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quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

O modelo Ucrânia / Venezuela pode ser aplicado na China?...

Xi Jinping e Barack Obama em 2013



por (excerto) Peter Lee, no China Matters   e na Redecastorphoto - tradução da Vila Vudu


A recém descoberta paixão do governo Obama por agitação de rua para derrubar governos eleitos não cúmplices de Washington passa agora pelo seu segundo teste em campo, na Venezuela.

Caracas começa a aparecer nas imagens “jornalísticas” como cidade gêmea de Kiev.

A juventude neoliberal conservadora das universidades privadas já está nas ruas procurando briga e pretextos para treinamento pró violência direitista e golpista, como viram fazerem os seus irmãos fascistas ultranacionalistas na Ucrânia.

Se o artigo de Carl Gibson em Reader Supported News cita corretamente documento autêntico, a USAID, com a ajuda de consultores e da Colômbia, já tinha mapeados planos para desestabilizar a Venezuela mediante sabotagem econômica no final de 2013; e, pelo relato de Gibson, também para incitar os tumultos e confrontações de rua:


"Sempre que possível, a violência deve causar mortos e feridos. Encorajar greves de fome de vários dias, mobilizações massivas, problemas nas universidades e em outros setores da sociedade que atualmente estão identificados com instituições do governo [de Maduro]".


Não tenho dúvida alguma de que Leopoldo Lopez, o líder da oposição na Venezuela, é o homem dos EUA em Caracas. O artigo de Gibson também acrescenta, como detalhe, que há um telegrama distribuído por Wikileaks que parece ligá-lo ao Centre for Applied NonViolent Action and Strategies, CANVAS, a ONG de fachada, mantida com dinheiro norte-americano, para promover democracia cum [conceito para "enrrabar"] baseada em golpe de mudança de regime, que o presidente Yanukovich expulsou de Kiev pouco antes de ser deposto.

A Venezuela parece ser fraturável por linhas de classe (não por linhas étnicas, de russos versus ucranianos; nem regionais/ tribais, de cirenaicos versus tripolitanos, como a Líbia; nem confessionais, de sunitas versus xiitas, como a Síria). Assim sendo, o trabalho de catapultar para o poder um grupo pró-elites norte-americanas pode ser mais sangrento e mais prolongado que a aventura ucraniana.

Mas não há dúvidas de que os EUA têm dinheiro e paciência para luta prolongada, sobretudo porque os povos sacrificados estão a milhares de quilômetros de distância de Washington.


Mas e agora?... Será que isso vai funcionar na China?...

Acho que, no caso da República Popular da China, o "chega-pra-lá" vai ser a seguinte jogada de intercepção:

(1) que os EUA promoverão ativamente   a subversão política dos inimigos, o que não é “mito” nem é “teoria conspiratória” com os quais os governos alvos ou se consolam ou se auto-aterrorizam!;

(2) os chineses não deixarão que se constitua nenhum partido de oposição (na China), muito menos que chegue às urnas; e não permitirão nenhuma aglomeração na praça central da cidade; e

(3) a China ameaçará preventivamente todos os ativistas que tenham laços com os EUA ou o ocidente, como sendo subversivos de fato e contrarrevolucionários.

Nada garante que a vigilância ampliada na República Popular da China se traduza em algo próximo da liberalização democrática pela qual o ocidente tanto anseia, para os estúpidos cidadãos chineses. Em vez disso, o plano prevê que o regime chinês atire-se com unhas e dentes sobre os dissidentes, bem rapidamente e como uma tonelada de tijolos.

É terrível ironia que Barack Obama, exemplo glorioso e premiado de progressista, tenha dado tapa rápido no cachimbão da mudança-de-regime de Dick Cheney... e, agora, já parece que não vive sem ele.

É provável que Obama esteja tentando só passar a mão em uma ou duas vitórias bem baratinhas de política exterior e fodam-se as consequências, porque daqui a dois anos ele cai fora e a presidenta Clinton dará jeito em tudo.

Aquele Alfred Nobel que se vê na medalha do Prêmio da Paz que deram ao presidente Obama já deve estar chorando lágrimas de sangue.

4 comentários:

  1. Quer dizer, quando o povo chinês criar coragem e exigir mudanças, será culpa dos EUA? Subrepticiamente está a dizer que todo protesto no Brasil é incitado? Os protestos da derrubada do muro de Berlim também foram incitados?

    É interessante que o protesto, recém descoberto no Brasil, é a única ferramenta que ainda parece funcionar na democracia.

    Para ficar num exemplo local, noutro dia faltou água por 20 dias seguidos aqui perto, numa região de Araquari. As "autoridades", bem a salvo do problema por seus empregos públicos bem remunerados e pensões integrais, só dizendo: solução só em 2020, etc. Aí começou a haver protestos. Fechavam a BR280 todo dia. Na semana seguinte, a CASAN tava lá cavando poços, trabalhando 24h por dia.

    Aí como eu sempre digo para a minha esposa: precisa deixar chegar neste ponto? Por que não resolve o problema ANTES?

    Então, como eu também moro num lugar a salvo desses problemas "de pobre", não gosto a priori de enfrentar engarrafamento por causa de protesto, etc. Mas se faltasse água 2 dias que fosse aqui na rua, certamente haveria barulho.

    Então, incitados ou não pelos EUA, a contabilidade dos protestos mostra que causa e efeito têm origem nos respectivos países mesmo.

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  2. Olhaí o agente russo: http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2014/02/1418573-yanukovitch-diz-ser-presidente-da-ucrania-e-pede-ajuda-a-moscou.shtml

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  3. American geostrategists want Ukraine to be destabilized. Their real intention is not to drag the country into the association with the European Union, but rather to prevent of any kind of its integration with the Eurasian Union. Americans are sure that in case they succeed all Moscow’s efforts aimed at integration in the post-Soviet space will automatically become doomed. There is no doubt that playing the geopolitical games of such scope Washington’s hawks will not be stopped by any death toll that may result from sparking a civil war in Ukraine.

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  4. Ah sim, o que o Stalin fez nos anos 30 e a usina de Chernobyl certamente depõem muito a favor dos russos :)

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