* Este blog luta por uma sociedade mais igualitária e justa, pela democratização da informação, pela transparência no exercício do poder público e na defesa de questões sociais e ambientais.
* Aqui temos tolerância com a crítica, mas com o que não temos tolerância é com a mentira.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

De moto por Cuba


Rodar de moto por Cuba é descobrir um mundo surpreendente ( e apaixonante )


por Marcelo Leite texto e fotos da edição 146 da revista Moto Adventure

Quando cheguei a Portugal, depois de ter cumprido meu percurso pelos cinco continentes, precisava definir uma rota para voltar para casa. Voltar pelo lado oeste da América do Sul se mostrou uma alternativa interessante, afinal, eu passaria por Cuba, um velho sonho meu – e esta seria minha conexão entre Europa e América do Sul.
Comecei a acionar vários contatos e entidades para definir como eu poderia entrar, rodar com minha moto e, depois, sair de Cuba. As barreiras e dificuldades pareciam confirmar os conselhos que recebi para desistir dessa idéia. Chegaram a me dizer que seria “impossível”, que ninguém teria levado sua própria moto para lá e que eu estaria em “busca de problemas”. Mas a vontade de realizar meu sonho colocou minha moto encaixotada no Terminal de Cargas do Aeroporto de Havana.

NA TERRA DE FIDEL
Começaram, então, minhas peripécias com a Alfândega e o Departamento de Trânsito. Não havia um caso similar e tampouco um procedimento formalmente estabelecido para tratar do meu caso. Foi estipulado, então, um novo procedimento para garantir que eu entrasse e saísse com minha moto. Recebi uma placa provisória e uma autorização temporária de circulação pela ilha. Vale lembrar que, com oficiais me ajudando em um ambiente de colaboração e brincadeiras, percebi que em Cuba tudo seria diferente ( para o bem e para o mal ).

MOTOS
Em Cuba há muitas motos, principalmente, side-cars. A frota reflete a história do país. A influência norte-americana dos anos 1950 deixou muitas Harley-Davidson por lá. Elas estão impecavelmente conservadas e rodam por Havana. Do mesmo período são algumas raras e lindas motos europeias, como BMW R69, Triumph, Norton e até Matchless. O período pós-revolução e de influência soviética deixou um parque de modelos da Ural, CZs e Jawas, a maioria, em versão side-car. As indestrutíveis motos alemãs orientais MZ também são dessa época.

FOCO DAS ATENÇÕES
Imagine, então, como é rodar por lá com uma BMW GS, toda equipada e “cheia de botõezinhos”? A atração é garantida, no sinal, nas ruas ou estradas. E, como a BMW GS é um dos melhores produtos que a “sociedade de consumo” já produziu, imagine o reflexo disso. Rodando em plena Cuba socialista, poderia ser quase uma provocação, mas, ao final, torna-se um excelente pretexto para longas conversas com os cubanos, que são inteligentes e vivem intensamente a própria história.
GENTE BOA
Os primeiros dias em Havana me foram estranhos. Tudo funciona diferentemente do que conhecemos. E não havia como não tentar entender a vida daquele povo. As relações são fáceis e se estabelecem rapidamente. Não demorou para eu estar com o pessoal em um moto clube local. Reunimo-nos, montamos uma rota para as semanas seguintes e as pessoas das principais cidades foram acionadas. como se não bastasse, veicularam uma reportagem sobre o assunto no rádio. Algumas vezes, quando chegava a um local, alguém se lembrava da notícia, o que facilitava os contatos. Sempre fiquei hospedado em casas de cubanos. Às vezes pagando, às vezes como convidado.

BELAS PARAGENS
Em meio a tudo isso, rumei para Cienfuegos, na costa sul. O lugar tem um charme todo especial pela influência dos colonos franceses do século passado. ali, a arquitetura está preservada, seja nas casas coloniais ( com colunas e varandas no centro ) ou nas antigas mansões à beira-mar. Já na pequena Trinidad, surge o velho estilo colonial espanhol e as ruas estreitas são divididas por turistas estrangeiros e camponeses. À noite, música da melhor qualidade ecoa por todos os lados.

MAIS ESTRADA!
Retomei a estrada em direção ao extremo oriente da ilha. Cheguei a Santiago de Cuba apenas dez dias após o furacão Sandy ter passado por ali. Ventos de até 300km/h arrasaram a área rural, acabando com as plantações e derrubando mais de 10 mil árvores. Obviamente, o abastecimento da cidade foi afetado nos primeiros dias, mas tudo voltou à normalidade. A rede elétrica já fora restabelecida nas casas, mas as ruas ainda estavam às escuras.

TRADIÇÃO MUSICAL
Santiago tem uma pulsação forte e diferente de Havana. É o berço dos maiores mitos da música tradicional cubana. Em pleno dia, na praça da catedral, a Orquestra Municipal faz seu show no mais alto nível técnico, empolgando a todos.

PERCALÇOS
Geralmente, as estradas cubanas são boas e tranquilas. Nas cidades, algumas ruas são esburacadas e as faixas centrais concentram uma incrível quantidade de óleo, devido aos carros e caminhões velhos em circulação. Há gasolina e borracharias por todos os cantos. Os mecânicos cubanos são ótimos e criativos. Minha GS, que nunca teve vazamentos em seus 80.000km, apresentou este problema no motor e no cardã, ao mesmo tempo. O vazamento do motor foi fácil arrumar, mas o do cardã foi na base do “jeitinho”, até que eu chegasse à América do Sul para um reparo definitivo. A polícia cubana me parou várias vezes, mas nunca me pediu os documentos. Sempre foi para saber se precisava de alguma coisa ou para fazer perguntas sobre a moto. Ali, basta respeitar as regras essenciais e andar de luz apagada durante o dia.

CAMAGUEY
Também passei alguns dias em Camaguey e tive uma experiência especial. É uma cidade de porte médio, bem conservada e com um padrão aparentemente acima da média do país. Apesar do agito do comércio local, as pessoas parecem levar a vida sem estresse. No final da tarde, as mesinhas das docerias, bares e casas de xadrez ficam cheias. São famílias ou grupos de amigos jogando conversa fora e apreciando o fim do dia.

