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domingo, 4 de setembro de 2011

11 de setembro dez anos depois - a que conclusão chegaram?...

Dia 5 de setembro de 2001 eu estava partindo para uma pescaria no Pará. Era uma 4ª feira. Nos internamos na beira do rio Curuá (afluente do Xingu) na outra margem da grande reserva indígena dos Kaiapó. Ficamos uma semana e meia no meio da floresta. Na manhã do dia 11, dois de nós tiveram que se deslocar 85 km até a cidade de Novo Progresso (PA) para comprar mais cerveja e gelo, que estava com os estoques perigosamente baixos. Eu fui um desses, a ir na pick-up Toyota nesta viagem. Passamos por vários pontos em que a floresta queimava dias já, para dar lugar à pastagens. Coisa feia!... Terrivel...

Em chegando à cidade, ouvi do que estava acontecendo nos EEUU naquele exato momento. Fui ao saguão de um hotel e fiquei assistindo as ultimas noticias na TV que lá havia. Voltamos ao acampamento no meio da tarde. Quando falei aos meus companheiros o que estava acontecendo não quiseram acreditar. Acharam que eu estivesse mentindo.

Ai eu liguei meu rádio portátil Sony de ondas curtas (foto) e coloquei no centro da mesa do acampamento. Era a única forma acessar as noticias no meio da selva amazônica e era o unico que havia. Num primeiro momento não consegui sintonizar nenhuma estação que estivesse transmitindo em português, só consegui sintonizar rádios que estavam transmitindo em inglês, fora as dezenas de rádios cristãs que se tomaram uma praga nas faixas de ondas curtas. Depois consegui sintonizar a própria Voz da América em transmissão ainda em inglês, mas ninguém entendia nada do que diziam. Isso reforçou a desconfiança dos meus amigos de que eu estava blefando, pois só sintonizei aquela radio que não podiam compreender. Depois é que achei outra radio transmitindo espanhol e a coisa melhorou um pouco.

Quando voltamos a civilização no domingo seguinte ao acontecido, passei a ler centenas (ou milhares) de relatos, em livros, intenet, revistas, etc. sobre os fatos ocorridos no 11 de setembro, mas até hoje tenho a clara percepção de que essa história nunca ficou bem contada. Como essa semana a mídia vai blasonar idiotices sem fim sobre esse tema (o Fantástico da Globosta já começou - estou ouvindo daqui de onde escrevo) , vamos começar com um relato bem afinado com o que eu próprio penso, de autoria de Paul Craig Roberts, publicado no site Global Research, traduzido pelo resistir.info, de Portugal:


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Dentro de alguns dias celebrar-se-á o décimo aniversário do 11 de Setembro de 2001. De que forma resistiu o relatório oficial do governo americano ao longo da última década?

Não muito bem. O presidente, o vice-presidente e o principal advogado da Comissão do 11 Setembro escreveram livros distanciando-se parcialmente do relatório da Comissão. Dizem que a administração Bush pôs obstáculos ao seu trabalho, que lhes foi sonegada informação, que o presidente Bush se dispôs a testemunhar apenas na condição de ser acompanhado pelo vice-presidente Cheney e de nenhum dos dois estar sob juramento, que o Pentágono e os oficiais da Administração Federal da Aviação (FAA) mentiram à Comissão e que esta chegou a considerar indicar este falso testemunho para investigação por obstrução à justiça.

No seu livro, o Presidente e o Vice-Presidente, respectivamente Thomas Kean e Lee Hamilton, escreveram que a Comissão de Investigação do 11 de Setembro foi "feita para falhar". O advogado da comissão, John Farmer Jr. escreveu que o governo americano tomou "a decisão de não contar a verdade acerca do que aconteceu" e que as fitas (NT - audio de gravações de cabines, torres de aeroportos e da USAF) do Comando Americano de Defesa Aeroespacial (NORAD) "contam uma história radicalmente diferente daquela que nos foi contada e tornada pública". Ken disse que: "Até hoje não sabemos porque é que a NORAD nos disse o que disse, estando tão longe da verdade"

A maioria das questões levantadas pelas famílias das vítimas ficou sem resposta. Testemunhas importantes não foram chamadas. A Comissão apenas ouviu aqueles que subscreviam a versão do governo. A Comissão foi uma operação politicamente controlada e não uma investigação baseada em provas e acontecimentos reais. Os seus membros eram ex-políticos. Nenhum especialista foi nomeado para a Comissão.

