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terça-feira, 13 de outubro de 2015

Como fazer sucesso como corrupto em Banânia

por Paulo Nogueira, no DCM


Os mais puros, diante dos fatos acachapantes das últimas semanas, se perguntam: como alguém como Eduardo Cunha pode fazer uma carreira com tamanhas delinquências ao longo de tantos anos?... A resposta é: Um retrato do Brasil.

Os americanos, na Guerra Fria, se referiam a ditadores que os apoiavam de uma maneira abjetamente pragmática: São os nossos ditadores.  Estes matavam, perseguiam, torturavam – mas eram mantidos no poder pelos líderes do “Mundo Livre” porque eram seus ditadores.


Assim, na visão da plutocracia, Eduardo Cunha é um dos nossos corruptos. Exatamente como Ricardo Teixeira, para ficar num caso. Teixeira cansou de roubar na CBF. Mas era amigo da Globo, e portanto da plutocracia, e então teve vida fácil no Brasil. Ninguém o aborrecia com coisas como honestidade.

Eduardo Cunha se iniciou com PC Farias, o tesoureiro de Collor. Com ele aprenderia a arte de arrecadar – vital depois para patrocinar campanhas de políticos menos talentosos naquilo. Depois, por indicação de PC Farias antes do fim da era Collor, foi ser presidente da Telerj. Naquele posto a parceria com os plutocratas ganharia músculos. Cunha facilitou a vida da NEC, uma empresa de telefonia controlada pela Globo. Pronto. Deu o passo essencial para se tornar um intocável.

A Globo é uma espécie de mantenedora dos nossos corruptos. Se, como Ricardo Teixeira e Eduardo Cunha, você está protegido por ela, tem licença para fazer muita coisa. Você não vai aparecer no noticiário. E protegidos da Globo costumam ser também protegidos da Justiça. Conte quantos amigos da Globo foram apanhados na Lava Jato. Aécio é um típico amigo da Globo: veja quantas vezes ele foi cobrado pelas suas conhecidas estripulias. É um golpe perfeito... Ou quase.

O problema é quando entram em cena coisas fora do controle da plutocracia brasileira, e portanto da Globo. A polícia suíça, por exemplo. Não fossem os suíços, correríamos o risco de ter Eduardo Cunha na presidência. A plutocracia adoraria.

Desapareceria da mídia o noticiário obsessivo sobre corrupção, para começo de conversa, como ocorreu nos anos de ditadura militar. E Eduardo Cunha comandaria uma agenda completamente a favor dos plutocratas:

  • Financiamento de campanha, que é a forma consagrada pela qual a plutocracia toma de assalto a democracia? Sim, sim, sim.
  • Regulação da mídia, que é como a sociedade se protege de abusos das grandes corporações jornalísticas? Não, não, não.

E assim seguiria o Brasil, o paraíso das iniquidades. Mas apareceram os suíços, e a festa, para Eduardo Cunha, terminou em tragédia.

No entanto, para os plutocratas que sempre dispensaram proteção. Há muitos outros Eduardo Cunhas na política brasileira. Aécio é um deles. A plutocracia sabe que pode contar com Aécio. Tem seus defeitos. Gosta muito da vida noturna, e é amigo de pessoas em cujo helicóptero pode aparecer meia tonelada de pasta de cocaína. Mas tudo bem.

Na ótica dos donos do Brasil, é um dos nossos.

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