* Este blog luta por uma sociedade mais igualitária e justa, pela democratização da informação, pela transparência no exercício do poder público e na defesa de questões sociais e ambientais.
* Aqui temos tolerância com a crítica, mas com o que não temos tolerância é com a mentira.

sábado, 29 de setembro de 2012

E começou o choro e ranger de dentes "no Deutschland"!...



pescado no Euronews

Manifestações de descontentamento social ganham visibilidade na Alemanha. O governo de Angela Merkel é alvo de todas as críticas levadas à rua pelos partidos da oposição e sindicatos.
Os manifestantes reuniram-se em varias cidades do país num dia de ação nacional contra a degradação das condições de vida e de trabalho.
“Temos um governo que nos diz que vivemos acima dos nossos meios e vemos bem que a dívida é cada vez maior, a culpa é dos bancos, da crise financeira, da reforma fiscal e da redistribuição da riqueza a favor dos ricos”.
A Alemanha e a França pediram ontem a Bruxelas para introduzir um novo imposto sobre transações financeiras na União Europeia (1).
Como não é possível obter o acordo dos 27 países membros o imposto deverá ser introduzido através do chamado mecanismo de cooperação reforçada, que exige a participação de um mínimo de nove Estados membros.

NOTA
(1) O imposto sobre transações financeiras que querem introduzir lá é o CPMF, amaldiçoado pelo DEMo-tucanato tupiniquim em tempos recentes.

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

RBS é patética


comentário de Cristovão Feil, no Diário Gauche

Esse chargista do jornal Zero Hora é um siderado mental. 

Ele sequer entendeu o que a presidenta Dilma disse ontem na ONU. Não consegue fazer uma crítica, por mais injusta ou equivocada que fosse. Ele só consegue esse sorvete-na-testa aí acima. 

É impossível deduzir o que o energúmeno quer dizer com o desenho. A charge do cara não é. A garatuja não é. Não é nada. Há uma intenção de criticar, de agredir, de diminuir a presidenta Dilma, mas fica no meio do caminho. Há uma asnice parada no ar. Há uma vontade abortada, um propósito impotente, que não se realiza, inconcluso por absoluta incapacidade de haver pensamento no gesto suspenso do desenhista siderado.

O cara aspira a ser burro, mas não consegue. Ele se projeta para a burrice, mas esta o rejeita. Falta-lhe habilitação para asno. Ele chegou no prefácio do curso da asnice, e foi rejeitado. Compreendemos e nos apiedamos dele.  

sábado, 22 de setembro de 2012

D. José I - O Mais Preparado

CLIQUE QUE AMPLIA


por Ramsés II - comentário no blog do professor Hariovaldo


Com sua insofismável e bela figura de galã de Hollywood, pronto pra servir a seleção, D. José I - O Mais Preparado mostra porque é melhor que Pelé e Neymar juntos nos gramados, garantindo desde já o título da copa de 2014 para os Estados Unidos do Brazil, único país do mundo onde o presidente eleito será o artilheiro do certame, demonstrando sua malemolência, milonga e gingado, no estilo que costuma imprimir quando apara os jardins das terras bandeirantes sem o uso de instrumentos.

... mas sensacional e digno de comentário à parte é a cândida figura vestida de azul, ao fundo da foto, com camisa “gola de padre”, sapato de lona "Sete Vidas" e um crucifixo do tamanho do Cristo Redentor pendurado no pescoço… um tal vereador muy digno, muy casto, que certa vez bradou aos quatro ventos contra a indecência e a feiura de uma certa top model.. uma tal de Gisele… o preclaro e impoluto varão queria proibir a feiúra da tal moça nos Outdoors de Sampa….infelizmente não conseguiu porque o impávido C Q SAB ainda não era o alcaide…



sexta-feira, 21 de setembro de 2012

FHC continua o boca-rota de sempre... nada de novo!...



mais um ótimo texto de Mauro Santayana, em seu blog

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disseem São Paulo, em um encontro com artistas e intelectuais, que esse é o momento de “recuperação moral” da política brasileira. 

Ele pode ter razão, e a terá ainda mais se, depois do escrutínio judicial da Ação 470, o exame de outras ações pendentes no STF e nos tribunais dos Estados, abrir o véu que cobre o período de 1995 a 2003. Seria importante saber como se deu a privatização da Companhia Vale do Rio Doce, uma empresa construída por mineiros. E seria também importante verificar, em sua intimidade, o processo de privatização da Telebrás e suas subsidiárias.

Estamos submetidos a um péssimo serviço, quase todo ele explorado por empresas estrangeiras. Segundo o PROCON, as reclamações contra os serviços telefônicos celulares batem o recorde naquele órgão. Enquanto isso, algumas empresas, como a Telefônica, continuam se valendo do nosso dinheiro, via BNDES, para financiar sua expansão no país, enquanto os lucros são enviados a Madri, e usados para a compra de empresas no resto do mundo.

Será, da mesma forma, necessária à recuperação moral da política brasileira saber quais foram as razões daquela medida, e como se desenvolveu o processo do Proer e da transferência de ativos nacionais aos bancos estrangeiros, alguns deles envolvidos em negócios repulsivos, como a lavagem de dinheiro do narcotráfico.

Quem fala em recuperação moral estuprou a Constituição da República com a emenda da reeleição, recomendada pelo Consenso de Washington, uma vez que aos donos do mundo interessava a continuidade governamental nos países periféricos, necessária à queda das barreiras nacionais e à brutal globalização da economia, com os efeitos nefastos para os nossos países. 