PAIXÕES
Além do xadrez e do baseball, outra paixão cubana é tomar um sorvete na Coppelia, ótima sorveteria estatal, com filiais por quase todas as cidades do país. As crianças saem da escola e fazem uma farra gostosa pelas ruas. Uma turminha me provocou para que eu levasse a moto, à noite, na praça, quando todos já teriam jantado e trocado de roupa. E assim o fiz, travando conversas gostosas com a criançada e com alguns de seus pais. Ainda em Camaguey, conheci Peter, um canadense. Este velho motociclista mudou-se para Camaguey, onde comprou uma bela casa. Orgulhoso de sua opção, ele me explicou: “Apesar de não ter acesso aos produtos que costumava comprar em Vancouver, vivo sem nenhuma preocupação, com segurança.”

NOVOS CAMINHOS
No caminho de volta para Havana, parei alguns dias em Remédios, uma pequena cidade no litoral norte, de onde é possível ir até a famosa Ilha Cayo Sta.Maria. rodei quase 3 mil km por Cuba, coheci lugares de beleza ímpar, ouvi música excelente e fui a praias dignas de cartão postal… Mas o melhor de Cuba são os cubanos. Ou, melhor dizendo, a experiência de viver entre eles. Cuba é um país onde as pessoas não sabem o que são problemas de segurança, drogas ou miséria. Deixei Cuba para trás, sabendo que era hora de embarcar para a Colômbia e, de lá, descer a América do Sul, até voltar para casa.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Iraque e sua triste sina depois de invadidos pelos irmãos do norte


por Ramzy Baroud, no Counterpunch - Tradução: Roberto Brilhante na Carta Maior

Logo após a campanha americana e britânica de bombardeamento chamada ''Operação Raposa do Deserto'' ter devastado partes do Iraque em dezembro de 1998, eu estava me queixando para um amigo no lobby do Hotel Palestina em Bagdá.

Eu estava desapontado com o fato de que a nossa agenda cheia - a maior parte ocupada com hospitais lotados de feridos ou vítimas de urânio empobrecido - não me deixou tempo para comprar alguns livros árabes para minha filhinha. Quando eu estava preparado para embarcar em uma longa viagem de ônibus de volta para a Jordânia, um homem iraquiano com um bigode grosso e uma barba cuidadosamente desenhada se aproximou de mim. “Isto é para sua filha'', ele disse com um sorriso enquanto me dava uma sacola de plástico. A sacola incluía uma dúzia de livros com imagens coloridas de histórias tradicionais para crianças. Eu nunca havia encontrado este homem antes, nem nunca nos encontramos depois. Ele era um convidado no hotel e de alguma maneira percebeu meu dilema. Enquanto eu profusa e apressadamente o agradecia antes de tomar meu lugar no ônibus, ele insistia que tais palavras não eram necessárias. ''Nós somos irmãos e sua filha é como se fosse minha própria,'' ele disse.

Eu não estava exatamente surpreso por isto. Generosidade nas ações e no espírito são uma característica peculiar dos iraquianos e os árabes a conhecem bem. Outras características iraquianas incluem orgulho e perseverança, a primeira atribuída ao fato de que a Mesopotâmia - englobando grande parte do Iraque moderno - é o “berço da civilização”, a última devido a imensa dificuldade experimentada pelos iraquianos na história moderna.

Foi a Grã-Bretanha que desencadeou a tragédia moderna iraquiana, começando com a tomada de Bagdá em 1917 e com a reformulação a esmo de um país, para que este se adaptasse perfeitamente às necessidades e ao interesse econômico de Londres. Alguém poderia argumentar que a bagunça inigualável criada pelos invasores britânicos continuou a causar estragos, manifestados de muitas formas - espalhando sectarismo, violência política e fronteiras feudais entre o Iraque e seus vizinhos - até os tempos presentes.

Mas é claro que hoje os EUA merecem a maior parte do crédito por reverter qualquer coisa que tenha sido conquistada pelo povo iraquiano em relação a sua elusiva soberania. Foi o secretário de estado norte-americano, James Baker, quem supostamente ameaçou o ministro de Relações Exteriores iraquiano Tariq Aziz numa reunião em Genebra em 1991 que os EUA destruiriam o Iraque e o ''levariam de volta à idade da pedra.'' A guerra dos EUA que se estendeu de 1990 a 2011, incluiu um bloqueio e terminou com uma invasão brutal. Estas guerras foram tão inescrupulosas quanto violentas.

Para além do esmagador custo humano, estas guerras foram realizadas a partir de uma estratégia política horrenda que buscava explorar o sectarismo existente no país e outras linhas falhas, desencadeando guerras civis e ódio sectário do qual é improvável que o Iraque consiga se proteger mesmo depois de muito tempo.

Para os norte-americanos, isto foi uma mera estratégia para diminuir a pressão colocada sobre os seus soldados e seus aliados, como se eles enfrentassem uma dura resistência no momento em que pisaram no Iraque. 

Para os iraquianos, no entanto, isto foi um pesadelo petrificante que não pode ser expressado por números ou palavras. Mas não faltam números. De acordo com estimativas da ONU citadas pela BBC, entre maio e junho de 2006 ''uma média de mais de 100 civis por dia foram mortos no Iraque.'' O número total de mortos em 2006 estimado pela ONU é de 34.000. Este foi o ano no qual a estratégia de dividir e conquistar se provou mais bem sucedida.

Ao longo dos anos, a maior parte das pessoas fora do Iraque - como em outros conflitos onde a violência prolongada rende contagens de mortos corriqueiras - simplesmente se tornam insensíveis ao número de mortos. É como se quanto mais pessoas morrem, menos valiosas suas vidas se tornam.

O fato permanece, ainda que os EUA e a Inglaterra tenham destruído o Iraque moderno e nenhum remorso ou pedido de desculpas - não que algum pedido tenha sido feito - vão alterar este fato. Os antigos e os novos chefes coloniais do Iraque não tinham nenhum arcabouço moral ou legal para invadir um país destruído por sanções. A eles também faltava qualquer senso de piedade enquanto destruíam uma geração e construíam o cenário para um conflito futuro que prometia ser tão sangrento quanto o do passado

Quando a última brigada de combate norte-americana supostamente deixou o Iraque em dezembro de 2011, isto era para significar o fim de uma era. Historiadores sabem bem que conflitos não se encerram com um decreto presidencial ou com o envio de tropas. O Iraque meramente entrou em uma nova fase do conflito onde os EUA, a Inglaterra e outros continuam sendo partes do conflito.

