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quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Alemanha: rigor, controle e seriedade


reproduzido do Informação Incorrecta  (com ligeiras adaptações do português luso para o português tupinambá, feitas aqui neste blog indígena) 


Ahhh, Grande Alemanha!...
Se Lisboa [Brasilia] fosse como Berlim: rigor, controle, seriedade. Nem seria preciso a austeridade, era só virtuosismo e contas sempre em ordem.

Mais ou menos!...
Diário Público:
Deutsche Bank acusado de ocultar 9 mil milhões [9,2 bilhões] de euros em dívida para fugir a resgate
O Deutsche Bank é acusado de ter escondido 9.230 milhões [9,23 bilhões] de euros em dívidas durante o pico da crise financeira para mascarar as contas e evitar uma intervenção por parte do Governo alemão.

A notícia   foi dada nesta quinta-feira pelo Financial Times, que afirma que três antigos funcionários do banco alemão apresentaram queixas nos EUA, alegando que o banco alemão, com o conhecimento dos dirigentes executivos, não registou muitas das perdas nas operações de mercado entre 2007 e 2009.
Ehhh?... Mas é uma brincadeira, só pode ser....
Num comunicado emitido também nesta quinta-feira, o banco germânico afirma que as acusações já datam de 2011, ocasião em que o banco já promoveu uma cuidadosa e rigorosa investigação” que chegou à conclusão de que as acusações são “totalmente infundadas”.
Ah, pois: Deutsche Bank já investigou Deutsche Bank (auto-investigação) e não encontrou nada de errado. Isso sim que tranquiliza. É como se Al Capone tivesse investigado as operações ilícitas da máfia americana, uma garantia. 
No mesmo comunicado, o Deutsche Bank afirma que as acusações partem de funcionários que não têm conhecimento, nem são responsáveis pelas principais operações do banco alemão.
"Não têm conhecimento". A mesma ideia não passa pela cabeça dos gajos da Securities and Exchange Commission, que, pelo contrário, ficaram bem interessados nas declarações dos tais funcionários. Porque os "três funcionários" não eram o pessoal da limpeza. 
Um deles, Matthew Simpson, um dos principais responsáveis pelo comércio de derivativos, queixa-se de ter sido afastado pelo Deutsche Bank dias depois de ter apresentado a queixa à entidade reguladora norte-americana.

Matthew Simpson já havia alegado a existência de irregularidades no registo da avaliação do caderno de derivativos. No seguimento da sua saída, Simpson recebeu 680 mil euros de indeminização do Deutsche Bank, depois de o antigo funcionário ter acusado o banco alemão de ter agido por “retaliação”.
"Indeminização" aparece no original, deve ser o novo acordo ortográfico. Ou no Público falta um corrector tipo "Word". Seja como for, Simpson era um dos responsáveis pelo comércio dos derivativos. 
Eric Ben-Artzi, o outro funcionário que se queixa de ter sido afastado por retaliação a comentários sobre irregularidades do Deutsche Bank, apresentou também uma queixa à Securities and Exchange Commission.
Mas navegando pela internet é possível encontrar mais pormenores. 
CNBC:
Dois dos ex-funcionários alegam que o Deutsche alterou o valor do seguro previsto em 2009 pela Berkshire Hathaway de Warren Buffet sobre algumas das posições. A existência destes mecanismos não tinha sido previamente divulgada.
Interessante. Não apenas simples acusações mas também a descrição dos alegados mecanismos utilizados. 
Mais:
As queixas foram apresentadas em momentos diferentes, em 2010 e 2011, de forma independente uma das outras. Todos os homens passaram horas com os advogados da SEC e forneceram documentos bancários internos durante várias reuniões, sendo pessoas familiarizadas com o assunto.
Definitivamente não eram da limpeza. O segundo queixoso, que como vimos tem o nome de Eric Ben-Artzi, era gerente de risco do Deutsche e foi demitido três dias depois de apresentar a queixa ao SEC.

O terceiro queixoso trabalhava também na gestão de risco e pediu anonimato.
Jordan Thomas, da advocacia Labaton Sucharow, que representa Ben-Artzi:
Durante a crise financeira, muitas instituições enfrentaram uma ameaça existencial e as evidências sugerem que o Deutsche Bank amenizou o seu risco inflando substancialmente o valor da sua carteira de derivativos, a maior área de risco nos negócios do banco.
Última nota, como simples curiosidade: o Público é o único entre os principais diários portugueses (Expresso, Diário de Notícias, Correio de Manhã, iOnline, Dinheiro Vivo) que relata a notícia. Nos outros nem uma linha.

Resto da Europa: 

Espanha
Abc e El País: nada.
El Mundo: sim.

Italia
La Stampa, Il Corriere della Sera, La Repubblica: nada.

Alemanha
Die Welt, Bild: nada
Frankfurter Allegemenine : sim, ontem

França
Le Monde, L' Expansion (diário económico): nada  
Libération: sim
Le Figaro : sim dois (actualidade e economia)


Ipse dixit.

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