Seria, assim, também importante, no processo histórico da “recuperação moral”, saber se houve ou não houve compra de votos para a aprovação do segundo mandato de Fernando Henrique, como se denunciou na época, e com algumas confissões conhecidas.

Tivemos oito anos sem crescimento do ensino universitário público no Brasil, enquanto se multiplicaram os centros privados de ensino superior, que formam, todos os anos, bacharéis analfabetos, médicos açougueiros, sociólogos inúteis.

Para essa “recuperação moral” conviria ao ex-presidente explicar por que, no apagar das luzes de seu governo, recebeu, para um jantar a dois, o banqueiro Daniel Dantas, acusado de desviar dinheiro de seu fundo de investimentos para os paraísos fiscais, violando a legislação brasileira. Seria também importante reexaminar a súbita prosperidade dos jovens gênios que serviram à famosa “equipe econômica” em seus dois mandatos.

Se a “recuperação moral” for mesmo para valer, o ex-presidente não tem como eludir às suas responsabilidades. Para começar, se alguém se habilitar a investigar - e julgar ! - basta o seu diálogo gravado com o pessoal do BNDES no caso da privatização das telefônicas.

E o PT?... no que se tornou?... [episódio 3 - mudanças na Venus Platinada]




por Jotavê, no blog do Nassif

Ontem, o Jornal Nacional anunciou mudanças em sua cúpula num longo comunicado lido pela voz mansa e servil de William Bonner. A extensão da mensagem, no caso, era plenamente justificada. Ainda que não tenhamos sinais de mudança radical na orientação jornalística da emissora, qualquer alteração, por menor que seja, no comando da Rede Globo ganha interesse público, pois diz respeito ao controle sobre uma parte substancial dos mecanismos de formação da opinião pública no país. Apesar do interesse PÚBLICO inegável, o debate sobre esse tipo de mudança é feito entre quatro paredes, e a sociedade não tem a menor possibilidade de interferir no processo. Por outro lado, o interesse de uma organização gigantesca como a Globo no processo político é evidente. A emissora apoiou abertamente o regime militar, boicotou as diretas, criou a candidatura Collor, capitaneou o movimento pelo impeachment de Collor, apoiou criticamente o governo Fernando Henrique (manter o laço sempre armado faz parte da estratégia de poder), e desde 2002 dedica-se noite e dia a desgastar a imagem do PT e de Lula. 
O que falta ao PT para enfrentar personagens realmente grandes, como a Rede Globo? Falta ser um partido grande, que dê sustentação efetiva e mais ou menos independente ao Executivo e seja capaz de matar no nascedouro as tentativas de golpe via impeachment. Lula pôs a governabilidade acima de tudo. Para não ferir suscetibilidades, em mais de uma ocasião deixou de apoiar o partido em eleições regionais. Matou lideranças que nasciam em favor de outras, antigas e corruptas, que o apoiavam. No final, precoupou-se em renovar o partio, com Dilma e agora com Haddad. Mas o partido como um todo ainda é fraco, e é isso que torna inviável a elaboração de leis que democratizem efetivamente o exercício da liberdade de opinião, fazendo com que a vitrine de uma emissora do porte da Rede Globo esteja realmente acessível a diferentes correntes de pensamento, e não continue sendo aquilo que ela é hoje - um mero instrumento de manipulação ideológica das massas. 
O PT jamais será um partido confiável aos olhos da Rede Globo. O que a emissora puder fazer para manter o partido com uma dimensão reduzida, ela fará. Não é exclusividade do PT. De modo geral, nenhum partido e nenhum político é plenamente confiável do ponto de vista de um grande órgão de imprensa. A imprensa se vê, hoje, como um quarto poder, e EXERCE esse poder em toda a sua extensão, relacionando-se com os outros três levando em conta os seus INTERESSES no jogo, e nada mais. Demóstenes Torres e José Roberto Arruda só eram "confiáveis" aos olhos da revista Veja porque estavam associados ao MESMO bicheiro ao qual ela própria se associou. Pertenciam, digamos assim, ao mesmo organograma. A revista sabia que poderia detonar qualquer um dos dois quando bem entendesse, e por isso os apoiava e lutava para que chegassem à Presidência da República. Não os apoiava "apesar" de saber que tinham ligações com o crime organizado. Apoiava-os EXATAMENTE por isso: por serem "confiáveis", por poderem ser destruídos a qualquer tempo. A não ser por isso - por ter se tornado, em função dos próprios deslizes, num fantoche facilmente manipulável - NENHUM político é confiável aos olhos de uma Rede Globo, de uma revista Veja, ou de uma Folha de São Paulo. TODOS eles podem ser aliados ocasionais, mas continuam sendo sempre inimigos potenciais. Vem daí a filosofia que eles TODOS compartilham: "Se hay gobierno, yo soy contra!" A primeira providência que tomam, assim que um novo governante sobe ao poder, é fragilizá-lo com uma chuva de denúncias reais ou fabricadas, acuando-o, fazendo-o ficar à mercê de sua boa vontade. Foi o que fizeram com Fernando Henrique Cardoso (se quem me lê não se lembra disso, a culpa não é minha - consultem os arquivos), foi o que fizeram (em dose dupla) com Lula, é o que estão fazendo (ora mais, ora menos) com Dilma, e é o que farão com qualquer um que tenha a caneta o Poder Executivo em suas mãos. 
Só será possível romper essa lógica e partir para o enfrentamento dos conglomerados de comunicação no Brasil caso tenhamos um presidente fortemente respaldado por um partido político de esquerda - um partido capaz de lhe dar sustentação no Congresso contra tentativas de golpe branco, via denúncias seletivas e campanhas de difamação. O PSDB esgotou-se enquanto partido da SOCIAL-DEMOCRACIA brasileira. Hoje, o partido capaz de levar adiante essa bandeira é o PT. Enquanto não tivermos um PARTIDO forte, é impensável imaginar um enfrentamento de uma máquina ideológica do porte da Rede Globo. Esse é o dado básico que deveria ser levado em conta na hora de sabotar candidaturas locais em nome de associações nacionais.
A troca de comando, anunciada ontem na Rede Globo tinha um formato nitidamente stalinista. Imagino que uma reforma ministerial era anunciada pelo rádio na URSS dos anos 30 da mesma forma, no mesmo tom neutro, impositivo, projetado contra do pano de fundo de um poder incontrastável, envolto na sonoridade solene de um sobrenome quase mítico - "Stalin" para eles, "Marinho" para nós. Sem eliminar esse stalinismo vigente na mídia brasileira, não existe a menor esperança de construirmos uma democracia que não se resuma a um simples jogo formal de apertar um botãozinho numa urna eletrônica a cada quatro anos. Enquanto comunicados como o de ontem à noite continuarem determinando os rumos da discussão política  socialmente compartilhada, jamais evoluiremos da mera liberdade de ESCOLHA para uma efetiva liberdade de DELIBERAÇÃO, em que a discussão se articula a partir do contraditório. Não precisamos de um líder. Precisamos de um PARTIDO. Líderes podem ser facilmente descartados, e nada podem contra estruturas estabelecidas. Essa é a próxima etapa a ser vencida na construção da democracia brasileira e mundial: a afirmação do Estado democrático sobre organizações stalinistas que colonizam porções imensas da vida social. Lula foi, é e continuará sendo importante como líder. Para enfrentar a Rede Globo, no entanto, ele é menos que nada. Sem um partido forte, comunicados como o de ontem à noite continuarão ditando os destinos da circulação de informações e de idéias no país todo, decidindo o que pode e o que não pode ser dito, o que deve ser posto em discussão e o que deve continuar sendo um tabu, que crimes são urgente e importantes, que crimes devem ser esquecidos, quem pode continuar governando e quem deve ser apeado do poder porque não se mostrou suficientemente confiável.