A realidade da guerra pós-invasão é que o Iraque foi dividido em áreas de influência baseadas em um puro sectarismo e critérios étnicos. Na classificação da mídia ocidental de “vencedores” e “perdedores”, os sunitas, culpados por serem favoráveis ao presidente iraquiano Saddam Hussein, emergiram como o maior dos perdedores. Enquanto a nova elite política iraquiana estava sendo dividida entre políticos xiitas e políticos curdos (cada partido com seu próprio exército particular, alguns reunidos em Bagdá e outros em regiões curdas autônomas), a população xiita foi apoiada por vários grupos de milícias responsáveis pelos infortúnios dos sunitas. Em 8 de fevereiro, 5 carros-bomba explodiram em um lugar onde foi reconhecido rapidamente como “área sunita”, matando 34 pessoas. Alguns dias antes, em 4 de fevereiro, 22 pessoas foram mortas de maneira semelhante.

O conflito sectário no Iraque que é responsável pela morte de dezenas de milhares, está retornando. Sunitas iraquianos, incluindo grandes grupos e partidos políticos demandam igualdade e o fim de sua cassação no relativamente novo e distorcido sistema político iraquiano, comandado pelo primeiro-ministro Nouri al-Maliki. Protestos massivos e greves contínuas foram organizadas com uma mensagem política clara e unificada. Entretanto, muitos outros partidos estão explorando a polarização de todas as maneiras imagináveis: para acertar velhas contas, para empurrar o país de volta para a beira da guerra civil, para estender o caos a vários países, sobretudo a Síria, e em algumas instâncias, ajustando as fronteiras sectárias de modo que boas oportunidades de negócios possam ser criadas.

Sim, divisão sectária e negócios no Iraque de hoje andam de mãos dadas. A Reuters reportou que a Exxon Mobil contratou Jeffrey James, um antigo embaixador norte-americano no Iraque (de 2010 a 2012) como um “consultor”. De fato, isto é um exemplo de como a diplomacia pós-guerra e os negócios são aliados naturais, mas há mais para a história. Tomando vantagem da autonomia da região do Curdistão, a gigantesca corporação multinacional de petróleo e gás fizeram negócios lucrativos que são independentes do governo central de Bagdad. Este mesmo governo que vem acumulando suas tropas desde o ano passado junto desta disputada região rica em petróleo. O governo Curdo fez o mesmo.

Incapaz de determinar qual partido possui a mão superior no conflito que amadurecia, que depois viria a tomar o controle dos recursos petrolíferos, a Exxon Mobile está dividida: entre honrar seus contratos com os curdos, ou procurar contratos que podem ser mais lucrativos ao sul. James pode ter boas ideias, especialmente quando ele usa sua influência política adquirida durante seu mandato como embaixador.

O futuro do Iraque está sendo determinado por várias forças e quase nenhuma delas é composta por iraquianos com uma visão unificadora. Encurralados entre sectarismo amargo; extremismo; fome de poder; elites acumuladoras de riqueza; poderes regionais; interesses ocidentais e um legado de guerra extremamente violento, o povo iraquiano está sofrendo para além do que as análises políticas ou estatísticas que visam apreender sua angústia são capazes de demonstrar.

O escritor iraquiano Hussein Al-alak, residente no Reino Unido, escreveu, em referência ao décimo aniversário da invasão do Iraque, um tributo para as “vítimas silenciosas”, as crianças. Ele reportou que de acordo com o ministro do trabalho e dos assuntos sociais, há uma estimativa de 4.5 milhões de crianças que são hoje orfãs, com o “chocante 70%’’ delas tendo perdido seus pais desde a invasão de 2003.

“Deste total, cerca de 600,000 crianças estão vivendo nas ruas, sem abrigo ou comida para sovreviver,” escreveu Al-alak. Aqueles que estão vivendo nos poucos orfanatos administrados pelo estado “estão atualmente carentes do essencial”.

Ainda penso no iraquiano gentil que presenteou minha filha com uma coleção de histórias iraquianas. Eu também penso em seus filhos. Um dos livros que ele me deu era um história do Sinbad, apresentado como um menino bonito e corajoso que amava aventuras tanto quanto amava seu país. Não importando quanto cruel foi seu destino, Sinbad sempre retornou ao Iraque e recomeçava, como se nada houvesse ocorrido.

Da velha internet do tempo do Geocities - curiosidades




por Telmo Ghiorzi, em sua pagina 

O Calendário Juliano, instituído em 46 a.C., à época do imperador romano Júlio César, considerou o ano trópico de 365 dias e 1/4 e estabeleceu 3 anos de 365 e 1 de 366 dias, a cada quatriênio. Para perfazer esses 365 ou 366 dias, seis meses alternados teriam 31 dias (março, maio, julho, setembro, novembro e janeiro) e os outros teriam 30 dias (abril, junho, "sextilis", outubro e dezembro), à exceção de fevereiro, na época o último mês do ano, para o qual só restaram 29 dias (e 30 dias nos anos bissextos, os anos de 366 dias).

Mas em 8 a.C. o oitavo mês ("sextilis") teve o nome mudado para agosto, em homenagem ao então imperador César Augusto e, como o mês de julho (em homenagem a Júlio César) tinha 31 dias, resolveu-se igualar o número de dias de agosto, subtraindo 1 dia de fevereiro, que ficou com 28 ou 29 dias, e se alterou a seqüência dos meses de 31 dias (outubro e dezembro teriam 31 dias, no lugar de setembro e novembro).

O mês de março - mês do auge da primavera no hemisfério norte - era efetivamente o primeiro mês do ano. Observe, a esse propósito, que SETEmbro era o sétimo mês. Só mais tarde o mês de janeiro - mês do início do mandato dos cônsules romanos - passou a ser o primeiro e não o décimo-primeiro mês do ano.

Isso definiu as atuais regras dos meses com 31 dias (janeiro, março, maio, julho, agosto, outubro e dezembro), com 30 dias (abril, junho, setembro e novembro) e com 28 ou 29 dias (fevereiro).

