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domingo, 5 de dezembro de 2010

Yamaha RD-350 - A verdadeira Viúva Negra

A Yamaha é fabricante motocicletas no Japão desde 1954. Seu primeiro modelo – a YA 1, Akatombo (Libélula Vermelha) – era , na verdade uma cópia de uma moto européia, a DKW RT 125, alemã. Com um monocilindro a dois tempos, fez sucesso e em três anos ganhava uma irmã de 250 cm³, dois cilindros e 14 cv: a YD 1, baseada também na alemã Adler MB 250. Dez anos depois, em 1965, a marca chegava ao mercado europeu e americano com a YM 1, um modelo de 305 cm³. Nascia ali o embrião da RD 350.


Foi com a série YR que a Yamaha chegou aos motores de 350 cm³. A YR 1, lançada em 1967, desenvolvia 36 cv a 7.000 rpm e evoluiria para a YR 3 (1969) e a YR 5 (1970). Nesse ano a Kawasaki lançava a Mach III 500, uma das motos mais rápidas de sua faixa de cilindrada, demandando uma resposta à altura da Yamaha – a RD 350, que surgia em 1973.

Yamaha YA-1 de 1955 - Akatombo, a Libélua Vermelha

O primeiro modelo RD 350, lançado em 1973, tinha um temperamento agressivo que faria sua fama por décadas. O motor de dois cilindros a dois tempos desenvolvia a respeitável potencia de 39 cv a 7.500 rpm.


A RD era uma esportiva radical, inspirada na TD1 250 de competição, que chegara ao Brasil em 1969 para rivalizar com as italianas Ducati nas provas de velocidade em Interlagos, o autódromo de São Paulo, SP. O motor de dois cilindros de dois tempos apresentava uma importante solução técnica: o sistema Torque Induction de admissão por válvula de palheta (reed valve), um tipo de válvula unidirecional usada no sistema de admissão entre o carburador e o duto de entrada no cilindro.

Com 347 cm³ de volume (diâmetro de 64 mm, curso de 54 mm), desenvolvia 39 cv de potência a 7.500 rpm e torque máximo de 3,8 m.kgf a 7.000 rpm. Apesar do Torque Induction, que pretendia melhor distribuição da força entre os vários regimes de rotação, a faixa operacional entre o pico de torque e o de potência era bastante estreita, 500 rpm, como num motor de competição. O torque em baixa rotação era quase nulo, contrastando com o surto de potência a partir de 5.000 rpm. Isso era aquele “coice” como aviões a jato ou carros de competição com turbo que liga só a determinada rotação, que agradava a tantos aficcionados do modelo.


Quadro e suspensões (a traseira ainda com dois amortecedores) eram derivados da YR 5, mas havia um freio dianteiro a disco e, na versão RD 350 B, lançada em 1975, câmbio de seis marchas. Leve e firme, ela sentia bastante as irregularidades do piso. Com apenas 143 kg de peso, atingia velocidade máxima de 166 km/h e acelerava de 0 a 100 km/h em cerca de 7 s (segundos), passando pelo quarto de milha (400 m) por volta de 14 s.


A RD 350 chegou ao Brasil em 1974, dois anos antes da proibição da importação de veículos, e logo ficou conhecida como "viúva-negra" – uma aranha venenosa cuja fêmea devora o macho depois de copular – em alusão a seu alto desempenho, e pelo fato de motociclistas incautos sofrerem graves acidentes (muitos fatais) por não conseguirem controla-la naqueles surtos alucinados de potencia que o motor dava.

Nas ruas era comum vê-la disputando "rachas de sinal" com a Honda CB 750, a "sete-galo" (galo é o animal correspondente ao número 50 no jogo do bicho, então 7 + 50 = sete galo), já que a CB 500, a Suzuki GT 380 e outras motos de média cilindrada não eram páreo à altura da RD.

Um comentário:

  1. Fico imaginando quanto não anda uma moto de corrida 2 tempos, com 3 ou 4 cilindros...

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