* Este blog luta por uma sociedade mais igualitária e justa, pela democratização da informação, pela transparência no exercício do poder público e na defesa de questões sociais e ambientais.
* Aqui temos tolerância com a crítica, mas com o que não temos tolerância é com a mentira.

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Hildegard Angel



BRILHANTE!... por Hildegard Angel, em seu blog
Venho, como cidadã, como jornalista, que há mais de 40 anos milita na imprensa de meu país, e como vítima direta do Estado Brasileiro em seu último período de exceção, quando me roubou três familiares, manifestar publicamente minha indignação e sobretudo minha decepção, meu constrangimento, meu desconforto, minha tristeza, perante o lamentável espetáculo que nosso Supremo Tribunal Federal ofereceu ao país e ao mundo, durante o julgamento da Ação Penal 470, apelidada de Mensalão, que eu pessoalmente chamo de Mentirão.
Mentirão porque é mentirosa desde sua origem, já que ficou provada ser fantasiosa a acusação do delator Roberto Jefferson de que havia um pagamento mensal de 30 dinheiros, isto é, 30 mil reais, aos parlamentares, para votarem os projetos do governo.
Mentira confirmada por cálculos matemáticos, que demonstraram não haver correlação de datas entre os saques do dinheiro no caixa do Banco Rural com as votações em plenário das reformas da Previdência e Tributária, que aliás tiveram votação maciça dos partidos da oposição. Mentirão, sim!
Isso me envergonhou, me entristeceu profundamente, fazendo-me baixar o olhar a cada vez que via, no monitor de minha TV, aquele espetáculo de capas parecendo medievais que se moviam, não com a pretendida altivez, mas gerando, em mim, em vez de segurança, temor, consternação, inspirando poder sem limite e até certa arrogância de alguns.
Eu, que já presenciara em tribunais de exceção, meu irmão, mesmo morto, ser julgado como se vivo estivesse, fiquei apavorada e decepcionada com meu país. Com este momento, que sei democrático, mas que esperava fosse mais.
Esperava que nossa corte mais alta, composta por esses doutos homens e mulheres de capa, detentores do Supremo poder de julgar, fosse imune à sedução e aos fascínios que a fama midiática inspira.
Que ela fosse à prova de holofotes, aplausos,  projeção, mimos e bajulações da super-exposição no noticiário e das capas de revistas de circulação nacional. E que fosse impermeável às pressões externas.
Daí que, interpretação minha, vimos aquele show de deduções, de indícios, de ausências de provas, de contorcionismos jurídicos, jurisprudências pós-modernas, criatividades inéditas nunca dantes aplicadas serem retiradas de sob as capas e utilizadas para as condenações.
Para isso, bastando mudar a preposição. Se ato DE ofício virasse ato DO ofício é porque havia culpa. E o ônus da prova passou a caber a quem era acusado e não a quem acusava. A ponto de juristas e jornalistas de importância inquestionável classificarem o julgamento como de “exceção”.
Não digo eu, porque sou completamente desimportante, sou apenas uma brasileira cheia de cicatrizes não curadas e permanentemente expostas.
Uma brasileira assustada, acuada, mas disposta a vir aqui, não por mim, mas por todos os meus compatriotas, e abrir meu coração.
A grande maioria dos que conheço não pensa como eu. Os que leem minhas colunas sociais não pensam como eu. Os que eu frequento as festas também não pensam, assim como os que frequentam as minhas festas. Mas estes estão bem protegidos.
Importa-me os que não conheço e não me conhecem, o grande Brasil, o que está completamente fragilizado e exposto à manipulação de uma mídia voraz, impiedosa e que só vê seus próprios interesses. Grandes e poderosos. E que para isso não mede limites.
Esta mídia que manipula, oprime, seduz, conduz, coopta, esta não me encanta. E é ela que manda.
Quando assisti ao julgamento da Ação Penal 470, eu, com meu passado de atriz profissional, voltei à dramaturgia e me lembrei de obras-primas, como a peça As feiticeiras de Salém, escrita por Arthur Miller. É uma alegoria ao Macartismo da caça às bruxas, encetada pela direita norte-americana contra o pensamento de esquerda.
A peça se passa no século 17, em Massachusets, e o ponto crucial é a cena do julgamento de uma suposta feiticeira, Tituba, vivida em montagem brasileira, no palco do Teatro Copacabana, magistralmente, por Cléa Simões. Da cena participavam Eva Wilma, Rodolpho Mayer, Oswaldo Loureiro, Milton Gonçalves. Era uma grande pantomima, um julgamento fictício, em que tudo que Tituba dizia era interpretado ao contrário, para condená-la, mesmo sem provas.
Como me lembro da peça Joana D’Arc, de Paul Claudel, no julgamento farsesco da santa católica, que foi para a fogueira em 1431, sem provas e apesar de todo o tempo negar, no processo conduzido pelo bispo de Beauvais, Pierre Cauchon, que saiu do anonimato para o anonimato retornar, deixando na História as digitais do protótipo do homem indigno. E a História costuma se repetir.
No julgamento de meu irmão, Stuart Angel Jones, à revelia, já morto, no Tribunal Militar, houve um momento em que ele foi descrito como de cor parda e medindo um metro e sessenta e poucos. Minha mãe, Zuzu Angel, vestida de luto, com um anjo pendurado no pescoço, aflita, passou um torpedo para o então jovem advogado de defesa, Nilo Batista, assistente do professor Heleno Fragoso, que ali ele representava. O bilhete dizia: “Meu filho era louro, olhos verdes, e tinha mais de um metro e 80 de altura”. Nilo o leu em voz alta, dizendo antes disso: “Vejam, senhores juízes, esta mãe aflita quebra a incomunicabilidade deste júri e me envia estas palavras”.
Eu era muito jovem e mais crédula e romântica do que ainda sou, mas juro que acredito ter visto o juiz militar da Marinha se comover. Não havia provas. Meu irmão foi absolvido. Era uma ditadura sanguinária. Surpreende que, hoje, conquistada a tão ansiada democracia, haja condenações por indícios dos indícios dos indícios ou coisa parecida…
Muito obrigada.