O nome dos meses
A origem do nome moderno dos meses? Janeiro, homenagem a Janus, deus de duas caras. Fevereiro, homenagem a Februa, deusa das purificações e dos sacrifícios. Março, homenagem a Marte, deus da guerra. Abril, de origem contraditória, sobressaindo a referência ao "abrir" (germinar) das sementes. Maio, também de origem polêmica, ora associado à magistratura, ora associado à deusa Maia. Junho, associado a Junius, antigo mês consagrado aos jovens. Julho, homenagem a Júlio César. Agosto, homenagem a César Augusto. Setembro, Outubro, Novembro e Dezembro, respectivamente sétimo, oitavo, nono e décimo mês nos calendários antigos.

Um parêntese: Diferentemente da crença popular, o nome "bissexto" não teve origem no fato de anos bissextos contarem 366 dias. A explicação correta é que o dia complementar seria colocado entre o sétimo e o sexto dia anteriores às "calendas de março" (isto é, entre 23 e 24 de fevereiro - mês que na época tinha 29 dias, normalmente), o que fez denominá-lo "bissexto calendas" (em outras palavras, dois "sextos dias" antes de março).

O Calendário Juliano acabou teoricamente em 4 de outubro de 1582 e o Calendário Gregoriano iniciou em 15 de outubro de 1582, à época do Papa Gregório XIII, "apagando" da história os 10 dias intermediários, de 5 a 14 de outubro de 1582.

Anos bissextos
Enquanto que, no Calendário Juliano, foram bissextos todos os anos divisíveis por 4, no Calendário Gregoriano, para maior precisão astronômica, passariam a ser bissextos os anos divisíveis por 4, exceto os que, terminados em 00, não fossem divisíveis por 400. Vale dizer, seriam bissextos os anos de 1584, 1588... 1600, 2000, 2400 etc. mas não os de 1700, 1800, 1900, 2100 etc.. Isso porque, descobriu-se, o ano trópico não tem exatamente 365 dias e 1/4.

Uma ressalva: Registros históricos dão conta de que o ano 4 da nossa era não foi bissexto. Teria havido um erro de interpretação, que fez contarem os anos bissextos de três em três, durante os primeiros anos de vigência do Calendário Juliano. Para corrigir isso, o imperador César Augusto teria determinado um lapso, entre 8 a.C. e 8 d.C., em que os anos múltiplos de quatro não seriam bissextos.



Os dias da semana
A origem da divisão do tempo em semanas perde-se no passado. O que se sabe é que os povos antigos se inspiraram na duração das fases da Lua para estabelecer o período semanal (sete dias, "septimana", semana). Mas os registros de datas, como conhecidos hoje, somente foram organizados a partir do Concílio de Nicéia, em 325 d.C., à época do Papa Silvestre I (sim, foi ele que inspirou o nome da Corrida de São Silvestre e, nas folhinhas, é ele o santo do dia 31 de dezembro), inclusive no que diz respeito ao dia de Natal e ao domingo de Páscoa. Qualquer registro histórico anterior a 325 d.C. tem, portanto, margem de erro, inclusive as importantes datas do nascimento e do martírio do Cristo.
Outra curiosidade é a associação dos dias da semana com os corpos celestes, como alguns povos ainda preservam em seu calendário, a saber:


 
Inglês 
Espanhol 
Italiano 
Francês
Domingo
Sol
Sunday   
Domingo  
Domenica 
Dimanche
Segunda
Lua
Monday   
Lunes    
Lunedi   
Lundi
Terça
Marte
Tuesday  
Martes   
Martedi  
Mardi
Quarta
Mercúrio
Wednesday
Miércoles
Mercoledi
Mercredi
Quinta
Júpiter
Thursday 
Jueves   
Giovedi  
Jeudi
Sexta
Vênus
Friday   
Viernes  
Venerdi  
Vendredi
Sábado
Saturno
Saturday 
Sábado   
Sabato   
Samedi


O nome dos dias da semana
Na verdade, se dependesse do Papa Silvestre I, todos os povos teriam adotado a nomenclatura "domingo, segunda-feira, terça-feira, quarta-feira, quinta-feira, sexta-feira e sábado", a qual, todavia, só persistiu junto aos povos de língua portuguesa. Os outros povos preferiram manter as antigas denominações pagãs. Por que "segunda-feira, terça-feira etc"? Porque naquela época a Páscoa era comemorada durante toda a semana, vale dizer, eram sete feriados consecutivos ("feriae" no latim, traduzido para "feira" no português). O nome "sábado" seria preservado e o domingo, que levaria o nome de "primeira feira" depois do sábado, também teve o nome preservado, em homenagem ao Senhor ("dominus"). Só a partir da "segunda feira" depois do sábado prevaleceu a regra dos números ordinais – terça (terceira) feira, quarta feira, quinta feira e sexta feira depois do sábado.

Mais uma noticia boa - Código veda ações de merchandising dirigidas a crianças


da pagina do CONAR - publicado em 01/02/2013



A partir de 1º de março, o Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária incorpora novas e mais severas recomendações para a publicidade que envolve crianças, em particular em ações de merchandising, que não serão mais admitidas quando dirigidas ao target infantil. "O Conar, mais uma vez, corresponde às legítimas preocupações da sociedade com a formação de suas crianças", diz o presidente do Conar, Gilberto C.Leifert.

As recomendações que se juntaram àquelas já em vigor, todas consolidadas, são um aprimoramento de normas bastante rígidas. O Conar foi a primeira entidade brasileira a impor e praticar limites para a publicidade para menores de idade, o que faz desde 1978, quando da criação do Código ético-publicitário. Ainda que seja de adesão voluntária, o documento é unanimemente aceito e praticado no país por anunciantes, agências de publicidade e veículos de comunicação. Não há precedente, em mais de oito mil casos já julgados pelo Conar, de desacato à autorregulamentação publicitária.

A nova redação do Código nasceu de uma solicitação da ABA, Associação Brasileira de Anunciantes, reconhecendo a necessidade de ampliar-se a proteção a públicos vulneráveis, que podem enfrentar maior dificuldade para identificar manifestações publicitárias em conteúdos editoriais.

O Conselho Superior, formado por 21 representantes das entidades fundadoras do Conar, acolheu esta preocupação e incorporou à Seção 11 do Código, que reúne as normas éticas para a publicidade do gênero, a recomendação que ações de merchandising em qualquer programação e veículo não empreguem crianças, elementos do universo infantil ou outros artifícios publicitários com a deliberada finalidade de captar a atenção desse público específico.

