual só agora estamos tratando para nos adaptar.

Ele via o capitalismo como o sistema econômico mais revolucionário da história, e não pode haver dúvida de que ele se diferencia daqueles que vieram antes dele.

Os caçadores e coletores persistiram nesta forma de vida por milhares de anos, enquanto as culturas escravagistas permaneceram assim por quase o mesmo tempo, e as sociedades feudais sobreviveram por muitos séculos. Em contraste, o capitalismo transforma tudo que ele toca.

Não são só as marcas que estão mudando constantemente. As empresas e as indústrias são criadas e destruídas em um fluxo incessante de inovação, enquanto as relações humanas são dissolvidas e reinventadas em novas formas.

O capitalismo foi descrito como um processo de destruição criativa, e ninguém pode negar que ele foi prodigiosamente produtivo. Praticamente qualquer um que esteja vivo na Grã-Bretanha hoje tem uma renda real maior do que eles teriam se o capitalismo nunca tivesse existido.

Retorno negativo

O problema é que entre as coisas que foram destruídas no processo está o estilo de vida do qual o capitalismo dependia no passado.

Defensores do capitalismo argumentam que ele oferece a todos os benefícios que, na época de Marx, eram desfrutados somente pela burguesia, a classe média estabelecida que possuía capital e tinha um razoável nível de segurança e liberdade em suas vidas.

No capitalismo do século 19, a maioria das pessoas não tinha nada. Elas viviam de vender o seu trabalho, e quando os mercados entravam em queda, eles enfrentavam tempos difíceis. Mas à medida que o capitalismo evolui, seus defensores dizem, um número crescente de pessoas pode se beneficiar dele.

Carreiras bem-sucedidas não serão mais a prerrogativa de uns poucos. As pessoas não terão dificuldades todo mês para subsistir com base em um salário inseguro. Protegidos pelas economias, pela casa que possume e uma pensão decente, eles serão capazes de planejar suas vidas sem medo.

Com o crescimento da democracia e a distribuição da riqueza, ninguém precisará ser privado da vida burguesa. Todo mundo poderá ser da classe média.

Na verdade, na Grã-Bretanha, nos EUA e em muitos outros países desenvolvidos nos últimos 20 ou 30 anos, o contrário vem ocorrendo. A segurança do emprego não existe, as atividades e as profissões do passado em grande parte acabaram e as carreiras que duram uma vida inteira são meramente lembranças.

Se as pessoas têm qualquer riqueza, isto está nas suas casas, mas os preços dos imóveis nem sempre crescem. Quando o crédito fica restrito como agora, eles podem ficar estagnados por anos. Uma minoria cada vez menor pode contar com uma pensão com a qual pode viver confortavelmente, e não são muitos os que tem economias significativas.

Mais e mais pessoas vivem um dia de cada vez, com pouca noção do que o futuro pode reservar. AS pessoas da classe média costumavam imaginar as suas vidas desdobradas em uma progressão ordenada. Mas não é mais possível olhar para uma vida como uma sucessão de estágios em que cada um é um passo dado a partir do último.

No processo da destruição criativa, a escada foi afastada, e para um número cada vez maior de pessoas, uma existência de classe média não é mais sequer uma aspiração.

Assumindo riscos

Enquanto o capitalismo avançava, ele devolveu as pessoas a uma nova versão da existência precária do proletariado de Marx. As nossas rendas são muito maiores, e em algum grau nós estamos protegidos contra os choques por aquilo que resta do Estado de bem-estar social do pós-guerra.

Mas nós temos muito pouco controle efetivo sobre o curso das nossas vidas, e a incerteza na qual vivemos está sendo piorada pelas políticas voltadas para lidar com a crise financeira.

As taxas de juros a zero em meio a preços crescentes querem dizer que as pessoas estão tendo um retorno negativo de seu dinheiro, e ao longo do tempo o seu capital está se erodindo.

A situação de muitas das pessoas mais jovens é ainda pior. Para adquirir os talentos de que precisa, a pessoa tem de se endividar. Já que em algum ponto será necessário se reciclar, é preciso tentar economizar, mas se a pessoa está endividada desde o começo, esta é a última coisa que ela poderá fazer.

Não importa a sua idade, a perspectiva que a maioria das pessoas enfrenta é de uma vida de insegurança.