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

E assim vai... a imbecilidade não tem limites....


por Edson Caldas e Jéssica Oliveira, no Portal Imprensa


Nesta terça-feira (29/1), o jornalista e deputado federal, Paulo Pimenta (PT-RS), desmentiu a notícia de que seria dono da boate Kiss, em Santa Maria (RS), onde um incêndio na madrugada do último domingo (27/1) deixou pelo menos 231 mortos, 118 feridos, sendo 75 em estado grave. Após acionar a Polícia Civil, ele formalizará na Justiça Federal uma investigação sobre os autores da notícia. 

"Sou jornalista, tenho clareza da liberdade de expressão, mas esse tipo de notícia criminosa tem que ser coibida, é intolerável. Nós não vamos aceitar isso. Vamos transformar nossa indignação em ação concreta para punir os responsáveis por isso", disse Pimenta à IMPRENSA.


A origem da denúncia

Entre domingo (27/1) e segunda (28/1), a página no Facebook "Revoltados On-line" postou uma imagem, com uma foto de Pimenta junto à foto de Dilma Rousseff chorando sob os dizeres "Dono da boate Kiss - Deputado Paulo Pimenta do PT / Sabia que tinha petralha envolvido. O que eles mais sabem é assassinar inocentes". 

Segundo o blog Ponto Crítico, a postagem foi assinada por Marcello Reis, fundador da página na rede social. Porém, a publicação foi retirada do ar. Em seu lugar, nesta terça (29/1), há uma nova, mas em outro tom. A nova imagem não tem a foto de Dilma, mas apenas a de Pimenta sob os dizeres "Bombaaaaa - Informe Kiss / Informe Oficial Revoltados On Line". Leia abaixo.


Crédito:Reprodução


A reprodução

O jornalista Eduardo Homem de Carvalho, que reproduziu o post inicial em seu blog, também retirou o conteúdo do ar após pedido por escrito de Pimenta.
Crédito:Reprodução

No Twitter, diversos usuários passaram a denúncia adiante. Na própria rede social, Pimenta desmentiu tudo várias vezes e, ele, Carvalho e seguidores de ambos trocaram mensagens, ora de desculpas - dos que retuitaram -, ora de acusações ou explicações.


À IMPRENSA, Carvalho afirmou que apenas reproduziu o conteúdo, mas que não tem provas da denúncia. "Até porque não afirmei nada", disse. "Fiz ilações. O julgamento do mensalão nos fez ver que uma série indícios nos leva a uma prova. Já estive em Santa Maria. Tenho amigos lá, membros do poder judiciário, que me disseram que minhas “ilações não estavam erradas”, explicou.


Justiça contra os responsáveis

O deputado afirmou que reuniu prints (cópia dos posts em formato de imagens) de todas as postagens e já acionou a Polícia Civil por se tratar de crime contra a honra. O próximo passo, segundo ele, será procurar a Justiça Federal e processar os envolvidos "para que tenham a oportunidade de sustentar as denúncias".

"As pessoas têm que ter consciência de que o que elas publicam na internet tem consequências. E de que elas tem que responder por isso", ressaltou.


Revolta e indignação

"Ninguém falou comigo", afirma Pimenta. Segundo ele, a denúncia da página "Revoltados" foi reproduzida de forma tão irresponsável e criminosa quanto os que postaram primeiro.

"Eu nunca entrei nessa boate, não conheço nenhum dos sócios, não tenho qualquer tipo de relações com eles", afirmou. "É uma coisa tão absurda. Isso gerou revolta nas pessoas em Santa Maria, ainda mais num momento como esse. Dezenas das pessoas que morreram têm relações pessoais com minha família. Todo nosso pessoal está revoltado, indignado. Não tem nenhum tipo de fundamento", lamentou.


Procurados por IMPRENSA, ninguém da página Revoltados On Line se manifestou até o momento.

Jornal da Globo culpa PT pela tragédia em Sta. Maria... Demorou!...




reproduzido do Cloaca News


O jornalista e apresentador do Jornal da GloboWilliam Babaak, deu a largada, na noite de ontem, 28/1, ao processo criminal contra os responsáveis pela tragédia ocorrida em Santa Maria (RS) no último domingo.

De maneira torpe, e com seu habitual e desprezível estilo de editorializar o noticiário, o âncora do telejornal mais inútil da TV levou para o estúdio, ao vivo, um obscuro e destemperado "advogado criminalista" que, açulado por Babaak, concluiu o inquérito, julgou e apontou o governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, do Partido dos Trabalhadores, como o principal responsável pelo ocorrido em Santa Maria.

O titular deste Cloaca News sente-se constrangido ao informar que foi colega de bancos escolares de Babaak, nos tempos do antigo Ginásio Estadual Vocacional Oswaldo Aranha, em São Paulo. Em nome dos demais colegas, peço desculpas aos nossos inesquecíveis professores pela transformação de um de seus alunos em um tipo como Babaak, que, inescrupulosamente, e a soldo de interesses inconfessáveis, politiza uma tragédia e desrespeita a dor daqueles que acabaram de perder seus entes mais queridos.
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Para assistir ao bloco do JG de ontem, clique aqui.

Isso vai virar borboleta?...

ilustração Diário Catarinense

A população de Florianópolis começa a fazer piadas sobre as multas aplicadas para saber quem foi o responsável pelo vazamento do resíduo cancerígeno "Ascarel". É tudo uma encenação: nem a multa de R$ 50 milhões aplicada pelo Ibama na Celesc e a multa da Fatma na Celesc e na UFSC, nunca serão pagas...

É, tem coisas que só o tempo dirá...

pescado no Temperos & Apimentadas

sábado, 26 de janeiro de 2013

Isso você nunca verá na Globosta




Ainda bem que existem, aqui e ali, algumas opções de informação alternativas à velha midia babona, como esse jornal Terra, por exemplo.

Para ficar didaticamente informado da estrutura, sinecura  e da máfia que vige nesse matagal que é a geração, distribuição  e venda de energia no Brasil, em face a recente decisão do governo federal de reduzir as tarifas aos consumidor comum, essa entrevista (14:00 minutos) com Carlos Cavalcanti - Diretor de Infraestrutura da FIESP - é fundamental. 