O Código também passa a condenar a inserção de ações de merchandising de produtos e serviços destinados a crianças nos programas criados, produzidos ou programados especificamente para o público infantil, qualquer que seja o veículo utilizado. A partir da entrada em vigor das novas normas, a publicidade de produtos e serviços do segmento deve se restringir aos intervalos e espaços comerciais.

"Trata-se de um importante aperfeiçoamento às regras que vêm sendo praticadas desde 2006, quando promovemos uma reforma bastante profunda no nosso Código, visando a publicidade dirigida a crianças e adolescentes. Desde então, o Brasil tem um dos regramentos éticos mais exigentes para essa classe de publicidade no cenário internacional", explica Leifert. Ele frisa, contudo, a importância de não se impedir a exposição de crianças à publicidade ética. "O consumo é indispensável à vida das pessoas e entendemos a publicidade como parte essencial da educação. Privar crianças e adolescentes do acesso à publicidade é debilita-las, pois cidadãos responsáveis e consumidores conscientes dependem de informação", diz ele. A autorregulamentação já previa veto a ações de merchandising de alimentos, refrigerantes e sucos em programas especificamente dirigidos a crianças.

O Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária adota, para definição de crianças e adolescentes, os parâmetros do Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069/90): crianças são aquelas até doze anos de idade incompletos e adolescentes aqueles entre doze e dezoito anos de idade.

Alguns dos principais fundamentos éticos da publicidade para menores de idade podem ser assim resumidos:

  • nenhum anúncio, de qualquer tipo de produto ou serviço, conterá apelo imperativo de consumo diretamente à criança;
  • anúncios em geral não devem empregar crianças e adolescentes como modelos para vocalizar apelo direto, recomendação ou sugestão de uso ou consumo;
  • anúncios em geral não devem provocar qualquer tipo de discriminação, associar crianças e adolescentes a situações incompatíveis com sua condição ou impor a noção de que o consumo do produto proporcione superioridade;
  • anúncios em geral não devem provocar situações de constrangimento aos pais ou responsáveis com o propósito de impingir o consumo, utilizar situações de pressão psicológica ou violência que sejam capazes de infundir medo;
  • quando os produtos ou serviços anunciados forem destinados ao consumo por crianças e adolescentes, seus anúncios deverão procurar contribuir para o desenvolvimento positivo das relações entre menores de idade e seus pais, professores etc. Também devem respeitar a dignidade, ingenuidade, credulidade, inexperiência e o sentimento de lealdade do público-alvo e passar ao largo de qualquer situação que possa significar estimulo a comportamentos socialmente condenáveis;
  • o planejamento de mídia dos anúncios de produtos e serviços dirigidos ao target deve levar em conta que crianças e adolescentes têm sua atenção especialmente despertada para eles. Assim, tais anúncios refletirão as restrições técnica e eticamente recomendáveis, adotando-se a interpretação a mais restritiva para todas as normas.
Além da Seção 11, vários outros trechos do Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária reservam tratamento diferenciado para crianças e adolescentes, tais como a Seção 8, que versa sobre Segurança e Acidentes, e os Anexos "A", "H", "I", "S" e "T".

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

And the Oscar goes to... CIA!...

por Antonio Pimenta, no sempre arejado e divertido  Hora do Povo:

NOTA PRELIMINAR DOS ÍNDIOS AQUI

Inicialmente não queria tratar desse tema aqui no blog, mas a a descrição que nos oferece o ótimo Hora do Povo merece ser repercutida... além disso eu tenho lembranças vivas desse caso real, pois em 1979 eu estava especializando meu inglês e para ajudar fiz uma assinatura da revista TIME e acompanhei de perto a comoção que isso causou nos EUA  - a revista tratou do assunto à exaustão e como depois se usou-se desse episódio para ajudar a eleger o ator-presidente Reagan. Eu era um dos experts nesse assunto aqui em São Bento do Sul, mantinha meus amigos de Stammtisch up-to-date sobre o tema...  


Hollywood jamais escondeu seus vínculos de muitos anos com Washington, o Pentágono e o complexo industrial-militar, mas nunca uma primeira-dama chegara ao ponto de expô-los tão abertamente como Michelle Obama, ao anunciar direto da Casa Branca, atendendo ao melífluo Jack Nickolson, o vencedor do Oscar 2013, o filme “Argos”, a glamourização de uma operação da CIA no Irã em 1980 em que um filme fake é a fachada.

Outro filme, tido até três meses antes, pela Reuters, como “favorito ao Oscar”, também sobre uma operação da CIA, a que executou extra-judicialmente o desarmado Osama Bin Laden, “A Hora Mais Escura”, após enorme escândalo pelos 30 minutos de apologia da tortura, teve de se contentar com uma modesta estatueta, a de edição sonora, depois de estar concorrendo a cinco indicações, inclusive de melhor filme.

Assim, em 2013, o Oscar vai - como assinalou o articulista Pepe Escobar - para .... a CIA! A Academia estendeu seu tapete vermelho para esse antro de tortura, sabotagem e terror que infelicita os povos do mundo e inclusive o povo norte-americano, e dá aval à campanha midiática pela guerra ao Irã.

Não foi por falta de filme melhor. “Lincoln”, de Steven Spielberg, sobre um momento decisivo da história dos EUA, a mudança na constituição para abolir de vez a escravidão, em que pese ignorar o papel que os próprios negros jogaram – no campo de batalha e na retaguarda – para a vitória na guerra da Secessão, é muito superior. Flagra a luta obstinada de Lincoln, magnificamente interpretado por Daniel Day-Lewis, para obter a maioria de dois terços no Congresso, através do convencimento e do suborno, pois já era assim que funcionava na época a democracia nos EUA. Não houve como negar o Oscar de melhor ator a Day-Lewis, mas “Lincoln” teve de se contentar com apenas mais uma estatueta, depois de 12 indicações.

“Argos” é um filme fake sobre a realização de um filme fake. Como o próprio ex-presidente Jimmy Carter relatou à CNN, a operação foi essencialmente dos canadenses, graças ao então embaixador Ken Taylor.

