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segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Conversa com um blogueiro




invenção do Leonardo Sakamoto




- Você não é aquele blogueiro petista?
- Hehehe. Sou um blogueiro. Mas não sou filiado a nenhum partido.
- Ah, claro que é. Vai dizer que seu blog não ganha dinheiro do governo?
- Não, não recebe. Aliás, se você quiser anunciar, a gente aceita (risos). E uma coisa não tem a ver com outra. Grandes jornais, revistas, TVs recebem dinheiro do governo e os donos não são filiados ao partido do governo.
- Mas você é! Defende essas coisas de esquerda…
- Bem, aí você está partindo da premissa que o PT ainda é, necessariamente, um partido de esquerda…
- Hã?
- Deixa pra lá. Bem, me dá um exemplo dessas “coisas de esquerda”.
- Ah, você fica defendendo índio vagabundo que impede o progresso.
- Ué, mas Belo Monte é questão de honra do governo federal, que está com o PT.
- E daí?
- E vai reduzir a vazão do rio e, infelizmente, tornar a vida desse monte de “índio vagabundo” um inferno.
- Você está tentando me enrolar. Então, você é do PSol, que é mais radical ainda.
- Também não. Por que eu tenho que fazer parte de um partido? Já não basta o sofrimento de ser palmeirense?
- Mas você defende gay. E tem aquele deputado que é gay no PSol.
- Por que? Você ataca gay?
- Acho que todo mundo tem que ter seu direito, entendeu? E eles têm direitos. Mas eles não podem ficar fazendo aquelas coisas na frente dos outros. Isso é desrespeitar o direito dos outros a não ver aquilo. Me controlo porque sou um respeitador das leis, mas já tive vontade de ir lá e acabar com isso.
- Que coisas?
- Ah, você sabe, se beijando, se esfregando.
- E uma mulher e um homem podem se beijar na sua frente?
- Aí é diferente! Se você não percebe que isso é diferente, você deve ser muito louco.
- Você tem filhos?
- Sim, dois.
- Triste… Mas você acha que PSol é o único partido com um político homossexual no país?
- Não vi nenhum outro.
- Acho que você está precisando se informar mais, meu caro. E, me perdoe, mas acredito que você reduz muito as coisas…
- Reduzo quê? Se eu te xingasse de tucano você ia gostar? Ia? Ia?!
- Por que? Para você, “tucano” é xingamento?
- Claro que não! Não ponha palavras na minha boca! Mas o PSDB não defende essas coisas que você defende.
- Tipo?
- Tipo ficar dizendo por aí que tem trabalho escravo. Isso não existe. É coisa criada para ajudar o MST a constranger quem produz alimentos para a gente.
- Mas os votos dos deputado federais do PSDB foram fundamentais para aprovar a proposta que toma propriedades flagradas com escravos e há projetos para acabar com o trabalho escravo que foram propostos pelo partido. Além do mais, o pequeno agricultor é quem coloca comida na nossa mesa, sabia?
- Isso é mentira.
- Qual das duas partes?
- As duas.
- Né, não. Vai lá e dá um google.
- E o que é isso na sua mão? Você se diz de esquerda e tem um iPhone?
- E ser de esquerda é o mesmo que fazer voto de pobreza? Aliás, você não sabe muito bem o que é esquerda e direita, né? Mas fique tranquilo. Ninguém mais sabe hoje em dia mesmo…
- A esquerda quer fazer uma revolução e implantar uma ditadura, obrigando a ser quem eu não quero, a dar meus imóveis, meus carros…
- Seu iPhone…
- …para os pobres. E a direita está aí para fazer um contraponto, é quem respeita a liberdade das pessoas.
- Hahaha. Adorei! Liberdade das pessoas poderem ser gays sem ser molestados na rua com alguém querendo “acabar com isso”, por exemplo?
- Você está misturando liberdade com libertinagem! Liberdade tem limite.
- É. O pessoal do golpe de 64 também achava isso…
- Em 1964, não foi golpe, foi revolução. Era necessário, por um bem maior.
- Para garantir a liberdade dos “homens de bem”.
- Sim, claro.
- Porque o preço da liberdade é a eterna vigilância, não?
- Sim.
- Afinal, é Brasil, ame-o ou deixe-o.
- Você não está levando esta conversa a sério, né?
- Não. Deu minha hora. Abraço grande para o senhor e prazer conhecê-lo.
- Forte abraço. E olha, posso não concordar com as coisas que você escreve, mas adoro quando posta aqueles seus contos.
- Anauê!

Um comentário:

  1. Os dois estereótipos: a esquerda antiliberal e a direita antiliberal.

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