NOTAS - 
(1) os comentários a este texto no blog do Nassif são muito interessantes. Estabeleceu-se um debate muito bom lá.
(2) a figura que ilustra este post também tem a haver com o meu vira-latas, o Tintim, que tem esse mesmo habito PTista, mas é quando eu vou sair e não vou levar ele junto.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

E o PT?... no que se tornou?... [episódio 2 - O Jiló]




por Roberto Malvezzi,  no Correio da Cidadania

O ministro Ayres Britto é um nordestino de Propriá, Sergipe. Na sua região de origem é considerado um homem íntegro, ligado às causas justas, inclusive por pessoas ligadas aos movimentos sociais de Igreja.

Não foi sempre assim. Seu pai foi um coronel sergipano, mas ele percorreu outros caminhos. Por isso, ao condenar alguns réus do mensalão, afirmou em outras palavras que ficava com um “um gosto de jiló na garganta”. Mas, o ministro acha que cumpriu seu dever e condenou os réus por ver nos autos provas reais contra os acusados.

O PT não pode reclamar. Pensou que poderia se apossar das práticas da direita sem nenhum ônus, depois de condená-las por décadas, elegendo-se como o defensor da ética republicana brasileira. Ao se apossar das práticas incrustadas em qualquer lugar desse país, entrou na seara alheia, no território das elites, por isso foi execrado. O recado é claro: corrupção pública só para as elites. Que o PT fique no seu lugar.

O supremo jiló no qual o PT se meteu não poderia dar outro resultado. Traiu suas bases, dirigiu críticas aos igrejeiros, puristas, ingênuos e meteu a mão na cumbuca. Macaco novo, caiu na cilada onde não caem os macacos velhos. Essa é a dimensão política do mensalão, isto é, o julgamento é seletivo ao bloco partidário aliado ao PT.

Dirceu recebe um ódio específico de grande parte da mídia brasileira. Ele é considerado o mentor da guinada, da necessidade de andar mais pelo centro, de lidar com os métodos da direita, desde que o poder fosse conquistado. Eles o querem na cadeia, senão, no lixo da desmoralização. Por isso, toda pressão midiática para que seja efetivamente condenado.

Nem no auge da crise do mensalão esse tipo de denúncia mexeu nos resultados eleitorais. O povo aqui pelo sertão fazia um discernimento pragmático: “todos roubam. Ao menos o Lula pensou em nós”.

Até agora o PT não perdeu eleição por razões éticas. As razões pragmáticas do povo, como comida, água e energia, são mais decisivas. Mas, como um equilibrista, o PT parece dançar na boca do abismo.

Obs.: No falecimento de D. José Rodrigues, bispo de Juazeiro que acolhia Lula em sua casa nos tempos duros do início petista, o PT não mandou sequer uma nota. Lula entrou no semiárido pelas portas de Juazeiro, pelas portas de D. José Rodrigues. Ele deve se lembrar da camisa que D. José lhe emprestou quando não tinha outra para fazer um comício pelo sertão. Portanto, a ética do PT mudou muito mais que simples adesão às práticas históricas do poder brasileiro.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

E o Paraguai golpista vai bem...



pescado no Opera Mundi

O presidente do Paraguai, Federico Franco, foi acusado nesta terça-feira (18/09) de nepotismo pela quantidade de parentes nomeados em seu governo e por programar o casamento de um de seus filhos na residência presidencial Mburuvicha Roga (A Casa do Chefe, em guarani).