Até o minuto 8:00 explica com todos os detalhes a estrutura da sacanagem vigente. A partir dai vai esclarecer porque essa medida da presidente Dilma deixou os tucanos depenados de tanto bicarem a própria bunda.



Parabéns!... São Paulo

Homenagem deste blog a essa cidade espetacular

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Nota de Falecimento


por Leandro Fortes, na Carta Capital

A reação formal do PSDB ao pronunciamento da presidenta Dilma Rousseff sobre a redução nos preços das tarifas de energia elétrica, em todo o país, é o momento mais lamentável do processo de ruptura histórica dos tucanos desde a fundação do partido, em junho de 1988.
O presidente nacional do PSDB, Sergio Guerra. Foto: Agência Brasil
O presidente nacional do PSDB, Sergio Guerra. Foto: Agência Brasil
A nota, assinada pelo presidente da sigla, deputado Sérgio Guerra, de Pernambuco, não vale sequer ser considerada pelo que contém, mas pelo que significa. Trata-se de um amontoado de ilações primárias baseadas quase que exclusivamente no ressentimento político e no desespero antecipado pelos danos eleitorais inevitáveis por conta da inacreditável opção por combater uma medida que vai aliviar o orçamento da população e estimular o setor produtivo nacional.
Neste aspecto, o deputado Guerra, despachante contumaz dessas virulentas notas oficiais do PSDB, apenas personaliza o ambiente de decadência instalado na oposição, para o qual contribuem lideranças do quilate do senador Agripino Maia, presidente do DEM, e o deputado Roberto Freire, do PPS. Sobre Maia, expoente de uma das mais tristes oligarquias políticas nordestinas, não é preciso dizer muito. É uma dessas tristes figuras gestadas na ditadura militar que sobreviveram às mudanças de ventos pulando de conchavo em conchavo, no melhor estilo sarneysista. Freire, ex-PCB, tansformou a si mesmo e ao PPS num simulacro cuja fachada política serve apenas de linha auxiliar ao pior da direita brasileira.
O PSDB surgiu como dissidência do PMDB que já na Assembleia Constituinte de 1986 caminhava para se tornar nisto que aí está, um conglomerado de políticos paroquiais vinculados a interesses difusos cujo protagonismo reside no volume, a despeito da qualidade de muitos que lá estão. A revoada dos tucanos parecia ser uma lufada de ar puro na prematuramente intoxicada Nova República de José Sarney. À frente do processo, um grande político brasileiro, Mário Covas, que não deixou herdeiros no partido. De certa forma, aquele PSDB nascido sob o signo da social democracia europeia, morreu junto com Covas, em 2001. Restaram espectros do nível de José Serra, Geraldo Alckmin e Álvaro Dias.
Aliás, o sonho tucano só não morreu próximo ao nascedouro, em 1992, porque Covas impediu, sabiamente, que o PSDB se agregasse ao moribundo governo de Fernando Collor de Mello, às vésperas do processo de impeachment. A mídia, em geral, nunca toca nesse assunto, mas foi o bom senso de Covas que barrou o movimento desastrado liderado por Fernando Henrique Cardoso, que pretendia jogar o PSDB na fossa sanitária do governo Collor em troca de assumir o cargo de ministro das Relações Exteriores. FHC, mais tarde chanceler e ministro da Fazenda de Itamar Franco, e presidente da República por dois mandatos, nunca teria chegado a subprefeito de Higienópolis se Covas não o tivesse impedido de aderir a Collor.
Fala-se muito da extinção do DEM, apesar do suspiro do carlismo em Salvador, mas essa agremiação dita “democrata” é um cadáver insepulto há muito tempo, sobre o qual se debruçam uns poucos reacionários leais. É no PSDB que as forças de direita e os conservadores em geral apostam suas fichas: há quadros melhores e, apesar de ser uma força política decadente, ainda se mantém firme em dois dos mais importantes estados da federação, São Paulo e Minas Gerais.
E é justamente por isso que a nota de Sérgio Guerra, um texto que parece ter sido escrito por um adolescente do ensino médio em pleno ataque hormonal de rebeldia, é, antes de tudo, um documento emblemático sobre o desespero político do PSDB e, por extensão, das forças de oposição.
Essas mesmas forças que acreditam na fantasia pura e simples do antipetismo, do antilulismo e em outros venenos que a mídia lhes dá como antídoto ao obsoletismo em que vivem, sem perceber que o mundo se estende muito além das vontades dos jornalões e da opinião de penas de aluguel que, na ânsia de reproduzir os humores do patrão, revelam apenas o inacreditável grau de descolamento da realidade em que vivem.

Sistemas de Saúde e Sistemas de Saúde


Estou assistindo mais este ótimo documentário de Michael Moore sobre os sistemas de saúde no Imperio do Bem do Norte (que já vou postar aqui mesmo que ainda não tenha visto até o fim, mas o que vi até agora já está me convencendo 98% - uso a ferramenta “asssitir mais tarde”e assim posso dividir documentários longos em vários capítulos menores).

Como sempre, ótimo documentário que deve ser assistido por todos que tem planos de saúde brazucas tipo Unimed da vida e vivem defendendo a “livre iniciativa” para tratar assuntos sensíveis como este e outros.

Se o SUS, odiado pela grande mídia tupiniquim vendilhona falhar, vamos chegar inexoravelmente a isto e ai estaremos bem arranjados.

Tire um tempo este fim de semana e assista esse documentário - é longo (2 horas), mas vale muito a pena. Começa e ficar realmente interessante por volta do minuto 12:00. É uma coisa triste....

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Assim funcionam as coisas - rabos do grupo Abdalla


Por Guilherme Zocchio, no Repórter Brasil

Antônio Carlos Coutinho Nogueira e José Bonifácio Coutinho Nogueira Filho, donos da EPTV, afiliada da Rede Globo em Campinas, estão a frente da Usina Ester, que conseguiu na Justiça Federal reintegração de posse da área em que fica o Assentamento Milton Santos, em Americana, no interior de São Paulo. Com a decisão, 68 famílias estão ameaçadas de despejo no próximo dia 30. A área é considerada modelo em técnicas de agroecologia e na produção de alimentos sem veneno. A Repórter Brasil tentou contato com ambos para obter uma posição sobre a situação por meio da assessoria de imprensa da Usina Ester e da rede EPTV, mas não obteve retorno. A assessoria da Usina limitou-se a informar que “aguarda o cumprimento da decisão judicial”. 