Ao mesmo tempo em que privou as pessoas da segurança da vida burguesa, o capitalismo criou o tipo de pessoa que vive a obsoleta vida burguesa. Nos anos 80, havia muita conversa sobre valores vitorianos, e propagandistas do livre mercado costumavam argumentar que ele traria de volta para nós os íntegros valores de outrora.

Para muitos, as mulheres e os pobres, por exemplo, estes valores vitorianos podem ser bastante ilógicos em seus efeitos. Mas o fato mais importante é que o livre mercado funciona para corroer as virtudes que mantêm a vida burguesa.

Quando as economias estão se perdendo, ser econômico pode ser o caminho para a ruína. É a pessoa que toma pesados empréstimos e não tem medo de declarar a insolvência que sobrevive e consegue prosperar.

Quando o mercado de trabalho está altamente volátil, não são aqueles que se mantém obedientemente fiéis a sua tarefa que são bem-sucedidos, e sim as pessoas que estão sempre prontas para tentar algo novo e que parece mais promissor.

Em uma sociedade que está sendo continuamente transformada pelas forças do mercado, os valores tradicionais são disfuncionais, e qualquer um que tentar viver com base neles está arriscado a acabar no ferro-velho.

Vasta riqueza

Olhando para um futuro no qual o mercado permeia cada canto da vida, Marx escreveu no 'Manifesto Comunista': "Tudo que é sólido se desmancha no ar". Para alguém que vivia na Grã-Bretanha no início do período vitoriano - o Manifesto foi publicado em 1848 -, isto era uma observação incrivelmente perspicaz.

Naquela época, nada parecia mais sólido que a sociedade às margens daquela em que Marx vivia. Um século e meio depois, nos encontramos no mundo que ele previu, onde a vida de todo mundo é experimental e provisória, e a ruína súbita pode ocorrer a qualquer momento.

Uns poucos acumularam uma vasta riqueza, mas mesmo isso tem uma característica evanescente, quase espectral. Na época vitoriana, os muito ricos podiam relaxar, desde que eles fossem conservadores com a maneira como eles investiam seu dinheiro. Quando os heróis dos romances de Dickens finalmente recebem sua herança, eles nunca mais fazem nada na vida.

Hoje, não existe o porto seguro. As rotações do mercado são tais que ninguém pode saber o que terá valor dentro de alguns anos.

Este estado de inquietação perpétua é a revolução permanente do capitalismo, e eu acho que ele vai ficar conosco em qualquer futuro que seja realisticamente imaginável. Nós estamos apenas no meio do caminho de uma crise financeira que ainda deixará muitas coisas de cabeça para baixo.

As moedas e os governos provavelmente ficarão de ponta-cabeça, junto de partes do sistema financeiro que nós acreditávamos estar a salvo. Os riscos que ameaçavam congelar a economia mundial apenas três anos atrás não foram enfrentados. Eles foram simplesmente deslocados para os Estados.

Não importa o que políticos nos digam sobre a necessidade de controlar o déficit. Dívidas do tamanho das que foram contraídas não podem ser pagas. Elas quase que certamente serão infladas - um processo que está destinado a ser doloroso e empobrecedor para muitos.

O resultado só pode ser mais revoltas, em uma escala ainda maior. Mas isto não será o fim do mundo, ou mesmo do capitalismo. Aconteça o que acontecer, nós ainda teremos que aprender a viver com a energia mercurial que o mercado emitiu.

O capitalismo levou a uma revolução, mas não a que Marx esperava. O feroz pensador alemão odiava a vida burguesa e queria que o comunismo a destruísse. E assim como ele previu, o mundo burguês foi destruído.

Mas não foi o comunismo que conseguiu esta proeza. Foi o capitalismo que eliminou a burguesia.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Operações Castelo de Areia e Diamante da PF viram pó... e dá-lhe deitar falação sobre corrupção!...



STJ derruba investigações da PF feitas com autorizações irregulares para escutas sobre suspeitos; Satiagraha e Boi Barrica foram as primeiras a cair; decisão livra de processo filho do ex-presidente José Sarney

Além de ter anulado provas da Boi Barrica e da Satiagraha, o STJ tornou sem efeito no passado investigações das operações da Polícia Federal Castelo de Areia e Diamante. Em todos os casos o tribunal concluiu que ocorreram irregularidades nas autorizações de quebras de sigilo telefônico.