De acordo com o jornal La Nación, que fez a denúncia, ao menos 27 parentes do presidente foram nomeados para cargos no funcionalismo público.

A informação foi desmentida por Franco, segundo o qual seus filhos e sua esposa Emilia Alfaro, atual senadora, ocupam cargos eletivos. Ele e Emilia fazem parte de uma tradicional família do Partido Liberal.

"Esta é uma forma lamentável e miserável de se mentir para a população", respondeu o mandatário, durante uma tumultuada coletiva de imprensa, na qual seus assessores tentavam evitar perguntas dos jornalistas. 


Por sua vez, seu irmão, Julio César Franco, conhecido como "Yoyito", que já ocupou a vice-Presidência da República, ameaçou processar judicialmente um jornalista se ele publicasse que uma de suas empregadas domésticas também tinha um salário do Estado.

A repórter do La Nación, Nilza Ferreira, foi ameaçada pelo senador quando o questionou se uma empregada da família figura como empregada do TSJE (Tribunal Superior de Justiça Eleitoral).

Em relação às críticas pela festa de casamento de seu filho na sede do governo, Franco defendeu-se afirmando que elegeu o local "por razões de segurança" e que não vai utilizar dinheiro público para financiar a comemoração. 

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Você se indigna mais com corrupção ou com sonegação?



por José Antonio Meira da Rocha, no blog O Homem que Calculava


corrupção impacta em 2% (dois por cento) nosso PIB, segundo pesquisador da Fundação Getúlio Vargas. Para um PIB de 4 trilhões de reais, isto é um prejuízo de 80 bilhões de reaisPara a FIESP, a corrupção dá prejuízo de 70 bilhões de reais.

Já a sonegação atinge um volume de um trilhão de reais. Divididos em cinco anos (que é o prazo para uma dívida caducar), temos um prejuízo público de 200 bilhões de reais por ano.

Por que, então, a maioria das pessoas (como você, por exemplo) se indigna tanto com a corrupção, mas não com a sonegação? Por que se organizam passeatas contra acorrupção, mas não contra a sonegação, que é 3 vezes pior?

Por que a FIESP monta uma impostura como o impostômetro, mas abriga os maiores sonegadores do país?

Você reclama da fila do SUS, como exemplo do que o governo não faz com os impostos. Mas o atendimento do SUS -- apenas uma das múltiplas faces do maior programa de saúde universal do mundo -- é uma obrigação do município. Você pede todas as notas fiscais, cujo imposto vai para o município? Inclusive em bares, médicos e dentistas?

Você se indigna com políticos corruptos, mas compra produtos contrabandeados ou sem nota fiscal?

Então, indigne-se com você mesmo. 

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Coisa nova - e completamente esdruxula - do neoliberalismo: cidades privadas



por Raquel Rolnik, no Brasil de Fato

Na semana passada, o governo de Honduras (Vivas ao golpe liberalizante de 2009) assinou um acordo com uma empresa dos EUA para iniciar a construção das chamadas Regiões Especiais de Desenvolvimento. Na prática, o governo está entregando estas áreas para empresas transnacionais estrangeiras que nelas deverão construir “cidades modelo”, ou “charter cities”.
Trata-se de áreas “recortadas” do espaço institucional e político do país, convertidas em uma espécie de território autônomo — com economia, leis e governo próprios — totalmente implementado e gerido por corporações privadas. Idealizado por um pesquisador norte-americano, este modelo de cidade foi recusado por muitos países, inclusive pelo Brasil — Ufa! — antes de ser aceito em Honduras, através de uma mudança da Constituição aprovada em janeiro deste ano.
Organizações da sociedade civil, incluindo grupos indígenas cujos territórios podem estar inseridos nas zonas “liberadas”, vêm criticando o projeto, que consideram catastrófico, e já acionaram a Suprema Corte de Honduras, alegando inconstitucionalidade.
Versão extrema de um liberalismo anti-Estado e pró-mercado, o fato é que este modelo, na verdade, exacerba uma lógica privatista de organização da cidade, já presente em várias partes do Brasil e do mundo, como é o caso dos condomínios fechados, das leis de exceção vigentes sobre áreas onde se realizam megaeventos esportivos, dos modelos de concessões urbanísticas, entre outros exemplos possíveis.
A ilusão de uma sociedade sem Estado, teoricamente livre da burocracia, da corrupção e do abuso de poder, é na verdade a ditadura do consumo e do poder absoluto do lucro sobre a vida dos cidadãos. Imagina se essa moda pega…

Sobre o pacote de energia elétrica




Posição do MAB frente ao pacote de energia elétrica do governo federal, pescado no Brasil de Fato


