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* Aqui temos tolerância com a crítica, mas com o que não temos tolerância é com a mentira.
terça-feira, 29 de setembro de 2015
Operação Zelotes - vai pra baixo do tapete?...
por André Pereira, no Sul 21
Daqui a 50 anos, os livros de História descreverão 2015 como um dos anos mais conturbados da história republicana brasileira, mas vamos torcer para não ter que esperar pela arqueologia histórica para desencavar alguns dos mistérios mais intrigantes da Operação Zelotes. Alguns, aliás, já começam a ser esquecidos, tais são o ritmo e a quantidade de fatos. Ei-los, para refrescar a memória:
1. AFONSO MOTTA. O nome apareceu na imprensa e foi noticiado por veículos do próprio grupo RBS mas o título da matéria foi: "Investigação cita deputado" Só que Motta não é suspeito de suposta falcatrua como parlamentar federal do PDT e sim como dirigente da RBS. Fazendeiro da fronteira oeste, ele foi vice-presidente do grupo afiliado da Rede Globo até 2009. Há, claro, a atitude corporativa conhecida mas ,acima de tudo, impõe-se a criminalização da política, dos políticos, do homem público, e não do executivo da iniciativa privada.
2. R$ 565 BILHÕES. Porque uma operação que envolve suspeição sobre a cifra estratosférica de mais de meio trilhão de reais sonegados não tem uma só centelha da repercussão explosiva de outros escândalos de desvios de dinheiro público? Simples: envolve grandes empresários e empresa da mídia. Ou seja, patrocinadores dos conglomerados de comunicação. Isto é, a elite da iniciativa privada.
3. AUGUSTO NARDES. Também é nome que surgiu entre os suspeitos do esquema de corrupção. Nardes é gaúcho, ex-deputado do PP e tem posição política partidária, portanto. Como Motta, ele tem foro especial já que é ministro do Tribunal de Contas da União e será investigado pelo Supremo Tribunal Federal. E é ele que está com o processo da contas da presidenta Dilma sobre sua mesa de relator.
4. SANTO ÂNGELO. Foi uma das cidades gaúchas visitadas pela Policia Federal mas, ao contrário de outras operações fartamente televisionados com suspeitos levando algemados por policiais encapuzados, esta padeceu de estranho silêncio visual midiático. Neste município, segundo escassos informes, teriam sido aprendidos computadores de um parente de Nardes de quem ele foi sócio. Até o deputado federal Paulo Pimenta, relator da subcomissão de Fiscalização da Câmara dos Deputados, estranhou a inclusão de Santo Ângelo do interior do RS ao lado de capitais como Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro que são centros políticos e econômicos do país.
5. JORNALISTAS INVESTIGATIVOS. Eles se auto intitulam assim e têm até clube com sócios cativos bem remunerados e melhor empregados. Mas até agora nenhum se dignou a escarafunchar as entranhas do escândalo da Zelotes. Sobre os crime da sonegação, silencia-se e, assim, sonegam-se informação aos leitores. É este o papel de jornalistas investigativos verdadeiros? Ou só mexem em conformidade com o que pensam e determinam os patrões?
6. SONEGAÇÃO CRIMINOSA. Se fosse evitada tão criminosa sonegação talvez o país não precisasse fazer o ajuste fiscal, com medidas tão amargas como as que estão sendo apresentadas. Se os empresários fossem honestos e pagassem o que devem é bem possível que o Brasil já tivesse avançado ainda mais em políticas públicas para os mais pobres. Ao promoverem tamanha sonegação os ricos e poderosos prejudicam a maioria da nação e o próprio Brasil.
7. VALORES ALTOS. Entre as 74 empresas investigadas, estão o Grupo Gerdau, com R$ 1,2 bilhão de crédito, a RBS com R$ 672 milhões e a Marcopolo com R$ 260 milhões.
8. IRREGULARIDADES VARIADAS. A propina aos conselheiros do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) para os empresários apagarem dívidas tributárias envolvia, também, venda de sentença, negociação para indicar conselheiros, redução de valores de multa e até mesmo singelo pedido de vista do processo que prolonga indeterminadamente o julgamento.
segunda-feira, 28 de setembro de 2015
A teoria do delator
por André Araujo, no blog do Nassif
Alguém preso contar sobre crimes de outros e assim tornar-se um colaborador do carcereiro é coisa tão antiga quanto a História, mas fiquemos nos registros a partir do século XX.
Os serviços de espionagem russos (NKVD) e britânico (MI6), desde o começo dos anos 30, operaram largamente com agentes duplos, espiões capturados e que para salvar a pele aceitavam delatar colegas do outro lado. O fenômeno já tinha ocorrido antes, na Primeira Guerra, tornando-se uma especialidade do MI6, serviço secreto britânico fundado em 1909 por Sir Mansfield Cumming, capitão de marinha, assim como pelos serviços de inteligência alemão e francês. A agente dupla mais importante desse período foi Mathilde Carré "La Chatte" e Eddie Chapmann no lado inglês.
No entre guerras Kim Philby, espião inglês que chegou a ser o chefe da contra espionagem do MI6, operava desde 1935 para a NKVD, assim como outros ingleses, George BBlake, Donald MacLean e Guy Burgess. Eles delatavam para os russos colegas quem que operavam na Rússia e, com isso, os levavam à morte.
No Tribunal de Nuremberg, que julgou em 1946 os crimes de guerra nazistas, poucos foram os delatores, mas houve alguns importantes personagens sentados no bancos dos réus e com larga folha de crimes cometidos, tais como Rudolf Hess e Albert Speer, que delataram os colegas e salvaram seus pescoços da forca.
Na Guerra Fria, Oleg Pencovsky, espião russo, entregou à CIA o nome de dezenas de espiões soviéticos nos EUA, levando todos á prisão e execução, incluindo aí o famoso grupo de espiões do programa nuclear americano.
O DELATOR tem como objetivo ao delatar diminuir sua punição a custa da entrega de comparsas. É uma pratica complicada. Ao contrário do pensar comum, não existem apenas duas hipóteses na delação, qual seja falar a verdade ou mentir. Há mais duas: falar parte verdade e parte mentira ou outra falar aquilo que o interrogador o induz a falar.
Neste ultimo caso, para exemplificar, o delator conhece três comparsas, mas o interrogador só tem interesse em um deles e induz o delator a se aprofundar na delação em relação a este que ele quer incriminar, não lhe interessando os outros. Muitas vezes o delator conhece fatos que estão em terreno cinzento, não tem ele próprio certeza, mas como o interrogador tem muito interesse na incriminação dessa pessoa, pressiona-o para aumentar o grau de certeza ou até afirmar categoricamente aquilo que o delator já indicou que é duvidoso.
Todo o terreno da delação é pantanoso, muito mais ainda quando foge do campo do crime comum para entrar na área da política. A delação é uma ferramenta auxiliar em um processo criminal, não pode ser o instrumento central, porque o ser humano é falho de caráter, de memória e de convicções.
Surge então a grave questão da interpretação da delação, que pode ser levada para vários caminhos, considerando que, ao contrario da prova material, a delação se presta à interpretação tanto do delator como do interrogador. Por exemplo, "levei uma mala de dinheiro em uma casa que acho que era do governador...". Vazada a delação, já produz efeitos políticos, transferindo para o incriminado o ônus da contraprova.
É um método perigoso que deve ser usado em situações especialíssimas, como em caso de guerras. Não pode ser banalizado, porque pode causar danos irreparáveis na ânsia de empurrar um processo que se quer fechar.
Nos famosos processos de Moscou de 1938, os interrogadores da CHEKA, policia política soviética, induziam os detidos a delatar supostos conspiradores contra Stalin, mesmo que as alegações fossem inventadas. Uma vez assinadas, tornavam-se elementos de verdade para que o Procurador Geral Vishinsky desse como provada a conspiração e mandasse o delatado para a execução. Milhares foram mortos assim e, ao fim, se executava também o delator.
