Indicador aponta quais são os países que têm a melhor e a pior qualidade marinha, baseado em critérios como oferta de alimento, proteção ecológica, contribuição para mudanças climáticas e biodiversidade; Brasil marcou 62 pontos de 100
Os oceanos tem um papel essencial para o ser humano, fornecendo alimentos, biodiversidade, empregos e até lazer. Mas como está a saúde dos oceanos pelo mundo? É essa pergunta que uma nova análise publicada nesta quarta-feira (15) pelo periódico Nature tenta responder. E, os resultados, segundo o estudo, não são muito positivos: da escala de 100 pontos, a média mundial dos oceanos não passou de 60.
A nova pesquisa, intitulada Ocean Health Index (Índice de Saúde dos Oceanos), classifica os mares de acordo com os benefícios que eles geram ao meio ambiente e ao ser humano.
Os dez critérios de qualificação são fornecimento de alimentos; oportunidades de pesca artesanal; produtos naturais; estocagem de carbono; proteção costeira; meios de subsistência e economia costeira; turismo e recreação; proteção de espécies e locais; águas limpas; e biodiversidade.
Em média, os oceanos mundiais marcaram 60 pontos, que variaram de 36 a 86. Entre os critérios mais bem pontuados estão oportunidades de pesca artesanal, biodiversidade, estoque de carbono e meios de subsistência e economia costeira. Entre os piores, estão turismo e recreação, fornecimento de alimento e produtos naturais.
A área que teve a melhor classificação foi a ilha Jarvis, uma pequena região desabitada no sul do Oceano Pacífico que marcou 86 pontos. Já o local com pior pontuação foi Serra Leoa, com 36 pontos. O Brasil, com 62 pontos, ficou em 35o lugar, ao lado da Ucrânia e das Antilhas Holandesas.
Em geral, os países desenvolvidos tiveram uma pontuação melhor do que os países emergentes. Segundo a avaliação, isso ocorre porque apesar de muitas vezes as nações ricas sobreexplorarem seus mares, elas têm capital para investir em políticas de proteção e conservação, o que ocorre menos frequentemente nos países subdesenvolvidos.
“Muitos países do oeste africano, Oriente Médio e América Central fizeram poucos pontos comparados a países ricos europeus ou como o Canadá e a Austrália”, afirmou a análise.
Países ricos como a Alemanha e a Holanda tiveram notas relativamente boas, marcando 73 e 70 pontos, respectivamente. No geral, entretanto, a situação não é muito otimista: dos 171 países, apenas 5% marcaram mais do que 70 pontos, e 32% marcaram menos do que 50.
Os autores do estudo descobriram que, dos dez critérios, cinco tiveram pioras, mas apesar disso, eles consideram que há boas notícias em relação à saúde dos mares.
“Pouquíssimos países fizeram muito para proteger espécies. Estamos vendo restauração dos habitats e muitos países estão começando a implementar uma gestão mais eficiente da pesca. Algumas coisas estão definitivamente indo bem”, comentou Benjamin Halpern, ecologista marinho do Centro Nacional para Análise e Síntese Ecológica dos EUA.
“Isso mostra que há grande espaço para melhorar. Apesar do sucesso de muitos países desenvolvidos em administrar sua pesca, a alimentação global sustentável está muito abaixo do que poderia ser feito se os estoques fossem obtidos mais sustentavelmente e se a produção da maricultura sustentável fosse aumentada”, alertaram os cientistas.
Por fim, os pesquisadores observaram que o índice é uma ferramenta importante para aumentar a consciência pública sobre a situação dos oceanos, a administração direta de seus recursos, melhorar as políticas de proteção e priorizar as pesquisas científicas.
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