O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), que tem pautado sua luta histórica na defesa das populações atingidas por hidrelétricas, e junto com demais setores organizados propõe a construção de um Projeto Energético Popular para o Brasil, ao analisar o anúncio feito pelo governo brasileiro no último dia 11 de setembro, vem a público manifestar sua posição:
 1-      O anúncio do governo federal sobre a renovação das concessões do setor elétrico que vencem nos próximos anos é uma vitória dos setores populares. Apesar de todos os problemas existentes no atual modelo energético nacional, pelo menos não há uma piora na situação atual. É importante destacar que setores conservadores dentro do governo e também um grupo de empresários queriam a privatização desta parte da energia que hoje, na sua maioria, está nas mãos das empresas estatais e com o custo de implantação já pago pelo povo brasileiro. Neste ponto, estes setores conservadores foram derrotados.
 2-      Anunciar a diminuição do preço da energia elétrica é também um reconhecimento por parte do governo do que já denunciávamos há muito tempo: o Brasil possui, através da energia hidrelétrica nas atuais condições, uma das fontes mais baratas e o povo brasileiro paga uma das tarifas mais caras do mundo. Afirmamos que a diminuição do preço da luz para as famílias deveria e poderia ser maior ainda se fossem, de fato, enfrentados os setores que estão ganhando rios de dinheiro, usando nossa água, nossos rios e explorando o povo brasileiro.
 3-      O anúncio do governo teve uma série de pontos que não atendem as reivindicações dos trabalhadores e das organizações sindicais e sociais, dentre elas citamos que não há garantias de que o processo de precarização dos serviços, das terceirizações e das difíceis condições de trabalho para os eletricitários seja modificado.
 4-      Também não há medidas claras de fortalecimento das empresas estatais que deveriam, a nosso ver, ser cada vez mais fortalecidas no seu aspecto público e com controle social e popular.
E não vimos nem ouvimos uma só palavra que aponte que as grandes injustiças e a dívida histórica que o Estado tem para com os atingidos por barragens, dívida esta que foi reconhecida inclusive pelo ex-presidente Lula, seja paga de forma que os atingidos possam ter a esperança de ter seus direitos reparados.
Finalmente, sabemos que mesmo as medidas consideradas positivas estarão em permanente disputa, e que os setores conservadores do governo e da elite brasileira ou estrangeira farão de tudo para anular os possíveis ganhos que povo pode ter na área da energia. E que os direitos do povo não virão por boa vontade dos governantes, muito menos das empresas. Teremos que construir com nossas lutas e organização as mudanças necessárias para nosso país, combatendo permanentemente todas as estruturas injustas da sociedade.
Nossa luta por um Projeto Energético Popular e pelos direitos dos atingidos por barragens, dos trabalhadores do setor da energia e das famílias consumidoras continua.

Coordenação Nacional
Movimento dos Atingidos por Barragens - MAB Brasil
Setembro de 2012

Já estão se arrebentando a si próprios





O fuzileiro naval norte americano e veterano da guerra do Iraque,  José Guerena, de 26 anos, foi atacada em sua casa por um esquadrão policial equipado a la SWAT e trucidado com 71 tiros na frente da mulher e filho. Era suspeito de ser traficante de maconha, e o ataque era para se apreeender o material, mas nada foi encontrado na sua residência. O fato aconteceu em Tucson, Arizona, em maio do ano passado. Estamos noticiando aqui só agora, pois a coisa foi pouquíssimo divulgada pela grande mídia, lá e cá.

Veja no vídeo abaixo - que veio a publico só no final do mês passado - a cena da fuzilaria. É o sinal da paranóia!... 

terça-feira, 11 de setembro de 2012

E o PT?... no que se tornou?...



por Gilvan Rocha, em seu blog - com [adaptações e complementações] deste blog botocudo



Quando o PT surgiu, era um partido pobre. Mas logo esse quadro começou a mudar quando houve a conquista pelo PT, de algumas prefeituras, destacando-se as de Ribeirão Preto e Santo André. Na primeira cidade, houve a eleição do [conseguiram eleger] o esperto Antonio Palocci, que logrou ficar muito rico, em prazo muito curto. Em Santo André, chegou haver denúncias de corrupção e o ex-prefeito petista, Celso Daniel, foi assassinado num episódio bastante nebuloso [até os dias de hoje]. Outro fato obscuro [igualmente mal explicado até hoje], foi o assassinato do Toinho do PT, ex-prefeito da cidade paulista de Campinas.

Prova de que o passado de pobreza era página virada, ficou claro, quando o ex-presidente Lula da Silva e José Dirceu tiveram que [conseguiram facilmente] pagar o montante de dez milhões de reais para ter o industrial, José Alencar, compondo a sua chapa como vice. Haveremos de convir que dez milhões de reais é muito dinheiro para qualquer partido, imagine só para um partido de trabalhadores. Isso dá muito o que pensar.

Quando o Partido dos Trabalhadores, depois de algumas tentativas, finalmente chegou ao Governo Federal, por conta de concessões tamanhas em que se desfigurou completamente, essa agremiação, pelos os fatos demonstrados, deixou de ser apenas rico para se tornar um partido dos ricos. Sim. É isso mesmo! Segmentos esclarecidos da burguesia passaram a enxergar o lulismo como um bom negócio para os seus interesses. Isso foi fartamente comprovado.

Lula, no governo, garantiu aos banqueiros, aos grandes industriais, aos agropecuaristas, [a industria de pesticidas e transgênicos] a tranquilidade social necessária para o capitalismo [os setores que representam] voar em “céus de brigadeiro”. Lucrar sem que haja transtornos livre de contestações, era tudo o que a burguesia desejava e, esse desejo, foi atendido plenamente, pelo governo petista.