Os chamados "Processos de Moscou" eram rigorosamente formais e tecnicamente impecáveis, todos os documentos estavam lá, o problema era a falsidade ideológica de delações trabalhadas visando a um fim.
Abstraindo do lado finalístico processual, na questão humana o delator sai da delação como um homem psicologicamente destruído, ao final, não importa de qual crime se trata, a delação é um ato de trair a confiança.
O homem construiu sua estrutura psicológica desde tempos imemoriais na presunção de que a vida é impossível sem um grau mínimo de confiança um no outro, e a quebra desse código é, em parte, uma quebra da condição humana.
quinta-feira, 17 de setembro de 2015
Entrevista boa - o risco de venezuelização do Bananal
pescado no IHU online - entrevista conduzida por Patricia Fachin
IHU On-Line - Como chegamos a essa situação de crise política? Quais são, na sua avaliação, as causas dessa crise?
Rudá Ricci - Dois fatores, em especial. O primeiro, a campanha beligerante do ano passado. A campanha de Dilma destruiu, com muita competência, a imagem pública de Marina Silva (em pouco mais de uma semana, no final do primeiro turno) e de Aécio Neves (também em pouco mais de uma semana, no final do segundo turno).
Não foi uma mera contraposição às propostas que sugeriam, mas uma desmontagem da confiança que os adversários tinham com parte do eleitorado. Um ataque desta natureza, em tão pouco tempo, focado na figura pessoal do adversário e com tanto sucesso, humilha e transforma adversários em inimigos.
No segundo turno se forjou uma reação mais conservadora, muito agressiva, que prometia uma revanche em caso de eles serem derrotados.
O segundo fator foi a mudança radical da proposta de Dilma Rousseff em relação à política econômica do governo federal. Logo no início de 2015, adotou a proposta do seu adversário e provocou uma profunda recessão que vem destruindo os direitos sociais conquistados nos últimos dez anos. Assim, ela fez dos adversários seus inimigos e fez dos aliados meros carregadores de bandeira. Os últimos se sentiram traídos. E seus eleitores se sentiram abandonados em suas perspectivas de melhoria de vida.
IHU On-Line - Como avalia a discussão acerca do impeachment, inclusive entre petistas, que já afirmam que a presidente provavelmente não terminará o mandato até o final do ano? O que esse desfecho da crise significaria para o Brasil?
Rudá Ricci - O governo federal se tornou errático nestes sete meses de segunda gestão. Faz o inverso do que diz. E caminha rapidamente para a adoção de uma agenda conservadora, a começar pelo pacote econômico monetarista ao qual o PT se opôs em toda sua existência. Dilma Rousseff não soube negociar e emite sinais de total inabilidade e inexperiência quando faz algum movimento nesta direção. Na prática, está sendo chantageada diariamente e faz um movimento pendular entre se impor e ceder no momento seguinte.
Ora, não vejo qual seria a vantagem de derrubarem seu governo, já que está cedendo e se isolando aceleradamente. Quem assumir o governo em seu lugar terá o ônus de administrar esta agenda de perdas sociais e inclusão pelo consumo. A crise se tornaria crônica dado que a maioria dos brasileiros se revoltaria contra todos partidos e políticos, se aproximando da tragédia grega ou reação espanhola que vem desmontando todos partidos hegemônicos.
Por outro lado, um possível confronto entre direita e esquerda nas ruas diminuiria sobremaneira a margem de manobra de partidos de centro, como o PMDB. Enfim, as ameaças de queda de Dilma a enfraquecem ainda mais e jogam o tempo todo nas cordas, projetando-a como um “Calígula do Século XXI”. No caso de sua queda, entraríamos num turbilhão de insegurança e imprevisibilidade. A sétima economia mundial estaria à deriva.
Finalmente, a situação parece ainda mais grave na medida em que toda cúpula do PMDB e, agora, do PSDB, é denunciada em desvios de dinheiro público. Enfim, os três partidos hegemônicos do Brasil (PT, PMDB e PSDB) parecem feridos gravemente. Substituir um governo frágil às vésperas das eleições municipais por um governo que não conseguirá corresponder às expectativas populares parece o pior dos mundos.
IHU On-Line - Pode nos dar um panorama geral da atual situação política a partir das articulações que estão sendo feitas, e que envolvem o vice-presidente, Michel Temer, Cunha e o PMDB, Aécio e o PSDB, por exemplo?
Rudá Ricci - Só há dois interessados reais no impeachment: Aécio Neves e Eduardo Cunha. Eduardo Cunha como forma de reverter o cenário sombrio que parece se formar no seu horizonte. E Aécio porque sabe que o recall da campanha do ano passado (ele figura na memória como o principal opositor à Dilma) vai se desfazendo a cada mês que passa, aumentando as chances de os tucanos paulistas serem, afinal, os reais candidatos de oposição em 2018. Se conseguir antecipar as eleições, ainda tem chance. Caso contrário, ingressará no ostracismo, visto que perdeu o potencial eleitoral em seu próprio Estado, Minas Gerais.
IHU On-Line - Qual é o peso da delação de Fernando Baiano neste momento?
Rudá Ricci - Imensa. Corrói todo PMDB, diminuindo a margem de manobra de Michel Temer, até então considerado o garantidor da estabilidade política do país, interlocutor das oposições e alto empresariado. Sem ele, tudo fica ainda mais difícil e o governo perde sua legitimidade definitivamente.
IHU On-Line - O senhor apostava que poderia haver uma defesa dos movimentos sociais, a exemplo das pastorais, ao governo Dilma. Depois da carta do MST e do MTST, como deve ser a postura dos movimentos sociais em relação ao governo Dilma?
Rudá Ricci - Movimentos sociais e todo espectro de esquerda parecem indicar uma transição que não me parece que será rápida. O discurso político vem muitos quilômetros à frente que a ação concreta. No caso, há muitos acordos internos, cargos e recursos públicos envolvendo parte significativa desses atores sociais. Contudo, a gota d´água é este novo corte orçamentário anunciado que poderá levar a segurança social de roldão. Tudo o que se alterou na lógica das políticas públicas nos últimos dez anos será jogado ao espaço. A partir daí, estará rompido um código moral tácito com organizações sindicais, pastorais sociais, parte significativa das ONGs e Terceiro Setor que têm sua razão de ser na melhoria das condições sociais do Brasil e queda da desigualdade social em nosso país. A questão é que parte desses atores se tornou governista e abandonou as relações diretas com as populações marginalizadas (social, econômica e politicamente). A “volta às origens” será uma tarefa difícil e trabalhosa.
IHU On-Line - Que movimentos ainda compõem a base político-social do governo Dilma? Como essa base e os movimentos de modo geral se posicionam em relação ao PT e, particularmente, ao governo da presidente?
Rudá Ricci - O afastamento já se anunciava no final do primeiro semestre do ano passado, antes do começo da campanha eleitoral. Todas as organizações articuladas nas duas frentes pela reforma política demonstravam desalento com o possível segundo mandato de Dilma Rousseff. Várias lideranças sociais diagnosticavam que o segundo mandato seria mais conservador que o primeiro. Ouvi isto de muitas lideranças num encontro em Brasília, na sede da CNBB, em que fui convidado a fazer análise de conjuntura. A campanha beligerante do segundo turno reverteu as expectativas, mas Dilma as dinamitou logo no início deste ano. A inabilidade política da presidente é realmente incrível. Raramente tivemos na história um político que acaba de ser consagrado pelas urnas e consegue destruir este capital político em tão pouco tempo.
