por Ramalho, no blog do Nassif
A arenga das sacolas retornáveis, um dos frequentes pequenos flagelos que envenenam a vida dos brasileiros, é exemplo emblemático da arrogância de uma classe média ignorante e autoritária que, por se presumir detentora da “verdade”, acha-se no direito de impor tal "verdade" ao muitas vezes desavisado cidadão comum. Querem, como dizem, "mudar o hábito” das pessoas para ajustá-las à "verdade" deles (algo semelhante ao que fez a Zélia Cardoso quando confiscou na mão grande a poupança de todo mundo).
Agora, os “iluminados” decidiram entre eles que os supermercados ficam proibidos de distribuir gratuitamente sacolinhas plásticas aos consumidores, embora possam vendê-las! Contaram, para perpetração do despautério, com a colaboração de políticos paulistas num conluio deletério de ignorantes que acham que conhecem o tema poluição (qualquer criança sabe que distribuição gratuita de sacolinha não causa poluição) com políticos oportunistas que buscam holofotes.
São Paulo, infelizmente, é hoje polo reacionário no Brasil – basta considerar os políticos que ostenta e eventos como o de Pinheirinhos –, e, por isto, não surpreende que iniciativas que impõem restrições aos cidadãos comuns surjam quase sempre nesse estado. O que surpreende é a passividade dos paulistas em geral que, ao invés de se insurgirem contra os abusos, os apoiam, talvez por acreditarem no discurso pretensamente científico da classe média estudada (aliás, mal formada), e que se põe como bedel do povo. É lamentável que o povo paulista se deprecie desta forma.
Hélio Mattar, do Instituto Arakatu (que nome mais estrambólico!), é defensor da proibição da distribuição gratuita das sacolinhas, mas não tem qualquer objeção a que sejam vendidas pelos supermercados. Foi o que disse em recente programa veiculado pela Globo News, "Cidades e Soluções". Argumentou em favor do absurdo que assim “levanta-se a discussão”! Ah, e diz que os supermercados, com a economia que farão deixando de distribuir sacolinhas gratuitamente, diminuirão, voluntariamente, os preços dos demais produtos! Epa! Já ouvi isto quando esta mesma turma acabou com a CPMF. É inacreditável, mas o sujeito disse isto, e ainda acha que, assim, conseguirá simpatizantes para sua cruzada estulta.
Hélio Mattar é o ignorante voluntarista que pensa que sua verdade é a "Verdade". É sujeito avesso à democracia que quer “ensinar” ao povo, lançando mão de soluções psicodélicas como esta das sacolinhas: dar não pode, vender pode. Sua arrogância não lhe deixa ver o ridículo de suas teses absurdas e vazias. Gente como ele, no afã de parecer importante, aporrinha as pessoas como fazem os mosquitos. É preciso acabar com os criadouros onde essa gente prolifera, e tal se faz com choque de democracia.
Não há meia democracia. A história da sacolinha, um atentado à democracia, é mais um passo na dessensibilização da população em relação a ações autoritárias, e precisa ser combatida energicamente. São atentados como este que vão preparando terreno para subsequentes agressões gratuitas ao povo, supressão de direitos individuais e políticos, e golpes de Estado. O povo paulistano precisa reagir, pois, no momento, é o agredido.
Comentei direto lá ontem, e comento aqui também: o único defeito que uns e outros estão enxergando nesta lei é ser paulistana. Se fosse no RJ estariam louvando.
ResponderExcluirNunca imaginei que você como ambientalista ia propagar uma bobagem dessas. Estou decepcionado.
Ñ se decepcione tanto assim... isso é só para suscitar a discussão...
ResponderExcluirSou um "ambientalista cético" agora... esse negócio das sacolas é só uma grande sacanagem grenwascher. Nada haver com RJ ou SP... se fosse aqui na nossa vereda catarineta seria ainda pior.
Aqui em SBS já apareceram politiqueiros oportunistas soprando nessa corneta. Ai, ai ai...
Como comentado, tudo depende da relação e das circustâncias, é claro que em qualquer relação a qual denota-se a interação em o homem e o meio ambiente no âmbito corporativo pode gerar o greenwhashing, porem nao nos esqueçamos que o plástico é se não o maior dos problemas em volume de poluição ou em catastrofes associadas impéra entre. Já a relaçao entre a oportunidade gerada para conversão de novos hábitos ao consumismo exagerado é válida em todos os sentidos, podendo converte-se na boa e velha idéia do greenwhashing sócial, não pelo marketing verde, mais pelas diretrizes de uma constituição de uma nova classe consumidora muito mais aberta e presente nesta nova revolução corporativa e consumista.
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