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segunda-feira, 19 de março de 2012

Bambu - a madeira do século 21


por Benedito Teixeira, no recriar.com.você

Material tem todas as características para se firmar como alternativa à madeira e contribuir para produção mais sustentável.
Ao nascer, uma pessoa pode ser acomodada em um berço de bambu, sob um teto de bambu, dentro de uma casa de bambu. Ao crescer, pode se alimentar em uma mesa de bambu, sentar em uma cadeira de bambu, tendo em suas mãos uma tigela e talheres de bambu e comer brotos de bambu. Da mesma forma, é possível usar sandálias, abanar-se, brincar e, enfim, repousar em uma cama, tendo sempre o bambu como matéria-prima.
As qualidades desse material foram descobertas pelos povos da Ásia há muitos séculos. No entanto, apenas recentemente elas começaram a ser levadas a sério em outras regiões, especialmente depois dos apelos mundiais para a preservação do meio ambiente. No Brasil, começaram a pipocar estudos em diversas faculdades e um deles está sendo desenvolvido em Bauru, no campus da Universidade Estadual Paulista (Unesp), pelo professor Marco Antonio dos Reis Pereira, do Departamento de Engenharia Mecânica. Ele próprio mora em uma casa feita de bambu. A moradia foi construída em 1995. Externamente, ela recebeu uma camada de reboco e tinta. Na parte interna, o trançado de bambu foi deixado aparente. Depois de quase 15 anos de uso, a casa apresenta-se em perfeitas condições, segundo o professor.
“Dez anos atrás, trabalhar com bambu era considerado coisa de maluco”, lembra Pereira, doutor em agronomia.
Mas depois que o corte das madeiras de lei foi proibido e a questão ambiental entrou na agenda mundial de prioridades, o assunto passou a ser encarado de uma outra maneira. O bambu virou uma bela alternativa. A facilidade de integração entre plantio, corte, transporte, manuseio e resistência fez com que o material ganhasse o rótulo de “madeira do século 21”.
Na oficina do bambu, alunos de desenho industrial e arquitetura da Unesp desenvolvem projetos e constroem objetos grandes e pequenos, como bancos, cadeira de balanço, andador (do tipo utilizado por idosos), muletas, mesas de centro e utensílios domésticos, como talheres, tábua de carne, bandejas, entre outros, além de objetos de decoração.
Além de ser uma matéria-prima mais barata, o bambu é ecologicamente correto. Trata-se de uma planta bastante eficiente no seqüestro do carbono, ou seja, por meio de fotossíntese, ela captura o carbono que está no ar e lança oxigênio na atmosfera. Além disso, é um material que apresenta alta durabilidade, como a madeira.
Outro aspecto que pesa a favor do bambu é a rapidez com que ele cresce. Dependendo da espécie, e estamos falando de uma planta que possui cerca de 1.300, o bambu está pronto para o corte entre cinco e sete anos. Uma árvore de madeira de lei, por sua vez, somente chegará neste estágio depois de 80 a 100 anos.
Além da Unesp de Bauru, outras universidades como a Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq/USP) de Piracicaba, a Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro, e a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) também desenvolvem trabalhos nessa área.
No Laboratório de Estruturas e Construção Civil da Unicamp, por exemplo, existe uma linha de pesquisa envolvendo o emprego de materiais alternativos na construção civil com o objetivo de atender comunidades carentes.
Essa preocupação levou o professor Armando Lopes Moreno Junior, do Departamento de Estruturas da Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo (FEC), a estudar a construção de lajes, vigas e colunas com a utilização de tiras de bambu em substituições às tradicionais armaduras de aço.
“O bambu é de A a Z”, afirma o professor da Unesp de Bauru. Segundo Pereira, o produto pode tanto fazer parte do cardápio de uma família quanto oferecer conforto de todas as formas.
Como dito no início da matéria, é um bom companheiro para toda a vida, ainda mais em uma época em que a luta por um meio ambiente equilibrado está cada vez mais acirrada.
Material carece de estudos sobre sua viabilidade econômica, diz professor.
Está provado, pelas várias pesquisas feitas na área, que o bambu é uma excelente fonte alternativa para vários produtos ecologicamente inadequados, como a madeira, o plástico e até o aço. Mas para que o material deslanche comercialmente é preciso vencer ainda duas barreiras, pelo menos. Uma delas é o preconceito. A outra, a viabilidade econômica.
Para o professor Armando Lopes Moreno Junior, do Departamento de Estruturas da Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo (FEC/Unicamp), o bambu ainda é associado a um produto de baixa qualidade e destinado às classes mais baixas. Além disso, não há estudos técnicos que demonstram em que medida o bambu poderia ser utilizado na construção civil.
Por esse motivo, a Caixa Econômica Federal (CEF) não financia moradias executadas com o uso de bambus. De acordo com o pesquisador, existem inúmeras construções em várias partes do planeta que utilizam o bambu como matéria-prima principal e funcionam perfeitamente bem. Mas no Brasil, a questão ainda engatinha.
Na opinião do professor, isso se dá porque por aqui o bambu ficou relegado ao segundo plano enquanto o plástico e o aço foram ganhando espaço. Agora, como a preocupação com o meio ambiente ganhou importância, a busca por material alternativo ganhou força e o bambu surge como uma das opções.

Mas ainda levará algum tempo até que receba o devido destaque: “Ainda não há uma divulgação maciça a respeito das utilidades do bambu. Acredito que vai demorar para que o produto tenha um padrão técnico”, diz Armando. “Sabemos que é possível construir grandes obras com bambu, mas se é viável economicamente ainda não sabemos”, comenta o professor Marco Antonio dos Reis Pereira, responsável pela oficina do bambu na Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Bauru. Segundo ele, o uso do produto ao natural não necessita de estudos para mostrar que dá certo e é viável.
O que falta, segundo Pereira, são estudos que comprovem a viabilidade do material em grandes construções.
Mesmo sem esses estudos, o professor Armando, da Unicamp, arrisca a dizer que, desde que haja mão-de-obra especializada, o custo de uma obra com bambu pode ficar até 50% mais barata. Além disso, o conforto térmico oferecido por uma construção de bambu é bem maior do que em um prédio de alvenaria, ou seja, a temperatura dentro de uma casa de bambu é mais agradável.

2 comentários:

  1. Japonês faz até faca com esse negócio. A própria lâmina é de bambu, note-se.

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  2. Eu sou um entusiasta de bambu... estou pesquisando há tempos já... acho que tem grande futuro.

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