IHU On-Line - Desde a época do governo Lula, avalia-se que os governos petistas instrumentalizaram, aparelharam e cooptaram os movimentos sociais. Quais os reflexos disso no cenário atual e como a crise política atual também atinge novamente os movimentos sociais?
Rudá Ricci - Os movimentos sociais dos anos 1980 e 1990 se tornaram leões desdentados. Rugem, mas não têm a força de antes. Isto porque foram tomados pelo canto da sereia. Como nos governos socialdemocratas europeus, se sentaram nas poltronas do poder, forjaram estruturas neocorporativas, arenas de negociações da agenda estatal, indicaram ministros e secretários estaduais do trabalho, geriram fortunas dos fundos de pensão sem consulta às bases e participaram perigosamente dos conselhos de estatais recebendo jetons individuais. Distanciaram-se das suas bases. Num país com forte desigualdade social, estes movimentos sociais e organizações populares assumem a função de canalização das insatisfações e acabam por forjar pautas de demandas sociais que podem se transformar em agendas governamentais. Na medida em que se afastaram das ruas, a tensão continuou, a frustração com as injustiças sociais e as dificuldades de sobrevivência permaneceram, mas sem canais de expressão como antes.
Em 2013, a frustração veio à tona. Daí em diante, deu lugar ao ressentimento. A direita tentou canalizar para uma forte reprovação ao governo e ao PT e, daí, para o golpe e derrubada do governo. A questão é que as oposições não se distinguem tanto da situação. Em suma: ou os movimentos sociais rompem com o governismo e deixam de ser correias de transmissão ou se deslegitimarão no próximo período. Aliás, algo que já começou a ocorrer com vários sindicatos de funcionalismo público.
IHU On-Line - O governo Dilma poderá se sustentar se perder definitivamente o apoio dos movimentos sociais?
Rudá Ricci - Como um zumbi meio vivo, meio morto. Será presa fácil de todas as chantagens e bravatas diárias. Chegará sem fôlego algum em 2018, possivelmente desfigurado. A tal reforma ministerial parece apontar para o esvaziamento dos ministérios mais focados na questão social e deverá penalizar petistas. Enfim, não saberemos mais quem governa ou quais suas intenções.
IHU On-Line - Há espaço para um novo “acordão” para garantir a continuidade do governo Dilma? O que seria um acordo viável?
Rudá Ricci - A situação do governo é de tal natureza que está sendo disputado como um animal ferido em selva africana. Não tem muitas possibilidades de se impor. Assim, terá que escolher a quem acenderá velas e pedirá ajuda. Se continuar sua guinada à direita, perderá todo apoio – que já é diminuto – das forças políticas que estiveram nas suas duas campanhas eleitorais. E se atirará nos braços de quem não a admira. Se for no caminho contrário, além de mais uma guinada surpreendente em suas escolhas, será alvo de ataques diários da oposição, dos empresários e da direita. Se sangrar, cederá para aquele que desferir o golpe mais forte e se revelar a pior ameaça.
IHU On-Line - Quais são os cenários possíveis do desenrolar dessa crise? Se Dilma não resistir até o final do mandato, que situações vislumbra em termos de novas articulações políticas e de quem poderá assumir o poder?
Rudá Ricci - Se permanecer no governo – o que me parece o mais provável neste momento – sangrará e perderá toda sua personalidade. Se cair, o novo governo herdará o pacote econômico suicida. Resta saber se, na hipótese de queda do governo Dilma, movimentos sociais e forças de esquerda se aproximarão para reagir. Se isto ocorrer, o país pode ingressar definitivamente num processo de venezuelização, com esgarçamento político e social, com queda brutal de investimento, dado o ambiente de instabilidade e insegurança e crise institucional. Daí não imaginar que alguém sensato, que não seja um arrivista ou aventureiro de plantão, perceba alguma vantagem em derrubar um governo débil, desmoralizado, que cede a todos para sobreviver, sem nenhuma possibilidade de reação. A quem interessaria derrubar uma presa tão frágil que pode fazer seus desejos inconfessáveis se tornarem realidade sem qualquer ônus para si?
segunda-feira, 14 de setembro de 2015
Semeadores de Vento e Colhedores da Tempestade
por Aldo Fornazieri, no blog do Nassif
As indefinições e falta de rumos do segundo mandato do governo Dilma estimulou a oposição, setores da grande mídia e parte das elites a semearem os ventos da discórdia, do tumulto, do inconformismo, da vendeta e da desestabilização política do país. A oposição, capitaneada pelo inconformado Aécio Neves, transitou para o golpismo, apostando todas as fichas imediatas na cassação da chapa Dilma-Temer e, no limite, no impeachment da presidente. Para inviabilizar o governo e uma saída econômica para a crise, Eduardo Cunha foi eleito presidente da Câmara e a estratégia das pautas-bomba foi implementada com o objetivo de torpedear o ajuste fiscal.
Parte da grande mídia, associada à parcela da elite econômica, insuflou os tumultos de rua de março e abril, também apostando no impeachment e na queda do governo. Dúbio e sem iniciativas, mergulhado no turbilhão da Lava Jato, acossado pelas ruas e perdendo base de sustentação no Congresso, o governo viu as condições de governabilidade se esvaírem.
Os semeadores de ventos começaram a colher a tempestade. Com o governo levado ao corner e com o país sem comando político, a deterioração econômica ficou visível. As perdas atingiriam todos os setores. As empresas, endividadas em dólar, entraram em pânico com a instabilidade cambial. Novos empréstimos só seriam contratados com juros exorbitantes. Bancos, empresas de mídia e grandes indústrias ascenderam o sinal de alerta e todos começaram a jogar água nas labaredas da crise política. Lançou-se mão de cortes de despesas e de demissões. Se isto deu uma sobrevida política a Dilma, o fato é que do ponto de vista econômico, o estrago já estava feito: todos perderam. O Brasil perdeu.
A luta irresponsável e sem limites pelo poder político, somada a um governo frágil, equivocado e sabotado por todos os lados, gerou essa tempestade perfeita que atinge a todos, mas principalmente os trabalhadores que perdem emprego e os pobres que sofrem o impacto da inflação. Aécio Neves também colheu sua tempestade: perdeu a confiança das elites.
O governo, por seu turno, ameaçado de soçobrar em poucas semanas, parece ter despertado de sua letargia e do seu torpor no final de semana que passou. O medo da morte o fez ser tomado pelo sentimento de urgência, e alguma coisa de relevante deverá ser anunciado nesta semana. Resta saber se o que virá vem a tempo de salvá-lo ou se está vindo muito tarde.
sexta-feira, 11 de setembro de 2015
Coxinha é muito lorpa mesmo – e ainda acha que a Dilma é culpada!...
texto do índio onca heni, aqui da casa (depois de longa data)
A grande verdade é uma só: enquanto este Bananal de
infelicidade sem fim não se entregar completamente ao capital estrangeiro, não teremos
paz.
Já entregamos boa parte da produção da energia elétrica, e pior, a distribuição no mercado premium, onde nunca há crise. Agora temos uma das energias elétricas mais caras do planeta e estamos sempre na marca do pênalti quando se trata de eletricidade.
Já entregamos boa parte da produção da energia elétrica, e pior, a distribuição no mercado premium, onde nunca há crise. Agora temos uma das energias elétricas mais caras do planeta e estamos sempre na marca do pênalti quando se trata de eletricidade.
A telefonia também já foi gloriosamente privatizada: graças a isso, hoje temos a
celular (que não existiria sem a privatização, segundo alguns iluminados), deficiente. A internet é
ridícula e é também uma das mais caras do mundo. Telefonia fixa, convencional
celeremente sucateada, também cara. No futuro, em casos de alguma situação de
emergência ficaremos sem um sistema comunicação confiável imune a interferências externas.
