Böhmerwäldler in Brasilien!
tradução:
henry Henkels – fevereiro 2013
Os leitores da Glaube und
Heimat (1) devem recordar das
traduções publicadas a partir de fevereiro de 1971, narrando a história dos
emigrantes para a América do Sul que aconteceram entre os anos de 1873 e 1878: "Aus der Vergangenheit
von Sao Bento" [SIC], Böhmerwäldler in Brasilien von Josef Zipperer
sen. Um régio trafego de cartas aconteceu entre o autor e seu filho Martin
Zipperer, que entrementes faleceu em novembro de 1971, com 82 anos de idade.
Mesmo hoje ainda existem laços com descendentes desses emigrantes da família
Zipperer, que partiram de Flecken – Böhmerwald, em 1873.
Por meio de um convite de além mar, criou-se a oportunidade
de a Sra.[Oblhr. i. R. (???)] Josefa Kopp (nascida Zipperer)
fazer-lhes uma visita em janeiro de 1973.
Minha viagem ao Brasil (entre 15 e 30 de janeiro de 1973)
No ano de 1873 migraram a família de Anton e Elizabeth
Zipperer, de Flecken, paróquia de Rothenbaum, juntamente com inúmeras (?)
outras familias para o estado de Santa Catarina, no Brasil. Chegaram em 23 de
setembro de 1873 à São Bento, e foram dos primeiros colonos que se
estabeleceram na estrada Wunderwald. Após anos iniciais de inacreditável
dificuldade, pela sua boa vontade, paciência e diligência, acabaram por obter
um relativo sucesso.
No ano de 1929, Martin Zipperer, um neto de Anton e
Elizabeth Z., viaja a Europa por razões comerciais e aproveita para visitar a
terra natal de seus antepassados no Böhmerwald. O mesmo faria seu irmão Jorge Z. em 1937. Maria Lina Keil, a
única neta de Martin Zipperer, em companhia de seu marido Dr. Gustavo
Keil, viaja a Alemanha em 1971 e veio me visitar no dia 29 de junho na cidade
de Moorenbrunn. Me convidaram a
retribuir sua visita e desta maneira eu voei em companhia de meu genro Josef
Rupprecht, em 15 de janeiro de 1973, para o Brasil. Embarcamos em um avião
Boeing 737 às 8:00 horas (local) em Nürnberg e depois num Boeing 707 às 13:00
horas em Frankfurt. Em Las Palmas, nas Ilhas Canárias, fizemos uma escala para
reabastecimento em que o avião foi abastecido com 80.000 litros de combustível.
Um pouco antes de aterrissar no Rio, o comandante nos avisa que acontecia uma
tempestade tropical. Mesmo assim aterrissamos no Rio depois de 14 horas de vôo,
às 3:00 horas (11:40 hora local) embaixo de uma chuva torrencial, abrigados por
guarda-chuvas gigantes até o prédio do aeroporto. Estava terrivelmente quente,
mas depois de todas as formalidades [da aduana] fizemos um passeio pela cidade
por uma hora e depois seguimos até nosso Hotel “Presidente”, onde pudemos
descansar aquela noite. Antes de embarcar para Curitiba ainda nos sobraram
algumas horas livres no Rio.
Esta cidade
[refere-se a Curitiba] está situada a 1.000 km ao sul do Rio e lá chegamos a
bordo de um avião brasileiro [SIC – quer dizer de uma companhia aérea
brasileira] às 16:00 hrs (hora local) onde Dr. Gustavo Keil já nos
esperava. Sua esposa e filhos já se encontravam no litoral, de modo que
seguimos diretamente para Rio Negrinho (900 metros sobre o nivel do mar), para
encontrar Alice Zipperer, viuva de Martin Z. que falecera em 23 de novembro de
1971, com 82 anos de idade. Ela e Carlos Zipperer (irmão de Martin Z.) moram
bastante próximos um do outro e são proprietários de grande gleba com 80.000 m²
circundado por bonita mata, e bosques floridos. Suas duas casas são construídas
em estilo alpino e da espaçosa varanda pode-se contemplar delicados colibris se
deliciando com água com açúcar que são colocados em recipientes de vidro
especialmente para eles. Rio Negrinho é uma cidadezinha de 15 / 17.000
habitantes. Ali visitamos a fabrica de móveis que Martin Zipperer e seu irmão
Jorge fundaram [trouxeram à vida, literalmente, no original] e que hoje é a
maior de todo o Brasil. A madeira que é trabalhada ali é o valioso jacarandá
castanho avermelhado. A 20 km de Rio Negrinho situa-se São Bento do Sul. Ali os
imigrantes começaram a derrubada das matas em 1873. No cemitério local a
maioria dos tumulos indicam nomes alemães, também dos pais de Martin Z.