Mas é principalmente uma falsificação da história, a exemplo do que “Rambo” buscou fazer com a derrota no Vietnã. Na realidade, a CIA foi amplamente derrotada pela irrupção da revolução no Irã, após ter derrubado o primeiro-ministro legítimo Mossadegh em 1953 e instaurado a ditadura do Xá. A indignação acumulada anos a fio e as tentativas dos EUA de deterem a revolução levaram ao episódio da tomada da embaixada em Teerã por centenas de estudantes em novembro de 1979, gerando a chamada crise dos reféns. Foi a ditadura do Xá que reverteu a nacionalização do petróleo proclamada por Mossadegh.

Nos anos do Xá, a embaixada se caracterizou pela mais extremada intervenção nos assuntos internos do país, no apoio à ditadura e como conduto das decisões de Washington. No final de 1979, se concentravam na embaixada todo tipo de agentes de que os EUA dispunham na tentativa de derrotar o levante popular. São esses os “americanos inocentes” retratados em Argos; como já havia sido registrado o “americano tranqüilo” de Graham Greene em Saigon.

Embora cite o golpe da CIA contra Mossadegh, “Argos” só o faz para dar credibilidade a tudo que quer passar depois: a demonização do povo iraniano e sua revolução, apresentados como extremistas e homicidas potenciais dos “americanos inocentes”.

Quando os EUA tentaram uma operação militar para liberar os reféns, a chamada Operação “Eagle Claw” (Garra da Águia), em abril de 1980, foi um fiasco total. Três dos oito helicópteros enviados foram derrubados, oito soldados dos EUA morreram, e nenhum agente foi liberado. Eles iriam permanecer retidos na embaixada por 444 dias ao todo, só sendo libertados minutos depois da posse de Ronald Reagan na presidência dos EUA.

O fracasso na “crise dos reféns” foi explorado pelos republicanos para derrotar Jimmy Carter nas eleições de 1980 e numerosos analistas consideram que a CIA, por baixo dos panos, negociou a permanência dos reféns até o pleito nos EUA, em troca de peças de reposição para o exército iraniano, que se preparava para a guerra contra o Iraque e necessitava desesperadamente desses suprimentos. Episódio até hoje conhecido como a “Surpresa de Outubro” – a carta na manga para mostrar a “fraqueza” de Carter e a necessidade do belicoso Reagan na véspera da eleição. Assim, os reféns – 52 - foram liberados no governo Reagan, e apenas seis lograram se safar antes, como dito, centralmente graças à interferência dos canadenses, fato desconsiderado agora em prol da exaltação da CIA.

História falsificada

Não há nada de inocente em querer reescrever a história, quando na ordem do dia está a guerra contra o Irã, acusado pelos EUA e Israel de suposto “programa nuclear militar”, a exemplo do que foi feito com a “ameaça das armas de destruição em massa” no Iraque que não existiam. Menos ainda a presença de uma primeira-dama, em tais circunstâncias, a menos de dois dias de uma reunião com o Irã que vem sendo apontada como “última chance”. Nem em querer aclamar a CIA, com seus vôos de rendição, suas prisões secretas, tortura em massa com memorando do governo de W. Bush e ataques de drones – só para citar os fatos dos tempos mais recentes -, além dos costumeiros golpes de estado e ações do gênero.

Nem dá para esquecer que seu marido aproveitou uma aparição na viagem ao Brasil para anunciar o bombardeio da Líbia. Na operação que assassinou Bin Laden – foco do filme “A Hora Mais Escura” - o presidente Obama teve participação direta e ao vivo, desde a Casa Branca, e depois de ter autorizado tanto terrorismo com drones. Ganhador do Prêmio Nobel, quem sabe não seria merecedor também de um Oscar? Como sempre que dá uma boa bilheteria Hollywood providencia um repeteco, já estamos visualizando os próximos filmes da CIA: “190 horas de Waterboarding (Afogamento)” e “Drones da Liberdade”, este, estrelado por John Brennan.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

sábado, 23 de fevereiro de 2013

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Anonymous prepara manifestações contra a Globosta


O objetivo dos protestos, segundo vídeo convocatório, é denunciar “a manipulação descarada” da emissora
O Anonymous Brasil está convocando para o próximo sábado, 23, manifestações em frente às sedes da TV Globo espalhadas pelo Brasil. Até o momento, pessoas de 73 cidades, em 24 estados, já aderiram a iniciativa e afirmam que vão realizar os protestos.
Segundo o vídeo de convocação para os atos, o objetivo dos protestos é denunciar “a manipulação descarada da Rede Globo”.
“Vamos dar um grito de basta não aceitaremos mais o lixo cultural que eles nos empurram, vamos questionar suas notícias, vamos cortar a alienação pela raiz”, declara o vídeo. “Essa gigante está sempre inundando a cabeça das pessoas com futilidades e coisas inúteis, agindo como um filtro entre os reais acontecimentos e o que é passado para a população, mostrando somente o que ela quer que o povo veja”, conclui.
De acordo com a sua própria definição, o Anonymous não é um grupo, mas uma ideia que se utiliza principalmente de conhecimentos hacker. Entre outras ações, o Anonymous invadiu, em janeiro de 2012, ossites dos principais bancos brasileiros. Em outubro, em plena eleição, o salvos foram os sites dos Tribunais Regionais Eleitorais.
“Temos em mãos pela primeira vez o poder de produzir, distribuir e trocar informações. Uma oportunidade nunca vista antes na história para colaboração e construção de um mundo onde a esperança, a dignidade e a justiça sejam princípios a serem respeitados”, afirma o Anonymous em sua página eletrônica.





NOTA AQUI  DA TABA

Parece meio mal organizado e difícil que vá surtir algum efeito, mas convém tentar saber como isso vai evoluir... a Globosta e todo o PIG em volta certamente nada falarão...

Uma noticia boa - AGU pede anulação de contrato ilegal entre índios de Rondônia e empresa irlandesa


Por Leane Ribeiro, do site da AGU  
Data da publicação: 12/12/2012
  

A Advocacia-Geral da União (AGU) ajuizou ação na Justiça para pedir a anulação de contrato entre a empresa irlandesa Celestial Green Ventures PLC e a Associação Indígena Awo "Xo" Hwara firmado para a venda de créditos de carbono em terras indígenas em Rondônia (RO), sem intervenção ou autorização da União ou da Fundação Nacional do Índio (Funai). 