A baixo custo, o lulismo empreendeu um programa de assistência social dirigida aos miseráveis, através do Bolsa Família, criando um vasto colégio eleitoral. Procedeu, a seguir, um trabalho de corrupção e cooptação, das centrais sindicais e estudantis ultra-burocratizadas, além de cooptar também, os movimentos populares [e/ou sociaisque depois abandonaria mais ou menos ao ocaso]. Por sua vez, as grandes empreiteiras se fartaram abusivamente, vendendo serviços superfaturados aos ministérios e às autarquias do governo petista.

Por todas essas razões, sobrava e sobra dinheiro nos seus cofres (ver notas - 1). Tanto isso é verdade que eles se encontraram em condições de fornecer vultosas quantias a vários partidos explicitamente fisiológicos, em troca de apoio no congresso nacional como o episódio do mensalão deixou tão claro  (ver notas - 2) . Partido rico e partido dos ricos, o PT não passa de uma agremiação a serviço do sistema capitalista. Essa é uma lamentável verdade e dela não devemos fugir, pelo contrário devemos envidar esforços para que toda população possa enxergar esses fatos.


NOTAS DOS ÍNDIOS AQUI:

(1) Parece que a riqueza do PT é muito mal distribuída pelos estados brasileiros entretanto, ficando o grosso da bolada em SP e umas migalhas mais graudas no RS, pelo que parece. Os outros PTs estaduais vivem de pires na mão, como prova a melancólica atitude da ex-secretária especial da pesca, a catarineta Ideli Salvati, ao pedir penico no DNIT, para que indicassem empreiteiras que atuam em SC para que pudesse negociar financiamentos de campanha de sua candidatura ao governo do estado em 2010.

(2) Este blog não concorda com essa afirmação do autor, pois o episódio chamado "Mensalão" sobre o qual a velha mídia babona se esbalda em carnaval e alegorias, ainda precisa ser melhor esclarecido e desmistificado, além do que precisa-se dar igual destaque ao chamado mensalão mineiro, do PSDB, precursor daquele. O dito mensalão não é um fenômeno eminentemente PTista...

Descaso com todo mundo: a Rhodia


por Giovana Girardi n'O Estado de S. Paulo, pescado no IHU

Resultados de exames feitos em seis trabalhadores que atuavam no desmonte e na remediação de uma antiga fábrica da Rhodia em Cubatão revelam que eles estão contaminação com hexaclorobenzeno (HCB). O pesticida é um dos poluentes responsáveis pela interdição da unidade em 1993, quando se percebeu que todos os seus funcionários estavam contaminados.
Na ocasião, um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) entre Ministério Público e a empresa estabeleceu que a área deveria ser remediada e desde 1995 vinham sendo feitas ações de recuperação ambiental com trabalhadores terceirizados. São algumas dessas pessoas que estão apresentando a contaminação.

Eles procuraram a ajuda da Associação de Combate aos Poluentes (ACPO), que fez a denúncia ao Ministério Público do Trabalho e do Meio Ambiente. Também acionada, a Câmara de Vereadores instaurou uma Comissão Especial de Inquérito para investigar o caso.

"É a terceira onda de contaminação da Rhodia na região. Claramente o TAC não foi cumprido", diz Jeffer Castelo Branco, presidente da ACPO, ele mesmo um ex-funcionário que se contaminou nos anos 90. "Queremos tirar as pessoas de lá e saber qual é o contingente de contaminados. Pode ter muito mais gente."

A substância, persistente, fica na circulação sanguínea mesmo depois de cessada a exposição. Causa desde febre, dor de cabeça e tontura, podendo chegar até a morte em casos mais graves.

"Eu ficava doente duas vezes por semana e isso continua até hoje", conta João Mendes Quirino, de 38 anos, que trabalhou por mais de cinco na unidade.

Saiu há dois depois de perceber que não aguentava mais passar mal, mas sem saber bem o que causava aquilo. Só depois que um colega fez o exame e descobriu estar contaminado que ele e outros amigos resolveram procurar ajuda. Conseguiu em março fazer o exame no Instituto Adolfo Lutz. A dosagem considerada tolerável de HCB no sangue é de 0,02 microgramas por decilitro. A dele deu 1,14. Desde então está desempregado.

O promotor do meio ambiente de Cubatão, Eduardo Gonçalves Salles, disse que ainda está analisando a documentação fornecida pela ACPO. Hoje o promotor do trabalho Rodrigo Lestrade terá uma reunião com a associação e a perícia técnica. Enquanto isso, a comissão especial da câmara, aberta pela vereadora Maria Aparecida Pieruzi de Souza (PT) está convidando as partes a se pronunciarem. "A Rhodia ainda não apareceu, estamos convidando de novo, mas parece que houve displicência com os trabalhadores", diz.

Segurança
Por meio de nota, a Rhodia disse que as operações de desmonte e remediação são realizadas de forma segura, que segue os padrões sobre equipamentos de segurança, fiscaliza o seu uso e cumpre o TAC.