Além dos dois empresários, representantes do  grupo Abdalla também têm interesse no processo. Foram eles que arrendaram o terreno para a Usina Ester e que hoje alegam serem os legítimos proprietários da área. Ninguém ligado ao grupo, que foi um dos mais poderosos do estado até a década de 1980, foi encontrado para comentar o caso. 




Horta no assentamento Milton Santos, que é referência em agroecologia e produz  verduras, frutas e raízes (Foto: Eduardo Kimpara / Flickr (CC))

Nos balanços financeiros da Usina Ester disponíveis para download no site da empresa, Antônio Carlos Coutinho Nogueira figura como presidente da companhia, e José Bonifácio Coutinho Nogueira Filho, seu irmão, como acionista e membro do conselho administrativo, ao lado de outros parentes. Eles detêm a concessão de 5 veículos —duas estações de rádios e três canais de televisão, quatro em São Paulo e um em Minas Gerais—, segundo informações do site “Os Donos da Mídia”, que reúne informações sobre os principais proprietários de canais de mídia do país (veja o perfil de Antônio Carlos e de José Bonifácio na página do projeto).

Os irmãos José e Antônio, concessionários de mídia
e acionistas da Usina Ester (Foto: Divulgação)
Ambos são filhos de José Bonifácio Coutinho Nogueira, ex-diretor da TV Cultura que fundou em 1979 o grupo das Emissoras Pioneiras de Televisão (EPTV), conjunto de retransmissoras da Rede Globo de Televisão no interior de São Paulo.
 Além das atividades como empresário no setor de comunicações, o fundador da EPTV também acumulou cargos e esteve próximo de figuras significativas da política brasileira. Foi secretário de Agricultura do Estado de São Paulo, no governo de Carvalho Pinto (1959-1963), e secretário de Educação durante a gestão do governador biônico Paulo Egydio Martins (1975-1979).

A concentração de meios de comunicação nas mãos de políticos ou grandes grupos empresariais é um fenômeno recorrente no Brasil, de acordo com Pedro Ekman, membro de entidade da sociedade civil que estuda e trabalha sobre o direito à comunicação no país, o coletivo Intervozes. Ele explica que, como as concessões de rádio e televisão levam em conta muito mais um critério econômico do que social, isso tende a concentrar os meios de mídia nas mãos de poucos grupos ou pessoas com maior poder aquisitivo.

“A falta de uma política de redistribuição entre mais atores públicos e privados, de diferentes estratos sociais, acaba gerando essa coincidência entre proprietários de terras e concessionários de meios de comunicação”, avalia.


Família Abdalla

A confusão jurídica que ameaça as famílias hoje está relacionada ao histórico do "Sítio Boa Vista", como é conhecida a propriedade. A Usina Ester alega ter direito sobre a área por ter arrendado o terreno do grupo Abdalla, fundado pelo empresário José João Abdalla —que respondeu em vida a mais de 500 processos judiciais, segundo levantamento disponível no Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC), da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Entre os processos está o movido pelo Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) em 1976, que conseguiu o terreno como garantia de pagamento de dívidas trabalhistas. 

Do INSS a área foi repassada ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), onde, em 2006, as 68 famílias de camponeses foram assentadas. O terreno estava ocupado pela plantação de cana de açúcar da Usina Ester, mas, na Justiça Federal, o órgão conseguiu em dezembro de 2005 garantir a implantação do projeto de agroecologia, hoje tido como modelo no interior de São Paulo. A decisão foi revertida no final do ano passado, quando, por meio de outro processo, a Usina Ester e o Grupo Abdalla alegam ter quitado as dívidas que resultaram na desapropriação e readqurido o terreno. 
O grupo Abdalla figurou durante mais de 50 anos como um dos mais poderosos conglomerados econômicos do Estado de São Paulo. Constituído a partir dos anos 1920 pelo empresário José João, o empreendimento manteve negócios com empresas que iam desde o ramo têxtil até bancos, na área financeira, ou outros investimentos rurais ou industriais. Seu fundador também teve carreira política, pela qual passou nos cargos de vereador, deputado estadual e federal e secretário do Trabalho, Indústria e Comércio de São Paulo, na gestão do governador Ademar de Barros (1947-1951).



Cercados por veneno 

Visto por imagens de satélite, o Assentamento Milton Santos aparece cercado por extensas plantações de cana de açúcar. Maria de Fátima da Silva, moradora da área e dirigente estadual do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), diz que o uso recorrente de veneno pela Usina Ester prejudica até hoje a lavoura dos produtores do assentamento. “O uso de agrotóxicos na região é um dos maiores conflitos”, aponta.

Terreno onde está o assentamento Milton Santos (em roxo) está cercado pela produção de cana de açúcar da Usina Ester S/A (Fonte: Wikimapia)

Diante da possibilidade de despejo, as famílias têm realizado mobilizações e defendido que a presidência da República decrete a desapropriação da área — medida que, na avaliação dos assentados, pode reverter a reintegração de posse determinada pela Justiça Federal. No último dia 15, terça-feira, manifestantes ocuparam a sede do INCRA em São Paulo (SP) para pressionar o governo federal. Outros deram início nesta semana a uma greve de fome em frente ao escritório da Secretaria da Presidência da República em São Paulo (SP), que fica na região da Avenida Paulista. Na quarta-feira, 23, outro grupo de assentados ocupou a sede do Instituto Lula, no bairro do Ipiranga, também em São Paulo (SP).


Segundo manifesto redigido por agricultores do assentamento, Lula foi o “presidente da República que, em 2006, assinou a concessão do terreno do Assentamento Milton Santos para fins de reforma agrária”. Eles pedem que o ex-presidente interceda junto a Dilma Rousseff (PT), para que ela assine o decrete de desapropriação da área e reverta a situação judicial em favor do assentamento. O manifesto pode ser lido na íntegra aqui.