Advogado do casal de juízes Eustáquio e Carla da Silveira, José Eduardo Alckmin afirmou hoje que as supostas irregularidades nas investigações da Boi Barrica também foram praticadas na Operação Diamante.

"Ali (Operação Diamante) houve gravação por um ano e meio. A escuta foi prorrogada 'n' vezes sem fundamentação", disse. "Aí fica um pouco ilegal. A interceptação deve ser uma medida excepcional", afirmou.

O casal de magistrados, investigados na Operação Diamante, foi acusado de envolvimento num esquema de negociação de decisões judiciais favoráveis a traficantes de drogas. A anulação da operação pelo STJ foi "há cerca de dois anos", disse Alckmin. Não foi possível precisar a data da decisão judicial porque o site do STJ esteve hoje o dia todo fora do ar, em manutenção.

Quanto à operação Castelo de Areia, havia suspeitas de crimes financeiros e desvio de verbas públicas supostamente envolvendo empreiteiras.

Procurador discorda

As decisões do STJ anulando provas de operações policiais têm desagradado o procurador-geral da República, Roberto Gurgel. Em junho, após o STJ ter anulado provas da Operação Satiagraha, Gurgel criticou a Justiça. "A meu ver, a Justiça tem tido alguns excessos no garantismo e tem colocado de lado, não considerando com a devida importância, a necessidade da tutela penal", disse.

"Claro que podemos aprimorar a legislação, podemos trabalhar para corrigir este ou aquele equívoco que possa aparecer nas investigações, mas é preciso também que o Judiciário tenha, digamos assim, uma visão mais adequada ao enfrentamento da criminalidade porque a sociedade clama por isso", disse o procurador-geral Roberto Gurgel na ocasião.

A mulher de Gurgel, Claudia Sampaio, é quem cuida atualmente no Ministério Público Federal da Operação Boi Barrica. Os dois não foram encontrados hoje para comentar a decisão do STJ.

Prof. Hariovaldo - Decadência editorial na América: Dilma compra capa da Newsweek

Dilmaweek

Revista falida americana se vende ao marxismo tupiniquim

Professor Hariovaldo Almeida Prado em seu site

Usando os petrodólares do Pré-Sal e com o apoio do Moreninho Socialista do Norte (MSN), Dilma e seus asseclas do PT mais uma vez compraram a capa da edição da revista americana Newsweek (que se encontra em estado falimentar). Incapazes de saírem na capa das revistas sérias como o semanário dos homens bons, os comunistas de plantão partiram para usar as incautas revistas do exterior.

Também pudera, essa revista que pratica o falso jornalismo, desconhece totalmente a situação brasileira, seus editores não assinam a Veja e nem acompanham os comentários abalizados da Míriam Leitão no Bom Dia Homens Bons, por isso têm uma visão totalmente distorcida da realidade brasileira e da presidenta fantoche, fraca e manipulável Dilma Roussef.

Revista respeitável

Verdadeira capa respeitável de uma publicação de alto nível internacional

Fica claro, para aqueles que teimam em discordar, que se manter alienados dos órgãos de informação confiáveis brasileiros, quais sejam, os diários dos homens bons, o semanário dos homens de bem (e de Benz) e a Emissora da Revolução de 64, induz a pessoa ao erro crasso e a barrigada jornalística, se descolando da realidade factual brasileira. Revoltante!

Reciclagem do Alumínio e seus problemas



pescado no site Inovação Tecnológica

O alumínio é o metal mais reciclado no mundo. Mas, como acontece no mercado de automóveis, "alumínio usado" não é a mesma coisa que "alumínio zero km".

Liga indesejável

A reciclagem de alumínio consome apenas 5% da energia utilizada na produção do alumínio novo.

No entanto, cada vez que o alumínio é reciclado, vários elementos, como ferro, silício e zinco, bem como elementos-traço, como sódio e chumbo, juntam-se ao metal, produzindo uma espécie de "liga indesejável".

Até agora isso tem colocado limitações claras aos usos do alumínio reciclado, devido às alterações nas propriedades do metal reciclado em comparação com o metal novo.

A indústria vem dando um "jeitinho" diluindo o alumínio reciclado no alumínio novo, de forma a diminuir a concentração dos elementos indesejáveis até que eles atinjam níveis aceitáveis.

Solução nobre

Mas Yanjun Li e seus colegas do Instituto Sintef, na Noruega, acreditam que uma solução bem mais nobre pode ser obtida com a ajuda da matemática.