Outro membro da comissão, o senador Max Cleland, respondeu desta forma às restrições impostas à Comissão pela Casa Branca: "Se estas decisões se mantiverem, eu, enquanto membro da Comissão, não poderei olhar nenhum americano nos olhos, especialmente os familiares das vítimas, e afirmar que a comissão teve carta branca. Esta investigação está, de agora em diante, comprometida". Cleland preferiu demitir-se a ver a sua integridade igualmente comprometida.

Para ser claro, nem Cleland nem qualquer outro membro da comissão sugeriu que o 11 de Setembro fosse um golpe montado a partir do interior do governo e destinado a promover uma agenda belicista. Porém, nem o Congresso nem a mídia perguntaram, pelo menos não em voz alta, porque é que o presidente Bush não quis apresentar-se à comissão sob juramento ou sem Cheney, porque é que o Pentágono e os oficiais da FAA mentiram à Comissão, ou, se não mentiram, porque é que a Comissão ficou com a impressão de que eles mentiram, ou ainda porque é que a Casa Branca resistiu durante tanto tempo à criação de qualquer Comissão de Investigação, mesmo que esta estivesse sob o seu controle?

Seria legítimo admitir que, se um punhado de árabes tivesse conseguido enganar não apenas a CIA e o FBI, mas todas as 16 agências de informação americanas e todas as agências de informação dos nossos aliados, incluindo a Mossad, o Conselho Nacional de Segurança, o Departamento de Estado, a NORAD, a segurança do aeroporto quatro vezes numa manhã, o controlo aéreo, etc.; o Presidente, o Congresso e a mídia iria querer saber como foi possível que um evento tão improvável se produzisse. Mas o que se viu foi o contrário: a Casa Branca mostrou grande resistência a que tal fosse demonstrado e tanto o Congresso como a mídia mostraram um interesse muito pequeno.

Durante a última década, numerosas associações com finalidade de que a verdade sobre o 11 de Setembro aparecesse foram organizadas. Temos os Arquitectos e Engenheiros pela verdade do 11/9, os Bombeiros, os Pilotos, os Professores, a Associação de Memória do Edifício 7.org e o Grupo de Nova York, que inclui os familiares das vítimas. Todos esses grupos apelam a que seja feita uma investigação verdadeira sobre os fatos.

David Ray Griffen escreveu 10 livros, fruto de uma cuidada pesquisa, documentando problemas do relatório governamental. Os cientistas notaram que o governo não tem explicação para o aço fundido. O Instituto Nacional de Normas e Tecnologia (NIST) foi forçado a admitir que o World Trade Center 7 (WTC) estava em queda livre durante parte do seu declínio e uma equipe de cientistas liderado por um professor de nano-química da Universidade de Copenhagen anunciou ter encontrado vestígios de nanomateriais intermoleculares meta-estáveis [nanothermites ou NIM - NT - a grosso modo resíduos de explosivos] na poeira dos edifícios.

Larry Silverstein, locador dos edifícios do World Trade Center, disse, numa emissão da PBS, que a decisão de "derrubar" o edifício 7 tinha sido tomada nessa mesma tarde de 11 de Setembro. O chefe dos bombeiros disse que não foi feita nenhuma investigação forense à destruição dos edifícios e que a ausência de tal investigação constituía uma violação da lei.

Têm sido feitos alguns esforços no sentido de explicar algumas das provas que contradizem a versão oficial, mas a maioria dessas provas são simplesmente ignoradas. Resta que o cepticismo de diversos especialistas não parece ter tido qualquer efeito na posição do governo, para além da sugestão feita por um membro da administração Obama segundo a qual o governo deve infiltrar as organizações para a verdade sobre o 11 de Setembro no sentido de as desacreditar.

A prática tem sido a de estigmatizar como "teóricos da conspiração" todos os especialistas que manifestem dúvidas em relação à versão oficial. Mas, evidentemente, a própria versão do governo é uma teoria da conspiração, que se torna ainda menos crível quando nos apercebemos da extensão dos erros de informação e segurança necessários à sua verificação. As falhas sugeridas são incrivelmente extensas; no entanto, ninguém foi ainda responsabilizado.

Além disso, o que têm a ganhar 1500 arquitectos e engenheiros em serem ridicularizados como "teóricos da conspiração"? Certamente nunca voltarão a executar nenhuma obra pública e seguramente perderam negócios devido à sua atitude "anti-americana". A concorrência deve ter ganho com as suas dúvidas anti-patrióticas. Com efeito, a minha recompensa por vos informar aqui acerca do que é importante uma década depois será uma mensagem para me dizer que eu odeio tanto a América que deveria me mudar para Cuba.