Segundo as unidades da AGU, a suspensão do contrato é necessária para impedir a biopirataria e evitar prejuízos ao ecossistema e à biodiversidade local. A ação pediu que os envolvidos sejam proibidos de efetuar e/ou receber qualquer pagamento relacionado ao acordo. A Advocacia-Geral pede ainda a anulação do contrato firmado e a proibição da empresa estrangeira de negociar quaisquer direitos sobre o usufruto de terras indígenas em qualquer lugar do território nacional.
O contrato foi firmado pela empresa que não possui cadastro regular no país e com a associação que supostamente representa os índios que habitam nas terras de IgarapéLage, Rio Negro-Ocaia e Igarapé Ribeirão, no Estado de Rondônia, como se esta fosse proprietária dos terrenos que pertencem à União. A área possui 259.248,3 hectares.
Pelo acordo, a Celestial Green Ventures PLC pagaria pouco mais de US$ 13 milhões à associação e, em troca, receberia, por 30 anos, todos os direitos sobre os créditos de carbono que venham a ser obtidos através da biodiversidade das terras indígenas, que estão demarcadas e homologadas, na forma do Decreto 86.347/81. 
Outra cláusula do contrato permite que a empresa tenha acesso irrestrito a toda área, podendo realizar qualquer obra ou atividade nesta área, sendo necessária autorização dela para intervenções externas, como a entrada dos próprios índios nas regiões destinadas exclusivamente a esses povos.
Na ação, a AGU defende a impossibilidade de conceder a uma empresa privada a exploração de um bem público, o qual pertence à coletividade e não à associação, sob afronta à soberania do Estado. De acordo com os advogados públicos, o acordo prejudica o modo de vida tradicional dos índios, já que se pode impedir o simples exercício da agricultura de subsistência ou qualquer tentativa de melhoria na qualidade de vida dessas comunidades. 
Além disso, destacaram que, conforme prevê a Constituição Federal, cabe aos índios o usufruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes, e qualquer interferência de particular viola a função social da terra indígena, cuja missão é ser utilizada para atividades produtivas dos índios, preservar os recursos ambientais necessários ao seu bem-estar e a sua reprodução física e cultural, e atenta contra à soberania nacional.
As unidades da AGU que atuam na ação reforçaram que vários índios da região realizaram abaixo-assinado repudiando a assinatura do contrato, destacando que a associação não representa de forma legítima os interesses dos indígenas que habitam no local e que o contrato foi celebrado contra a vontade das comunidades.
A venda de crédito de carbono é uma ideia na qual países em desenvolvimento e os mais pobres passariam a ser compensados financeiramente pelo desenvolvimento de projetos que evitassem o desmatamento e a degradação florestal, fazendo com que aqueles países que detivessem metas de redução de emissões fossem compensados pelos países que não possuíssem tais metas. Porém, no cenário internacional ou no ordenamento jurídico nacional não há qualquer ato normativo que discipline esse mecanismo.
Atuam na ação, a Procuradoria Regional Federal da 1ª Região, a Procuradoria Federal em Rondônia e a Procuradoria Federal Especializada junto àFunai, todas unidades da Procuradoria-Geral Federal (PGF), a Procuradoria Regional da União da 1ª Região (PRU1) e a Procuradoria da União junto ao Estado, ambas unidades da Procuradoria-Geral da União (PGU). A PGF e a PGU são órgão da AGU.
O caso é analisado na Vara Federal da Seção Judiciária do Estado de Rondônia.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

E os cavalinhos pagam o pato


pescado na Carta Maior, texto de Marcelo Justo

Londres – O escândalo da venda de carne de cavalo se converteu em uma bola de neve incontrolável. A Nestlé, maior empresa de alimentos do mundo, retirou produtos dos supermercados da Itália, Espanha, França e Portugal, depois que se encontraram rastros de DNA equino em três comidas processadas. Na semana passada, a Nestlé havia anunciado solenemente que seus produtos estavam a salvo do escândalo. Na verdade, quase ninguém hoje parece salvo de nada, por mais que empresas como a Nestlé e os próprios governos assegurem que a carne equina não é um perigo para a saúde.

A Nestlé retirou duas marcas de massas congeladas – Ravioli e Tortellini Buitoni – que estavam sendo vendidas na Itália e na Espanha, e uma de lasanha vendida na França e em Portugal. As provas de laboratório apontaram uma presença de 1% de carne de cavalo, mas a empresa decidiu suspender a comercialização de todos os produtos da empresa alemã H.J.Schypke, fornecedora dos congelados em questão. Na segunda-feira (18) uma cadeia internacional de supermercados sediada na Alemanha, Lidl, retirou produtos que continham vestígios de carne equina de seus supermercados localizados na Finlândia e na Suécia.

Desde que as autoridades irlandesas descobriram carne equina em uma amostra de hambúrguer à venda em supermercados, o escândalo se disseminou por toda a Europa, expondo uma cadeia globalizada de produção de alimentos repleta de intermediários, que viaja desde a Romênia – origem da venda da carne de cavalo – e Chipre para a França, o Reino Unido e o resto do sul e do norte da Europa.

A União Europeia está coletando provas por amostragem em seus 27 membros para detectar a presença de carne equina e butus, uma droga anti-inflamatória para cavalos, proibida na cadeia alimentar humana por seu impacto na saúde. Na França, um dos epicentros da crise, as autoridades estão investigando a Spanghero, uma empresa processadora de alimentos acusada de tratar de maneira fraudulenta cerca de 750 toneladas de carne equina.

A OCCRP, que investiga o crime organizado no leste europeu e na Ásia Central, identificou a empresa Draap Trading, com sede em Chipre, como a responsável pelo envio da carne de cavalo para a França. Draap, que admitiu a aquisição da carne de matadouros na Romênia, está registrada em um paraíso fiscal nas Ilhas Virgens e seu diretor, Jan Fasen, foi condenado no ano passado por vender carne equina da América do Sul como carne bovina alemã e holandesa.