Depois a moda foi abrir o capital da água e saneamento, uma
mina de recursos sempre abundantes e fáceis. A Sabesp foi a pioneira, quem manda e
desmanda são os fundos de investimento em Wall Street. Esses caras não tem o
mínimo interesse em investir em infra estrutura... Imagine?... Querem só os dividendos e lucros, nem estão se
lixando com os paulistanos tomando banho de canequinha.
Ai me vem um senador "desinteressado" de dar inveja a se empenhar para “dividir” o pré-sal com os irmãos do
Norte, com o aval do Congresso. Projeto “altruísta” do boníssimo senador José Serra,
também conhecido como D. José I – o Almirante do Tietê de Piratininga.
Antes já se havia “socializado” os minérios deste Brazil baronil. Já foi o ferro e o ouro, a bauxita e os cristais, areias monazíticas, os dedos, os anéis e agora só falta entregar a alma e o c*!...
O ultimo grito agora é privatizar o meio ambiente, nossa maior riqueza, a biodiversidade tropical. As ONGs internacionais já “administram” o PAC dilmístico através das gritarias dos “estudos de impacto ambiental” e audiências publicas ruidosas e carnavalescas, necessários para a construção de qualquer ferrovia, rodovia, barragem, açude ou hidroelétrica, até mesmo para usar pivot na irrigação. Mas isso já vem desde os tempos em que o Ministério do Meio Ambiente tinha sido entregue à Bláblarina Silva e seus acólitos naturas e boticários.
Então agora temos projetos internacionais de ONGs “preocupadas com o meio ambiente” para a instalação do “corredor ecológico” que cortará a Amazônia transversalmente, de Leste a Oeste, numa faixa de largura de 250 a 1.500 quilômetros (só) que dizem seria um “território neutro” a ser administrado por “organismos internacionais” para “preservar nossa biodiversidade”. Ora vejam só que coisa mais meiga!...
Antes já se havia “socializado” os minérios deste Brazil baronil. Já foi o ferro e o ouro, a bauxita e os cristais, areias monazíticas, os dedos, os anéis e agora só falta entregar a alma e o c*!...
O ultimo grito agora é privatizar o meio ambiente, nossa maior riqueza, a biodiversidade tropical. As ONGs internacionais já “administram” o PAC dilmístico através das gritarias dos “estudos de impacto ambiental” e audiências publicas ruidosas e carnavalescas, necessários para a construção de qualquer ferrovia, rodovia, barragem, açude ou hidroelétrica, até mesmo para usar pivot na irrigação. Mas isso já vem desde os tempos em que o Ministério do Meio Ambiente tinha sido entregue à Bláblarina Silva e seus acólitos naturas e boticários.
Então agora temos projetos internacionais de ONGs “preocupadas com o meio ambiente” para a instalação do “corredor ecológico” que cortará a Amazônia transversalmente, de Leste a Oeste, numa faixa de largura de 250 a 1.500 quilômetros (só) que dizem seria um “território neutro” a ser administrado por “organismos internacionais” para “preservar nossa biodiversidade”. Ora vejam só que coisa mais meiga!...
Agora falta o quê?... Falta o privatizar e internacionalizar
ar que respiramos!?... Não vai faltar mais!... Em dezembro de 2015 vai se
realizar a COP 21, em Paris.
Lá ambientalistas “naturos” e “boticários” engajados, ONGs e
multinacionais, vão propor, defender, fazer lobby para que se viabilize a instalação de uma “Agência Internacional
Ambiental” (uma grande FATiMA global), que terá poderes supranacionais sobre os
Estados soberanos, como nossa Aldeia de Tibiriçá p.ex., para que tenha que se
sujeitar a regras e normas que, se descumpridas, darão direitos a sanções
econômicas e políticas e até mesmo intervenções militares, como aquelas que já
se viu praticadas contra Irã, Cuba, Coreia do Norte, Líbia, Afeganistão e do
hoje pobre Iraque, quer seja por serem países “comunistas”, seja por intenção
de uso da energia nuclear, seja pela “acusação” de possuir armas químicas de
destruição em massa (que nunca aparecem) ou só de não ser “democráticas”, como a
Venezuela chavista ou Honduras Zelaya, a Líbia Kadafi ou por ai vai...
Então ficamos assim: entregamos tudo, vivemos de renda (os
rentistas, homens bons, de bens e de Benz continuam numa boa, como a Poupança
Bamerindus), dolarizamos a economia, papo pro ar, e só alegria. Caipirinha e
carná!...
E Fora-Diuma!... e Fora PêTê!...
quarta-feira, 9 de setembro de 2015
O caso Dirceu: um grande bode espiatório
por André Araújo, no blog do Nassif
No último programa Fatos e Versões na GLOBONEWS, a jornalista comentou que os petistas não mais apoiavam o ex-presidente do PT José Dirceu porque petistas não admitem companheiros que roubam para enriquecimento pessoal. Essa narrativa passou a ser difundida pela corrente eficiente, poderosa e imbatível de mágicos da mídia que pintando versões e elaborando narrativas delirantes repetidas mil vezes até virar verdade.
A narrativa ofende a lógica e a inteligência mas na história da mídia são as versões que predominam sobre a história.
1. José Dirceu tem um longa biografia a serviço de uma causa política. A essa causa dedicou-se, arriscou a vida, foi preso, fugiu para Cuba, arriscou novamente a vida voltando ao Brasil ainda durante o regime militar, depois construiu um partido, o presidiu e o levou à vitória. Não é uma biografia qualquer, de politiquinho de arrabalde. Fez história real e complexa, relacionou-se com líderes da América Latina, com importantes personagens da alta política dos Estados Unidos, entre os quais teve respeito mesmo depois da queda, tem entre grandes admiradoras a jornalista herdeira do jornal The Washington Post.
2. Ao perder o poder em 2005, fundou uma firma de consultoria para aproveitar sua experiência e sua agenda, assim como fizeram e fazem políticos, diplomatas, juízes, procuradores gerais, militares. Esse tipo de consultoria é "personalíssima", se lastreia em cima da pessoa do fundador, não é consultoria técnica, é consultoria de relacionamento, a mais famosa dos EUA é a Kissinger Mc Larthy, do celebre ex-Secretário de Estado Henry Kissinger. O que faz essa consultoria? Precisa ter acesso a um governo e não consegue mas se Henry Kissinger ligar para um líder desse Pais é atendido e abre o caminho para a empresa que precisa do contato. Parece pouco mas vale muito e cobra-se de acordo. Não é atividade proibida, tanto que as firmas que fazem são legais, trata-se de uma atividade essencial e existe em todo o planeta, só em Washington existem centenas de firmas que vivem disso.
3. Alegou-se então que o "enriquecimento ilícito" de Dirceu se deu através de propina e essa propina era a receita de serviços dessa consultoria. Não tem lógica. Propina se paga sem recibo. Seria uma estupidez um corrupto constituir uma firma legal, que exige uma burocracia nada simples, inscrições fiscais, depois declaração anual ao Imposto de Renda, sujeita à fiscalização, para receber propina. O método universal é a mala ou a conta na Suíça, dar recibo nem o mais estúpido dos corruptos se arriscaria a fazer e depois contabilizar a propina e declará-la ao fisco.
4. A consultoria em questão teve receitas de 34 milhões de reais em 9 anos, o que dá um pouco mais de 300 mil reais por mês. Ora, os volumes de propinas geradas no caso Petrolão são de centenas de milhões de reais. A narrativa da corrente de mídia disse a certa altura que Dirceu "era o chefe do esquema Petrolão" mas como pode o chefe receber 34 milhões em 9 anos se um mero gerente ganhou só numa conta no exterior quase 400 milhões de reais? Que chefe burro é esse, ganha muito menos que um terceiro escalão que ninguém sabia sequer que existia?