O alumínio reciclado hoje acaba sendo direcionado para a fundição. Mas os produtos mais nobres são feitos por laminação ou extrusão, que exigem um material mais puro e com propriedades homogêneas.

Na extrusão, por exemplo, um bloco sólido de alumínio é prensado por uma gigantesca prensa contra um molde de aço que contém os furos no formato exato da peça desejada - o alumínio deve fluir perfeitamente para não gerar peças defeituosas.

"As impurezas que se acumulam no alumínio pelos repetidos ciclos de reciclagem afetam as propriedades mecânicas do material reciclado. No entanto, mudando a composição da liga, as condições de temperatura e a velocidade do processo de homogeneização - o estágio inicial em um processo de têmpera realizado antes da laminação e da extrusão - é possível compensar isso," diz Yanjun.

Nobreza matemática

Se parece fácil, não é. Tentar encontrar a receita correta com tantos ingredientes a serem variados é praticamente impossível na base da tentativa e erro.

É aí que entra a matemática. Os cientistas estão desenvolvendo modelos matemáticos e testando-os em experimentos de laboratório. "Os resultados iniciais são animadores," diz Yanjun.

O objetivo final é desenvolver três modelos diferentes, que vão mostrar como a microestrutura do alumínio reciclado é afetada por várias modificações na homogeneização durante os processos de extrusão e laminação.

Modelo de reciclagem

"Nós demonstramos que a ponto de escoamento das ligas pode ser aumentado em 50% modificando-se o processo de homogeneização. Em linguagem simples, isto significa que o material poderá ser dobrado muito mais antes de quebrar," afirma o pesquisador.

Segundo ele, o uso dos modelos matemáticos permitirá o uso do alumínio reciclado em virtualmente qualquer aplicação.

O que é uma boa notícia, uma vez que o aumento da reciclagem do alumínio está produzindo mais matéria-prima do que o setor de fundição consegue absorver.

sábado, 17 de setembro de 2011

Porque hoje é sabado!...(2) exepcionalmente....



Vídeo apenas para alertar a comunidade botocuda a não deixar seus petizes ouvirem esses acordes do diabo. Sim, identifiquei várias vezes o famoso trítono do diabo sendo toscamente “arranhado” nesses violões “tonantes” feitos da madeira de caixote de alho!

Músico medíocre e desprovido de talento, o agente cubano tentava usar os acordes musicais para espargir o comunismo pelo mundo, mas sem sucesso.

Precisamos educar nossos pimpolhos a só ouvirem músicas modais. Sem essa de dissonâncias toscas que agridem nossos delicados ouvidos.

₢ Professor Hariovaldo Prado

Aulinha botocuda: o processo da corrupção

pescado no blog Curso Básico de Jornalismo Manipulativo


A corrupção é um processo, e como todo processo ela se desenvolve por fases. Didaticamente, a prática desse processo desenvolve-se deste modo:

1. A intenção de corromper. Alguém tem a ideia de lucrar, de maneira ilícita, com uma oportunidade: um amigo bem colocado na estrutura do poder, uma concorrência pública, uma verba recém-aprovada. No processo, esta é a fase “Luzinha acesa sobre a cabeça”.

2. A iniciativa de corromper. Essa pessoa (ou esse grupo empresarial, como uma empreiteira, um banco, uma holding) toma a iniciativa de buscar ativamente esse benefício. A corrupção deixa de ser subjetiva e passa ao plano objetivo, da realidade, do comportamento. No processo, esta é a fase “Tô chegando”.

3. A proposta de corrupção. O agente da corrupção faz a proposta à pessoa certa, diretamente ou, na maoria dos casos, por meio de um representante. Essa é a função clássica dos lobistas, profissionais especializados em cor… convencer uma outra pessoa sobre as vantagens mútuas de um negócio ilícito. No processo, esta é a fase “Vamos lucrar?”.

Você já pensou por que quase não se encontram reportagens sobre lobistas na imprensa, essa categoria de profissionais sombrios que infesta as casas legislativas e que promove animadas festas noturnas nas quais…? Bem, você sabe.

4. A aceitação da proposta. O alvo do corruptor aceita a proposta. No processo, esta é a fase “Oba!”.

5. O fechamento do trato. As duas partes chegam a um acordo, mutuamente benéfico. No processo, esta é a fase “Unidos venceremos”.