Os bons corvos


reproduzido do 247

Durante anos, décadas até, os grandes jornais brasileiros vocalizaram uma das maiores demandas empresariais no País: a redução do Custo Brasil. Nele, um dos principais componentes de custo é a tarifa de energia, historicamente uma das mais caras do mundo – especialmente após o processo de privatização. Dezenas de eventos foram organizados em vários pontos do País e muito pouco, ou quase nada, se fez.
Até que uma mulher, a presidente Dilma Rousseff, decidiu enfrentar essa questão. E não de maneira intervencionista. Valendo-se de uma oportunidade, que era a renovação das concessões de várias usinas do setor elétrico, o governo obteve preços menores pela energia já amortizada pelas concessionárias públicas ou privadas. Resultado: a conta de luz cairá em 18% para as residências e até 32% no setor industrial.
Uma notícia, certamente, de forte impacto popular, para um governo que já desfruta de altos índices de popularidade. No seu discurso de ontem, Dilma falou que a redução valerá até nos estados onde os governantes se recusaram a renovar as concessões – ela mencionava São Paulo, Minas e Paraná, governados pelo PSDB, mas não citou os nomes. E disse que a turma "do contra" estaria ficando para trás.
Pois os corvos, na manhã desta quinta-feira, vestiram a carapuça. Quem gralhou mais alto foi Reinaldo Azevedo, que falou em "populismo elétrico" e "campanha eleitoral" na tomada. "Quem falava era a candidata à reeleição em 2014. Até aí, vá lá. É a sina dos políticos nas democracias; disputar eleições é parte do jogo. O que incomodou foi outra coisa: por que o tom de desafio e, às vezes, de certo rancor? Porque, no petismo — seja o lulista ou o dilmista —, mais importante do que vencer, é a sensação de que o adversário perdeu", escreveu Reinaldo, que – efetivamente – perdeu. Se dependesse da sua vontade, não haveria o pacote para a redução das tarifas.
Outro corvo que se posicionou, em artigo no Globo, foi o jornalista Carlos Alberto Sardenberg. "Pode ser que o governo não tenha uma política, mas apenas alvos. E cada vez que atira em um, acerta no que não devia. Um exemplo da hora: a redução das tarifas de energia vai estimular famílias e empresas a consumir mais, lógico. Isso em um momento em que os reservatórios das hidrelétricas, a energia mais barata, estão em ponto crítico, exigindo o apoio das usinas termoelétricas, mais caras. O processo ainda retira recursos das companhias hidrelétricas, diminuindo sua capacidade de investimento em novas fontes. O pior de tudo é que o Brasil já viu isso nos anos 70 e 80".
Não, na verdade o Brasil nunca viu esse filme: tarifas públicas sendo reduzidas, nessa intensidade, numa negociação aberta, mas liderada pelo governo. Talvez por isso mesmo, mas não sem uma ponta de ironia, o Globo tenha noticiado o caso com um "nunca antes na história deste País". E avisado, como bom corvo, que a queda de luz será compensada pela alta, ainda não confirmada, da gasolina.



Empresário brasileiro lê jornais?...


A julgar pela leitura dos grandes jornais brasileiros, conclui-se que os empresários nacionais não investem porque perderam a confiança no futuro. Temem a falta de energia, gerada pela suposta má gestão do setor elétrico, e a alta de preços, decorrente do abandono da política de metas pelo Banco Central. Inseguros, engavetam seus projetos.
No entanto, a julgar pelo que dizem os próprios empresários, o cenário é outro. Ouvidos pelos organizadores do Fórum Econômico Mundial, em Davos, eles se colocam entre os quatro mais otimistas em relação ao ano de 2013. Entre os "muito confiantes", os brasileiros ficam atrás apenas de russos, indianos e mexicanos, mas superam chineses, alemães e norte-americanos, por exemplo.
Os números surgem da 16ª pesquisa anual feita pela consultoria PricewaterhouseCoopers, que entrevistou 1.330 CEOs (presidentes de empresas) em 68 países, no último trimestre do ano passado.
Além do otimismo de quem já está no País, também é importante notar que o Brasil é apontado como um dos três mercados mais relevantes por executivos de 68 países, atrás apenas de Estados Unidos e China.
Os resultados da pesquisa foram apresentados ontem, véspera da inauguração do encontro anual 2013 do Fórum Econômico Mundial. 

O cara é esse aqui



O contraventor Carlinhos Cachoeira obteve mais uma vitória na Justiça. O Tribunal Regional Federal da Primeira Região (TRF-1) decidiu na tarde de quarta-feira, 23, manter livres de qualquer bloqueio judicial os bens da Vitapan, empresa do ramo farmacêutico que é controlada por pessoas do grupo do contraventor.
Já é a terceira vez que o Ministério Público Federal tenta, sem sucesso, congelar os bens da empresa, liberados desde o dia 15 de novembro do ano passado – informa reportagem do Estadão.
Os desembargadores da Segunda Seção do tribunal foram unânimes em acompanhar o voto do relator Tourinho Neto, o mesmo que concedeu habeas corpus a Cachoeira. Tourinho é favorável a deixar os recursos da empresa livres de qualquer restrição imposta pela Justiça.
Os magistrados decidiram ainda emitir ordem ao juiz de primeira instância Alderico Rocha dos Santos, de Goiás, para que mantenha os bens desbloqueados. Em caso de descumprimento da decisão, o próprio tribunal autorizará a medida.
pescado no Goiás247

Fundação do Meio Ambiente da nossa Santa (e bela) Catarina

NOTA PRELIMINAR: Finalmente está caindo a ficha da sociedade catarineta para esse descalabro?... eu já sabia e venho falando isso desde 2004.



cometário de Raul Sartori, em seu blog


Há uma quase total unanimidade em SC em relação à sua fundação estadual de meio ambiente (Fatma): ela é lenta, ineficiente, irracionalmente burocrática, não raro corrupta, e principalmente cara quanto aos custos de seus serviços, especialmente para concessão de licenças. Algumas delas aumentaram cerca de 400% nesse ano em relação a 2012. Ela é um entrave ao desenvolvimento, aos negócios, porque demora muito para decidir e não raro decide mal. Seu novo presidente, Gean Loureiro, tem um grande desafio pela frente: dar-lhe um mínimo de eficiência e credibilidade.