Um neto de Carlos Z. estudou agronomia e hoje gerencia os
reflorestamentos de 1.500 hectares. Carlos Zipperer é muito ligado a musica e
fundou uma banda que regeu por muitos anos que hoje está sob comando de Alfons
[SIC] Treml (2). Todas as quartas feiras a noite [a banda] tocam ao ar livre,
sempre cantigas, marchas e cantos alemães. Ganhei de presente um disco de
Carlos Z., a qual agora toco muitas vezes.
Carlos Z. e Victor Keil, este ultimo um parente de Alice
Zipperer, são proprietários em São Bento de uma fabrica (3) de produtos de
madeira, onde se industrializa a valiosa madeira de pinho e onde com a
utilização de borboletas se produz maravilhosos artigos artísticos, como pratos
de parede, bandejas e produtos semelhantes. As borboletas são produzidas em criatórios próprios (4).
Permanecemos em Rio Negrinho por 3 dias e dali partimos para
o litoral onde Martin Z. havia construído uma bela casa de praia e onde fomos
alegremente recepcionados por Maria Lina e as crianças. Ficamos ali até dia 28
de janeiro e fiz meu primeiro contato com o mar e as ondas, isso com meus 78
anos de idade. Estava muito quente e logo estávamos completamente bronzeados.
Eu gostava de ver os pescadores puxarem suas redes e recolher o resultado de
sua pescaria em grandes balaios. De Ubatuba – assim se chamava a praia onde
estávamos, partimos via São Francisco (ali aportaram os imigrantes em 1873)
para Blumenau, uma linda cidade num vale cortado pelo rio Itajai, fundada em
1850 por pioneiros alemães. Na agencia de viagens compramos passagens para
nosso regresso ao Rio. Depois de algumas compras e um bom almoço retornamos à
praia, pois em Blumenau, situado num vale [Mulde - cocho, no original] fazia um
calor infernal. Em 28 de janeiro deixamos o litoral na companhia de Alice,
Maria Lina e Gustavo, seguimos para Curitiba. Ali visitamos ainda o filho de
Carlos Z. e sua familia e no dia 29 nos despedimos. Nosso parentes nos
acompanharam ao aeroporto, e depois de um ultimo desejo de sucesso [Lebewohl]
e ultimo aceno voamos de volta ao Rio de Janeiro. Deixamos nossas bagagens aos
cuidados no aeroporto e de taxi serpentemos morro acima até o Corcovada [SIC - Christusmonument],
passamos pela praia do Flamengo, Copacabana entre outras. Visitamos o Hotel
Nacional e a praia da Gávea [SIC]; uma guia alemã de Berlin nos acompanhou por
todos esses lugares. [O Rio de Janeiro] se localiza entre românticas e verdes montanhas e o mar e é considerada
uma das mais lindas [cidades] do mundo. O monumento do Cristo Redentor nos
causou profunda impressão (5). além do Pão de Açúcar ainda se vê muitas outras
montanhas arredondadas embora não muito altas. A cidade do Rio de Janeiro,
considerada uma das mais belas do mundo me causou uma impressão inesquecível.