Segundo o jornal dominical britânico “The Observer”, Draap usa exatamente a mesma rede de empresas que o russo Victor Bout, condenado em novembro de 2011 por fornecer armas às FARC da Colômbia e acusado de ser uma figura chave do tráfico internacional de armas na África e Oriente Médio. Rosie Sharpe, da ONG Global Witness, disse ao “The Observer” que a crise está revelando os perigos que representa uma opaquíssima globalização financeira. “Torna-se muito fácil processar o dinheiro que sai da venda de carne adulterada ou tráfico de armas para o crime organizado. É muito fácil ocultar o nome dos verdadeiros donos das empresas por meio de paraísos fiscais”, assinalou Sharpe. 

A esta opaca estrutura financeira se somam os cortes orçamentários em nível europeu. No Reino Unido, a Agência da Alimentação, que regula a venda de produtos alimentares, foi reduzida à metade com o programa de austeridade lançado pela coalizão Conservadora-Liberal Democrata em 2010. O atual ministro para o Meio Ambiente, a Alimentação e a Agricultura, Owen Patterson, foi um dos artífices destes cortes sobre um organismo que contava entre seus inimigos a indústria alimentícia e as cadeias de supermercados. Patterson teve que recuar com seu discurso de regulação “leve” e, mais irônico ainda, deixou de lado também o euroceticismo radical, declarando que “a Europa é a organização que deve coordenar nossos esforços”.

O programa de austeridade afetou também os municípios, cujas unidades de supervisão alimentar sofreram cortes de até 70%. Não surpreende tampouco que o setor público, obrigado a maximizar os recursos frente aos cortes, tenha saído queimado do escândalo. Em Lancashire, norte da Inglaterra, as autoridades tiveram que tirar de circulação os pasteis de carne de 47 escolas públicas. A Compass, uma empresa de alimentos que fornece comida processada para mais de sete mil escolas e hospitais do Reino Unido, reconheceu que um de seus produtos continha carne de cavalo.

Tradução: Katarina Peixoto

Vá convivendo com esses plásticos...




pescado na BBC Brasil

Componentes químicos artificiais presentes no nosso dia a dia podem ter um impacto significativo no sistema hormonal, favorecendo o desenvolvimento de doenças, de problemas de fertilidade e males congênitos, informa um estudo da ONU divulgado nesta terça-feira.
O estudo diz que o número de químicos EDCs - químicos com efeitos endocrinológicos, na sigla em inglês - aumentou "dramaticamente" entre 2000 e 2012, e muitos não são testados quanto a seus efeitos na saúde humana e na vida selvagem.
Eles incluem aditivos em embalagens, brinquedos, bens de consumo (eletrônicos, móveis, produtos de limpeza), produtos de cuidados pessoais (xampus, cremes, sabão) e farmacêuticos.
"Humanos estão expostos a EDCs por diversas formas, incluindo ingestão de comida, poeira, água, inalação e pela pele", aponta o relatório, feito em parceria da Organização Mundial da Saúde e a agência da ONU para o meio ambiente (Unep).
"Esses químicos vêm de fontes variadas, entram no meio ambiente durante a produção, o uso ou a eliminação de químicos e produtos e provocam diferentes (efeitos)."
O problema, diz o relatório, é que é ainda há poucos dados sobre como esses EDCs são produzidos e onde são colocados. Também faltam estudos detalhados sobre seus efeitos no sistema hormonal e sua relação com doenças específicas.
O que se acredita é que a exposição a muitos desses químicos pode estar ligada a casos de câncer de mama, tireoide e próstata, deformações em bebês, hiperatividade em crianças, diabetes, asma, obesidade, males de Alzheimer e Parkinson, derrames e queda de fertilidade.
Crianças podem entrar em contato com EDCs no ventre da mãe ou na infância, colocando coisas na boca.
Produtos químicos
Entre os produtos químicos que, segundo a ONU, podem alterar o sistema hormonal estão ftalatos (usados em plásticos maleáveis e na produção de brinquedos, perfumes e farmacêuticos, inclusive desodorantes); bisfenol A (também chamado BPA, substância usada para endurecer plásticos e encontrada em embalagens de bebidas e alimentos).
O relatório diz também que níveis relativamente altos de bifenil policlorado já foram encontrados em atuns coletados na costa do Brasil; o componente é um dos fatores de risco para câncer de mama.
Por enquanto, são poucos os países - EUA, Canadá e algumas nações europeias - que baniram o uso de alguns EDCs, especialmente em itens usados por crianças.
"No momento, apenas uma pequena parcela de químicos e poucos tipos de EDCs são medidos, fazendo deles a ponta do iceberg", prossegue o estudo, agregando que muitos produtos não declaram esses aditivos químicos em suas embalagens.
"Deve ser uma prioridade global desenvolver habilidades para medir possíveis EDCs e desenvolver um mapa detalhado das exposições (a que estamos sujeitos)."
Vida selvagem
O relatório da ONU também levanta preocupações quanto ao impacto dos EDCs na vida selvagem.
No Alasca (EUA), a exposição a alguns químicos pode ter contribuído para defeitos reprodutivos, infertilidade e má-formação em algumas populações de veados.
Grupos de lontras e leões marinhos também estão sob risco por estarem em contato com químicos presentes em pesticidas.
"Uma vez que um EDC entra no corpo de um (animal) invertebrado, um peixe, ave ou mamífero através da água ou da comida, o químico pode ser transportado a diferentes tecidos, onde pode ser metabolizado, excretado ou armazenado", aponta o estudo.
Substâncias que são EDCs (químicos de efeitos endocrinológicos)
Galaxolide (presente em cosméticos e outros produtos de cuidados pessoais)
Metil siloxano cíclico (presente em solventes)
Paraben (presente em preservativos)
Ftalatos (presentes em plásticos maleáveis)
Triclosan (presente em antimicrobianos)
Foram identificados EDCs também em anticoncepcionais, terapias hormonais, beta-bloqueadores, antidepressivos e antibióticos

Fonte: Relatório à ONU - State of the Science of Endocrine-Disrupting Chemicals 

Nota Botocuda
O artigo só menciona um dos mais nocivos EDCs estudado e sob grande questionamento critico na atualidade  en passant: trata-se do Bisfenol A ou BPA, utilizado na síntese de plásticos de policarbonato (mamadeiras e outros utensílios plásticos inquebráveis) e resinas epoxi, usadas largamente no revestimento interno de embalagens metálicas de alimentos. Olho vivo nesse!...