A ineficiência da Fatma pode custar caro ao bolso do contribuinte. Hoje 433 propriedades rurais produtoras de suínos e outras 300 produtoras de aves no oeste de SC estão paralisadas por ter as licenças vencidas. Todas cumpriram com as obrigações, mas a Fatma ainda não emitiu sua renovação, alegando falta de pessoal, principalmente. Em uma eventual ação judicial de indenização pelos prejuízos causados, é evidente que ela será condenada em alguns milhões. E quem vai ser chamado a bancar? Lógico, aquele otário de sempre.




Yamaha 1300cc foi pro brejo!...

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Justiça Federal condena a Foz do Chapecó a pagar mais de R$ 26 milhões em compensação ambiental


A Justiça Federal condenou, em ação civil pública do Ministério Público Federal (MPF), a empresa Foz do Chapecó S/A ao pagamento de uma diferença de mais de R$ 26 milhões, relativa à compensação ambiental pela implantação da Usina Hidrelétrica (UHE) Foz do Chapecó. A obra foi concluída em 2010 e está localizada no Rio Uruguai, na divisa entre os municípios de Águas de Chapecó (SC) e de Alpestre (RS).

A ação do MPF foi ajuizada em dezembro de 2006 pelo então Procurador da República em Chapecó, Carlos Henrique Macedo Bara, com o objetivo de evitar a aplicação irregular dos recursos estipulados pela compensação ambiental e assegurar a correta mensuração do valor da compensação.

Na época, informações disponibilizadas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) indicavam que o orçamento para a construção da UHE era de R$ 844 milhões. No entanto, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) divulgou e diversos meios de comunicação noticiaram que o investimento chegaria a R$ 2 bilhões. Como o custo real do empreendimento repercutia diretamente no valor da compensação ambiental, fixada em 1,9% do valor da obra, o MPF entendeu necessária a reavaliação desse valor.

A sentença da Justiça Federal levou em consideração um laudo pericial que demonstra o gasto de R$ 2.094.694.258,39 para a conclusão do empreendimento. Em função disso, a Foz do Chapecó foi condenada a pagar a diferença atualizada de R$ 26.600.521,20.

Temos que descobrir agora quem vai gerir esses recursos e como serão aplicados, pois se

A destinação desse recurso não foi objeto da decisão, já que as unidades de conservação beneficiárias foram definidas conforme normas de execução, cuja responsabilidade cabe à Câmara Federal de Compensação Ambiental (CFCA), um órgão colegiado do Ministério do Meio Ambiente.

extraido do sitio do MPF/SC ACP nº 2006.72.02.010577-8



NOTA DOS ABORÍGENES 

Temos que descobrir agora quem vai gerir esses recursos e como serão aplicados, pois se for pra cair no Fundo de Bens Lesados que é administrado pelo próprio MP, vai se ver que estavam trabalhando em causa própria.


Los hermanos


twitter da PRF/SC

21/01/2013 - No domingo à tarde PRFs de Joaçaba flagraram um veículo argentino rebocando outro veículo argentino com corda.

Ao realizar a abordagem dos dois veículos, constataram que os ocupantes dos dois veículos estavam sem cinto de segurança.

Os veículos foram autuados pelas duas infrações.

sábado, 19 de janeiro de 2013

A oposição tupiniquim e a mídia babona não aprendem mesmo



por Marcos Coimbra, na Carta Capital
2013 mal começou e a nova batalha das oposições, partidárias e extraparlamentares, já está em pleno andamento. Se a primeira quinzena de janeiro transcorreu assim, imagine-se o restante do ano.
É fácil perceber o que as move e aonde pretendem chegar.
A espetacularização do julgamento do “mensalão” foi feita com o único objetivo de desconstruir a imagem do PT no plano moral. O que buscavam era marcar o partido e suas principais lideranças com o estigma da corrupção, a fim de erodir suas bases na sociedade.
Só quem acredita em histórias da carochinha levou a sério a versão de que a imprensa oposicionista tinha o desejo sincero de renovar nossos costumes políticos e promovera “limpeza das instituições”. Seus bons propósitos são tão  verdadeiros quanto os de Pedro Malasartes, personagem de nosso folclore famoso pelo cinismo e a falta de escrúpulos.
Por maiores que tenham sido seus esforços, obtiveram, no entanto, sucesso apenas parcial na empreitada, como vimos quando as urnas da eleição municipal foram abertas. Os resultados nacionais e algumas vitórias, como a de Fernando Haddad, em São Paulo, mostraram que os prejuízos sofridos pelo PT em decorrência do julgamento ficaram bem aquém do que calculavam.
Essa frustração as levou ao ponto em que estão hoje. De um lado, a insistir no moralismo e na tentativa de transformar o “mensalão” em assunto permanente da agenda nacional. Querem forçar o País a continuar a debatê-lo indefinidamente, como se tivesse a importância de temas como a democracia, o desenvolvimento econômico, o meio ambiente e a educação.
De outro, a diversificar os ataques, assestando as baterias em direção a novos alvos, procurando atingir a imagem administrativa da presidenta e do governo Dilma. Por extensão, de todo o PT. 
Não chega a ser um projeto original. Nas disputas politicas, nenhuma novidade há em acusar os adversários, simultaneamente, de corrupção e incompetência. Em dizer que, além de se apropriar de recursos públicos, não sabem governar, e que não há, portanto, qualquer razão para apoiá-los, sequer o argumento do “rouba, mas faz”. Neste início de ano, o discurso das oposições, em especial da armada midiática, é afirmar que o PT rouba e não faz.
Atravessamos os primeiros quinze dias de 2013 como se vivêssemos uma crise gravíssima e difusa, como se o Brasil estivesse na iminência da paralisia total. Quem acompanhou o noticiário só ouviu falar em problemas, gargalos e decepções.
É o inverso do que ela costuma fazer em janeiro, quando a maioria de seus leitores está de férias e pensa em outras coisas. Ao invés das habituais reportagens amenas sobre a Musa do Verão e os preparativos para o Carnaval, tudo que publicam tem tom catastrófico. Os mais radicais não escondem a satisfação com o fraco desempenho do PIB em 2012 e os problemas de abastecimento elétrico em diversas regiões. Ficaram algo tristes com a modestas tragédias naturais do começo do ano. Por enquanto, o que lhes resta é torcer por calamidades espetaculares.
“Pibinho”, crise de gestão, apagão, desindustrialização, inflação, desemprego, falta de ar refrigerado no Santos Dumont, a disparada no preço do tomate, tudo vai mal no Brasil, segundo a mídia oposicionista. Por culpa de Lula, que “não soube aproveitar a sorte” e “desperdiçou a herança de FHC”, e de Dilma, que é “centralizadora”, “estatista” e “antiquada”. Batem em tudo que veem e, se não veem, inventam. Nos últimos dias, até o Bolsa-Família entrou na linha de mira dos “grandes jornais”. Sem falar na raiva contra Hugo Chávez, a quem parecem detestar somente por ser amigo dos petistas - visto que nunca dedicaram aversão igual aos governantes de direita do continente.
São como os lutadores de boxe que não possuem em seu repertório um soco capaz nocautear o adversário. Lembram os pesos-moscas enfezados do Oriente, que brigam desferindo a esmo diretos, cruzados, jabs e uppercuts - além de, vez por outra, golpes baixos.
Funciona?
Até agora, pode-se dizer que não. Apesar do coro negativista, as pessoas comuns continuam satisfeitas com o País e o governo, e esperançosas em relação ao futuro.
Em recente pesquisa da Vox Populi, 68% dos entrevistados disseram esperar que a situação de suas famílias venha a melhorar nos próximos seis meses, contra 2% que temem que piore. E o mais provável é que os otimistas é que tenham razão.
Esta semana, outro patético esforço de mobilizar os “indignados” conseguiu colocar dez cidadãos na Avenida Paulista. Portavam cartazes pedindo “Basta!”. Ficaram falando sozinhos.
Uma coisa é conseguir a adesão de meia dúzia de ministros do Supremo, a maioria já alinhada com a oposição. Outra é encher as ruas. Isso, ela nunca soube fazer. E não consegue aprender.