Depois desse passeio de 3 horas pela cidade voltamos ao
hotel onde reencontramos outros turistas que havíamos conhecido na viagem para
cá. Ás 21:30 (hora local) nosso Boeing 707 decolou para Frankfurt onde chegamos
a 30 de janeiro, às 15:30 [MEZ – Mittel Europa Zeit]. Dali logo fizemos
conexão com Nürnberg de onde tomamos um táxi que nos trouxe de volta a Moorenbrunn. A diferença
climática entre o alto verão no Brasil e o inverno da Baviera não foi fácil...
Por fim
gostaria de descrever algumas impressões minhas que percebi durante as viagens
de automóvel pelo Brasil. As estradas são quase todas asfaltadas e com trafego
médio, com muitos caminhões. Nos dois lados das estradas só se vê floresta
virgem, com algumas clareiras de plantações de arroz, tabaco e cana de açúcar.
Se vêem também casinhas de madeira com pequenos jardins cercados de arbustos de
Hibiscos (6) e outras plantas perenes que apresentam maravilhosas flores de
cores variadas e resplandecentes. Nas campinas verdes pastam vacas, zebus,
cavalos e caprinos. Entre Curitiba e Rio Negrinho e adiante se vêem muitos
pinheiros, mas também palmeiras e bananeiras. Grandes arvores floridas
destacam-se no verdes das florestas
virgens. Além de São Francisco ainda passamos por uma única grande cidade que é
Joinville.
Eu gostaria
de voltar a voar ao Brasil oportunamente, pois pelo pouco tempo que tive
disponível, só pude desfrutar um pouco do muito que este país tem a oferecer.
Melhores
saudações a todos os conterrâneos da Boemia:
Josefa Kopp
(nascida Zipperer) – 85 Moorenbrunn-Nürnberg, Josefstrasse 4. Nascida em
Fuchsberg, ultima residência na terra natal: Petrowitz
NOTAS DO TRADUTOR
(1) Glaube und Heimat é uma revista mensal dedicada a temas relativos à Boemia - http://www.glaubeundheimat.de/
, mas com forte orientação religiosa (católica) fundada em 29 de julho de 1933.
Sua redação era originalmente em Oberhaid, Kreis Kaplitz, na Boemia.
Depois da guerra mudou-se para Ingolstadt, na Alemanha e seu novo endereço é
85095 Denkendorf, Altenberger Straße 7a, Kreis Eichstätt –
Ingolstadt, onde continua a ser editada até os dias atuais.
(2)
A missivista repercute a idéia de que foi informada (talvez tenha
entendido errado?) de que o fundador da Banda Treml foi Carlos Zipperer.
(3)
Refere-se à Artefama. Carlos Zipperer, se sócio, detinha participação
acionária menor nessa empresa.
(4)
Trata-se de informação exagerada, certamente baseado em relato de Victor
Keil contumaz contador de vantagens, pois a criação de borboletas pela Artefama
havia começado poucos meses antes, em setembro ou outubro de 1972 e estava nos seus primeiros e incipientes estágios ainda.
(5)
Destaque editorial certamente, pois a revista prezava valores cristãos.
(6)
Provavelmente se refere à Azaléia, flor muito parecida com o Hibisco
europeu.
Conheci a Sra. Josefa Koop (nascida Zipperer) no Encontro da Família Zipperer - "Familien-Treffen", realizado na cidade de Offenburg em 31 de maio de 1975, evento que acontece a cada dois anos na Alemanha.
ResponderExcluirNa ocasião fui o primeiro Zipperer do Brasil a participar deste encontro e que me deixou muito feliz pela receptividade onde todos, mais de oitenta participantes, me consideravam como primo, mesmo sendo não tão próximos.
No encontro recebi como presente um livro sobre a genealogia dos "Zipperer" do Prof. Dr. Ludwig Zipperer, Korb e do D. Dr. Otto Beuttenmüller, Breten, onde também consta nosso Brasão bem como o significado do nome Zipperer que é o CULTIVA A ESPÉCIE DE AMEIXA "ZIPPER" (Prunelle). Como exemplo cito Fisch resultou em Fischer (pescador).
Na época como bolsista do Rotary Club fazia pós-graduação em Administração na Universidade Técnica de Berlim, onde fiquei por dois semestres.