Afirmou também que não tem informação oficial sobre casos de ex-funcionários terceirizados que estariam afastados por problemas de saúde relacionados a eventual exposição a substâncias químicas em Cubatão. "O hexaclorobenzeno (HCB) tem origem em diversas fontes possíveis, o que confere a essa substância um caráter ubíquo no meio, conforme reconhecido por diversos estudos internacionais", afirmou.
Casos há mais de 30 anos

A história da Rhodia na Baixada Santista registra pelo menos dois grandes casos de contaminação. Em meados da década de 70, trabalhadores da unidade que produzia um composto conhecido como pentaclorofenato de sódio, ou "pó da China", começaram a apresentar tumores no corpo.
A planta acabou sendo fechada. Já na década de 90, em outra unidade da empresa, que produzia o HCB, todos os funcionários apresentaram algum grau de contaminação.
Um TAC definiu a remediação da área, o monitoramento dessas pessoas a cada seis meses e o pagamento do tratamento pela Rhodia. A Associação de Combate aos Poluentes alega que esses termos não vêm sendo cumpridos.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Assim caminham as coisas aqui na Terra




por João Bosco Rabello, no Estado de São Paulo

Depois de 20 anos de disputa judicial com as operadoras de telefonia, o inventor mineiro Nélio Nicolai, 72 anos, começa a obter reconhecimento oficial por seu principal invento: o Bina, aplicativo que permite identificar previamente as chamadas telefônicas, nos aparelhos fixos e celulares.
As operadoras Claro/Americel e Vivo são as primeiras a se manifestarem: a primeira, em razão de composição judicial, que extinguiu o processo movido pela Lune (empresa de Nélio), e a segunda por condenação judicial, determinando a indenização, o que deverá provocar medidas judiciais similares envolvendo operadoras que utilizam o Bina, o segundo invento brasileiro efetivamente universalizado. O primeiro foi o avião, por Santos Dumont.
Somente no Brasil, o Bina custa mensalmente a cada assinante R$ 10 ou US$ 6. E são 256 milhões de celulares com esse serviço no País, o que produz faturamento mensal de R$ 2,56 bilhões. Isso apenas no Brasil.
A decisão da 2.ª Vara Cível de Brasília determina que a Vivo pague em juízo "o correspondente a 25% do valor cobrado pela ré por conta do serviço de identificação de chamada para cada usuário e em cada aparelho".
Nélio é ainda autor de mais quatro inventos incorporados mundialmente à telefonia: o Salto (sinalização sonora que indica, durante uma ligação, que outra chamada está na linha), o sistema de Mensagens de Instituições Financeiras para Celular, que permite o controle de operações bancárias via celular; o Bina-Lo, que registra chamadas perdidas; e o telefone fixo celular.
Não há hoje, em todo o planeta, quem fabrique um telefone, celular ou fixo, sem inserir a maioria desses recursos. Como se trata de invento patenteado, esse uso, nos termos da Lei de Patentes, em todo o mundo, precisa ser remunerado, seja como transferência de tecnologia e/ou royalty.
Mas não foi, embora o Bina tenha conferido ao seu inventor duas comendas internacionais: um Certificado e uma Medalha de Ouro do World Intellectual Property Organization (Wipo), reconhecendo e recomendando a sua patente, além de um selo da série Invenções Brasileiras, concedido pelo Ministério das Comunicações.
A conquista ocorre, por ironia, exatamente quando acaba de cessar a vigência (20 anos) da patente de seu invento, em 7 de julho passado. A patente resistiu a todas as tentativas de anulação que lhe moveram na Justiça as operadoras e fabricantes multinacionais e os direitos gerados naquele período são agora irreversíveis.
Ao Estado, Nélio contou sua epopeia pessoal, sem apoio do Estado brasileiro. A seguir, os principais trechos da entrevista:
Como chegou ao acordo?
Graças a Deus e à minha determinação solitária de não ceder. Lutei praticamente sozinho. Não foram poucas as pessoas, que, nesse período, diante da indiferença dos sucessivos governos brasileiros e das ameaças que recebi, me aconselharam a desistir. Fui até mesmo ridicularizado por advogados, autoridades e jornalistas. Mas jamais perdi de vista esse direito, que não é só meu, mas do povo brasileiro, privado dos royalties milionários que os meus inventos proporcionam às multinacionais que o usam sem pagar.
Os advogados não acreditavam na causa?
Perdi a conta de quantos tive. Muitos desistiram diante das dificuldades, deixando de acreditar na possibilidade de uma vitória. Houve inclusive traições. Tive, porém, a sorte de encontrar um advogado experiente e competente, o dr. Luís Felipe Belmonte, que, após constatar a consistência do meu direito, desmontou, com argúcia e paciência, todas as manobras regimentais dos advogados oponentes.
Como e quando surgiu o Bina?
Inventei a primeira tecnologia Bina em 1977, quando trabalhava na Telebrasília. Fui inicialmente parabenizado, mas a seguir hostilizado. O Departamento Jurídico da empresa recusou-se a auxiliar no registro da patente, que providenciei, por conta própria, em 1980. Acabei demitido em 1984, por insistir na adoção do Bina e do Salto. Depois que saí, as duas invenções passaram a ser comercializadas por uma quantia mensal que, em reais, correspondiam respectivamente a R$ 10 e R$ 2,90.
Quando começaram as violações generalizadas?
Inventei e patenteei a segunda tecnologia Bina em 1992. A Telebrás em 1993 padronizou o seu uso (Pratica 220-250-713). Procurado por várias empresas, em 1997, optei por assinar contrato de transferência de tecnologia, em parceria com a Ericsson, à Intelbras (empresa brasileira e minha maior decepção) e à Telemar, por acreditar na seriedade aparente dessas empresas. Em 1997, o novo sistema Bina foi mundialmente implantado, também em telefonia celular, sem respeito à patente. Em 1998, não tive outro recurso senão ir ao Judiciário. Acionei primeiramente a Americel, em Brasília, em março de 1998. Fui vitorioso em primeira e segunda instâncias. Em 2002, foi proferida a sentença confirmatória, pelo TJDFT (Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios).
E por que não lhe pagaram?
Não só não pagaram como me fizeram mergulhar num pesadelo judicial: a Intelbras e todas as multinacionais (fabricantes e empresas operadoras) se uniram para anular a patente. Cobraram, em 2003, da Ericsson, a venda de uma tecnologia que não lhe pertencia (os editais das multinacionais especificavam: BINA=220-250-713). E a Ericsson, mesmo tendo contrato comigo, tentou sumir com o cadáver, e foi ao Tribunal Federal Justiça, da 2.ª Região, no Rio de Janeiro, pedir nulidade da patente brasileira. De vítima, passei a réu. O advogado da Ericsson, que, paradoxalmente, é também presidente da ABPI (Associação Brasileira Propriedade Intelectual) e integra o Conselho Antipirataria do Ministério da Justiça, conseguiu "suspender, à revelia" todos os direitos relativos ao meu próprio invento, até a decisão final da Justiça. Me vi numa situação surreal: não recebia, nem podia dispor do que me pertence. A outra parte podia. O dr. Belmonte fez ver o absurdo da situação: ingressou com um embargo de declaração contra esse parecer, que legitimou o uso do Bina sem ônus, até que o litígio um dia se resolvesse. Com esse acordo, acredito que tudo isso irá desmoronar.
Por que não recorreu ao Conselho Antipirataria, do Ministério da Justiça?
Claro que recorri, desde 2003, mas nunca fui recebido. E gostaria que alguém me explicasse, por que nós, portadores de patentes brasileiras, somos tratados assim. Em todas as vezes que tentei, fui apenas orientado verbalmente a procurar o Poder Judiciário, enquanto as empresas estrangeiras, que têm toda uma estrutura de defesa de seus alegados direitos, não.
Por que não recorreu a instituições internacionais de inventores?
Por idealismo, quero ser reconhecido no meu País. Mas o reconhecimento começou lá fora. Em 1998, o U.S. Patent and Trademark Office, escritório federal americano que registra marcas e patentes, se surpreendeu com a informação de que o Bina e o Salto haviam sido inventados por mim. Sabe o que me disseram lá? "Alguém deve estar ganhando muito dinheiro nas suas costas. Aqui, você seria uma celebridade e bilionário." Nos Estados Unidos, já são 65 milhões de Binas fixos, com o usuário pagando US$ 4 por mês. O governo tem de defender este patrimônio do povo brasileiro. Mas acredito que a Justiça começou, enfim, a ser feita.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Midia esconde novas usinas a carvão da Alemanha