A dialética da libertação no filme "O Golpista do Ano"

reproduzido do blog Cinema Secreto - Cinegnose, texto de Wilson R. Vieira Ferreira

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Todas as interpretações dos críticos sobre “O Golpista do Ano” (I Love You Phillip Morris, 2009) parecem se esquecer de uma frase dita pelo protagonista que é o grande mote do filme: “ser gay é realmente muito caro!”. A ironia social contida nessa frase refletiria uma espécie de “dialética da libertação” recorrente em cada movimento de contestação: dominação-rebelião-dominação. Assim como na História cada contestação a um sistema de dominação traria dentro de si a contra-revolução, da mesma forma o movimento progressista LGBT ironicamente se transformou no modelo ideal de consumidores em uma sociedade de consumo globalizada: consumidores perfeitos porque liquidaram simbolicamente a ordem patriarcal estática e anacrônica para os propósitos de um novo capitalismo caracterizado pela fluidez generalizada de valores, corpos e informação.

“A indignação contra a manipulação é o último scoop patrocinado pela ideologia” (Massimo Canevacci, Antropologia do Cinema)

Steven Russell (Jim Carrey) sempre foi homossexual. Mas todas as características desejadas de uma vida familiar bem sucedida ajudaram a encobrir isso: ex-oficial da polícia, honesto, pai de família exemplar, bem-casado e religioso. Mas um violento acidente de carro sacode sua vida o suficiente para decidir não mais sustentar a farsa e joga tudo para o alto para fugir no mundo e assumir seu verdadeiro Eu, que é ser um homem gay.

Muda-se para Miami onde conhece seu namorado chamado Jimmy (Rodrigo Santoro) e passa a viver um luxuoso “gay life style” desfilando com coloridas roupas de grife e conduzindo dois mini pinchers através de alamedas repletas de bares, restaurantes e lojas. E qual o único problema dessa nova vida? “Ser gay é realmente muito caro!”, conclui Steven.


Para sustentar tudo isso Steven embarca em uma vida de fraudes para conseguir dinheiro fácil. Começa simulando um acidente para ganhar uma indenização para depois partir para fraudes em cartão de crédito e assim por diante até parar na prisão.

Como um grande manipulador, Russell mantém seus privilégios na prisão com refeições à base de camarão e chocolate. Lá se apaixona loucamente por Philip Morris o que fará Russell manter sua trajetória de falcatruas querendo dar ao seu amor caros privilégios. Fora da cadeia falsifica um impressionante currículo para virar diretor financeiro e aplicar altos golpes em investimentos de curto prazo.

Ou seja, por conta do golpismo compulsivo Russell voltará à prisão diversas vezes, o que fortalecerá ainda mais os laços afetivos com Morris.

Várias interpretações foram feitas sobre a narrativa do “Golpista do Ano” que associa a amoralidade com a afirmação homossexual. Primeiro, e o mais óbvio, que o filme teria uma tendência à homofóbica.

Outra, que o filme é um pesadelo aos reacionários ao mostrar um mundo onde os gays teriam mais privilégios do que eles.

Há ainda aqueles que veem no filme um irônico libelo contra o teatro social que impediria todos nós de assumirmos nossos “eus”: Steven e Morris parecem que só foram realmente felizes na cadeia. Fora dela, Steven tem que assumir uma galeria de disfarces e papeis (jogar golfe com chefes e fingir ter uma noiva) que impediria a todos nós de sair do armário.

Mas todas as interpretações, preocupadas que estão somente com as questões de gênero, esquecem de uma simples frase que é o grande mote do filme: “Ser gay é realmente muito caro!”.