6. O primeiro pagamento. Em certos casos, um primeiro pagamento consolida o acordo e garante ao corrupto um ganho concreto, mesmo que o resultado futuro não seja o pretendido por ambas as partes. No processo, esta é a fase “Te paguei em confiança. Olha lá, heim?”.

7. O cumprimento do acordo. O corrupto cumpre o acordo: o negócio ilícito é afinal realizado. Um benefício é concedido a uma pessoa ou empresa, uma concorrência é fraudada, uma verba é destinada a quem não a merece. No processo, esta é a fase “Gostou do resultado?”.

8. O pagamento final. O corruptor, que tinha iniciado o processo, põe um termo a ele ao fazer o pagamento do serviço prestado. No processo, esta é a fase “Unidos, vencemos”.

Repare como esse processo serve para mapear até mesmo uma corrupção em escala menor, como o suborno de um guarda: pego numa blitz, o motorista tem ideia de sair-se da enrascada sem pagar a vultosa multa (1), engata uma conversa inicialmente cautelosa (2) e, percebendo a receptividade do guarda, faz a proposta (3): uma cerveja caprichada, e estamos conversados. O policial aceita a proposta (4), os dois combinam como o pagamento será feito (5), este é realizado (6-8), e o policial cumpre o acordo de não multar o infrator, em troca de um benefício ilegal (7).

Qualquer análise racional descobrirá o óbvio: o corruptor está no início, no meio e no fim do processo. Sem ele, não existiria corrupção. É ele quem toma a iniciativa de corromper, e é ele quem tem o recurso mais valioso na negociação (o dinheiro), quem estabelece as bases da proposta e quem faz o pagamento que concretiza a corrupção.

A lei reconhece essa verdade simples ao denominar os crimes como corrupção ativa (o crime do agente, do corruptor) e corrupção passiva (o crime do corrompido, daquele que aceita participar do esquema ilícito).

Reza o ditado: “Corruptos são ervilhas; corruptores são pérolas”. De um lado, uma multidão disponível e barata; do outro, poucos endinheirados. Corruptos são substituíveis: se determinado alvo faz jogo duro, cisma de ser honesto, recusa-se a aceitar propostas mutuamente vantajosas, basta uma campanha pela imprensa, um lobby num Ministério, ou mesmo uma ação mais radical, como o assassinato, e está resolvido o problema eventual. Uma autoridade mais compreensiva assume a função, e segue o jogo.

Um exemplo: há poucos anos, no Rio de Janeiro, vários responsáveis pela compra de medicamentos para os hospitais públicos foram alvos de atentado por se recusarem a fazer o jogo das empresas.

Já os corruptores são poucos e poderosos.

Portanto, um movimento inteligente de combate à corrupção focaria em três medidas básicas:

1. Ataque à causa do problema, ou seja, à fonte da corrupção: o corruptor.

2. Redação de leis inteligentes e ágeis, em que as penas fossem proporcionais à responsabilidade: no caso, uma pena bem maior para o corruptor.

3. Punições adicionais que atingissem o “bolso” do corruptor. Por exemplo, após a condenação, a proibição de realizar, durante 10 anos, outro negócio com o Estado.

No âmbito psicossocial, esse movimento lutaria por uma cena de impacto: a foto da prisão de um corruptor. Uma situação capaz de assustar toda a cadeia (opa!) da corrupção.

Tenho certeza de que você se lembrará de uma foto semelhante, que marcou uma operação da Polícia Federal, há alguns anos (e ele foi algemado, ainda por cima…), como também se lembrará da reação imediata e surpreendente das “altas esferas” que tornou impossível repetir esse procedimento humilhante contra notórios corruptores.

Você já deve ter reparado que os interessados na continuidade do processo da corrupção e na continuidade dos benefícios financeiros, políticos e sociais advindos desse processo intuem a importância primordial de proteger, a qualquer custo, o agente da corrupção: ele é a galinha dos ovos de ouro (e dos relógios, canetas e barras de ouro, das notas verdinhas etc.).

Que fiquem em paz os maiores financiadores da mídia, da política e da advocacia.

Essa atividade de proteção, quando assumida por quem fiscaliza as ações dos homens públicos (os legisladores e a mídia), gera a situação de impunidade. Ou seja, paradoxalmente, a atividade de proteção se manifesta pela inatividade ante a ação criminosa. Basta isso.