5. O caso de contratos "personalíssimos" são comuns na economia; que tal um técnico de futebol semi-analfabeto, que fala " os porjeto" ganhar 900 mil reais por mês e trabalhar em mais de 15 clubes? Um animador de televisão ganhar 2 milhões por mês, um locutor de rádio de escassas letras ganhar 400 mil reais? São contratos "personalíssimos", paga-se a celebridade, o nome, é o nome que tem valor, não o serviço prestado. Veja-se por exemplo o caso de uma advogada que trabalhou em um famoso processo onde em poucos meses ganhou 22 milhões de reais, não sendo antes conhecida e muito menos fazendo parte do primeiro time de advogados do seu setor, ganhou tudo isso de forma aparentemente inexplicável, mas legal, porque o contrato era "personalíssimo", só valia para ela, porque pouco se sabe e quem quis saber foi admoestado porque disseram que ninguém tem nada com isso, embora sendo um caso bem mais obscuro do que o caso Dirceu, escrachado para todo mundo ver, inclusive o fato curioso que a esmagadora maioria dos clientes de Dirceu nada tem a ver com o Petrolão, portanto nem remotamente estão ligados à fabrica de propinas.
6. Atribui-se também à propina do Petrolão a reforma de uma casa de Dirceu, cidadão que sempre teve uma vida de classe media, que casa seria essa e que valor poderia ter essa reforma? Qual a proporção que pode ter a reforma de uma casa sem qualquer suntuosidade com os valores que se mencionam no caso Petrolão , onde uma cifra de 88 bilhões foi citada oficialmente e onde chutes sobre valores de propinas chegam de 2 a 6 bilhões de Reais? Nesse contexto a reforma de uma casa mediana é relevante, o jornal O GLOBO chegou a citar inclusive um aparelho de TV como propina para a Dirceu dentro do contexto do Petrolão. A narrativa chega a ser patética, de 107 milhões de dólares na conta do gerente a um aparelho de TV dado a Dirceu, qual a noção de grandeza dessa narrativa? Aparentemente nenhuma mas a jornalista da GLOBONEWS disse textualmente que os companheiros do PT o abandonaram por causa de seu recebimento de propinas para enriquecimento pessoal. Pena que não acharam uma casa em Miami para completar a narrativa.
quarta-feira, 2 de setembro de 2015
Compostagem organica domiciliar em São Paulo
“... ella está en el horizonte. Me acerco dos pasos, ella se aleja dos pasos. Camino diez pasos y el horizonte se corre diez pasos más allá. Por mucho que yo camine, nunca la alcanzaré. Para qué sirve la utopía? Para eso sirve: para caminar”
Eduardo Galeano
por Dan Moche Schneider, Cláudio Spínola e Guilherme Turri, reproduzindo no blog do Nassif
NOTA PRELIMINAR DESTE BLOGO: nos batemos nessa luta inglória desde 2006, consultar aqui e aqui (só pra constar).
A compostagem domiciliar passou a ser objeto de política pública de São Paulo a partir do Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos da cidade de São Paulo - PGIRS[1], publicado em 2014. Nesse mesmo ano foram distribuídas composteiras a dois mil domicílios. Os primeiros resultados são surpreendentes!
ANTECEDENTES
Em 2013, três anos depois da publicação da Política Nacional de Resíduos sólidos quase que todos resíduos sólidos coletados pela prefeitura eram destinados aos dois aterros sanitários existentes. Mas nem sempre os aterros foram a principal destinação dos resíduos em São Paulo.
Nas primeiras décadas do século XIX a cidade possuía apenas algumas poucas dezenas de ruas e uma população de mais de vinte mil habitantes, mais de um quarto de escravos. O lixo neste período era sobretudo orgânico e um assunto que se tratava em casa, enterrado nos quintais, destinado à alimentação de animais ou como adubo de hortas.
Mas nessa mesma época, para manter a limpeza das poucas ruas e becos existentes, o poder público já determinava destinações alternativas para o lixo: “nos fundos das casas do tenente coronel Antônio Maria Quartim” e outros seis locais pré- determinados.
Durante o século XX a cidade e o lixo cresceram aceleradamente e as destinações se diversificaram. Neste período o lixo de São Paulo foi destinado a lixões, incineradores, centrais de compostagem e aterros sanitários; mas em 2004, todas as destinações haviam minguado à exceção de dois aterros sanitários existentes, um deles situado fora do município.
Esse era ainda o cenário vigente em 2013 quando a cidade, em atendimento a determinação da PNRS planejou a gestão de resíduos sólidos para os próximos vinte anos e estabeleceu programas, projetos e ações para a recuperação de resíduos compostáveis e recicláveis, por meio do Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos – PGIRS.
Centenas de delegados eleitos por milhares de paulistanos e apoiados por especialistas e técnicos da Autoridade Municipal de Limpeza Urbana - AMLURB decidiram, durante meses e dezenas de reuniões, os principais aspectos do que fazer com os diferentes resíduos gerados em São Paulo.
58 eventos que envolveram mais de 7 mil pessoas e organizações sociais diversas culminaram pela aprovação de diretrizes e estratégias do PGIRS, um plano com contribuições diversificadas, muito debatido, complexo e, sobretudo, socialmente compromissado.
Um dos programas propostos pelos delegados foi a compostagem domiciliar fomentada pelo poder público. As análises demonstraram que os custos da cessão de composteiras - sua implantação, monitoramento e assistência técnica – podem ser cobertos em uma gestão governamental, pela economia obtida com a redução da coleta, transporte e disposição final de resíduos orgânicos.
RESULTADOS INICIAIS[2]
A compostagem in situ começou a ser incentivada pela administração pública de São Paulo logo após a publicação do PGIRS, em junho de 2014, por meio da cessão de composteiras a domicílios unifamiliares[3]. Em seis meses foram recuperados 250 toneladas de resíduos orgânicos.
O projeto denominado Composta São Paulo[4] entregou kits de compostagem doméstica com minhocas para 2.006 domicílios da cidade de São Paulo. Os kits contemplaram uma composteira de 3 caixas plásticas, 2 para o processo de compostagem e uma para a coleta do líquido produzido durante o processo, acessórios e manual impresso.
O projeto Composta São Paulo fez um chamamento público para a adesão de interessados e em aproximadamente 40 dias o projeto teve 10.061 inscrições de regiões e classes sociais diversas do município de São Paulo; até mesmo se inscreveram mais de mil interessados de outros municípios brasileiros! Foram selecionados 2006 domicílios. A entrega das composteiras foi acompanhada de 135 oficinas de capacitação para mais de 5.000 participantes.
Após 2 meses de uso das composteiras, os participantes do projeto foram convidados para 88 oficinas de Plantio onde receberam dicas e técnicas de plantio em pequenos espaços para utilização do composto produzido pelas composteiras. E criou-se uma comunidade virtual no Facebook[5]. A formação dessa comunidade de “composteiros” encerrou o primeiro ano de projeto com mais de 6.000 membros.
Os resultados do monitoramento do projeto mostram que 89% diminuíram notavelmente a entrega de resíduos para a coleta. Quase todos os participantes enfrentaram alguma dificuldade com o manejo da composteira ao longo do processo, mas isso não se configurou como barreira, tendo em vista o nível de satisfação com a prática de compostagem e com a desistência de apenas 47 domicílios (2,3%).
97% dos participantes que responderam à pesquisa (1535 pessoas), se consideram satisfeitos ou muito satisfeitos com a técnica, 98% acreditam que é uma boa solução para o tratamento de resíduos orgânicos e 86% afirmam ser fácil praticar. 85% acreditam que ter acesso a experiência de outras pessoas por meio do grupo exerceu influência positiva na motivação em compostar e mudanças de hábitos.