Termelétrica a carvão em Karlsruhe

trecho de artigo de Kelvin Kemm, no sitio CFACT - tradução botocuda

É incrível como   a mídia internacional é tendenciosa quando se trata de geração de energia, especialmente elétrica.
Em meados de agosto, a Alemanha inaugurou uma nova usina 2.200MW (2,2 Gigawatts) - a carvão - perto de Colônia, e praticamente nenhuma palavra foi dita sobre isso na grande mídia venal. Essa escassez de informação é ainda mais surpreendente quando se considera que a Alemanha tem dito que a construção de novas usinas a carvão é necessária porque a eletricidade produzida pelo vento e solar acabou por ser demasiado cara e pouco confiável.
Em uma situação de deterioração econômica, o novo ministro do meio ambiente da Alemanha, Peter Altmaier, que nem é politicamente próximos à chanceler Angela Merkel, sublinhou repetidamente a importância de não prejudicar ainda mais a economia da Europa - e da Alemanha - aumentando o custo da eletricidade .
Ele também se diz preocupado em seu país se tornar dependente de importações estrangeiras de energia elétrica, o esteio de seu setor industrial. Para evitar esse risco, Altmaier deu luz verde para a construção de 23 novas usinas movidas a carvão, que estão atualmente em construção.
Sim, você leu corretamente, 23 (vinte e trés) - novas usinas a carvão estão em construção na Alemanha, porque a Alemanha está preocupada com o aumento do custo de energia elétrica e porque não podem se dar ao luxo de estar na posição estratégica de importar eletricidade.
Apenas recentemente, os números alemães  sobre a produtividade real de poder do vento no país  ao longo dos últimos dez anos foram divulgados. O número é 16,3 %!... Devido à natureza inerente intermitente do vento, o sistema de energia eólica alemão foi concebido para um fator de carga de 30% inicialmente. Isso significa que esperavam obter até 30% da capacidade instalada - contra cerca de 85-90% para o carvão, gás natural, instalações nucleares e hidrelétricas.
Isso significa que, quando constroem 3.000 MW (3 Gigawatts) de energia eólica, esperam obter realmente apenas 900 MW, porque o vento não sopra sempre e com as velocidades exigidas. Mas, na realidade, depois de dez anos, descobriram que estão realmente chegando apenas  a um pouco mais da metade do que tinham previsto de forma otimista e irracional, obtendo só os 16,3% citados de eficiência do sistema.
Ainda pior, depois de gastar bilhões de euros em subsídios, o total combinado da Alemanha em instalações solares têm contribuído com um misero e imperceptível, 0,084% de eletricidade [da Alemanha] nos últimos 22 anos. Isso não é nem um décimo de um por cento. Além disso, o custo real na Alemanha (como em qualquer lugar no mundo) da energia eólica e solar é de longe muito superior ao custo da energia de termelétricas a carvão, gás ou nuclear. Muito caro para  as "limpas" energias solar e eólica. Muito caro para todos os empregos alemães que dependem do acesso confiável à eletricidade abundante e acessível.