* Este blog luta por uma sociedade mais igualitária e justa, pela democratização da informação, pela transparência no exercício do poder público e na defesa de questões sociais e ambientais.
* Aqui temos tolerância com a crítica, mas com o que não temos tolerância é com a mentira.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Sacolas plasticas de supermercados - suprimir?...


Roberto Monico Junior no Viomundo do Azenha

Governos estaduais e várias prefeituras já determinaram que os supermercados, a partir de 2012, não poderão oferecer a sacola plástica a seus clientes. Mas, por trás dessa história existe um lobby, que não é do conhecimento de quem facilmente comprou essa idéia. Eu também desconheço qual seja o lobby, muito menos o lobista, mas ele existe, é bem poderoso e persuasivo.

É obvio que a sacola plástica fica no ambiente por muitos anos e é de difícil degradação, mas não é um poluente perigoso, tóxico e via de regra, vai para os aterros sanitários. Mas vamos aos pontos que demostram a falácia da medida:

Acabar com a sacola plástica nos supermercados e demais comércios, não freará a demanda por esse tipo de produto, que será comprado pela população para acondicionar o lixo doméstico (o povo será penalizado, tirando a sacolinha do próprio bolso) – pois é essa a principal destinação do produto e, a coleta de lixo, pelo que eu saiba, não mudará e voltará para a situação anterior, quando o lixo era entregue à coleta em baldes e latões;

Substituir a sacolinha plástica por caixas de papelão nos supermercados é um tiro no pé da reciclagem de papel – o povo não recebe dos governos equipamentos para depósito de produtos recicláveis nem existe um trabalho de conscientização para a reciclagem, assim, a caixa de papelão vai para a casa do consumidor sem a certeza de reciclagem, com maior risco de se deteriorar e virar simplesmente lixo, o que no supermercado não ocorre nunca;

Substituir a sacolinha plástica por sacos de papel ou caixas de papelão aumentará a demanda por papel e novas plantações de eucalipto surgirão – o eucalipto acaba com a água do solo e degrada a terra agriculturável, avançando sobre as áreas de produção de alimentos;

Fazer diminiuir o lixo jogado nas ruas, inclusive as sacolinhas, é um trabalho de Educação Ambiental e não são elas que causam enchentes, como afirmam governos e meios de comunicação, mas a falta de investimentos, políticas públicas equivocadas e outros fatores que não cabem aqui ser discutidos.

Mesmo que toda a população compre sacolas de pano ou ráfia, ou use o saco de papel ou a caixa de papelão, a demanda por sacolinhas plásticas continuará firme e forte. Falta resolver a questão do acondicionamento do lixo e por isso essa medida propalada como ecológica se torna uma falácia total, pois fará aumentar a demanda por papel, truncará a reciclagem desse produto e as sacolinhas continuarão a existir para o armazenamento do lixo. Estranho não!?

E no rastro dessa medida insólita de se acabar com a sacolinha plástica, os governos estaduais e municipais não resolveram a questão da armazenagem do lixo, não fizeram nenhum trabalho de educação ou conscientização para a melhoria ambiental. E o ambiente de fato não vai melhorar, pois será ainda mais pressionado com a medida. Tudo muito estranho.

E mais estranho ainda é que as questões importantes relacionadas à poluição ambiental, as quais realmente devem ser tratadas e resolvidas, não o são. Os rios de São Paulo, por exemplo, continuam sendo os esgotos negros a céu aberto que fazem a Região Metropolitana feder. As chaminés de determinadas empresas, em dias nublados e na calada da noite, jogam intensa fumaça branca nos céus e os órgãos de fiscalização se fingem de mortos. Isso só para começar.

E por último, os penalizados com o fim da sacolinha serão o consumidor e o ambiente. Estranho, não? Para um político, essa seria uma medida impopular que não geraria dividendos políticos, mas eles foram com muita sede ao pote para aprovar o falso fim da sacolinha. Qual será o lobby? Quem será o lobista? Há algo de muito estranho no ar.



NOTA BOTOCUDA

Texto instigante pois o autor não deixa de ter razão em vários aspectos. Já tratamos aqui no blog do embuste que são as sacolas oxi-biodegradaveis, que pode ser visto aqui. Também é legal ver os comentários dos leitores do Azenha a respeito dessa questão, principalmente os de Belo Horizonte, onde essa proibição da distribuição gratuita das sacolas por parte dos supermercados já vigora há algum tempo.