29% ajudaram outras pessoas não contempladas pelo projeto a produzir, instalar ou manusear uma composteira. Os participantes que responderam aos questionários (1.535 pessoas) atraíram 2.525 novos participantes, que trataram de montar ou comprar o seu próprio sistema de compostagem.
27% dos participantes doaram minhocas para que outras pessoas pudessem iniciar a pratica. 84% afirmam ter ampliado muito ou razoavelmente seus conhecimentos sobre sustentabilidade urbana; 96% se consideram muito ou razoavelmente mais esforçados em lidar corretamente com os resíduos que produzem; 54% afirmam que passaram a comer muito ou razoavelmente mais frutas e legumes.
A estratégia de comunicação foi essencial para os ótimos resultados iniciais.
Nossa espécie é curiosa, observa Naomi Klein[6] em um livro magistral sobre as mudanças climáticas: “Confrontada a uma crise que ameaça nossa sobrevivência como espécie, toda nossa cultura continua fazendo justamente aquilo que provocou a crise, inclusive colocando um pouco mais de empenho (...)”.
Mas na crise, além de ameaças há oportunidades: “Há formas de evitar esse futuro desalentador ou, pelo menos, de fazê-lo menos ameaçador. O problema é que todas elas implicam também em mudar tudo (...) a boa notícia é que muitas dessas mudanças não tem nada de catastróficas. Muito pelo contrário: boa parte delas são simplesmente emocionantes.”
Na gestão de resíduos sólidos, continuar fazendo justamente aquilo que provocou a crise é continuar a priorizar a gestão “end of pipe”: o desperdício de materiais compostáveis ou recicláveis em aterros sanitários, lixões ou incineradores e cimenteiras.
Quando se olha para a origem, até mesmo o sistema arrecadador pode se tornar mais inteligente e justo: aqueles que recuperam seus resíduos e os desviam dos aterros devem pagar menos do que daqueles que geram mais resíduos, emissões e despesas públicas.
É emocionante observarr a transição da gestão “end of pipe” para a origem, conforme determina a PNRS. As vantagens são muitas e conhecidas: aumento na vida útil de aterros sanitários, redução de GEE; diminuição do número de viagens na cidade; recuperação de matéria orgânica e nutrientes para o solo e plantas; captura do carbono da atmosfera e como material filtrante de GEE de aterros sanitários.
Não é só emocionante, mas surpreende quando nos damos conta dos inesperados benefícios pessoais e coletivos decorrentes da pratica da compostagem in situ, apresentados nos Depoimentos Selecionados [7], realizada pelos empoderados e criativos “mestres composteiros”.
A compostagem in situ é um instrumento de política pública empoderador, forjador de compromissos coletivos, com um extraordinário efeito multiplicador que promove e alenta a cidadania.
Depoimentos Selecionados:
NOTA PRELIMINAR DESTE BLOGO: nos batemos nessa luta inglória desde 2006, consultar aqui e aqui (só pra constar).
A compostagem domiciliar passou a ser objeto de política pública de São Paulo a partir do Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos da cidade de São Paulo - PGIRS[1], publicado em 2014. Nesse mesmo ano foram distribuídas composteiras a dois mil domicílios. Os primeiros resultados são surpreendentes!
ANTECEDENTES
Em 2013, três anos depois da publicação da Política Nacional de Resíduos sólidos quase que todos resíduos sólidos coletados pela prefeitura eram destinados aos dois aterros sanitários existentes. Mas nem sempre os aterros foram a principal destinação dos resíduos em São Paulo.
Nas primeiras décadas do século XIX a cidade possuía apenas algumas poucas dezenas de ruas e uma população de mais de vinte mil habitantes, mais de um quarto de escravos. O lixo neste período era sobretudo orgânico e um assunto que se tratava em casa, enterrado nos quintais, destinado à alimentação de animais ou como adubo de hortas.
Mas nessa mesma época, para manter a limpeza das poucas ruas e becos existentes, o poder público já determinava destinações alternativas para o lixo: “nos fundos das casas do tenente coronel Antônio Maria Quartim” e outros seis locais pré- determinados.
Durante o século XX a cidade e o lixo cresceram aceleradamente e as destinações se diversificaram. Neste período o lixo de São Paulo foi destinado a lixões, incineradores, centrais de compostagem e aterros sanitários; mas em 2004, todas as destinações haviam minguado à exceção de dois aterros sanitários existentes, um deles situado fora do município.
Esse era ainda o cenário vigente em 2013 quando a cidade, em atendimento a determinação da PNRS planejou a gestão de resíduos sólidos para os próximos vinte anos e estabeleceu programas, projetos e ações para a recuperação de resíduos compostáveis e recicláveis, por meio do Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos – PGIRS.
Centenas de delegados eleitos por milhares de paulistanos e apoiados por especialistas e técnicos da Autoridade Municipal de Limpeza Urbana - AMLURB decidiram, durante meses e dezenas de reuniões, os principais aspectos do que fazer com os diferentes resíduos gerados em São Paulo.
58 eventos que envolveram mais de 7 mil pessoas e organizações sociais diversas culminaram pela aprovação de diretrizes e estratégias do PGIRS, um plano com contribuições diversificadas, muito debatido, complexo e, sobretudo, socialmente compromissado.
Um dos programas propostos pelos delegados foi a compostagem domiciliar fomentada pelo poder público. As análises demonstraram que os custos da cessão de composteiras - sua implantação, monitoramento e assistência técnica – podem ser cobertos em uma gestão governamental, pela economia obtida com a redução da coleta, transporte e disposição final de resíduos orgânicos.
RESULTADOS INICIAIS[2]
A compostagem in situ começou a ser incentivada pela administração pública de São Paulo logo após a publicação do PGIRS, em junho de 2014, por meio da cessão de composteiras a domicílios unifamiliares[3]. Em seis meses foram recuperados 250 toneladas de resíduos orgânicos.
O projeto denominado Composta São Paulo[4] entregou kits de compostagem doméstica com minhocas para 2.006 domicílios da cidade de São Paulo. Os kits contemplaram uma composteira de 3 caixas plásticas, 2 para o processo de compostagem e uma para a coleta do líquido produzido durante o processo, acessórios e manual impresso.
O projeto Composta São Paulo fez um chamamento público para a adesão de interessados e em aproximadamente 40 dias o projeto teve 10.061 inscrições de regiões e classes sociais diversas do município de São Paulo; até mesmo se inscreveram mais de mil interessados de outros municípios brasileiros! Foram selecionados 2006 domicílios. A entrega das composteiras foi acompanhada de 135 oficinas de capacitação para mais de 5.000 participantes.
Após 2 meses de uso das composteiras, os participantes do projeto foram convidados para 88 oficinas de Plantio onde receberam dicas e técnicas de plantio em pequenos espaços para utilização do composto produzido pelas composteiras. E criou-se uma comunidade virtual no Facebook[5]. A formação dessa comunidade de “composteiros” encerrou o primeiro ano de projeto com mais de 6.000 membros.
Os resultados do monitoramento do projeto mostram que 89% diminuíram notavelmente a entrega de resíduos para a coleta. Quase todos os participantes enfrentaram alguma dificuldade com o manejo da composteira ao longo do processo, mas isso não se configurou como barreira, tendo em vista o nível de satisfação com a prática de compostagem e com a desistência de apenas 47 domicílios (2,3%).
97% dos participantes que responderam à pesquisa (1535 pessoas), se consideram satisfeitos ou muito satisfeitos com a técnica, 98% acreditam que é uma boa solução para o tratamento de resíduos orgânicos e 86% afirmam ser fácil praticar. 85% acreditam que ter acesso a experiência de outras pessoas por meio do grupo exerceu influência positiva na motivação em compostar e mudanças de hábitos.
29% ajudaram outras pessoas não contempladas pelo projeto a produzir, instalar ou manusear uma composteira. Os participantes que responderam aos questionários (1.535 pessoas) atraíram 2.525 novos participantes, que trataram de montar ou comprar o seu próprio sistema de compostagem.