A “Dialética da Civilização”


Essa constatação de Steve Russell sintetizaria a grande ironia de “O Golpista do Ano”: o protagonista se liberta da questão do gênero sexual para cair na dominação da sociedade de consumo – ele introjeta a relação fetichista com as mercadorias (seu amor por Morris só pode ser expresso por meio do luxo e ostentação), a amoralidade (golpes onde os fins justificam os meios) e o hedonismo (liberto das preocupações futuras que envolvem filhos e família ele apenas se preocupará com o presente), as principais categorias do consumismo.

Para Herbert Marcuse, todo 
sistema de dominação parece 
já conter a rebelião
Indo mais além, essa frase também resumiria o que poderíamos chamar de “dialética da libertação” presente em todos os movimentos de emancipação das chamadas minorias (LGBT – Lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transgêneros - feministas etc.) que poderia ser assim esquematizado: dominação-rebelião-dominação. A cada movimento de constestação a um sistema dominação (seja sexual, político, econômico etc.), a cada rebelião segue-se uma contra-revolução e no final uma restauração. A luta dos oprimidos parece sempre resultar logo depois num sistema melhor e mais amplo de dominação.

O pensador Herbert Marcuse em seu livro “Eros e Civilização” talvez tenha sido aquele que melhor explicou essa dialética perversa que ele descrevia como “dialética da civilização”:
“No nível social, às revoluções e rebeliões recorrentes seguiram-se contra-revoluções e restaurações. Das revoltas de escravos no mundo antigo à revolução social do nosso tempo, a luta dos oprimidos terminou no estabelecimento de um novo e melhor sistema de dominação; o progresso teve lugar através do aperfeiçoamento da cadeia de controle. Cada revolução foi o esforço consciente para substituir um grupo dominante por outro, mas cada revolução desencadeou também forças que ‘ultrapassaram a meta’ (...) em todas as revoluções parece ter havido um momento histórico em que a luta contra a dominação poderia ter sido vitoriosa... mas o momento passou. Nesse sentido, todas as revoluções foram revoluções traídas” (MARCUSE, Herbert. Eros e Civilização. R. de Janeiro: Zahar Editores, 1981, p.92).
Se o movimento LGBT postula direitos e a libertação em relação a entidades opressivas bem definidas e concretas como a ordem patriarcal, o preconceito e a intolerância de instituições locais, por outro lado ele é absorvido e celebrado por instituições mais abstratas de controle e dominação: o domínio do antigo pai repressivo foi expandido para o domínio da própria sociedade de consumo. Um poder mais racional porque liberado das antigas crenças religiosas e preconceituosas.

O consumidor ideal


Segundo dados do IBGE o consumo gay é em média 30% superior ao consumo heterossexual. O chamado turismo gay (de hotéis de luxo a cruzeiros) cresce a cada ano em cifras impressionantes: são mais de 4,5 bilhões de dólares por ano.
Donos de bom poder aquisitivo, fiéis às suas marcas preferidas e muito interessados em inovação, gastam até 30% mais em bens de consumo, 43% mais com lazer e 64% a mais com cosméticos dos que os heterossexuais, segundo pesquisa da consultoria InSearch. Potencial que se explica principalmente pela diferença no estilo de vida - como a maior parte deles não tem filhos, sobra mais dinheiro para viagens, roupas,lazer e investimento no desenvolvimento pessoal.” (“Universo Gay e o Mundo dos Negócios”, Época – 13/08/2012).
O sistema econômico atual é caracterizado pela fluidez e a circulação máxima de bens, corpos e identidades. Papel moeda, identidades rígidas e agências de socialização locais (família, escola e igreja) são anacrônicos em um sistema cujos fluxos tornaram-se forma dominante de produção de valor. Dinheiro eletrônico, capital volátil e atomização de indivíduos liberados dos laços familiares, de nacionalidade ou de gênero são hoje formas estruturalmente desejáveis e necessárias para a promoção de uma sociedade de consumo generalizada.

Preconceitos e intolerâncias são regressivos em termos civilizatórios, mas (e essa é a ironia) são igualmente entraves econômicos para o capitalismo de livre fluxo de valores e informação.  Por isso, as revindicações pelos direitos dos LGBT tem um duplo vínculo: simultaneamente é a quebra de um esquema de dominação patriarcal e, por outro lado, a transformação dessas “minorias” em novos tipos de consumidores – mais exatamente, modelos ideais de consumidores para uma economia globalizada, desapegados de qualquer vínculo familiar, patriarcal, nacional ou de gênero sexual.

Por isso Marcuse teria razão ao afirmar que “o sistema social não só racionaliza a dominação, mas também ‘contém’ a rebelião contra a dominação”.

De forma exemplar o filme “O Golpista do Ano” apresenta como o “gay life style” introjeta a racionalização da sociedade de consumo (fetichismo, amoralidade e hedonismo) e o apego às grifes e o luxo como forma de distinção de status.

O reflexo dessa dialética é a reprodução da própria desigualdade e segregação da qual sempre foram vítimas, agora repetida em outro patamar: expressões como “bichinha pão com ovo” para designar homossexuais de baixo poder aquisitivo. Ou, então, a reclamação de que na última Parada Gay em São Paulo havia “muita gente feia”, referindo-se a “gente pobre que saiu da periferia dessa cidade, pegou o metrô fazendo muito barulho e uma vez por ano tem a oportunidade de ter a Paulista só para si” (“Minhas considerações sobre a Parada Gay”, Mix Brasil).

É claro que tudo isso pode ser considerado uma generalização, mas é inegável pelos dados econômicos que o público GLS deixou de ser uma minoria para tornar-se o modelo prototípico de consumidor, um modelo invejado pelos outros e desejado pelo capital: alto poder aquisito e com o acerto de contas resolvido em relação às antigas e anacrônicas agências de socialização.

Ficha Técnica


  • Título: O Golpista do Ano (I Love You Phillip Morris)
  • Diretor: Glen Ficarra e John Requa
  • Roteiro: John Requa e Glen Ficarra
  • Elenco: Jim Carrey, Ewan McGregor, Leslie Mann e Rodrigo Santoro
  • Produção: Europa Corp., Mad Chance
  • Distribuição: Imagem Filmes (Brasil)
  • Ano: 2009
  • País: EUA/França