5 comentários:

  1. Muito mais fácil seria para reduzir em 50% o uso das sacolas plásticas, ensinar às moças que ajudam no caixa que NÃO É PRECISO separar UMA sacolinha para pasta de dentes e OUTRA sacolinha para o pacote de bolachas, o leite condensado e a caixa de leite, que ninguém vai morrer intoxicado por colocar os quatro itens na mesma sacola! (às vezes nem é culpa da moça, mais de uma "dondoca", que também tem que passar pelo curso!)E seria também fácil, por exemplo, delimitar o setor de frutas e verduras, e acabar com o pacote individual para cada fruta... Uma pessoa pode "entrar" neste depto. com uma cestinha plástica, ir colocando todas as frutas que quiser na cestinha, e na hora de pesar, coloca, por exemplo, três maçãs sobre a balança e tira um código de barras, três laranjas sobre a balança, outro código de barras, uma penca de bananas, outro código de barras, ao final, põe tudo no mesmo pacote, e adesiva todos os códigos de barra no mesmo pacote para passar no caixa... milhares de pacotinhos à menos. Sempre compro no Knop neste sistema, e volto prá casa toda semana com trinta reais em frutas e apenas duas sacolinhas, sem NENHUM pacotinho. As sacolinhas depois são usadas para levar as embalagens de pasta de dente, pacote de bolachas, leite condensado e caixas de leite vazias (+jornais e papéis do escritório) para reciclagem com reaproveitamento de 100% do consumo. O que agonizo ainda é a história das cascas de frutas, que não viram compostagem... mas uma hora destas a compostagem sai...

    ResponderExcluir
  2. Realmente Auris, racionalizar o uso dessas embalagens como vc faz, é mais uma atitude na direção de reduzir, mas difícil é colocar isso na cabeça das pessoas (as dondoquinhas que vc identifica) pois implica em mais atividade (mental e muscular), e isso vai contra o “conforto”.

    Cascas de frutas viram compostagem sim!... só as de citros (laranja, tangerina, etc.) é que comprometem a compostagem comum que fazemos domesticamente.

    Cascas de banana são fonte importante de potássio para o composto orgânico, p.ex.

    Mas cascas de laranja tem outra potencialidade: em se transformar em produtos orgânicos pra limpeza, mas isso ainda estou pesquisando, ñ tenho o domínio tecnológico disso.

    ResponderExcluir
  3. Oi Henry, dá para concordar com o texto. Mas particularmente penso que deveria haver uma revolução nas embalagens e destino final. Deveria haver uma lei severa quanto a reciclagem e a obrigação da separação de lixo seco do orgânico. O plástico sujo pode ser lavado da mesma forma que se lava a louça e pendurar no varal da mesma forma que se pendura a roupa para secar. Tem muita gente que vive do reciclado. Existe até bolsa de valores não divulgada na mídia usada no centro de reciclagem. Paga -se mais ao reciclador quando certo reciclado está em alta. A coisa está mais ou menos pronta para funcionar mas.... sem lei severa, sem regras. O lixo embalado em sacos plásticos entopem os bueiros sim. Plástico pode matar animais sufocados. Um saco plástico voando com o vento é o exemplo.. pode cair em cima de um ninho de pássaros. Afinal.. o raio cai mais de uma vez no mesmo lugar sim. Não sou a favor da eliminação da embalagem plástica mas abomino a ignorância do uso dessa embalagem. Como educar um povo? Eu não sei, já que é difícil para os pais educarem os próprios filhos. Agora..se uma criança tiver instruções de uso de plástico na escola e chegar pra mãe e falar algo... a maioria vai responder... ah não tenho tempo pra isso e vai já fazer tua lição de casa. E assim... caminha a humanidade. Abraços pra vc Henry.

    ResponderExcluir
  4. oi Mar sweetie

    Eu já ministrei algumas palestras que trata da dificuldade de se convencer as pessoas a adotar atitudes positivas em relação à problemática ambiental. Os slides dessa palestra podem ser vistos aqui:

    https://docs.google.com/present/edit?id=0AfbY_dXViaNkZGdocGpqcW1fMTU2Z3Z6aGN0M3M&hl=pt_BR


    O que motiva as pessoas a agir positivamente? ... Educação Ambiental (tão cantada em verso é prosa) é uma coisa pouco eficaz, pois assume que ações positivas advém automaticamente da apropriação das informações (do que seria correto se fazer), mas isso é uma premissa falsa. Informações genéricas e globais quase nunca resultam em ações concretas – as pessoas relacionam os problemas a esses exemplos extremos, que julgam não se aplicar a elas.

    Existem outros mecanismos, como:

    1) Econômicos (multas/prêmios)
    2) Indução ao medo/panico
    3) ferramentas sociológicas

    mas todos esses tem sempre algum fator limitante. Então a pergunta é: Como fazer essas coisas funcionarem?...

    Ih... é muito complexo para comentário de blog...

    ResponderExcluir
  5. Meu amigo Donald Neumann comentou lá no FB, que trascrevo aqui. Minhas considerações sobre isso no comentário seguinte:

    "Nem de plástico, nem de papel. De pano, como fazem os alemães. Cada um leva sua sacola de casa. Não levou e quer plástico ou papel? Vai ter que pagar, e caro! Eu acho é que brasileiro é muito do mal acostumado. E vem cá, se for de levarmos a sério a questão ambiental, o conceito supermercado no Brasil (e em boa parte do mundo) tem que ser revisto por completo. A começar pelo tamanho desnecessariamente grande das construções, desperdício de cerca de 30% de frutas e verduras com transporte e armazenamento, elevado consumo de energia, chegando nas prateleiras resfriadas sem porta. Hipocrisia e greenwashing é o que não falta. A questão não é a sacola. A questão é a cabeça do consumidor! E lei, meu caro, não muda isso."

    ResponderExcluir