27% dos participantes doaram minhocas para que outras pessoas pudessem iniciar a pratica. 84% afirmam ter ampliado muito ou razoavelmente seus conhecimentos sobre sustentabilidade urbana; 96% se consideram muito ou razoavelmente mais esforçados em lidar corretamente com os resíduos que produzem; 54% afirmam que passaram a comer muito ou razoavelmente mais frutas e legumes.
A estratégia de comunicação foi essencial para os ótimos resultados iniciais.
Nossa espécie é curiosa, observa Naomi Klein[6] em um livro magistral sobre as mudanças climáticas: “Confrontada a uma crise que ameaça nossa sobrevivência como espécie, toda nossa cultura continua fazendo justamente aquilo que provocou a crise, inclusive colocando um pouco mais de empenho (...)”.
Mas na crise, além de ameaças há oportunidades: “Há formas de evitar esse futuro desalentador ou, pelo menos, de fazê-lo menos ameaçador. O problema é que todas elas implicam também em mudar tudo (...) a boa notícia é que muitas dessas mudanças não tem nada de catastróficas. Muito pelo contrário: boa parte delas são simplesmente emocionantes.”
Na gestão de resíduos sólidos, continuar fazendo justamente aquilo que provocou a crise é continuar a priorizar a gestão “end of pipe”: o desperdício de materiais compostáveis ou recicláveis em aterros sanitários, lixões ou incineradores e cimenteiras.
Quando se olha para a origem, até mesmo o sistema arrecadador pode se tornar mais inteligente e justo: aqueles que recuperam seus resíduos e os desviam dos aterros devem pagar menos do que daqueles que geram mais resíduos, emissões e despesas públicas.
É emocionante observarr a transição da gestão “end of pipe” para a origem, conforme determina a PNRS. As vantagens são muitas e conhecidas: aumento na vida útil de aterros sanitários, redução de GEE; diminuição do número de viagens na cidade; recuperação de matéria orgânica e nutrientes para o solo e plantas; captura do carbono da atmosfera e como material filtrante de GEE de aterros sanitários.
Não é só emocionante, mas surpreende quando nos damos conta dos inesperados benefícios pessoais e coletivos decorrentes da pratica da compostagem in situ, apresentados nos Depoimentos Selecionados [7], realizada pelos empoderados e criativos “mestres composteiros”.
A compostagem in situ é um instrumento de política pública empoderador, forjador de compromissos coletivos, com um extraordinário efeito multiplicador que promove e alenta a cidadania.
Depoimentos Selecionados:
- “Minha relação com insetos e outros bichinhos ficou menos tensa.”
- “Acho que agora, andar na rua, com uma atitude de maior atenção as pessoas, bichos, plantas e movimentos, atitudes, tem outro entusiasmo! Acho que me tornei mais comunicativa! A consciência social aflorou como uma grande descoberta e surpresa por perceber que não é tão complicado assim melhorar ou ajudar o meio em que vivemos.”
- “Fico muito atenta ao meu lixo orgânico, e ao lixo dos vizinhos (alguns vizinhos compartilham lixo orgânico comigo). Fiquei mais crítica com a quantidade de comida a comprar. Afeição as minhocas.”
- “A prática da compostagem me levou de volta a uma paixão pela terra e pelo plantio. Passei a catar caixotes de feira na rua, vasos de plástico e outros recipientes recicláveis, recupera-los e plantar jardineiras para presentear amigos. Tenho plantado canteiras de suculentas, que ficam lindas, e em algumas, já consegui utilizar o próprio composto produzido pelas minhas bravas minhocas!”
- “Me sinto conectada novamente. Como se o longo de uma vida inteira não fizesse parte. Tem sido como uma reconexão. Simplesmente por trazer a atenção para o assunto (natureza, interação) com mais frequência. Alimentar as minhocas, retirar o chorume, regar as plantas, entre outras atividades prazerosas que envolvem a compostagem, são como uma Meditação Ativa, Mindfulness, reconexão, um explorar da minha bagunça interna e do silêncio do Todo.”
- “Cuidar da compostagem se tornou um compromisso porém com o prazer de um hobby! Gosto de fazer isto e me sinto útil e contente por contribuir de alguma forma para a sustentabilidade, mostrando também para outros que não é tão difícil assim mudar de atitude.”
- “Acredito que um dos pontos mais positivos da compostagem foi o envolvimento da minha irmã mais nova ao longo de todo o processo. Para uma criança, acredito que seja de extrema importância esse tipo de informação e cultura para que se tornem cidadãos plenos e seres humanos de fato HUMANOS.”
- “Como passei a plantar e, portanto, mexer mais na terra, uso isso como forma de relaxar, desestressar. Parece que descarrego todas as energias ruins no contato com a terra.”
- “Em nossa casa, a reciclagem sempre foi uma realidade mas com a compostagem orgânica, vivenciamos um envolvimento familiar muito interessante: a hora de recolher os resíduos e colocar nas plantas, o cuidado com as minhoquinhas, a atenção com o recolhimento e separação dos resíduos virou um "programa" familiar. Até nossa funcionária gosta do projeto.”
- “Não imaginava a fonte de prazer que seria observar diariamente esses processos de decomposição, germinação, equilíbrio natural.”
- “Tenho menos "nojo" de vermes e outros animais rastejantes. Também colônias de animais não me assustam tanto, depois de ver a colônia de ácaros que haviam na minha composteira. Lido melhor quando encontro alguma comida que está apodrecendo em casa (ante eu ficava com nojo, quase horrorizada, hoje em dia fico interessada em ver como ela se decompõe).”
- “As plantas sempre me trouxeram uma sensação de paz e tranquilidade. Com a compostagem eu passei a cuidar melhor de minhas plantas e a me sentir feliz com isto. É interessante ver que tudo é reutilizável e que cada coisa tem sua função neste planeta, as folhas mortas, os restos de vegetais, as minhocas e que tudo se encaixa de uma maneira fantástica no universo.”
- “Me inscrevi no Treinamento de Lideranças Climáticas ministrado pelo Al Gore no RJ e fui aceita, me inscrevi numa oficina de Bioconstrução na Casa Fora do Eixo e passei 2 meses em uma fazenda orgânica em Saquarema - RJ. Estou apaixonada pelo Planeta!”
- “Me envolvi em uma ong, na qual faço parte hoje, que faz palestras de educação ambiental em praças/espaços públicos.”
- “Dei curso de compostagem na escola do meu filho e no condomínio onde moro. Já “Estou tentando convencer o pessoal de uma igreja aqui da região, que eles podem usar o terreno que está inutilizado por eles, e cultivar alimentos orgânicos e praticar compostagem e captar água da chuva sem muito custo adicional.”
- “Desenvolvi uma oficina de minhocário de baixo custo (com baldes de margarina) no bairro onde moro. No momento estou implementando esses minhocários numa comunidade cultural do bairro.”
- “Vendi meu carro e só ando de bike.”
- “Dei uma oficina sobre compostagem doméstica no meu condomínio. :)”
- “Comecei a participar mais ativamente de alguns encontros, visitei algumas hortas e finalmente comecei a frequentar o Pic Nic de troca de sementes e mudas.”
- “Fiz uma horta orgânica na escola pública do meu neto.”
- “Identificação é a palavra. Num mundo individualista, digo sempre que o grupo dos composteiros é o meu favorito!”
- “Trocar experiências, e pedir opiniões é fundamental quando o objetivo é evoluir num sentido comum. Saber que outros enfrentaram as mesmas dificuldades e lograram sucesso, incentiva na busca de melhores soluções e amplia o conhecimento e, quando este é retransmitido a outros, recicla a própria natureza humana.”
