A direita classe-média também se juntou a sionistas de escol e alguns exibicionistas, alguns gatos pingados, e foram às ruas contra essa visita diplomática, do nosso alto interesse. Claro, pois na delegação iraniana havia quase 100 empresários que vieram conversar sobre o aumento dos negócios, que são os mais vantajosos para nós brasileiros, no Oriente Médio.
O protesto questionava um ato de soberania do governo brasileiro, que mantém relações diplomáticas com o mundo inteiro, como é de bom alvitre.
A frente da pequena turba, abrindo o cortejo uma bandeira de Israel. O protesto desses cansados defendia simplesmente, de forma arrogante e inconveniente, que o chefe de Estado brasileiro não podia receber o chefe de Estado do Irã, hoje o mais amedrontador inimigo do sionismo estabelecido em território da Palestina. Isso tudo porque Israel e Irã estão às turras e o Brasil, segundo esses manifestantes alienados, deve se subordinar aos israelenses, que têm uma milionária quinta coluna entre nós.
Quer dizer: antes de receber qualquer chefe de Estado estrangeiro, seria obrigação do governo brasileiro obter um “nada a opor” do regime de Tel Aviv, chefiado hoje pela fina flor do expansionismo neonazista, muito mais violento do que o dos antecessores, que quase destruíram Gaza ainda há pouco, deixando 2 mil palestinos mortos por seus virulentos bombardeios.
Teve um demagogo que participou do protesto que disse estar ali, ao lado de judeus sionistas, para protestar contra a "ditadura dos aiatolás". Será essa "ditadura" diferente da "ditadura dos rabinos e militares" que continua implantando assentamentos judaicos na Palestina e tem hoje um muro muito maior do que o estigmatizado Muro de Berlim?
O Brasil tem no Irã o seu maior e melhor parceiro comercial em todo o Oriente Médio, de forma que o governo brasileiro faz muito bem em conversar com o líder iraniano, da mesma forma que faz muito bem em estreitar as relações com a China, que, ao contrário do Irã, é governada por um partido único.
E deve aproveitar o respeito granjeado por sua política externa para interferir efetivamente em favor da paz, contra as agressões ainda em curso no Iraque e no Afeganistão, e a favor de um acordo no Oriente Médio, que passa inevitavelmente pela reformulação radical da política do governo israelense.
E tem o dever de ser firme ao intervir em favor do reconhecimento do Estado Palestino, criado, aliás, pela mesma Resolução que gerou Israel.
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