Os cientistas têm ainda menos vantagens em exprimir as suas dúvidas, o que sem dúvida explica porque é que não são 1500. Muito poucos físicos têm carreiras independentes de contratos ou bolsas do Estado. Foi um professor de Física de uma Escola Secundária que forçou a NIST a abandonar a sua versão do desaparecimento do Edifício 7. O físico Stephen Jones, que foi o primeiro a anunciar ter encontrado vestígios de explosivos nos escombros, viu a sua posição académica ser-lhe retirada pela Universidade de Brigham, que sem dúvida também sofreu por pressão governamental para tal atitude.

Podemos descartar todas as provas contrárias como coincidências e erros e concluir que só o governo compreendeu tudo bem, o mesmo governo que compreendeu mal todo o resto.

Mas, na realidade, o governo não explicou absolutamente nada. O relatório da NIST é uma mera simulação daquilo que poderá ter levado à queda das torres no caso de as suposições programadas no seu computador estarem correctas. Mas a NIST não fornece qualquer evidência de que tais suposições estejam corretas.

O Edifício 7 não é mencionado no relatório da Comissão e muitos americanos desconhecem até hoje que três edifícios caíram no dia 11 de Setembro.

Deixem-me ser claro sobre o assunto. Eu não estou a dizer que um qualquer grupo neo-conservador operando secretamente no seio da administração Bush explodiu as torres com o intuito de fazer progredir a sua agenda para a guerra no Médio Oriente. Mesmo que haja provas de que algo está a ser encoberto, pode tratar-se do governo a encobrir a sua incompetência e não a sua cumplicidade. Mesmo que houvesse provas definitivas de cumplicidade governamental, é duvidoso que os americanos o aceitassem. Os arquitectos, engenheiros e cientistas vivem no seio de uma comunidade que se baseia em factos. Mas, para a maioria das pessoas, os factos não conseguem competir com as emoções.

O que quero sublinhar é o quão displicente o poder executivo, incluindo as agências de segurança, o Congresso, a mídia e largas camadas da nossa população, tem se comportado em relação à investigação mais importante e crucial do nosso tempo.

Não há dúvida de que o 11 de Setembro é um acontecimento determinante. Levou a uma década de guerras em constante expansão, ao espezinhar da Constituição e a um estado policial. No dia 22 de Agosto último, Justin Raimondo fez saber que ele e o seu site na web Antiwar.com estava sob vigilância da Unidade de Análise de Comunicações Electrónicas do FBI no sentido de determinar se o Antiwar.com é "uma ameaça à segurança nacional" a trabalhar "no interesse de uma potência estrangeira".

Francis A. Boyle, um professor internacionalmente conhecido e advogado especializado em direito internacional, fez saber que, quando recusou uma oferta conjunta da CIA e do FBI para violar o sigilo profissional e tornar-se uma fonte de informações dos seus clientes árabes americanos, foi colocado na lista de vigilância anti-terrorista.

Boyle tem sido um crítico da estratégia do governo americano no mundo muçulmano, mas Raimondo nunca levantou, nem permitiu que qualquer colaborador levantasse, qualquer dúvida no que diz respeito a uma cumplicidade do governo americano no 11 de Setembro. Raimondo limita-se a estar contra a guerra e isso chega ao FBI para concluir que ele precisa de ser vigiado como uma possível ameaça à segurança do estado.

A versão governamental dos acontecimentos de 11 de Setembro é o fundamento para guerras sem fim à vista, que estão a exaurir os recursos dos EUA e a destruir a sua reputação, e é, internamente, o fundamento de um estado policial que irá acabar por calar toda e qualquer oposição à guerra. Os americanos encontram-se reduzidos à versão do 11 de Setembro como ataque terrorista muçulmano porque é isso que justifica o massacre das populações civis em vários países muçulmanos, bem como, internamente, um estado policial apresentado como o único meio de nos proteger dos terroristas, que já se transformaram em "extremistas internos", tais como ambientalistas, grupos de defesa dos direitos dos animais e activistas anti-guerra.

Se hoje os Americanos não estão seguros, não é por causa dos terroristas ou dos extremistas internos, mas sim porque perderam as suas liberdades civis e não têm qualquer protecção contra um inexplicável poder governamental. Seria legítimo pensar que a forma como tudo isto começou seria digna de um debate público e de audiências no Congresso.


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