- “Definitiva. Foi através da página do facebook que aprendi as lições mais importantes sobre como manter a composteira. Outra coisa legal da página foi me re-conectar com pessoas que eu já conhecia, ou seja, já eram meus contatos no facebook, mas eram pessoas distantes de meu convívio, e quando vimos que estávamos na mesma página e fazendo compostagem, nos reconectamos!”
- “Cuido do meu pai que tem demência e não tenho muito tempo pra participar de cursos. Sem este grupo ficaria muito difícil para leigos como eu continuarem com a compostagem, além de serem muito dinâmicos dando dicas para acabar com as drosófilas e outros insetos. Tenho muitas dúvidas e sempre pergunto pra eles, tenho sempre resposta até hoje. Obrigada.”
- “O que tem sido mais interessante é notar e satisfazer a curiosidade dos visitantes da casa com relação à compostagem com minhocas. Muitos amigos se inspiram ao perceber que o processo é simples. Não sei dizer se levarão a ideia a cabo, mas apenas de discutirem o assunto já sinto que algo mudou."
- “Os amigos que não participam do projeto ficam curiosos em conhecer como a composteira funciona e pedem composto e biofertilizante.”
- “O mais positivo ao meu ver é o caráter contagiante do projeto. Eu mesma estou mantendo a composteira no espaço comum do prédio onde moro e só na primeira semana 6 pessoas além de mim já viram e aprenderam sobre compostagem por causa do projeto. Imagine até o final do projeto, cada um dos 2000 participantes, irá multiplicar muito isso e por isso, ao meu ver, será permanente.”
- “Envolvimento. Esta é a palavra que agrega tudo o que vivenciamos a partir do momento que iniciamos o projeto. Envolvimento meu e de meu marido que abraçamos a ideia. Envolvimento de minhas filhas que foram se apropriando e incorporando a seleção do que ia para um ou outro cesto (inclusive "importamos" umas minhocas para Botucatu, onde minha filha mora e seu namorado iniciou uma compostagem na república que moram). Envolvimento de nossos parentes e visitas que saem de casa com uma outra concepção do que é lixo e, claro, muitos nos pedem para vir ver a composteira doméstica. É a estrela daqui de casa! (rsrs) Estamos realmente envolvidos neste projeto e muito felizes em fazer parte de um momento histórico tão significativo em nossa cidade. Fazendo a diferença para que em um futuro próximo isso seja um hábito, mudança estrutural na cultura dos grandes centros urbanos do nosso país.”
- “É interessante ver que toda família se animou com a composteira e até amigos se interessaram. O lixo orgânico diminuiu muito e se tornou algo até como distração para minha mãe.”
- “A experiência de ter uma Composteira em casa é indescritível, ter a responsabilidade e comprometimento da redução do lixo disposto em lixões. E fora as aulas de compostagem para cada visitante de sua casa.”
- “Meu presente de natal para os amigos foi um lindo vidro de chorume do bem com um laço de fita vermelho e verde! foi um sucesso!”
- “Acho positivo que a prefeitura de uma capital, como SP, se posicione e incentive a população a cuidar de seus resíduos.”
- “O mais interessante é a experiência, o aprendizado. Foi graças a compostagem que aprendi o quanto realmente preciso comprar de comida pra minha família, pois passei a observar o que descartava.”
- “O volume de resíduos que estou deixando de jogar no lixo é bastante considerável!”
- “Primeiro, gostamos muito de saber que a prefeitura está engajada em reduzir os resíduos sólidos nas residências - nosso lixo realmente diminuiu 70% (a gente já reciclava), passando de 1 saco de 100l por semana que ia pro aterro, pra um saco de 100l a cada 3, 4 semanas. Além disso, o grupo no facebook tem se mostrado muito útil e acolhedor, muitas pessoas se ajudando!!!”
- “Mudança nos meus hábitos alimentares, estou começando a comer menos carne e mais vegetais e frutas.”
- “Talvez meio incongruente mas é verdade... o lado lúdico!!! O fato de ser divertido compostar... unir a preservação do meio ambiente e ao mesmo tempo ser divertido.”
- “O mais positivo é reduzir o resíduo orgânico! Eu reduzi meu lixo pela metade depois de fazer a compostagem caseira! =)”
- “Participar de um projeto coletivo. Unir é preciso. Aprender coletivamente é essencial.”
- “A diminuição de resíduos orgânicos em casa é incrível! Antes levávamos o lixo no mínimo 1 vez por dia e uma grande quantidade. Agora a lixeira além de permanecer limpa por só ir resíduos secos, só é esvaziada em média a cada 2 ou 3 dias.”
- “Nunca antes eu havia conhecido ou ouvido falar sobre uma abordagem como esta desenvolvida para construir uma política pública, ou ainda um projeto como este para incentivar a compostagem doméstica em uma cidade grande como São Paulo, dada a complexidade para enfrentar este desafio. O projeto foi estruturado e desenvolvido de forma exemplar, sem nenhuma falha, e com muita dedicação de sua equipe. Em resposta a tal esforço eu vejo a forma como os participantes se identificaram com o projeto e fizeram dele parte de suas vidas, construindo também uma rede participativa de compostagem doméstica. Quando penso neste projeto penso em muito mais do que a transformação de resíduos domésticos, penso na transformação de vidas, de comunidades e de toda uma cidade.”
- “Primeiramente gostaria de parabenizar a iniciativa do projeto e a parceria. Achei a proposta muito corajosa ao incentivar a mudança de paradigma, o empoderamento de cada indivíduo, se todos fizermos um pouco singularmente com certeza faremos muito coletivamente. O projeto faz você perceber que a mudança é possível e começa dentro de casa!”
- “Esse projeto é ótimo, conseguiu atingir e sensibilizar pessoas de diversas classes sociais, com diferentes níveis de formação escolar, desde profissionais com especialização, professores, pais de alunos de baixa renda em escola pública. Práticas como essa devem ser incentivadas, estimulada e divulgada, para que assim possamos transformar o ambiente em que vivemos em algo melhor. Se não tivesse ganhado essa composteira, dificilmente eu compraria uma, mas depois de ver o sistema funcionando me convenci da importância de pequenas ações e processos, e a importância da participação da Prefeitura de São Paulo, e a parceria com o projeto Composta São Paulo. Esse tipo de projeto me fez sentir parte de um projeto e ação maior, de ver o Estado próximo ao cidadão, não apenas para cobrar impostos, mas direcionando parte da verba da contribuição ao próprio cidadão e melhorando nossa cidade.”
- “Adorei a iniciativa do Projeto. Vai ser uma história e tanto para ser contada e vivenciada daqui alguns anos por todos (assim espero).”
NOTAS GERAIS DO TEXTO
[1] Disponível no sítio da Secretaria de Serviços da Prefeitura de São Paulo à qual está vinculada a Autoridade Municipal de Limpeza Urbana - AMLURB em http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/servicos/arquivos/PGIRS-2014.pdf
[2] Video sobre os resultados iniciais disponivel em https://vimeo.com/127681378
[3] O projeto Composta São Paulo é uma iniciativa da Secretaria de Serviços da Prefeitura de São Paulo, por meio da Autoridade Municipal de Limpeza Urbana – AMLURB, realizado pelas concessionárias de limpeza urbana (LOGA e ECOURBIS), idealizado e operacionalizado por empresa referência em compostagem doméstica e empresarial (MORADA DA FLORESTA)
[4] http://www.compostasaopaulo.eco.br/
[5] https://www.facebook.com/groups/compostasaopaulo/
[6] Klein, N. Esto Lo Cambia Todo: el capitalismo contra el clima. Paidós. Editorial Planeta Colombiana S.A. Primera Edición: abril de 2015 (Colombia).
[7] http://www.compostasaopaulo.eco.br/downloads/Depoimentos Selecionados.pdf
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